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Domingo de Ramos, o início das dores

Resumo dos Comentários de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, no Inédito Sobre os Evangelhos.

 

Com a Encarnação do Verbo, a obra das trevas conheceu sua ruína e o confronto entre o bem e o mal encontrará sua arquetipia na implacável luta de Nosso Senhor contra os escribas e fariseus. O maldito filão do mal encontrou diante de si um Varão que fundou uma Instituição para combatê-lo. Na liturgia do Domingo de Ramos a Igreja comemora, ao mesmo tempo, as alegrias da entrada triunfal de Nosso Senhor Jesus Cristo em Jerusalém e o início da sua Via sacra. Abre-se a Semana Santa. O período litúrgico em que as principais celebrações se sucedem e convidam-nos a ponderar, com mais fervor, os acontecimentos que são o cerne da nossa Redenção.

Nenhum dos numerosos milagres realizados pelo Divino Mestre produziu tanta comoção em Israel quanto a ressureição de Lázaro. O prodígio ocasionou um forte surto de fervor e muitos judeus passaram a crer n’Ele. Em contrapartida, se acirrou o ódio dos pontífices e fariseus, que reunidos no Sinédrio, “desde aquele momento, resolveram tirar-Lhe a vida” (Jo 11,53).

Nosso Senhor é louvado pela multidão ao entrar na cidade no lombo do jumentinho. À sua passagem, o povo estendia os mantos e ramos no chão e irrompia brados de alegria: “Bendito o Rei, que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!”. A agitação foi tamanha que iam se juntando ao cortejo peregrinos de todas as partes que estavam na cidade. Este cortejo realiza a profecia de Zacarias: “Dança de alegria, cidade de Sião; grita de alegria, cidade de Jerusalém, pois agora o teu rei está chegando, justo e vitorioso. Ele é pobre, vem montado num jumento, num jumentinho, filho de uma jumenta” (9,9). Até aquele momento Nosso Senhor havia rejeitado todas as iniciativas do povo de proclama-Lo rei. Mas nesta ocasião, em especial, Ele permitiu as manifestações de gratidão, tendo em vista a Paixão, para que ficasse notória a Sua descendência de Davi, o Messias esperado.

Vemos aqui, mais uma vez, a plena conformidade com a vontade do Pai. O Divino Redentor nasceu numa gruta de uma Virgem onde recebeu adoração de Maria e José, de três reis e de alguns pastores. Agora é chegado o momento propício para receber, com benevolência, os brados do povo que o proclamavam Rei de Israel. Assim como, durante anos, aceitou ser chamado de “Filho do Carpinteiro” (Mt 113,55). Jesus deixou claro que aquilo era um desígnio divino dizendo: “Eu vos declaro: se eles se calarem as pedras gritarão”.

Nosso Senhor já sabia que a poucos dias a mesma multidão iria bradar a libertação de Barrabás pedindo a sua Crucifixão. A esse respeito, o Prof. Plinio Correia de Oliveira faz um comentário: “Os pintores católicos que reproduziram a cena representam Nosso Senhor recebendo com certo bom grado aquela homenagem, mas com um fundo de tristeza e, ao mesmo tempo, severidade, porque Ele compreendia o que aquilo tinha de vazio, e que o povo que O aclamava, sem pensar nisso, reconhecia a sua própria culpa. […] Ele desfila bondoso e triste; Ele sabe o que O espera”. O triunfo de Nosso Senhor em Jerusalém não era se não o prenuncio de seu martírio na Cruz.

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