A graça de Deus purifica e reveste de esplendores a alma humana
Detenhamo-nos a contemplar este palácio alemão construído na segunda metade do século XIX, localizado no sudoeste da Baviera: o Castelo de Neuschwanstein. Sem dúvida lindo em sua arquitetura, à maneira de um castelo de conto de fadas, ele se apresenta aqui, nos rigores do inverno europeu, revestido e esplendorificado pela alvura paradisíaca da neve. Há algo nele de “mítico”, que nos remete a uma realidade para além desta terra.
De forma análoga, podemos considerar a alma humana revestida pela graça. O homem é constituído de alma e corpo. Nele, a alma é a beleza mais importante criada por Deus. No entanto, quando nela se faz presente a graça, adquire um esplendor incomparavelmente superior ao que seria sem este dom de Deus. Olhemos os Santos, e veremos como eles, tão humanos, são tão espiritualizados e colocados numa atmosfera de sobrenatural que nos elevam para o Céu.
Assim como a neve “esplendorifica” o castelo, assim também, a graça sobrenaturaliza e santifica a alma, torna-a filha de Deus e herdeira do Céu. Tendo-a recebido no santo batismo, se porventura a alma se deixa manchar pelo pecado, precisa ser lavada pelo arrependimento e pela confissão. Ai poderá exclamar, com o salmista: “lavai-me e mais branco do que a neve ficarei” (Sl 50, 9). E qual o efeito? A graça recuperada, o gozo e a alegria da purificação! (Sl 50, 10)
E como no nosso castelo de Neuschwantein, em meio aos rigores do inverno, apresenta-se mais belo, cobrindo-se com a neve, assim também, nossa alma, nos embates desta vida, pela graça de Deus, é purificada e revestida de esplendores e de uma beleza especial. Com efeito, quantos são os percalços, dores físicas ou morais e provas, que se abatem com maior ou menor intensidade sobre nós ao longo desta vida. Maravilha, no entanto, quando nos deixamos “revestir” pela graça de Deus, pois nos tornamos a rogos da Mãe Dolorosa, semelhantes ao “Homem das dores”¹ que é “o mais belo dos filhos dos homens”²: o próprio Deus humanado.
¹ Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos (Is 53, 3a)
² Sois o belo, o mais belo dos filhos dos homens (Sl 44, 3a)