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A História de Santa Hildegonda: a obediência é a guarda da inocência (Parte IV)

Continuemos a escrever a História de Santa Hildegonda. Por três dias – mais uma semelhança com Nosso Senhor – seu corpo pendeu no patíbulo. Deus, no entanto, salvou-lhe do suplício enviando um anjo que a animou e consolou enquanto esteve suspensa entre o céu e a terra, sem sofrer dano mortal algum. À tarde do terceiro dia, escutou a música de coros celestiais e o anjo explicou-lhe que a alma de sua amada irmã gêmea, Inês, subira aos céus naquele momento, o que lhe trouxe consolações inefáveis. O anjo acrescentou: “Daqui três anos, virão buscar-te a ti, e assim te juntarás a ela”.

Ora, alguns pastorinhos guiavam um rebanho por ali e sentiram pena do “menino enforcado”, incomodados por brincarem perto de alguém naquela situação. Encorajaram-se a tirar de lá o “pobrezinho” e cortaram a corda da forca. O corpo caiu, mas, amparado pelo anjo, nada sofreu e… ficou de pé… estava vivo! Não é preciso dizer que os pastorinhos, amedrontados com o inopinado milagre, saíram correndo em disparada!

Estando a sós com o anjo novamente, este indicou a Hidelgonda o caminho que deveria traçar até seu destino. Assim ela finalmente pode chegar ao local combinado, em Verona – Itália – e entregou a carta à pessoa indicada.

Tendo cumprido sua missão, o “Frei José” retornou um tanto adoentado a seu mosteiro de Schonau, na Alemanha. Sendo-lhe oferecida a Unção dos Enfermos, deu-se fato intrigante: agradeceu de momento, afirmando que morreria por ocasião da Páscoa do Senhor – conforme as palavras do anjo.

Desse modo, dia 20 de Abril de 1188 – dia desta santa – na Festa da ressurreição do Senhor, sua heroica e inocente alma estava pronta para sua última viagem … e subiu com os coros dos anjos aos Céus para as eternas aventuras e venturas de contemplar a um Deus Infinito e a sua Mãe Santíssima, nesta outra vida que, para nós, é um mistério maravilhoso.

Cremos nós que lá também goza da companhia de seus piedosos pais, de sua amada irmã Inês e dos Santos, tendo ingressado no coro das santas religiosas virgens e inocentes para louvar a Trindade e ajudar-nos, com sua intercessão, nas lutas desta vida.

Um de seus biógrafos foi seu amigo e companheiro de noviciado e o outro foi Engelhard, prior do Mosteiro de Schoenau, que assim narra o que aconteceu após a ida de Frei José ao Céu:

(…) Somente com sua morte foi descoberto que era uma freira que viveu entre monges e veio à tona sua verdadeira identidade, fato que causou não pouca admiração entre os irmãos. Como o poder de Deus e a bondade de Cristo livraram do jugo do demônio aquela jovem que vivera tão aventurescamente, em contato com o mundo!”  1

Eis uma belíssima lição da vida de Santa Hildegonda. Foi sua obediência incondicional a seu pai, a Deus e sua lei que lhe galhardearam os títulos de Santa, Inocente e Virgem. Confiando no Deus a quem obedecia, enfrentou o inopinado, o sofrimento e mesmo a tragédia em sua vida, mas, sem perder a Fé e o ânimo, continuou firme, avançando sempre como um corajoso Soldado de Cristo, em sua marcha rumo ao Céu. O escudo e guarda desta autêntica heroína, e que protegeu sua inocência, foi, sem dúvida, sua obediência.

Por tudo isso, suplicamos: Santa Hildegonda, retirai de nós, com as graças que nos obtereis de Maria Santíssima, qualquer resquício do espírito de orgulho e de revolta, que reina em nosso tempo. Dai-nos respeito, veneração e obediência em relação a quem está colocado entre nós e Deus. Quem está acima de nós para nos preservar de toda mancha, nos guiar e elevar até o heroísmo, até a santidade, até a presença de Deus, no Céu.

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Nota do autor: Esta história foi escrita aqui do modo como foi transmitida oralmente e, como soe acontecer, difere em alguns pontos de menor importância, da realidade histórica. Entretanto, trazemos aqui a correção dos dados históricos, baseada na obra do Padre Rohrbacher, para que o leitor possa ter a noção exata dos fatos:

  • A morte do Pai de Hildegonda se deu em Tiro, e não em Roma, quando voltavam da Terra Santa, e não quando a ela se dirigiam, tendo a santa vivido de esmolas nesta cidade.
  • Não foram os primeiros viajantes alemães encontrados pelo“pobre José” que o ajudaram, infelizmente. Entre vários outros que se condoiam, mas não agiam, somente teve a virtuosa iniciativa um peregrino alemão de família nobre, que o tomou sob seus cuidados na travessia até a Alemanha. Até mesmo um criado que o pai de Hildegonda ao morrer havia incumbido de sua tutela, abandonou-a fugindo com o pagamento!

Os demais fatos e dados históricos são inteiramente fiéis à biografia escrita pelo Abade Engelhard, utilizada como base para a “Vida dos Santos”, volume VII, do Padre Rohrbacher, principal fonte deste artigo.

Esperamos que a leitura desta impressionante história tenha sido ocasião de graças para os leitores e que o exemplo desta jovem santa estimule a todos a amar e buscar, sem desanimar nunca e com coragem, a obediência, a inocência e a santidade, como ela amou, buscou… e alcançou!

Santa Hildegonda, rogai por nós!

Salve Maria!

Por Marcelo Veloso Souza Mendes

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 (1) Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, volume VII, Editora das Américas, São Paulo, 1960.

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