By

Solenidade da Ascensão do Senhor

Resumo dos Comentários de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, no Inédito Sobre os Evangelhos.

São Bernardo de Claraval, ao refutar o judeu que desafiou nosso Senhor a descer da cruz, explica que a divindade não se mostra no ato de descer, pelo contrário, no ato de subir. E foi justamente o que sucedeu com Jesus 40 dias após a sua triunfante Ressurreição. Por isso, de certa forma, a Ascensão do Senhor se constitui na festa de maior importância ao manifestar a glorificação suprema de Cristo. Santo Agostinho comenta: “A glória de Nosso Senhor Jesus Cristo se completa com sua Ressurreição e Ascensão”. A morte não sepultou Jesus no esquecimento, Ele, ao deixar este mundo, se elevou aos olhos de centenas de testemunhas e, por seu próprio poder, penetrou nos Céus.

As primeiras notícias da Ressurreição encontraram um vácuo de incredulidade em cada um dos Apóstolos, a ponto de Tomé só ter se convencido ao tocar-Lhe as chagas. Por ai se pode depreender o quanto, após a Paixão, o relacionamento dos Apóstolos com Jesus estava, de certa forma, equivocado. Daí a necessidade do Salvador passar quarenta dias com eles em corpo glorioso. Pois convinha que, depois da Paixão, Jesus lhes levantasse o ânimo para começar a pensar Nele espiritualmente, como o Verbo do Pai, Deus de Deus, pelo qual todas as coisas foram feitas.

O próprio Cristo afirmou que iria para o Pai, que não O veriam mais e que enviaria o Paráclito. E Ele mesmo Prometera: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”. E realmente Ele está entre nós, debaixo dos véus das Sagradas Espécies.

Também nós fomos beneficiados por incontáveis dons com a Ascensão. Segundo São Leão Magno, passamos a conhecer melhor Jesus a partir do momento em que Ele retorna do Pai. Não com um conhecimento terreno mas sim com entendimento espiritual. Demonstra-nos Santo Tomás de Aquino que, privando-nos de sua presença corporal, ao penetrar na glória eterna, Jesus tornou-se ainda mais útil para a nossa vida espiritual. Primeiro pelo aumento da fé, em segundo lugar, para reerguer a esperança, pois Cristo ao elevar a sua natureza humana aos Céus deu-nos a esperança de lá chegarmos. Uma terceira razão se refere a caridade. Para tal, Santo Tomas cita São Paulo: “Procurai o que está no alto, lá onde se encontra Cristo, sentado a direita de Deus; aspirai as coisas de cima, não as da Terra; pois, como foi dito, ‘onde estiver o teu tesouro, ali também estará o teu coração’”.

Na narração de São Lucas mais uma vez transparece a onipotência e a suma sabedoria de Deus na história. Aconteceu porque estava escrito e, por sua vez, foi previsto e anunciado porque assim deveria se passar, por uma determinação perfeitíssima e suprema de Deus. Adoremos a Providência Divina e a Ela apresentemos nossa gratidão como também nossa reparação por todas as ofensas que a cada instante sobem ao seu trono.

Antes de subir aos Céus o Redentor não lhes dá nenhuma recomendação política e muito menos insinua algo na linha de uma reconquista do poder de Israel. Suas palavras visam uma atuação estritamente moral, religiosa e penitencial em nome de Deus. Uma conversão, uma mudança de mentalidade, ou seja, uma metanoia. Sem essa conversão, é-nos praticamente inútil o Mistério da Redenção e de nada nos adianta o Evangelho.

Este é o papel da espera da vinda do Espírito Santo, que Jesus enviaria segundo promessa feita pelo Pai. Procedendo do amor entre o Pai e o Filho, descerá sobre eles, a fim de serem nEle submersos, penetrados e revestidos por Ele, para, assim transformados, realizarem a sua missão de testemunhas. Os Apóstolos serão preparados com a grande força renovadora e fortalecedora de Pentecostes. Eles receberam a ordem de não saírem de Jerusalém para receberem o Espírito Santo. E por qual razão o Espírito Santo não desceu sobre os Apóstolos de imediato? “Convinha que a natureza se apresentasse no céu e fossem feitas as alianças”. Opina Teofilato.

Uma palavra sobre Maria: Certamente Ela intercedeu junto ao Pai por eles. N’Ela, a altura de sua humanidade era a mesma da de sua fé, virginalidade e grandeza. Ela estava rezando ao pé da Cruz, no Calvário; agora A encontramos em profundo recolhimento. Depois da descida do Espírito Santo, as Escrituras não mais A mencionarão e, provavelmente, o resto dos seus anos, Ela os viveu em intensa oração, constituindo-Se no insuperável modelo da mulher cristã.

Faça um Comentário!

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

%d blogueiros gostam disto: