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A solução para todos os nossos problemas

Muitos são os problemas e preocupações do homem em nossos dias: contas para pagar, dívidas inesperadas, ou ainda doenças que batem à nossa porta, e tantas outras dificuldades que vivenciamos quotidianamente. Isto sem nos esquecermos das questões familiares, de trabalho, em resumo: problemas, problemas, problemas…

A tudo isto caro leitor devemos acrescer as calamidades que vemos todos os dias na imprensa. Às vezes temos a impressão de que são tantos os ventos contrários, que achamos que nossa pequenina casa ruirá para sempre. Nesses terríveis momentos de angústia e aflição, muitos questionamentos vêm ao nosso espírito.

Como pode ser isso? Acaso Deus criou o homem somente para sofrer? Não é Ele o Senhor e Criador de todas as coisas, o Deus onipotente, eterno e absoluto, capaz de salvar e de fazer perecer? Alguém poderia pensar: Como pode ser que, sendo Ele tão poderoso, deixe nosso mundo abandonado e desolado, entregue às borrascas e tempestades, sem ter um mínimo de preocupação e de interesse? A afirmação é forte. A situação é difícil. E agora, como resolver este caso? Será que Deus realmente nos abandona assim? Sem dúvida não!

Vitrais de Saint Chapelle (Paris), que ilustram o Livro de Ester

Ensina-nos a Doutrina Católica que Deus nunca nos deixa de amparar, de tal maneira que, se por acaso Ele cochilasse, quando acordasse perceberia que toda a criação teria desaparecido. Sim. E é claro que o Onipotente não cochila, mas os teólogos usam essa metáfora para nos mostrar que é Ele quem sustenta todo o universo.

Ou seja, Ele não se esquece nunca de nós, pois Jesus mesmo afirmou: “Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados”. (Lc 12, 7) Além disso, sabemos que, se vemos no mundo de hoje toda espécie de problemas, é porque o mundo não recorre ao seu Criador e Senhor. Ora, se passamos por problemas e dificuldades, temos um grande tesouro ao nosso alcance para implorar a misericórdia divina: a oração. Se rezarmos com fé, confiança e perseverança é certo que não nos deixará de socorrer.

A este propósito, trazemos aqui um trecho da Sagrada Escritura belíssimo. Trata-se da oração feita pela Rainha Ester diante de uma situação de perseguição e aflição que passava o povo eleito, durante a época persa. O trecho bíblico apresenta um bom exemplo de como deve ser nossa oração: cheia de confiança e certeza na vitória de Deus sobre nossos inimigos.

“Naqueles dias: Ante a morte iminente, todo o Israel gritava a Deus com todas as suas forças. A Rainha Ester, temendo o perigo de morte que se aproximava, buscou refúgio no Senhor. Abandonou as vestes suntuosas e vestiu-se com roupas de aflição e luto. Em vez de perfumes refinados, cobriu a cabeça com cinza e humilhou o seu corpo com inúmeros jejuns. Prostrou-se por terra desde a manhã até ao anoitecer, juntamente com suas servas, e disse:

‘Deus de Abrão, Deus de Isaac e Deus de Jacó, Tu és bendito. Vem em meu socorro, pois estou só e não tenho outro defensor fora de ti, Senhor, pois eu mesma me expus ao perigo. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que salvaste Noé das águas do dilúvio. Senhor, eu ouvi dos livros de meus antepassados, que entregaste nove reis a Abraão com apenas trezentos e dezoito homens. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que libertaste Jonas do ventre da baleia. Senhor, eu ouvi, do livro de meus antepassados, que livraste Ananias, Azarias e Misael da fornalha ardente. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que arrebataste Daniel da cova dos leões. Senhor, eu ouvi, do livro de meus antepassados, que tiveste misericórdia de Ezequias, rei dos Judeus, quando, condenado a morrer, te implorou pela vida e lhe concedeste mais quinze anos de vida. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que concedeste um filho a Ana que o pedia com ardente desejo. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que tu libertas, Senhor, até o fim, todos os que te são caros.

Agora, pois, ajuda-me, a mim que estou sozinha e não tenho mais ninguém senão a Ti, Senhor meu Deus. Tu sabes o que tua serva detestou o leito dos incircuncisos, que não comi à mesa das abominações nem bebi o vinho de suas libações. Tu sabes que, desde a minha deportação, não tive alegria, Senhor, a não ser em ti. Tu sabes, ó Deus, porque trago esta vestimenta sobre minha cabeça, e que a abomino como um trapo imundo e não a trago nos meus dias de tranquilidade.

Vem, pois, em auxílio de minha orfandade. Põe em meus lábios um discurso atraente, quando eu estiver diante do leão, e muda o seu coração para que odeie aquele que nos ataca, para que este pereça, com todos os seus cúmplices. E livra-nos da mão de nossos inimigos. Transforma nosso luto em alegria e nossas dores em bem-estar. Aos que querem apossar-se de tua herança, ó Deus, entrega-os à ruína. Mostra-te, Senhor; ó Senhor, manifesta-te!’”1.

Nossa Senhora de Fátima – Arautos do Evangelho

É muito bonita a maneira como a Rainha relembra vários fatos ocorridos no povo judeu, em que aqueles que pediram o socorro divino foram atendidos. Ela também foi atendida por Deus, como podemos ler em seu livro na Sagrada Escritura, pois o povo eleito foi salvo da situação de aflição que sofria do terrível perseguidor Amã, o qual acabou sendo morto pelo rei Assuero. A vitória foi certa! Ester triunfou!

Tenhamos também nós essa confiança e fé. Em toda e qualquer dificuldade que atravessemos em nossa vida, recorramos ao auxílio certíssimo de Nossa Senhora, que nos socorrerá logo e nos salvará, seja qual for a situação. Tenhamos uma certeza inabalável Naquela que desde o princípio esmagou a cabeça da serpente e que, como Mãe terna e carinhosa, socorre aqueles que confiam em sua bondade.

Por Luís Plinio Santos

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1 Oração da Rainha Ester. Do Livro de Ester. In: Liturgia das Horas. v. IV. São Paulo: Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave Maria, 1999, p. 362-364.

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Dom Anuar Battisti abençoa e inaugura Presépio Som, Luz e Movimento, dos Arautos do Evangelho de Maringá

No último Sábado, dia 4 de Outubro de 2014, os Arautos do Evangelho tiveram a alegria de receber em sua casa  de Maringá a visita de Dom Anuar Battisti. Todos aguardavam ansiosos, desde os primeiros raios da manhã, o momento bendito em que poderiam conviver com o Arcebispo, como ovelhas que logo reconhecem a voz do Pastor e aguardam com expectativa a sua voz. Então, por volta das 16:30, quando seu carro transpôs os portões da Comunidade dos Arautos, todos os presentes se apinharam em volta do carro, desejosos de terem um contato com Dom Anuar.

Descendo do carro, cumprimentou a todos e a cada um com grande afeto, estima e ternura. Saudou de uma maneira especial os dois Sacerdotes Arautos que se encontravam na casa. Primeiramente, o Revmo. Padre Roberto Takeshi Kiyota, Capelão da Comunidade. Depois, o Revmo. Padre Antônio Guerra, Provincial dos Arautos do Evangelho de Maringá, o qual se encontrava também em visita à Comunidade nessa ocasião.

Em seguida, o Arcebispo quis também cumprimentar de uma maneira especial o “Dono da Casa”, o Santíssimo Sacramento. Visitou a Capela e fez alguns minutos de oração e reverência a Nosso Senhor, realmente presente em Corpo, Sangue, Alma e divindade na Eucaristia. Exemplo de devoção para nós. Sempre que tivermos a alegria de comungar e, assim, receber a visita do próprio Homem-Deus em nossa alma, tenhamos a essa devoção, transbordante de adoração.

Depois, o excelentíssimo visitante quis continuar reverenciando a Nosso Senhor Jesus Cristo, mas agora de outra maneira: contemplando-O feito Menino, inocente e belo, no Presépio. Entrou, então, no auditório climatizado, ornamentado com uma grande e bela cortina vermelha, aguardando o instante de poder abrir-se e revelar as maravilhas do nascimento do Menino Jesus. Todos se sentam. Começa uma narração… São as graças e as alegrias do Santo Natal que vem até nós.

O interessante do Presépio é que podemos assistir, cena por cena, os acontecimentos que marcaram a vinda do Messias ao mundo, como os Reis Magos, os Pastores e muitos outros fatos da vida e história do Menino Jesus que cresce em graça e santidade. Enquanto vamos ouvindo a narração, as peças vão se movimentando em harmoniosos efeitos de luz, ao som das mais belas melodias natalinas.

O Presépio Som, Luz e Movimento dos Arautos do Evangelho procura resgatar o sentido cristão do Santo Natal, muitas vezes diluído no materialismo e consumismo frenético de nossos dias. É uma maneira de evangelizar através da arte, da beleza e da cultura, atraindo crianças, jovens e adultos para as maravilhas da Fé Cristã.

Terminada a apresentação, Dom Anuar assinou o livro de presença, inaugurando assim, o Presépio Som, Luz e Movimento. Depois, deu-se início à bênção solene. Todos ouviam com devoção e atenção as palavras do Arcebispo. A partir daquele momento, o Presépio seria ocasião de graças e bênçãos para todos aqueles que contemplassem essa obra de arte, elevando, assim, suas almas até o Menino Jesus e sua Santíssima Mãe.

Agradecemos a Dom Anuar a oportunidade que tivemos de receber a bênção no Presépio, para começarmos com fé e entusiasmo este grande apostolado no período natalino.

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A História de Santa Hildegonda: a obediência é a guarda da inocência (Parte III)

Caro leitor, na última vez que “estivemos” com Santa Hildegonda, ela recebeu uma missão, enquanto Frei José, que dir-se-ia desproporcional para uma criança de doze anos: transpor as fronteiras da Alemanha, guarnecidas e vigiadas por tropas do Imperador, e fazer chegar até Roma, a pé, uma mensagem ao Papa, para salvar os católicos de sua nação. Impressionante, não?

Vejamos agora estes fatos por um ângulo diferente. Meditemos um pouco sobre o que poderia pensar e sentir a pequena Santa Hildegonda nestas circunstâncias. Poderia ser ela tentada a inquietar-se, desanimar-se ou mesmo revoltar-se com tantos revezes? Não teria sentido medo? Medo da morte se fosse pega pelos guardas? Medo de ter sua identidade descoberta nesta situação?

Quando finalmente havia encontrado um lugar seguro, o mosteiro em sua terra natal, ter que voltar a ser “mendigo de rua” e fazer uma viagem de volta à Itália, sozinha e exposta a perigos novamente, só que desta vez bem maiores? Não teria sido tentada de tristeza, de fraqueza ou moleza, de revelar seu segredo, alegando que por ser uma menina não tinha forças para  tão arriscada missão?

Enquanto lemos este artigo, podemos relembrar que mesmo o próprio Deus-Homem passou pela tentação do inimigo. Todos somos tentados, santos ou pecadores. A questão está em rezar e não ceder às tentações. Hildegonda não cedeu e para isso certamente deve ter recorrido aos meios que nos concede a Igreja: a oração, a meditação, os sacramentos, procurar distrair-se dos maus pensamentos, usar da água benta, fazer o Sinal da Cruz, procurar a orientação do Sacerdote, etc. Isso para citarmos alguns exemplos, pois incomensuráveis são os tesouros de nossa Fé.

O certo é que a “santinha” foi corajosa e apoiou-se na Fé para praticar estes dois atos de obediência heroica que certamente pesaram para sua elevação aos altares. Continuou a manter o segredo em obediência a seu falecido pai e obedeceu aos superiores religiosos lançando-se na aventura da missão recebida. Apenas são capazes de atos de virtude como estes as almas que amam a Deus até o ponto de esquecerem-se de si mesmas!

 Vestiu-se novamente com roupas de mendigo, escondeu dentro de um cajado oco a valiosa carta do Bispo de Colônia1 e saiu da segurança do mosteiro para as ruas, carregando nos braços os destinos da Alemanha. Como? Movida por uma Fé e um amor a Deus mais fortes que a morte.

Chegou o momento de passar pela guarda. Como o “pequeno mendigo” se comportou? Que artifícios teria usado para ludibriar os soldados? Teria pedido esmola a eles e sido repelido, passando logo após pela fronteira? Teria simplesmente passado? A história não conta, mas Deus o sabe. Certo é que conseguiu seu intento e seguiu pela estrada da aventura.

Alpes Brancos – Cordilheira que Santa Hildegonda deveria atravessar para cumprir sua missão

Perto da difícil travessia dos Alpes, encontrou-se com outro viajante que disse viajar no mesmo sentido. Caminhavam então juntos. Perto de uma floresta ouviram o ruído de muitas pessoas andando às pressas e disse o “pequeno mendigo” ao desconhecido:

– Creio que muita gente nos persegue e se aproxima a largos passos.

Ele respondeu colocando sua bagagem ao solo:

– Senta-te sobre este saco e fica à minha espera. Não tardarei…

Correu então à floresta. Hidelgonda obedeceu, mas a multidão raivosa chegou, arrancou-lhe de cima da sacola e, encontrando vários objetos que lhes haviam sido roubados, começaram a espancar sem piedade o “suposto ladrão”… Hildegonda afirmou ser inocente, mas foi então mais fortemente espancada; ataram-lhes as mãos, amarraram-lhe o saco ao pescoço e levaram-lhe aos trancos ao juiz. Impossível não ver nisso uma semelhança com Nosso Senhor, não?

Foi assim condenada à forca; mas antes de morrer – outros tempos! – deram-lhe a oportunidade de confessar seus pecados com um Padre: Hildegonda confessou-se normalmente, mas não citou o roubo. Interrogada pelo sacerdote sobre este ponto, mostrou-lhe a carta com o selo do Bispo e explicou-lhe sua missão.

O bom Padre então mandou vasculhar a floresta, onde foi encontrado o verdadeiro ladrão, que afirmava também ser inocente… Em vista disso, o Sacerdote recorreu ao juízo de Deus e propôs a prova do ferro em brasa. Este “detector de mentiras” desconhecido nos tempos atuais foi trazido ardente ao rubro e os litigantes o seguraram. Ao contrário do ladrão, Hildegonda não se queimou nem sentiu dor alguma, com o auxílio divino!

O culpado foi condenado e Hildegonda foi libertada, tendo o bom Padre levado-a para descansar. Enfim, poderia cumprir sua missão? Não, a providência queria ainda aumentar sua luta e sua glória. Foi pega pelos parentes do ladrão executado. Eles queriam dar-lhe a mesma sorte que este recebera! Prepararam-lhe uma forca e suspenderam nela, injustamente, a santa inocente…O que são capazes de fazer os homens quando cegos pelo ódio e obstinados pelo desejo de vingança!

Terminariam assim os dias desta santa vida, que se sacrificou pela obediência e pela Igreja Católica. Certamente uma chave de ouro e uma coroa de glória. Será? Sua missão continuou mesmo após este terrível acontecimento? Qual a solução encontrada por Deus para esta situação? Saiba o final desta história no próximo artigo, semana que vem, neste mesmo blog.

Rogue por Santa Hildegonda e que Santa Hildegonda rogue por nós!

Por Marcelo Veloso Souza Mendes

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1 Bispo de Colônia, Felipe de Heimsberg. Tomou abertamente o partido do Papa contra o Imperador Frederico I (Barba-Roxa), que se opôs ao Sumo Pontífice a respeito da sagração do Bispo de Treves, assunto que só concerne ao vigário de Cristo e nunca a governantes de nações, por mais poderosos que se julguem. Com esta bela atitude de fé e coragem, este valoroso bispo obteve a honra de ser perseguido por causa de sua justiça.

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Humildade e a fé, lições da Cananéia para os dias de hoje

Quando lemos o Evangelho, vêm-nos luzes de compreensão entusiasmada dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo. De variados matizes e cintilações, tais luzes falam em nossas almas, conforme o bem que o Espírito Santo queira nos fazer.

Meditemos sobre a narração que nos faz São Mateus (cf. Mt 15, 21-22) sobre pedido de cura da filha cruelmente atormentada pelo demônio, feito pela Cananéia. É o que nos propõe este XX Domingo do Tempo Comum.

Esta pobre mãe era de um povo pagão, de etnia Cananéia, que habitava no território de Tiro e Sidônia (Líbano atual), e que era rechaçado pelos judeus. Nosso Senhor foi a esta região, não propriamente para pregar, mas para ocultar-se dos seus inimigos que estavam acirrados e cheios de ódio contra sua Pessoa. No entanto, sua fama era tal, que muitos de seus habitantes já tinham ouvido falar de Jesus ou mesmo assistido suas pregações, de acordo com relatos de Marcos (cf. Mc 3, 8) e Lucas (Lc 6,17).

A Cananéia aos pés de Jesus

Com ardor materno, a cananéia suplica: “Senhor, Filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está atormentada por um demônio!”. Qual foi a atitude de Nosso Senhor diante da mulher? Num primeiro momento, Jesus manteve-se em um silêncio que poderia causar desconcerto. Depois, ante a insistência dela, respondeu-lhe: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. Sem intimidar-se, ou sentir-se ofendida, pelo contrário, foi adiante, importunamente, no seu intento: “É verdade, Senhor: mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!”. Qual a consequência desta súplica cheia de fé e humildade: Jesus lhe responde: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!”.  E continua o Evangelho: “E desde aquele momento sua filha ficou curada” (Mt 15, 28).

No que propriamente consiste a grande fé da Cananéia, que, no entanto, pertencia a um povo pagão?

Esta grande fé, sobretudo consiste em crer em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. E a cananéia tinha esta “grande fé”. É o que diz a Glosa, a respeito do tratamento dela dado a Jesus, quando brada ´Senhor, Filho de Deus`: “Grande fé se nota nessas palavras da Cananéia: ela crê na divindade de Cristo quando O chama de ´Senhor`; e em sua humanidade quando Lhe diz: ´Filho de Davi`.” ¹

Eis aqui o ponto de partida de nossa fé e da condição para obtermos tudo de Deus: crermos em Nosso Senhor. Nossa fé atinge aqui a mais alta condição para conseguirmos algo de Deus, pois não se trata de confiar meramente nos auxílios de um qualquer, (ainda que este fosse o homem mais poderoso, rico e capaz), mas na certeza que nosso Benfeitor, por ser Deus, tudo pode e quer nos ajudar.

Sagrado Coração de Jesus

A respeito deste conhecimento da Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, de quem é Ele, e do quanto hoje em dia vive-se na ignorância deste conhecimento, comenta Mons. João Clá Dias, Fundador dos Arautos: “Outro ensinamento que podemos extrair do Evangelho de hoje é a necessidade de nos instruirmos sobre a verdadeira e boa doutrina. A Cananeia ouviu e se informou a respeito dos atos e das pregações de Jesus. Isso lhe foi fundamental para crer. Um grande mal de nossos dias, a ignorância religiosa[…]”.

E acrescenta, trazendo-nos as palavras da Escritura: “Ouvi a palavra do Senhor, filhos de Israel! Porque não há sinceridade nem bondade, nem conhecimento de Deus na Terra. Juram falso, assassinam, roubam, cometem adultério, usam de violência e acumulam homicídio sobre homicídio. […] porque meu povo se perde por falta de conhecimento (Os 4, 1-2,6). ² [grifo nosso]

Aqui está esplendidamente indicado para nós, que tanto necessitamos das graças e favores de Nosso Senhor Jesus Cristo: conhecimento de quem Ele é, aliado consequentemente, a um amor filial, cheio de confiança inabalável na certeza de que Ele tudo nos atende.

Para que este conhecimento amoroso e cheio de confiança em Jesus Cristo nos inunde e acompanhe a alma em nossa existência, roguemos Àquela que nesta terra teve uma fé em seu Divino Filho e humildade como ninguém, e teremos a alegria de em tudo sermos atendidos!

Por Adilson Costa da Costa

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¹ GLOSA, apud SÃO TOMÁS DE AQUINO. Catena Aurea. In Mattheum, c. XV, v. 21-28.

² Mons. João S. Clá Dias, EP. Tudo se obtém pela fé. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. II, Ano A, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 285.

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“Senhor, salva-me!”

No convívio com os nossos conhecidos e amigos somos, frente a algumas situações, tomados de certa compaixão: um que é “assaltado” por uma doença grave, a princípio, incurável, outro angustiado por um drama familiar ou pela dor da irremediável morte que se acomete.

Esse compartilhar o sofrimento do próximo – ou de você mesmo caro leitor, que vivendo uma situação difícil –, nos leva a procurar remediar em algo tal drama, problema ou dificuldade.

Nesse momento poderíamos questionar: O que fazer diante das tempestades da vida que nos assaltam?

Jesus tira São Pedro da água – Catedral de Salamanca – Espanha

Uma luz do Evangelho narrado por São Mateus (Mt 14, 22-23), apresentado no XIX Domingo do Tempo Comum, irradia um conselho para além daquilo que naturalmente somos incapazes de fazer.

Com efeito, após a multiplicação dos pães, Jesus ficou com as multidões para despedi-las e mandou aos Apóstolos irem de barca para o outro lado do mar. Acontece que em plena madrugada, após esforços inúteis no sentido de avançar com ligeireza naquela navegação, devido ao agitado do mar e vento contrário, em meio à violenta tempestade, Jesus aparece caminhando sobre as águas; então Pedro Lhe disse: “Senhor, se és Tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água” (Mt 14, 28). Diante do “vem” de Jesus, ele começou a andar, porém, assustado com o vento, ficou com medo e começou a afundar.

O que fez Pedro ao afundar nas águas? Gritou: “Senhor, salva-me!”

Caro leitor, quantas vezes presenciamos ou vivenciamos situações tempestuosas na nossa existência! Momentos em que parecemos afundar irremediavelmente. Sentimo-nos como uma barca a naufragar e tendemos a perder a esperança.

Como comenta Mons. João Clá Dias, a propósito deste Evangelho: “Essa é a nossa história: ao longo de nossa caminhada rumo ao Reino Eterno, sempre acontece, mais cedo ou mais tarde, diminuir-nos o fervor ou, às vezes, até sua sensibilidade chegar à estaca zero. E, assim, somos provados em nossa fé. Ai de nós se, nessas circunstâncias, nos esquecermos de que tudo quanto temos de bom vem de Deus! Se à primeira tentação perdermos o entusiasmo e a confiança, acabaremos por sentir a lei da gravidade cobrando o peso de nossa própria miséria: infalivelmente pereceremos”¹.

Nossa Senhora de Fátima – Arautos do Evangelho

E qual é a solução para não perecermos ante os problemas e tentações contra a fé?

O Fundador dos Arautos conclui: “A única solução para nós, nessa hora, será imitarmos São Pedro, gritando: ‘Senhor, salva-me!’”².

Em outros termos. Coloquemos nosso olhar no Divino Salvador, roguemos com confiança e Ele nos salvará das dificuldades – sejam quais forem –, ou então nos dará forças e animo para bem suportá-las. Sobretudo se soubermos invocar Aquela que é a intercessora junto ao Seu Divino Filho, a Estrela do Mar, Consoladora dos aflitos, pois conforme nos aconselha São Bernardo:

“Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela” ³.

Por Adilson Costa da Costa

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¹ Mons. João S. Clá Dias, EP. Até onde deve chegar nossa fé. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. II, Ano A, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 269-270.

² Mons. João S. Clá Dias, EP, op. cit, p. 270.

³ São Bernardo de Claraval. Olha a Estrela, Invoca Maria! In: http://africa.blog.arautos.org/2014/05/olha-a-estrela-invoca-maria/. Acesso em 07 ago 2014.

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