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Solenidade da Santissima Trindade

Resumo dos Comentários de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, no Inédito Sobre os Evangelhos.

No catecismo aprendemos uma fórmula extraordinariamente simples e breve: “Um só Deus em três pessoas”. Podemos decorá-la com facilidade, mas jamais penetrar no seu significado sem a ajuda da fé. Desde toda a eternidade conhecendo-Se a Si mesmo no espelho puríssimo da essência divina do seu Verbo, o Pai O ama sem limites. E o Verbo retribui a seu Pai um amor semelhante, igualmente eterno e infinito. E ao encontrarem-se esses dois amores, brota uma torrente de chamas, que é o Espirito Santo.

A incapacidade de nosso intelecto para desvendar os mistérios da Fé não nos deve causar estranheza. Porém, alguns mistérios parecem estar mais ao nosso alcance, como é o caso da Encarnação, porque nele encontramos um Deus que se fez Homem, tornando-Se perceptível aos nossos sentidos. Porém, todos os mistérios foram escondidos dos sábios e revelados aos pequeninos pela ação do Espirito Santo que nos foi dado.

Santa Maria Madalena de Pazzi, disse em certa ocasião: “vi um hóspede divino sentado sobre um trono”.Esse hóspede fala sem articular palavras, e todos ouvem o seu divino silêncio. Está sempre imóvel e sempre em movimento, e sua imobilidade móvel se comunica a todos. Permanece sempre em repouso, e não obstante, sempre age; e no seu repouso realiza as mais dignas e admiráveis obras. Sempre em movimento, sem nunca mudar de lugar, confirma e ao mesmo tempo destrói tudo onde penetra. Sua imensa e penetrante ciência, tudo conhece, tudo ouve e tudo descobre. Sem necessidade de estar atento, ouve a menor palavra dita no mais íntimo do coração.

Já nos escritos apostólicos, encontramos formulações afirmando a crença na Trindade. Entre eles destaca-se o encerramento da epístola aos Coríntios, que inspirou a saudação inicial da Santa Missa: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós”. Foi a Igreja que ao longo dos séculos foi explicitando a fé trinitária por obra dos Concílios, com a contribuição dos Padres da Igreja e do sensus fideido povo cristão.

Chama a atenção ver o Mestre por excelência, incomparável pedagogo, dotado de divina didática, afirmar que vai silenciar certos ensinamentos, porque seus interlocutores não são capazes de compreendê-los. Para bem entendermos este aspecto precisamos considerar a rudeza de coração dos Apóstolos, que então necessitavam dos dons do Paráclito para compreender certas verdades reveladas, que ultrapassavam a capacidade humana de entendimento.

Deveria nosso Redentor partir em breve, vindo em seguida o Paráclito para abrir as almas dos discípulos à “plena verdade”. Com efeito no decurso da era da Nova Aliança, o Espirito Santo não deixa de inspirar progressivamente as almas para melhor entenderem a riquíssima doutrina deixada por Nosso Senhor. Sempre haverá novas pérolas para descobrir neste inesgotável tesouro, pois, embora a Revelação esteja terminada, não está explicitada por completo; caberá à fé cristã captar gradualmente todo o seu alcance.

“O Jardim do Éden era tão belo e agradável que com frequência Deus nele Se apresentava pessoalmente, passeava e conversava com o homem”(Gn 3,8). Esta passagem bíblica prenuncia os trinta e três anos em que Deus habitou entre nós pela sua sagrada humanidade, ela evoca ainda mais o sagrado convívio na felicidade eterna, quando contemplaremos face a face o mesmo Deus que o homem apenas entrevia no Paraíso.

Com maternal preocupação, a Liturgia de hoje ilumina o nosso entendimento e move a nossa vontade. Pois o Espirito Santo pela participação na Trindade nos eleva muito acima da nossa natureza humana, para nos tornar verdadeiros filhos e herdeiros da Santíssima Trindade. Sejamos gratos à Divina Providência, rogando a graça de estarmos à altura de tudo quanto d’Ela recebemos. E peçamos por meio da Filha diletíssima do Pai, Mãe admirável de Nosso Senhor Jesus Cristo, e Esposa e Templo do Paráclito, que a Santíssima Trindade nos cumule de dons místicos no relacionamento com o Pai que nos criou, com o Filho que nos redimiu, e com o Espírito que nos santifica.

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