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Que eu seja, por toda vida, o “quarto filho”

Diante do chamado de Deus e de Sua graça, diversas são as reações que os homens podem ter, desde a correspondência plena até a recusa. É a respeito desta aceitação ou rejeição do homem à graça de Deus, que Nosso Senhor apresenta a Parábola dos dois filhos.

Nela Jesus coloca aos sacerdotes e anciãos do povo a seguinte questão: “Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ´Filho, vai trabalhar hoje na vinha! O filho respondeu: ´Não quero`. Mas depois mudou de opinião e foi. O pai dirigiu-se ao outro e disse a mesma coisa. Este respondeu: ´Sim, senhor, eu vou`. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? (Mt 21, 28-31a).

Bem se vê que o pai da parábola representa Deus. E quem são os dois filhos?

Sobre esta pergunta, faz-nos uma apreciação muito bonita, o Padre Juan Maldonado, na qual pontua que os antigos escritores, como por exemplo Santo Atanásio e São João Crisóstomo, pensavam que um dos filhos representava os gentios aos quais Deus mandara trabalhar em sua vinha, impondo-lhes a lei natural. Estes, no início, não o quiseram, porém, arrependidos, obedeceram a mesma lei, como também aceitaram os ensinamentos do Evangelho. Já, o povo judeu, ao contrário, disse que iria trabalhar na vinha de Deus, cumprindo a Lei de Moisés, e depois não o foi 1.

Na apreciação do Padre Juan Maldonado, diz que é provável que esses dois filhos representassem dois tipos de judeus. Um seria o da plebe, da qual fazia parte os publicanos e pecadores. Tendo se recusado a seguir a Deus no início, contudo por meio da ação da graça e pregação de João Batista, tiveram o arrependimento e seguiram o Evangelho. Já o segundo tipo, tendo afirmado aceitar o convite de Deus, não obedeceram à Lei nem acreditaram em João, de quem os profetas haviam falado. 2

Mas seriam estas as duas únicas maneiras de proceder ante o convite de Deus? Para nós, quando convidados pela graça de Deus, podemos tomar alguma outra atitude que não a dos dois filhos da parábola?

Nossa Senhora das Dores aos pés da Cruz

Sim. Depois de comentar a atitude dos sacerdotes e anciãos do povo, que não apenas se negaram a trabalhar na vinha do Senhor e foram consequentes com tal recusa, tomando assim a postura de um terceiro filho (não presente na parábola), Mons. João Clá Dias, Fundador dos Arautos, explicita qual seria a resposta de um filho inteiramente fiel, ao dizer “sim” e proceder de imediato ao chamado do Pai.

“Faltaria dizer uma palavra sobre um quarto filho que, embora não esteja mencionado explicitamente pelo Divino Mestre, com facilidade é discernido por contraste em seu perfil moral. Este teria ouvido com entusiasmo o convite do Pai para trabalhar na vinha e entregado sua vida para, cultivando-a, Lhe dar alegria. A seguir esse exemplo nos convida a parábola de hoje.”3 .

Voltemo-nos para Nossa Senhora, a criatura mais perfeita saída das mãos do Altíssimo,  que sempre disse o sim perfeito, alegre, pleno de enlevo e veneração ao convite feito pelo Pai, e que em tudo fez Sua vontade, até o holocausto.

E peçamos: Minha Mãe, dai-me a graça do entusiasmo e da fidelidade íntegra a todos os toques da graça. Que eu seja, por toda vida, o “quarto filho”.

Por Adilson Costa da Costa

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 1 Padre Juan de Maldonado, SJ. Comentário a lós Cuatro Evagelios. Evangelio de San Mateo. v. I, Madrid: BAC, 1956, p. 750.

2 Idem, p. 751.

3 Mons. João S. Clá Dias, EP. Os dois filhos da parábola, e os dois outros. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VII, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 367.

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