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O reinado de Cristo Rei, na Terra e no Céu

 

Diante do Bem, quantas são as reações dos homens, ao longo da história! Ali está, diante dos príncipes, dos sacerdotes e do povo Aquele que é o Salvador e Redentor do gênero humano, pregado numa cruz. Tem ao seu lado à direita o bom ladrão e à esquerda o mau ladrão. E todos, diante Dele, tomam atitudes e reações diversas, as mais contrárias que se possa imaginar. Confirmam-se também ali, no Calvário, aquelas proféticas palavras do velho Simeão, quando tomou o Menino Jesus nos braços, apresentado por sua Mãe, no templo de Jerusalém: “Ele será um sinal de contradição”. (Lc 2, 34b)

No entanto, este Homem-Deus é verdadeiro Rei. E justamente sua realeza é celebrada solenemente pela Igreja na festa de Cristo Rei, encerrando o Tempo Comum e abrindo as portas para o Advento.

Alguém, na contemplação desta cena da Paixão, descrita por São Lucas (Lc 23, 35-43) na Solenidade de Cristo Rei, poderia questionar: “Mas como será rei quem está exposto a tal humilhação e sofrimento; como conciliar a grandeza da realeza com a loucura da Cruz?”

Entre tantos aspectos a considerar, que nos mostram o quanto Nosso Senhor Jesus Cristo é Rei, consideremos a reação de São Dimas, comentada por Mons. João Clá Dias:

 “Quem discerniu em sua substância a Realeza de Cristo foi o bom ladrão, por se ter deixado penetrar pela graça. Arrependido em extremo, aceitou compungido as penas que lhe eram infligidas, e reconhecendo a Inocência de Jesus no mais fundo do seu coração, proclamou os segredos de sua consciência para defendê-la das blasfêmias de todos: ‘Nem tu temes a Deus, estando no mesmo suplício? Quanto a nós se fez justiça, porque recebemos o castigo que mereciam nossas ações, mas Este não fez nenhum mal’. Eis a verdadeira retidão. Primeiro, humildemente ter dor dos pecados cometidos; em seguida, com resignação abraçar o castigo respectivo; por fim, vencendo o respeito humano, ostentar bem alto a bandeira de Cristo Rei e aí suplicar-lhe: ‘Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no teu Reino!’” [grifo nosso] (1).

Mas, poderíamos nos perguntar: Qual seria essa substância da Realeza de Cristo?

E eis que nos vem a resposta dada pelo próprio Fundador dos Arautos: “[…] o principal de seu governo neste mundo: o Reinado sobrenatural que é realizado, na sua essência, através da graça e da santidade. Nosso Senhor Jesus Cristo, enquanto a  ‘videira verdadeira’, é a causa da vitalidade dos ramos. A seiva que por eles circula, alimentando flores e frutos, tem sua origem n’Aquele Unigênito do Pai (cf. Jo 15, 1-8). Ele é a Luz do Mundo (cf. Jo 1, 9; 3, 19; 8, 12; 9, 5) para auxiliar e dar vida aos que dela quiserem se servir para evitar as trevas eternas” (2).

Em outros termos, quando abrimos nossos corações para graça de Nosso Senhor, pelos rogos de Nossa Senhora, se dá o Reino em nosso interior, alcançamos assim a autêntica felicidade.

Eis aqui o Reinado de Cristo nesta Terra, diferentemente do que Ele exerce junto ao Céu, na eternidade. No entanto, em ambos, Ele é verdadeiramente Cristo Rei: “Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra” (Mt 28, 18).

Peçamos a Nossa Senhora, Rainha dos Corações, que interceda por nós junto a Ele, de maneira que ambos exerçam efetivamente o reinado em nossos corações, aqui e agora, nesta terra, e por toda a eternidade. Assim seja.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p.  495
(2) idem, p. 490

 

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O Ano da Fé e o estudo frutuoso da Doutrina Católica

Conforme os dias passam e para muitos as férias vão se esvoaçando, começam estes já a pensar – além do trabalho – nos estudos, cursos ou graduações que terão que empreender. E certamente esta labuta intelectual absorverá boa parte do tempo diário de cada um. Não poucas são as áreas do conhecimento que requerem atenção, dedicação e pesquisa no aprendizado. Porém, para além do aspecto meramente utilitário que as várias áreas a serem estudadas para esta vida terrena concorrem, há uma que transcende em importância e cumpre, portanto, não ser esquecida – ter-se-ia vontade de dizer, nunca olvidada: o estudo da Doutrina Católica. Este, aliás, é um meio por excelência que Deus dá ao homem para que possa crescer no seu conhecimento e alcançar a felicidade tão almejada, não só possível nesta terra, mas completa na eternidade.

Com efeito, admoesta a Igreja que o ensino e aprendizagem da Doutrina Católica (constituída das quatro partes: o Credo, a Oração, os Mandamentos e os Sacramentos) é uma necessidade fundamental na vida dos católicos1. Para que possam atender a este conselho, Ela, como Mãe solícita e Mestra infalível, franqueia a seus filhos a possibilidade de aprender e meditar sobre as verdades reveladas a respeito dos mistérios de Deus e das verdades religiosas e morais que ultrapassam o nosso entendimento, concorrendo assim para uma verdadeira educação para a fé.

A consideração sobre a importância de se manter esse contato vivo com a Doutrina Cristã e as verdades de nossa fé católica adquire uma atualidade especial, providencial mesmo, ao considerarmos as palavras cheias de ardor do nosso Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, expressas por ocasião da Celebração Eucarística na Basílica do Vaticano, ao anunciar o Ano da Fé:

            “Desde o princípio do meu ministério, como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. Durante a homilia da Santa Missa no início do pontificado, disse: “A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude”.2.

Ao apontar para este divino objetivo da redescoberta do caminho da fé, o Sumo Pontífice, acentua-lhe a oportunidade, ao considerar a crise de fé que atingiu muitas pessoas:

            “Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as conseqüências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora, tal pressuposto não só deixou de existir, mas freqüentemente acaba até negado. Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes setores da sociedade…”.

                Em face desta crise de fé, indica o Santo Padre “o quanto o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé” e consistirá em um “convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo”4

Por tudo isto, vê-se como é benfazejo e de que maneira podemos nos beneficiar das graças que a Providência nos prepara neste Ano da Fé, seja para nosso bem espiritual pessoal, seja para o bem que façamos ao próximo, se nos debruçarmos no estudo dos conteúdos essenciais e fundamentais de nossa fé, contidos principalmente no Catecismo da Igreja Católica, nos escritos dos Santos Padres e no Magistério da Igreja.

Quem sabe, colocaremos como uma das metas, desde já, a leitura e o estudo do Catecismo e das verdades da fé, durante uns 15 a 30 minutos diários. E quando soar o final deste Ano da Fé no dia 24 de novembro de 2013, na Solenidade de Nosso Senhor Cristo Rei, poderemos nos dirigir, agradecidos, a Nossa Senhora da Gratidão, por tudo quanto contemplamos das maravilhas da nossa Fé.

E para que esta dedicação ao aprendizado da Doutrina Católica, sob as bênçãos da Providência Divina, tenha todo o seu desenvolvimento e concorra para a nossa santificação, cumpre realizá-lo não com espírito meramente especulativo, mas com verdadeiro amor, pois, como diz o Catecismo Romano, em seu prefácio:

Nossa Senhora Rainha da Sabedoria

Nossa Senhora Rainha da Sabedoria

Toda a finalidade da doutrina e do ensinamento deve ser posta no amor que não acaba. Com efeito, pode-se facilmente expor o que é preciso crer, esperar ou fazer; mas sobretudo é preciso fazer sempre com que apareça o Amor de Nosso Senhor, para que cada um compreenda que cada ato de virtude perfeitamente cristão não tem outra origem senão o Amor, e outro fim senão o Amor.5

Queira este Ano da Fé seja carregado, pelos rogos da Mãe da Sabedoria, de esplêndidas graças de estudo amoroso da doutrina católica e das verdades da fé.

 
 
 
 
(1) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 12.
(2) Carta Apostólica “Porta Fidei” – Ano da Fé.
(3) Idem – Carta Apostólica “Porta Fidei – Ano da Fé
(4) Idem – Carta Apostólica “Porta Fidei – Ano da Fé
(5) Catecismo Romano, prefácio in Catecismo da Igreja Católica. 11ª ed. São Paulo:
Edições Loyola, 2011, p. 18.
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