“No nosso tempo, caracterizado pelo barulho, pela distração e pela solidão, o diálogo do penitente com o confessor pode representar uma das poucas, se não a única ocasião para ser escutado verdadeiramente, e em profundidade.”
De que modo o Sacramento da Penitência educa? Em que sentido a sua celebração tem um valor pedagógico, em primeiro lugar para os ministros?
Quantas vezes, na celebração do Sacramento da Penitência, o presbítero assiste a verdadeiros milagres de conversão que, renovando o “encontro com um acontecimento, com uma Pessoa” (Deus caritas est, n.1), fortalecem a sua própria fé.
No fundo, confessar significa assistir a tantas “professiones fidei” quantos são os penitentes, e contemplar a obra de Deus misericordioso na História, ver concretamente os efeitos salvíficos da Cruz e da Ressurreição de Cristo, em todos os tempos e para cada homem.”
Não raro, somos postos diante de verdadeiros dramas existenciais, que não encontram uma resposta nas palavras dos homens, mas são abraçados e assumidos pelo Amor divino, que perdoa e transforma: “Mesmo que os vossos pecados fossem vermelhos como a púrpura, ficariam brancos como a neve!” (Is 1, 18).
Qual é o valor pedagógico do Sacramento da Penitência para os penitentes?
Devemos admitir previamente que ele depende, antes de tudo, da obra da Graça e dos efeitos objetivos do Sacramento da alma do fiel.
O exame de consciência tem um importante valor pedagógico: ele educa a considerar com sinceridade a própria existência, a confrontá- la com a verdade do Evangelho e a avaliá-la com parâmetros não apenas humanos, mas conferidos pela Revelação divina. O confronto com os Mandamentos, com as Bem-Aventuranças e, principalmente, com o Preceito do amor, constitui a primeira grande “escola penitencial”.
Diletos sacerdotes, não deixeis de reservar o espaço oportuno para o exercício do ministério da Penitência no confessionário: ser acolhido e escutado constitui inclusive um sinal humano do acolhimento e da bondade de Deus em relação aos seus filhos.
Além disso, a confissão integral dos pecados educa o penitente para a humildade, o reconhecimento da sua fragilidade pessoal e, ao mesmo tempo, para a consciência da necessidade do perdão de Deus e a confiança de que a Graça divina pode transformar a sua vida.
Quantas conversões começaram num confessionário!
Do mesmo modo, a escuta das admoestações e dos conselhos do confessor é importante para o juízo sobre os atos, para o caminho espiritual e para a cura interior do penitente.
Não podemos esquecer quantas conversões e quantas existências realmente santas começaram num confessionário!
O acolhimento da penitência e a escuta das palavras “absolvo-te dos teus pecados” representam, enfim, uma autêntica escola de amor e de esperança, que orienta para a plena confiança em Deus Amor, revelado em Jesus Cristo, para a responsabilidade e o compromisso da conversão contínua.
(exceto do “Discurso aos participantes no Curso promovido pela Penitenciaria Apostólica”, 25/3/2011)
(Revista Arautos do Evangelho, Maio/2011 – n.. 113, p. 8-9)
(Grifo, negrito e subtitulo são nossos)
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