Exemplo e autenticidade
Narra-nos a história que, há muitos e muitos anos, já as primeiras universidades logravam de um paradigmático método de ensino: o “Ratio Studiorum”. Consistia ele num eficiente estilo de formação em que aos discípulos era apresentado um tema a ser pesquisado (leccio), seguido de um debate sobre o mesmo (disputatio) e concluído pela sententia explicitada pelo mestre.
Muito interessante é que os resultados provenientes desse ciclo, em sua quase totalidade das vezes, culminava na satisfatória e valorosa aquisição de novos conhecimentos, cujos méritos bem podemos outorgar, em boa medida, ao domínio que o expositor possuía da matéria em questão.
Assim, vendo na pessoa do professor a conaturalidade com o assunto proposto, os alunos se empenhavam não só em querer aprender mais, mas a seguirem um exemplo vivo que tinham diante de si. Em outras palavras, bem poderíamos associar essa didática ao adágio: “As palavras comovem; mas os exemplos arrastam!”
E é bem isso. Afinal, quem não se move pela força do exemplo? E é também a história que nos conta os inúmeros episódios em que, destacados e célebres personagens, de fímbria e destemida coragem, pelo exemplo e pela autenticidade com que abraçaram seus ideais, mudaram o curso dela.
Entretanto, ó infamia da humanidade… Quantos e quantos exemplos de homens que não serviram de exemplo, os quais a própria história não se alegra em narrar, mas lamentando-se, aguarda o dia do juízo para que suas páginas sejam purificadas de tal mácula.
Por outro lado, quantos e mil vezes quantos foram os santos que, por um simples gesto ou palavra, indicavam todo um corolário de virtudes, todo ele concatenado e orientado à plena glória de Deus.
Lembremo-nos de um Santo Inácio de Loyola, o qual maravilhado pelos exemplos hagiográficos, converteu-se em soldado de Cristo, servindo de exemplo para diversos seguidores, dentre os quais São Francisco Xavier, quem fora admoestado por ele a abandonar as garras da vaidade.
Recordemo-nos do grande advogado parisiense, que indagado sobre o que de tão especial encontrara em Ars, respondeu ter visto em São João Maria Vianey, “Deus num homem”!
E Santo Agostinho, cuja festa celebra-se no próximo dia 28, aquele que encontrou o norte de sua existência no exemplo de virtude que emanava de Santo Ambrósio, a quem observava em seu expediente pastoral agir como um anjo, a ponto de “entoar” em sua companhia, quiçá o mais belo dos cânticos, o Te Deum, cuja grandeza e magnificência brilhará, quem sabe, por toda a eternidade.
Mas, mas… Como dizia o bom Camões: “Cessa tudo quanto a antiga musa canta, que um valor mais alto se alevanta”. Não em ordem cronológica dos fatos, mas em importância deles. Houve um EXEMPLO, e não sem razão de caracteres maiúsculos, que atraiu a Si todas as multidões.
Exemplo de serviço, obediência e sumo holocausto! Aquele a quem os próprios anjos serviriam de capacho, “se humilhou até a morte, e morte de Cruz”. Ó Redentor da humanidade, por rogos da onipotência suplicante de Vossa e nossa Mãe Santíssima, tornai-nos dignos de imitar vosso exemplo. E para fazer uso de Vossas próprias palavras, dai-nos forças para também nós carregarmos nossa cruz e sermos considerados discípulos Seus.
Por Douglas Wenner