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Domingo da Ressureição do Senhor

Resumo dos Comentários de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, no Inédito Sobre os Evangelhos.

“Quia surrexit sicut dixit…”. Tal como havia anunciado aos seus, Jesus ressuscitou. São Paulo ressaltará o valor desse grandioso fato: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e também é vã a vossa fé”. Daí a importância da Ressureição, a magna festa da Cristandade. Na liturgia, essa alegria é proclamada pela palavra “aleluia”, pelos paramentos brancos e pelos cânticos de exultação. Então, além de contemplarmos o triunfo de Cristo, celebramos também a nossa futura vitória, sendo aplicáveis a nós as palavras de São Paulo: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está o teu aguilhão?”.

Nosso senhor ressuscitou por seu próprio poder! E ao longo da era cristã haverá outras ressureições. São Pedro fará retornar à vida Tabita. São Paulo com um abraço reerguerá da morte o jovem Êutico. São Bento devolverá com saúde a um camponês, o filho, cujo corpo inerte havia sido posto à porta do mosteiro. Porém, a Ressurreição de Nosso Senhor foi única. Primeiro porque ninguém profetizou seu próprio retorno à vida terrena, e menos ainda, pode alguém operar por seu próprio poder esse milagre.

Um aspecto pouco comentado nos evangelhos sobre a ressureição, e que os bons autores concordam, é que, logo após a Ressurreição, Jesus apareceu em primeiro lugar para a sua Mãe e em seguida a Maria Madalena e então para as outras Santas Mulheres. Más por que às mulheres e não aos Apóstolos por primeiro?

Ao analisarmos os evangelhos percebemos que as Santas Mulheres agiam impensadamente, ou seja, de modo substancialmente imperfeito. Elas violariam um sepulcro. Este ato se constituiria em um enorme crime para os romanos e ainda havia dificuldades adicionais. Diziam elas: “Quem irá remover a pedra…?” O sepulcro havia sido lacrado com uma grande pedra e vigiado por sentinelas. E nada indica que elas haviam exposto seus planos a São Pedro e aos outros apóstolos. Elas agiam por conta própria num assunto que poderia comprometer toda a Igreja nascente.

E porque Nossa Senhora não se juntou a elas? Teriam as Santas Mulheres perguntado à Mãe do Senhor o correto proceder? Tudo indica que não. Elas mesmas não criam na Ressurreição, prova disso é que elas não esperaram os acontecimentos, foram embalsamar novamente um Corpo com receio da decomposição. De outro lado, os apóstolos estavam trancados no Cenáculo com terror até o fundo da alma. E é precisamente neste clima de tragédia que as Santas Mulheres, sem muito refletir nas consequências de seus atos, resolvem sair antes do raiar da aurora.

Apesar da sua imprudência, as mulheres não foram repreendidas. Quando retornam com a notícia da Ressurreição, elas assustaram os apóstolos. Então, apenas São Pedro e São João resolvem se mover para se certificar do que ouviram, e creram em Santa Maria Madalena.

O amor puro por Jesus acaba compensando as imperfeições. Neste sentido, podemos perceber a ternura de Nosso Senhor para com as mulheres, porém no trato com os apóstolos é diferente e foi bem descrito por São Marcos: “Finalmente apareceu aos Onze, quando estavam à mesa, censurando a sua incredulidade e dureza de coração, por não terem dado crédito aos que O viram ressuscitado” (Mc 16,14). Segundo o Evangelista, as primeiras palavras do Senhor para com os Apóstolos foram de censura. Mas por que essa diferença?

Era tão grande o amor que aquelas mulheres tinham por Jesus que até o seu instinto de conservação havia se definhado na busca do encontro com o Senhor. Carregavam imperfeições, mas o amor pelo Senhor era puro, então o Cristo toma para Si a tarefa de aperfeiçoar as ações que a decaída natureza humana venha realizar.

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