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A solução para todos os nossos problemas

Muitos são os problemas e preocupações do homem em nossos dias: contas para pagar, dívidas inesperadas, ou ainda doenças que batem à nossa porta, e tantas outras dificuldades que vivenciamos quotidianamente. Isto sem nos esquecermos das questões familiares, de trabalho, em resumo: problemas, problemas, problemas…

A tudo isto caro leitor devemos acrescer as calamidades que vemos todos os dias na imprensa. Às vezes temos a impressão de que são tantos os ventos contrários, que achamos que nossa pequenina casa ruirá para sempre. Nesses terríveis momentos de angústia e aflição, muitos questionamentos vêm ao nosso espírito.

Como pode ser isso? Acaso Deus criou o homem somente para sofrer? Não é Ele o Senhor e Criador de todas as coisas, o Deus onipotente, eterno e absoluto, capaz de salvar e de fazer perecer? Alguém poderia pensar: Como pode ser que, sendo Ele tão poderoso, deixe nosso mundo abandonado e desolado, entregue às borrascas e tempestades, sem ter um mínimo de preocupação e de interesse? A afirmação é forte. A situação é difícil. E agora, como resolver este caso? Será que Deus realmente nos abandona assim? Sem dúvida não!

Vitrais de Saint Chapelle (Paris), que ilustram o Livro de Ester

Ensina-nos a Doutrina Católica que Deus nunca nos deixa de amparar, de tal maneira que, se por acaso Ele cochilasse, quando acordasse perceberia que toda a criação teria desaparecido. Sim. E é claro que o Onipotente não cochila, mas os teólogos usam essa metáfora para nos mostrar que é Ele quem sustenta todo o universo.

Ou seja, Ele não se esquece nunca de nós, pois Jesus mesmo afirmou: “Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados”. (Lc 12, 7) Além disso, sabemos que, se vemos no mundo de hoje toda espécie de problemas, é porque o mundo não recorre ao seu Criador e Senhor. Ora, se passamos por problemas e dificuldades, temos um grande tesouro ao nosso alcance para implorar a misericórdia divina: a oração. Se rezarmos com fé, confiança e perseverança é certo que não nos deixará de socorrer.

A este propósito, trazemos aqui um trecho da Sagrada Escritura belíssimo. Trata-se da oração feita pela Rainha Ester diante de uma situação de perseguição e aflição que passava o povo eleito, durante a época persa. O trecho bíblico apresenta um bom exemplo de como deve ser nossa oração: cheia de confiança e certeza na vitória de Deus sobre nossos inimigos.

“Naqueles dias: Ante a morte iminente, todo o Israel gritava a Deus com todas as suas forças. A Rainha Ester, temendo o perigo de morte que se aproximava, buscou refúgio no Senhor. Abandonou as vestes suntuosas e vestiu-se com roupas de aflição e luto. Em vez de perfumes refinados, cobriu a cabeça com cinza e humilhou o seu corpo com inúmeros jejuns. Prostrou-se por terra desde a manhã até ao anoitecer, juntamente com suas servas, e disse:

‘Deus de Abrão, Deus de Isaac e Deus de Jacó, Tu és bendito. Vem em meu socorro, pois estou só e não tenho outro defensor fora de ti, Senhor, pois eu mesma me expus ao perigo. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que salvaste Noé das águas do dilúvio. Senhor, eu ouvi dos livros de meus antepassados, que entregaste nove reis a Abraão com apenas trezentos e dezoito homens. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que libertaste Jonas do ventre da baleia. Senhor, eu ouvi, do livro de meus antepassados, que livraste Ananias, Azarias e Misael da fornalha ardente. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que arrebataste Daniel da cova dos leões. Senhor, eu ouvi, do livro de meus antepassados, que tiveste misericórdia de Ezequias, rei dos Judeus, quando, condenado a morrer, te implorou pela vida e lhe concedeste mais quinze anos de vida. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que concedeste um filho a Ana que o pedia com ardente desejo. Senhor, eu ouvi, dos livros de meus antepassados, que tu libertas, Senhor, até o fim, todos os que te são caros.

Agora, pois, ajuda-me, a mim que estou sozinha e não tenho mais ninguém senão a Ti, Senhor meu Deus. Tu sabes o que tua serva detestou o leito dos incircuncisos, que não comi à mesa das abominações nem bebi o vinho de suas libações. Tu sabes que, desde a minha deportação, não tive alegria, Senhor, a não ser em ti. Tu sabes, ó Deus, porque trago esta vestimenta sobre minha cabeça, e que a abomino como um trapo imundo e não a trago nos meus dias de tranquilidade.

Vem, pois, em auxílio de minha orfandade. Põe em meus lábios um discurso atraente, quando eu estiver diante do leão, e muda o seu coração para que odeie aquele que nos ataca, para que este pereça, com todos os seus cúmplices. E livra-nos da mão de nossos inimigos. Transforma nosso luto em alegria e nossas dores em bem-estar. Aos que querem apossar-se de tua herança, ó Deus, entrega-os à ruína. Mostra-te, Senhor; ó Senhor, manifesta-te!’”1.

Nossa Senhora de Fátima – Arautos do Evangelho

É muito bonita a maneira como a Rainha relembra vários fatos ocorridos no povo judeu, em que aqueles que pediram o socorro divino foram atendidos. Ela também foi atendida por Deus, como podemos ler em seu livro na Sagrada Escritura, pois o povo eleito foi salvo da situação de aflição que sofria do terrível perseguidor Amã, o qual acabou sendo morto pelo rei Assuero. A vitória foi certa! Ester triunfou!

Tenhamos também nós essa confiança e fé. Em toda e qualquer dificuldade que atravessemos em nossa vida, recorramos ao auxílio certíssimo de Nossa Senhora, que nos socorrerá logo e nos salvará, seja qual for a situação. Tenhamos uma certeza inabalável Naquela que desde o princípio esmagou a cabeça da serpente e que, como Mãe terna e carinhosa, socorre aqueles que confiam em sua bondade.

Por Luís Plinio Santos

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1 Oração da Rainha Ester. Do Livro de Ester. In: Liturgia das Horas. v. IV. São Paulo: Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave Maria, 1999, p. 362-364.

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“Senhor, salva-me!”

No convívio com os nossos conhecidos e amigos somos, frente a algumas situações, tomados de certa compaixão: um que é “assaltado” por uma doença grave, a princípio, incurável, outro angustiado por um drama familiar ou pela dor da irremediável morte que se acomete.

Esse compartilhar o sofrimento do próximo – ou de você mesmo caro leitor, que vivendo uma situação difícil –, nos leva a procurar remediar em algo tal drama, problema ou dificuldade.

Nesse momento poderíamos questionar: O que fazer diante das tempestades da vida que nos assaltam?

Jesus tira São Pedro da água – Catedral de Salamanca – Espanha

Uma luz do Evangelho narrado por São Mateus (Mt 14, 22-23), apresentado no XIX Domingo do Tempo Comum, irradia um conselho para além daquilo que naturalmente somos incapazes de fazer.

Com efeito, após a multiplicação dos pães, Jesus ficou com as multidões para despedi-las e mandou aos Apóstolos irem de barca para o outro lado do mar. Acontece que em plena madrugada, após esforços inúteis no sentido de avançar com ligeireza naquela navegação, devido ao agitado do mar e vento contrário, em meio à violenta tempestade, Jesus aparece caminhando sobre as águas; então Pedro Lhe disse: “Senhor, se és Tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água” (Mt 14, 28). Diante do “vem” de Jesus, ele começou a andar, porém, assustado com o vento, ficou com medo e começou a afundar.

O que fez Pedro ao afundar nas águas? Gritou: “Senhor, salva-me!”

Caro leitor, quantas vezes presenciamos ou vivenciamos situações tempestuosas na nossa existência! Momentos em que parecemos afundar irremediavelmente. Sentimo-nos como uma barca a naufragar e tendemos a perder a esperança.

Como comenta Mons. João Clá Dias, a propósito deste Evangelho: “Essa é a nossa história: ao longo de nossa caminhada rumo ao Reino Eterno, sempre acontece, mais cedo ou mais tarde, diminuir-nos o fervor ou, às vezes, até sua sensibilidade chegar à estaca zero. E, assim, somos provados em nossa fé. Ai de nós se, nessas circunstâncias, nos esquecermos de que tudo quanto temos de bom vem de Deus! Se à primeira tentação perdermos o entusiasmo e a confiança, acabaremos por sentir a lei da gravidade cobrando o peso de nossa própria miséria: infalivelmente pereceremos”¹.

Nossa Senhora de Fátima – Arautos do Evangelho

E qual é a solução para não perecermos ante os problemas e tentações contra a fé?

O Fundador dos Arautos conclui: “A única solução para nós, nessa hora, será imitarmos São Pedro, gritando: ‘Senhor, salva-me!’”².

Em outros termos. Coloquemos nosso olhar no Divino Salvador, roguemos com confiança e Ele nos salvará das dificuldades – sejam quais forem –, ou então nos dará forças e animo para bem suportá-las. Sobretudo se soubermos invocar Aquela que é a intercessora junto ao Seu Divino Filho, a Estrela do Mar, Consoladora dos aflitos, pois conforme nos aconselha São Bernardo:

“Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela” ³.

Por Adilson Costa da Costa

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¹ Mons. João S. Clá Dias, EP. Até onde deve chegar nossa fé. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. II, Ano A, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 269-270.

² Mons. João S. Clá Dias, EP, op. cit, p. 270.

³ São Bernardo de Claraval. Olha a Estrela, Invoca Maria! In: http://africa.blog.arautos.org/2014/05/olha-a-estrela-invoca-maria/. Acesso em 07 ago 2014.

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