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O Rio Jordão e a santificação dos 4 elementos

Nestes dias em que muitos ainda se deslocam nas rodovias deste imenso Brasil, com vistas a desfrutarem das férias, sem dúvida impressiona a variedade geográfica do nosso País continente, seus aspectos tão diversificados, suas planícies, suas montanhas e, especialmente, seus rios abundantes.

Quem assim percorre na linha do Trópico de Capricórnio, partindo da Cidade Canção, para o pujante estado paulista – como se deu com os jovens Arautos de Maringá para participarem do “Curso de Férias”, em Caieiras, onde se situa a Basílica Menor de Nossa Senhora do Rosário -, transpõe em certo momento a divisa natural entre os estados do Paraná e São Paulo constituída pelo Rio Paranapanema. Ao transpô-la, não pode deixar de se sentir atraído pela beleza natural e impressionar-se com suas águas caudalosas, que se prolongam numa extensão de mais de 900 km. Realmente, um grande rio! Entretanto, muitos outros rios há, ainda maiores do que ele e, a este título, magníficos.

Porém, a grandeza e a beleza de um rio consistem apenas em ser de dimensões imensas, com águas superabundantes?

Amazonas, o rio da grandeza

De fato, há na História da Humanidade, outros rios, não tão extensos como um Rio Paranapanema – menos ainda como um Amazonas ou Nilo, mas que marcaram seu nome na História, porque neles se deram acontecimentos grandiosos, que nos remetem para horizontes grandiosos e até, divinos. E, talvez, não se encontre um rio tão mais grandioso do que aquele cujo Corpo adorável de Nosso Senhor Jesus Cristo se deixou banhar e batizar pelo Precursor São João Batista. E aí se perguntará: haverá rio mais belo e grandioso do que o Rio Jordão, cujo esplendor se perpetua e se perpetuará pelos séculos?

Sim, o Rio Jordão. Contrariamente aos nossos dias, em que os rios e a natureza são tão “pestilizados” por uma poluição avassaladora e desrespeitosa da Obra da Criação, seria legítimo piedosamente imaginar o quanto, naquele momento “em que o Céu toca a terra”, suas águas ficaram mais belas, cintilantes, radiantes, com a dignificação nelas impregnadas por Aquele que é a própria Pureza em substância. Se máculas nelas houvesse sem dúvida foram expulsas e, “exorcizadas”; purificadas e santificadas sem sombra de dúvida o foram, quando nelas mergulhou o Deus Criador feito Homem.

Esta consideração nos remete para outra, um tanto diversa, mas consonante com ela, própria a alimentar em nós o amor e a gratidão incansáveis que devemos ter para com Nosso Senhor.

Com efeito, ao contemplarmos o Deus encarnado santificando as águas do Rio Jordão, e, portanto, o elemento água, constituinte da Criação, poderíamos nos perguntar: mas, quanto aos outros elementos, a terra, o ar e o fogo, não foram purificados pelo Salvador? A esta questão, baseando-se em Santo Tomás de Aquino e desdobrando sua doutrina, nos responde, de forma muito apropriada – dir-se-ia inédita – nosso Fundador, Mons. João Clá:

“Ora, se entrando no rio Jordão Jesus santificou as águas do universo inteiro, podemos afirmar, não sem fundamento, que, pisando a terra com seus pés sagrados e regando-a com seu Preciosíssimo Sangue no Calvário, Ele santificou toda a Terra; respirando e sendo elevado no madeiro sagrado, santificou de igual modo o ar. Finalmente, descendo Ele ao Purgatório, santificou também o fogo. Podemos assegurar, portanto, que os quatro elementos resumitivos do universo criado foram santificados pelo simples contato com Ele. Devemos, pois, ter sempre a noção clara de que a presença do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, neste mundo, mudou a face da Terra.” (O Inédito sobre os Evangelhos – 2012: Città del Vaticano, Libreria Editrice Vaticana e São Paulo, Instituto Lumen Sapientiae, vol. V, p. 169).

Sim, a presença de Nosso Senhor mudou a face da Terra. Ao considerarmos a purificação dos quatro elementos, água, ar, fogo e terra, não podemos deixar de pedir a Ele, pelos rogos daquela que é a Rainha do Céu e da Terra, que nos obtenha, sobretudo, a santificação de todos os homens, na face da Terra, por uma graça efusiva, prenunciada pelas suas proféticas palavras em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

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A ÁGUA DA SAÚDE E A ÁGUA DO BATISMO DE JESUS

       Na medida em que a humanidade cresce nas pesquisas e descobertas científicas, mais se aprofunda o conhecimento a respeito das propriedades dos elementos da natureza e, sem dúvida, dentre estes, valorizado intensamente o é esta bendita criatura: a água.      Sim, a água, para nós, seres humanos é de vital importância e benefício. Bastará abrir as publicações, ainda que não acadêmicas – e outras tantas de muito peso – e verificar-se-á, com razão e, não poucas vezes, com espanto, uma verdadeira apologia da água. Na medicina, por exemplo, os pesquisadores e estudiosos da saúde têm apontado para sua utilidade crescente: prevenção e cura de artrites, eliminação dos antiácidos e cura da acidez estomacal, tratamento de angina, das dores lombares, da enxaqueca e da asma e assim por diante… Vai-se construindo, a propósito da água, um conhecimento científico, experimental, amplo e aprofundado, ao mesmo tempo em que se desenvolve o senso comum, atribuindo a ela propriedades até “miraculosas”.

       Mas, se é verdade este papel e importância da água, do ponto de vista natural, há ainda que considerá-la numa dimensão muito mais ampla, sobrenatural, dir-se-ia até, divina. E esta é salientada de modo muito especial, na Festa que a Igreja celebra, após a Epifania, no último domingo antes do Tempo Comum: o Batismo do Senhor.

       Sim, pois Nosso Senhor Jesus Cristo, ao receber o batismo de São João Batista, teve seu corpo adorável lavado na água do Rio Jordão. E como diz o bispo São Máximo de Turim, em seu sermão sobre os sinais do batismo do Senhor (in Liturgia das Horas – Tempo do Advento e Tempo do Natal, p.554): “Cristo foi batizado, não para ser santificado pelas águas, mas para santificá-las e para purificar as torrentes com o contato de seu corpo. A consagração de Cristo é sobretudo a consagração da água”.

       E a água, uma vez santificada e purificada pelo contato com o corpo do Homem-Deus, tornou-se “digna” de ser utilizada, pelo próprio Senhor, na instituição do Sacramento do Batismo, em que foi constituída como matéria deste Sacramento. Com efeito, sabe-se pela Doutrina Católica, que o sacramento, para que exista, requer três elementos: matéria (a coisa, o sinal sensível de que se usa para ministrá-lo), a forma (as palavras que se proferem na administração deles) e o ministro (a pessoa que confere o sacramento). Ora, no Sacramento do Batismo, justamente é a água a matéria principal. Portanto, se não há água, não há Batismo (com exceção do Batismo de desejo em que o não batizado realiza um ato de contrição perfeita ou de amor a Deus perfeito e morre impossibilitado de receber o Batismo com a água; ou ainda, o Batismo de sangue, que é o martírio por amor a e pela fé em Nosso Senhor, antes de ter recebido o Sacramento – mas, estes são assuntos para próximos artigos).

       Por outro lado, havendo o elemento água, juntamente com os outros elementos, vemos este benefício enorme, incalculável, maior do que qualquer vantagem corporal: é nos infundido a graça santificante, as virtudes e os dons do Espírito Santo; o perdão do pecado original e de todos os pecados pessoais e as penas devidas a eles; tornamo-nos filhos de Deus e da Igreja e herdeiros do Céu.

       Assim, temos nesta consideração a respeito desta criatura de Deus chamada água, a alegria e gratidão por tanta bondade e dons que de Nosso Senhor Jesus Cristo recebemos, através da água, quer para o corpo (a água da saúde), quer, para a alma (a água do Batismo do Senhor, para a santidade).

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