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II Domingo da Páscoa

Resumo dos Comentários de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, no Inédito Sobre os Evangelhos.

Realmente é bem provável que a insegurança tenha pervadido as almas de todos os Apóstolos a partir da comunicação de Maria Madalena e da constatação de Pedro e João de que o corpo do Mestre desaparecera do sepulcro. Perseguidos pela dor de consciência e perda completa de rumo na qual haviam mergulhado, só reunidos obteriam sustentação moral. O medo, que por graça não encontrara acolhida no coração de Maria Madalena e nem dos discípulos de Emaús, penetra no âmago dos Apóstolos. Para uns a Providência reserva provas de consolo e carinho e, para outros, destina a demonstração de uma irrefutável e autêntica Ressurreição.

As portas trancadas e intransponíveis tornam evidentes as qualidades do glorioso estado do Corpo do Salvador. Deixando de lado as características que o corpo glorioso assume, para nos encantar, basta considerar a sutileza utilizada pelo Salvador ao entrar no recinto do Cenáculo através das “portas fechadas” (Jo 20,19). Sto. Tomás explica-nos que os corpos gloriosos, sempre que queiram, terão ou não a faculdade de passar através de outros corpos. Cita este propósito da saída de Jesus Ressuscitado do Santo Sepulcro como também da sua entrada no Cenáculo.

Os Apóstolos estavam mergulhados numa dolorosa orfandade e Jesus se compadecia deles, por isso não deixa o dia terminar sem Se mostrar aos homens. Colocou-Se no meio deles para ser mais bem analisado por todos. Ele os quer serenos e confiantes para a grande missão que lhes outorgará. Com a mesma autoridade como o Pai enviou o Filho, este envia seus discípulos. Esta autoridade reside n’Ele enquanto Homem:“Foi-me dado todo o poder no Céu e na Terra”(Mt 28,18); e enquanto Deus ele a possuía por natureza. Os Apóstolos são enviados, portanto, possuem um poder por delegação.

“Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos”. Em função dessas palavras do Sumo e Eterno Sacerdote é que os presbíteros são constituídos ministros do Sacramento da Penitência e juízes dos pecados, com a faculdade de retê-los ou de perdoá-los. Este mistério exige luzes, prudência, pureza de coração e, sobre tudo, zelo pelas almas. Este ministério pervade de consolação os corações dos fiéis, pois, apesar de tornar-lhes necessária a confissão, confere-lhes a certeza do perdão.

“Tomé, um dos Doze, não estava com eles quando veio Jesus” “Se não vir nas suas mãos a abertura dos cravos, se não meter minha mão no seu lado, não acreditarei”. Nenhum motivo válido tinha Tomé para não crer em tão numerosas e fidedignas testemunhas. Podemos imaginar que Tomé ao encontrar com estes ou aqueles, ouviria calado as manifestações de incontida euforia de seus irmãos de vocação. Seu fundo de alma era bom, não havia malicia em sua dúvida, mas sim fraqueza. Jesus usou de extrema bondade para com Tomé. Assim manifestava seu perdão ao Apóstolo incrédulo. “Mete aqui o teu dedo e vê as minhas mãos, aproxima também a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel!”.E qual foi a reação de Tomé? “Meu Senhor e meu Deus!”

Jesus disse-lhe: “Tu acreditaste, Tomé, porque Me viste; bem-aventurados os que acreditam sem terem visto”. Aqui a intenção de Jesus não é recriminar os motivos racionais da fé, nem as pessoas às quais havia Se mostrado. Era bendizer os fiéis futuros que acreditassem, por tradição contínua, a fé daqueles que Deus escolhera para serem testemunhas oficiais de sua Ressurreição e transmiti-las aos outros.

“Outros muitos prodígios fez ainda Jesus na presença de seus discípulos, que não foram escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos a fim de que acrediteis que Jesus é o Messias, Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais vida em seu nome.”

Em face do escândalo da Crucifixão, os Apóstolos tinham necessidade deste auxilio. Depois de comprovarem os maiores milagres efetuados pelo Divino Mestre, viram-No preso, flagelado, preterido em favor de Barrabás, levantado no madeiro entre dois criminosos e morto na rejeição geral.

Foi para nós que os Apóstolos viram, para nós eles foram provados, para nós eles creram, para nós eles escreveram. E agora chegou a nossa vez de dar o nosso testemunho e, se não acreditarmos, não teremos escusas. Neste mundo ateu, relativista e egoísta voltemos nosso olhar Àquela que jamais vacilou na fé, ou em qualquer outra virtude, e imploremos a sua poderosa intercessão para obtermos de seu Filho ressurrecto graças eficazes e superabundantes para alcançarmos uma plena santidade de perfil mariano.

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