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Caro leitor, não deixe de ler este artigo!

Muitas são as diversidades que encontramos no povo brasileiro. Desde o gaúcho até o nordestino, quanta variedade, não é mesmo? Pode ser que o leitor já tenha viajado por muitos estados do Brasil, e pôde, assim, comprovar como existem diferenças em cada um deles: no sotaque, no vocabulário, na culinária, na mentalidade e na maneira de agir em meio às dificuldades da vida, etc.

Não vamos nos alongar muito, pois só o “passear” por essas múltiplas variedades daria uma excelente obra literária, que certamente todos gostaríamos de ler. Como seria interessante e atraente vermos um álbum bem diagramado e ilustrado, com papel de primorosa qualidade, que mostrasse toda essa pluralidade de aspectos da cultura brasileira! Não teríamos vontade de folhear e ler essas páginas?

Isso que acontece em nosso tão querido Brasil, ocorre também em maior ou menor grau nos países do mundo. Cada um deles possui uma cultura própria. Mas por quê? Por que, por exemplo, os europeus são tão diferentes dos latinos ou dos africanos?

A resposta a tal questionamento encontra-se na Doutrina Católica: é porque Deus, Ser infinitamente sábio e generoso, quis deixar no conjunto da criação uma grande variedade de criaturas, para que pudessem melhor refletir sua grandeza majestosa, infinita e perfeita. E é por isso que o Altíssimo criou também os homens e as nações com uma grande variedade de psicologias, para que pudessem amá-Lo e adorá-Lo com a sua própria maneira de ser e de viver.

Dediquemos-nos a analisar, ainda que brevemente, a maneira de ser do povo alemão. Tem ele uma grande delicadeza de alma para as canções de Natal. De tal maneira, que eles compuseram a canção de Natal universal: Stille Nacht, (Noite feliz), melodia que passou a ser a canção natalina de todos os países.

Oh sim, o Noite Feliz! Logo ao ouvirmos os primeiro acordes desta sublime música, vem-nos um sentimento de ternura e submissão de espírito diante do Menino Jesus, tão pequeno e frágil na manjedoura.

O Menino está dormindo em celestial tranquilidade – como nos diz a letra original em alemão: “schlaf in himmlischer Rhu”. Que traduzida diz: dorme em celestial tranquilidade. Mas que com que tranquilidade Ele dorme!

Esse Menino não é um Menino da terra, é um Menino do Céu. A tranquilidade dele é a tranquilidade do céu. Vejam só que altas cogitações de reverência, compaixão e ternura estes belos acordes nos trazem. Sentimentos de ternura vigilante para que nada toque no Menino, que nada O moleste. Ele começa a chorar, mas logo a Mãe O consola, e temos então um profundo movimento interior de compaixão.

Acompanhando este movimento de ternura vem também uma alta reflexão, admiração e enlevo pelo Menino na melodia da música. Por quê? Porque ali está o Menino-Deus, que quando abre seus braços já forma uma cruz, fazendo-nos pensar na dor insondável pela qual Ele passará. Tudo para o nosso bem, para nossa salvação, pois Ele veio ao mundo para essa finalidade.

Isso forma um magnífico paradoxo, pois é a ternura e a compaixão para Alguém que é infinitamente mais do que nós; é a ternura para com Deus! Então temos a compaixão admirativa, para com o que há de mais delicado, fazendo-se um pedido Àquele de que se tem pena. Isso é de uma grande beleza, e está muito bem representado na melodia do Noite Feliz, não é verdade?

É muito interessante vermos como todas as canções de Natal alemãs possuem esses sentimentos magnificamente ligados, e que formam o espírito de Natal no povo alemão.

Isso sem falar nas suculentas, deliciosas e substanciosas iguarias da culinária alemã, dos abundantes e coloridos enfeites no pinheirinho de Natal, etc. Imaginemos, em um pequeno povoado alemão, as casinhas da aldeia todas cobertas de neve, com as fumaças subindo das chaminés, e é a festa de Natal que já está preparada; a lareira está acesa, as delícias já estão no forno…Todos vão caminhando com passos largos para a igrejinha, com um relógio iluminado por dentro, indicando dez para a meia-noite.Todos entram logo para tirar seus capotões e se aquecerem. Depois da Santa Missa, começam, então, as festas de Natal. Tudo isto está em um quadro só, que completa os sentimentos de uma canção de Natal alemã.

Maneiras diferentes de conceber o Natal vemos também em outros povos, como o povo espanhol, francês, inglês, etc. Agora, por que digo isso? Para compreendermos melhor a Igreja Católica vivendo na alma de povos diferentes. Porque Ela é riquíssima, inesgotável em frutos de santidade e de perfeição. É equivalente ao sol quando atravessa vidros de cores diferentes. A luz solar quando transpassa num vitral vermelho acende um rubi; quando passa por um pedaço de vitral verde, faz fulgurar uma esmeralda! No fundo é o mesmo sol. De noite aquele vitral não expressa esta variedade de cores e símbolos.

Peçamos, então, a Nossa Senhora que nos faça compreender e amar cada vez mais o espírito da Igreja Católica, vendo e analisando os belos reflexos dessa luz admirável no riquíssimo e encantador vitral da cristandade.

Peçamos ao Menino Jesus que o amemos cada vez mais e que – neste ano de 2014 que se inicia – possamos dar a Ele o melhor de todos os presentes: o nosso coração.

Por Luís Plinio Gabriel Campanholi dos Santos

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A sensibilidade aos toques da graça

Quem nos dá a honra e a alegria de acompanhar os artigos aqui publicados provavelmente também sabe degustar um bom prato, por exemplo, uma iguaria italiana saborosa, como uma boa pizza mussarela ou calabresa, ou uma lasanha típica, acompanhados de um excelente vinho ou, conforme a preferência de não poucos, de uma cerveja típica alemã ou até brasileira, por sinal várias delas, muito boas. Tudo isto tem seu papel na vida, quando apreciado com temperança e virtude.

Porém, permita-me uma pergunta que talvez surpreenda o leitor: temos esta sensibilidade aos sabores, perfumes, para a boa música, para tantos aspectos naturais apreciáveis criados por Deus e desenvolvidos pela civilização cristã. Contudo, temos esta mesma sensibilidade, num plano superior, para os aspectos espirituais? Como anda caro leitor, nossa sensibilidade para perceber, “saborear” a graça de Deus que continuamente toca a nossa alma?

Consideremos a Solenidade da Epifania do Senhor, num dos seus numerosos aspectos. Narra-nos o evangelista São Mateus (Mt 2, 1-12) a chegada dos três Reis Magos do Oriente para adorarem o Menino Jesus, trazendo seus presentes: ouro, incenso e mirra. Parece tão simples este episódio, que poderia se pensar que os três personagens empreenderam esta viagem como alguém hoje em dia poderia realizar um passeio de viagem de férias, com toda a naturalidade, sem percalços ou riscos, tudo se dando na maior tranquilidade. Não foi isto que se passou com os reis magos: para aquela época, com estradas precárias, onde os assaltantes e animais ferozes ficavam a espreita de cobiçadas vítimas, esta jornada era propriamente uma aventura. Mas eles a empreenderam decididamente. O que os moveu a tal?

Alguém poderá responder: foi a estrela de Belém que apareceu e eles, impressionados, resolveram segui-la. Pode-se, entretanto, objetar: este, como outros sinais – por exemplo, os relatos dos pastores – deram a conhecer o nascimento do Salvador. O mesmo se pode dizer a respeito das inúmeras profecias, inteiramente conhecidas pelo povo judeu. Onde estavam, além dos Reis Magos, estes outros que tomaram ciência de tais sinais? Por que não foram adorar o Menino Deus?

Muito sugestivo e fundamentado em São Tomás, é o comentário de Mons. João Clá, EP, a propósito: “Tanto aos pastores quanto aos Reis, o Espírito Santo falou no fundo da alma, inspirando-lhes a fé no advento do Messias. Com efeito, muitos outros avistaram a estrela, pois ela não fora invisível, e vários conheceram também o relato dos pastores de Belém, na noite de Natal; todavia, nem todos acreditaram, só aqueles que foram favorecidos por moções do Espírito Santo” (1).

E continua o Fundador dos Arautos: “Por isso ressalta São Tomás o papel da graça, como um raio de verdade mais luminoso que a estrela, a instruir os corações dos Magos. É, então, mais importante a comunicação direta do Espírito Santo, do que os meros sinais sensíveis. A tal ponto que, para os justos, como Ana e Simeão, habituados a discernir a voz de Deus em seu interior, não foi necessária a aparição de Anjos ou o surgimento de estrelas, ou qualquer indicação extraordinária de que aquele era o Filho de Deus, o Messias prometido”.

Eis aqui, o mais importante: é a graça de Deus.

Porém, Deus quer de nossa parte, que tenhamos sensibilidade para perceber e compreender a graça do Espírito Santo agindo em nós, ainda quando estas manifestações sobrenaturais não venham com os sinais sensíveis. E para que esta sensibilidade e o nosso sim para com a graça de Deus se façam, é preciso de nossa parte não estarmos voltados às coisas passageiras e efêmeras da terra – conforme a expressão metafórica de São Luis Maria Grignion de Montfort – de modo parecido com os sapos, mas é preciso ter o espírito de águia, para voarmos e contemplarmos as coisas do Céu.

Assim, peçamos que os três Santos Reis Magos nos obtenham, daquela que é a Esposa do Espírito Santo, a graça que eles mesmos receberam e corresponderam: a abertura e a sensibilidade para os toques da graça. Deste modo, assim como estes Reis seguiram a estrela e ofertaram presentes ao Menino, tenhamos fidelidade a todos os desejos e inspirações do Divino Espírito e a entrega completa e amorosa à sua divina ação. (3)

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Mons. João S. Clá Dias, EP. O Espírito Santo e nossos maravilhamentos? In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. I, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 152
(2) São Luís Maria G. de Montfort. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. 42ª ed. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 84.
(3) Devocionário Arautos do Evangelho. São Paulo: Edições Loyola, 2007, p. 129-130.

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Onde encontrar a paz verdadeira?

Eis que estamos no término de um ano e abertura de Ano Novo. Novas reflexões e perspectivas vão se abrindo, carregadas de esperança. Sim, temos o Salvador, o Cristo Jesus, o Deus e Homem verdadeiro que vem até nós! E um dos anseios que nos vem ao coração, é sem duvida que se realize a Paz no mundo e nas famílias. Óh, quanto desejamos a paz! Porém, onde encontrá-la?

Uma luz se fez brilhar no já “distante” e, no entanto, tão próximo, início deste terceiro milênio: se dava o lançamento em 2002 da Carta Apostólica de João Paulo II sobre “O Rosário da Virgem Maria”. Apresentava nosso beato o terço como um verdadeiro compêndio do Evangelho que nos convida a meditar os mistérios da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, na escola de Maria.

Ora, esta contemplação dos mistérios do terço, desde os mistérios gozosos, iniciando pela Anunciação do Anjo, passando pelos luminosos (instituídos pelo Santo Padre, de feliz memória) e dolorosos e, por fim, chegando aos gloriosos com a Coroação de Nossa Senhora como Rainha do Céu e da terra, tem como centro a meditação sobre Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

É nesta meditação que receberemos as luzes, forças e graças para encontrarmos a verdadeira paz. Como nos transmite o Catecismo da Igreja Católica, “toda a vida de Cristo foi um contínuo ensinamento: seus silêncios, seus milagres, seus gestos, sua oração, seu amor ao homem, sua predileção pelos pequenos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na Cruz pela redenção do mundo, sua Ressurreição constituem a atuação de sua palavra e cumprimento da Revelação” (1). Por isto, “os discípulos de Cristo devem conformar-se com Ele até Ele se formar neles. É por isto que somos inseridos nos mistérios de sua vida, com Ele configurados, com Ele mortos e com Ele ressuscitados, até que com Ele reinemos” (2) [grifo nosso].

Assim, ao “estarmos inseridos nos mistérios da Vida de Jesus”, teremos a paz verdadeira que procuramos, para nós, nossas famílias e para as nações. E fora de Nosso Senhor Jesus Cristo – quanto mais contra Ele – nunca se encontrará a paz digna de pessoas como somos redimidas pelo seu Sangue infinitamente precioso.

Como escreve Mons. João Clá Dias, EP, baseando-se no Beato João Paulo II: “Falta a paz, hoje em dia, não somente entre as nações, mas muitas vezes, até no recinto do lar. ‘Quanta paz estaria assegurada nas relações familiares, se fosse retomada a recitação do Santo Rosário em família’, exclamou o Papa no Angelus de 29 de setembro de 2002, quando anunciou o Ano do Rosário. E na citada Carta Apostólica ele alerta: ‘A família, célula da sociedade, está cada vez mais ameaçada por forças desagregadoras a nível ideológico e prático, que fazem temer pelo futuro dessa instituição fundamental e imprescindível e, consequentemente, pela sorte da sociedade inteira’” (3).

Alguém talvez pudesse objetar: mas será que tais palavras terão algum sentido, passados tantos anos? Valerá a pena incrementar a reza do terço? Será esta devoção atual?

Sem delongas, podemos responder, em consonância com o espírito dos fiéis Macabeus (Livro dos Macabeus): O dia em que meditar os mistérios da Vida de Jesus, através do olhar de Maria – e é este o significado do Santo Rosário – ficar ultrapassado, é melhor que Deus nos leve deste mundo, pois sem Cristo e sem a Mãe de Deus, é melhor morrer do que viver numa terra devastada e sem honra.

Que a Rainha da Paz, aquela que nas aparições de Fátima disse de Si, “Eu sou a Senhora do Rosário”, nos obtenha a graça, entre tantas outras, de rezarmos com sempre maior devoção, todos os dias, o Santo Rosário. E aí poderemos sem dúvida estarmos imersos numa atmosfera de paz verdadeira, evangelizando por meio dela o mundo inteiro. Paz e Felicidade em 2014!

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Catecismo da Igreja Católica. Tópico n. 561. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2001, p. 159.
(2) Catecismo da Igreja Católica. Tópico n. 562. 11. ed. São Paulo: Loyola, 2001, p. 160.
(3) Mons. João S. Clá Dias, EP. Paz no mundo e nas famílias. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. I, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 130-131.

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A Sagrada Família: exemplo de obediência e docilidade à voz de Deus

Quando a Santa Igreja nos propõe celebrar uma festa litúrgica, Deus a faz acompanhar com graças próprias a trazer benefícios espirituais para os fiéis. Neste tempo natalino, comemorarmos a Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José. Que dádivas a Providência nos quer comunicar por meio da Sagrada Família?

Quantas vezes presenciamos, consternados, notícias ou tomamos contato com fatos que “ilustram” a triste situação da instituição familiar em nossos dias. Sem dúvida, tal crise não é senão um dos aspectos da ampla crise moral que assola a humanidade. Qual será a razão?

Contemplemos o Evangelho de São Mateus em que narra a fuga do Menino Jesus para o Egito, pois O queria matar o invejoso Herodes. Conta-nos o evangelista que o anjo aparece a São José em sonho e sugere que pegasse o Menino e sua Mãe e fugisse para o Egito; passado o perigo, o anjo diz ao chefe da Sagrada Família para que voltassem à terra de Israel, pois aqueles que procuravam matar o Menino já estavam mortos. (Mt 2, 13-15. 19-23).

Mas, o que representava tal viagem de Belém para uma terra estrangeira e com costumes e língua diferentes? Seria por demais longo enumerar as dificuldades e riscos de tal viagem.

No entanto, diante do conselho do anjo, qual foi a atitude de São José e da “Mãe do Menino”? Em ambas as circunstâncias, procederam com a obediência e flexibilidade incondicional.

A estas alturas, poderíamos nos perguntar: qual a relação desta submissão de São José e da Sagrada Família com a abordagem no início deste artigo, sobre a crise da família contemporânea?

A resposta, no-la dá Mons. João Clá Dias, EP.: “Eis o aspecto maravilhoso da família quando se desenvolve em torno de um eixo: a Lei de Deus, o próprio Deus. A Igreja nos propõe nesta festa litúrgica o inimaginável exemplo da Sagrada Família: São José, obediente, de nada se queixa; Nossa Senhora toma os reveses com inteira cordura e submissão; e o Menino Jesus Se deixa conduzir e governar por ambos, sendo Ele o Criador do Universo. Nós também devemos, portanto, ser flexíveis à vontade de Deus e estar dispostos a aceitar com doçura, com resignação plena e total os sofrimentos que a Providência exigir ao longo de nossa vida. Esta atitude diante da cruz é a raiz da verdadeira felicidade, bem-estar e harmonia familiar […]” (1).

Eis aqui a luz deste Evangelho a nos indicar a solução para os problemas e crises da família em nossos dias: abraçar a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, assim teremos a ordem, paz e felicidade, que por vezes tanto falta a nossas famílias.

Peçamos a intercessão da Sagrada Família para que sejam restaurados o respeito, o amor, a fidelidade e as virtudes tão caras ao Menino Jesus, Maria Santíssima e São José, bem como a obediência e docilidade à voz de Deus e, desta forma, nossas famílias crescerão nas vias da santidade e da perfeição, buscando em primeiríssimo lugar as coisas de Deus, pois tudo o mais será acrescentado.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Mons. João S. Clá Dias, EP. A Sagrada Família, exemplo nas dificuldades da vida. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. I, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 144-145.

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O milagre do Natal em Maria Santíssima

Haverá no ano tempo mais belo que o do Santo Natal? Entre tantos e tantos aspectos, contemplemos apenas três luzes que irradiam do Evangelho no qual se relata o nascimento do Menino Jesus, narrado por São Lucas.

Assim descreve o evangelista: “Enquanto estavam em Belém, completaram-se os dias para o parto, e Maria deu à luz o seu Filho primogênito. Ela O enfaixou e O colocou na manjedoura” (Lc 2, 6-7).

Com efeito, sabemos que uma das maiores glórias de Nossa Senhora é sua Imaculada Conceição: “A completa isenção do pecado original concedida a Maria Santíssima, por um privilégio especial, desde o primeiro instante de sua existência: eis o que é a Imaculada Conceição” (1). Ora, um dos efeitos do pecado original, para os descendentes de Adão e Eva, é justamente para a mulher que vai dar à luz, sofrer as dores do parto. Por isto está escrito no Gênesis: “Deus disse para a mulher: Vou fazê-la sofrer muito em sua gravidez: entre dores, você dará à luz seus filhos” (Gen 3, 16a).

Este sofrimento não o teve a Mãe de Deus. Esta luz do Evangelho é assim comentada por Mons. João Clá Dias, EP: “Este belo trecho deixa transparecer a profissão do Evangelista. Com efeito, ele era médico. Sabia que uma mãe, ao dar à luz, não tem forças para preocupar-se diretamente com o recém-nascido. São Lucas, portanto, ao afirmar ter sido Nossa Senhora quem tratou o menino – ‘O enfaixou e O colocou na manjedoura’ – deseja ressaltar que o parto foi indolor, não trazendo consigo os estigmas do pecado original. Esta ideia é sublinhada também pelo fato de Maria não ter se preocupado em banhar seu Filho. Nasceu Ele com tanta luz, que a Mãe O enfaixou imediatamente” (2) [sublinhado nosso].

Quantas graças há naquela que é a Imaculada Conceição: ao dar a luz ao Menino Jesus, por obra do Espírito Santo, sem romper o selo de sua virgindade e sem as dores do parto, Nossa Senhora, “a mais terrível inimiga que Deus armou contra o demônio” (3), reuniu em si as duas maiores glórias do gênero feminino: a virgindade e a maternidade.

Virgindade à qual Ela amou tanto que chegou a alegá-la ao celeste arcanjo Gabriel que lhe anunciava a honra inefável da maternidade divina; virgindade tão amada por Deus, que o Espírito Santo ao cobri-la com sua sombra, praticou o milagre indivisivelmente sublime de a preservar.

Nossa Senhora é, pois, o modelo perfeito das mulheres, das mães e das virgens consagradas a Deus.

Eis aqui três luzes desta estrela, três glórias de Maria Santíssima, que somos convidados a contemplar a propósito do nascimento do Menino Jesus: a Imaculada Conceição, a Virgindade perpétua e a honra incomparável de ser a Mãe de Deus.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) BERNARD. Le Mystère de Maria. Bruges: Desclée de Brouwer, 1954, p. 57.
(2) Mons. João S. Clá Dias, EP. O evangelho do nascimento do Menino Jesus… In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. I, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 89.
(3) São Luís Maria G. de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 14ª ed. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 54-55.
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