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Nossa Senhora de Guadalupe: Mãe compassiva e misericordiosa

Neste dia 12 de Dezembro, a Igreja celebra a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe. No ano de 1531 – há quase 500 anos – a Mãe de Deus dignou-se a aparecer a um representante das etnias indígenas do Novo Mundo, São João Diego (canonizado pelo Papa João Paulo II no ano de 2002). No Dia 09 de Dezembro de 1531, estava João Diego nas proximidades da colina Tepeyac, na Cidade do México, atualmente. De repente, ouviu ele uma música suave e melodiosa, que aos poucos foi se extinguindo. Uma lindíssima voz o chamou pelo nome, no seu idioma nativo. Era Nossa Senhora de Guadalupe.

Dirigiu-lhe, então, a Mãe de Deus, com afeto e carinho, estas palavras, cheias de bondade: “Porque sou verdadeiramente vossa Mãe compassiva, quero muito, desejo muito que construam aqui para mim um templo, para nele Eu mostrar e dar todo o meu amor, minha compaixão, meu auxílio e minha salvação a ti, a todos os outros moradores desta terra e aos demais que me amam, me invoquem e em mim confiem. Neste lugar quero ouvir seus lamentos, remediar todas as suas misérias, sofrimentos e dores”.1

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Em que consiste a Consagração a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria?

Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio dela que Ele deve reinar no mundo (Tratado, Introdução, n. 1).[1]

Assim inicia S. Luís Maria G. de Montfort o seu magistral Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Toda a finalidade do livro e toda a intenção que o grande santo mariano teve em escrevê-lo já estão anunciadas nessas ardentes palavras iniciais.

Confessando “com toda a Igreja que Maria é uma pura criatura saída das mãos de Deus” (n. 14)[2], o santo nos indica, no entanto, a necessidade que temos da devoção a Nossa Senhora, pois “por meio de Maria, Deus Pai quer que aumente sempre o número de seus filhos, até à consumação dos séculos” (n.29). Uma necessidade, portanto, colocada pelo próprio Deus.

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O Centenário das Aparições de Fátima: O nascer de um sol de esperança no cumprimento das Promessas da Mãe de Deus

Neste dia 13 de Outubro, comemoramos o centenário da sexta – e última – aparição de Nossa Senhora em Fátima, em 1917. Nessa última aparição – na qual realizou-se o estupendo Milagre do Sol – encerrava-se o ciclo das aparições da Celeste Mensageira aos três pequenos pastores, Lúcia, Francisco e Jacinta, o qual havia se iniciado a 13 de Maio daquele mesmo ano.

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Nossa Senhora do Coromoto

Há certas manifestações de misericórdia de Maria Santíssima, que nos deixam surpresos, tal é a bondade da divina “Pastora”, que não se cansa de “ir ao encalço” das inúmeras ovelhas desgarradas, na intenção de uni-las ao seu Divino Filho.

Nossa Senhora de Coromoto

Nossa Senhora de Coromoto, Padroeira da Venezuela

Eis a surpreendente história, aqui narrada resumidamente, com base no relato do Padre Pedro Morazzani Arráiz.¹

Lá pelos anos do longínquo século XVII, na província da Venezuela, enquanto que incontável número de índios havia se convertido à fé católica, uma tribo tornara-se refratária à pregação do Evangelho pelos missionários. Eram os coromotos, que haviam se isolado nos montes e florestas.

O cacique desta tribo, com sua mulher, vagueavam às margens de um riacho, quando viram uma “bela senhora” caminhar sobre as águas e vir ao seu encontro, sorrindo maternalmente para eles. Eis que aquela Senhora lhe dirige a palavra na própria língua dos selvagens:

“Ide aonde se encontram os homens brancos para que derramem água sobre vossas cabeças e assim possais ir ao Céu”.

No entanto, não somente o casal de índios havia visto a aparição. Várias vezes a “bela senhora” aparecera a outros índios coromotos, inclusive às crianças.

Eis que, passados alguns meses, depois de catequizados por um dedicado espanhol, João Sanchez, cerca de cem deles foram batizados. Em meio a esta alegria um, no entanto, se recusara a receber o sacramento que nos abre as portas do Céu: o triste e feroz cacique.

Nossa Senhora, porém, é incansável em sua bondade. No dia em que havia sido feita uma homenagem para a Mãe de Deus, o cacique não comparecera à cerimônia. Ao entardecer, estava ele, com sua esposa, a irmã desta, Isabel e um sobrinho de doze anos (estes três últimos, batizados), dentro de sua choupana.

Subitamente Nossa Senhora apareceu no umbral da choupana, sorrindo para o cacique. Qual foi a reação do selvagem? Ele se levantou da esteira em que estava deitado, e com cólera bradou:

– “Até quando me hás de perseguir? Bem podes partir, pois não mais farei o que mandas. Por ti tudo deixei e vim aqui passar trabalhos!

Diante de tão más e ingratas palavras, a esposa do índio repreendeu-o, dizendo:

– “Não fales assim com a bela Senhora. Não tenhas tão mau coração!”

De pouco adiantou tal admoestação, pois o índio, furioso, tomou do arco e flecha e esbravejou:

– “Matando-te, tu me deixarás!”

Eis então que Nossa Senhora se aproximou do índio, de modo que ele não pudesse lançar a seta. Ele tentou agarrá-la para lançá-la fora da choupana. Ela desapareceu deixando na mão do cacique uma pequena peça de tecido, na qual ficou estampada a imagem de Nossa Senhora. Esta estampa hoje se venera no Santuário Nacional de Nossa Senhora de Coromoto.

Levou o índio sua repulsa ainda mais longe. Deu ordem para que sua tribo voltasse para a floresta. No meio da mata, fora picado por uma serpente venenosa. Por fim, em meio a dores, presságio da morte que advinha rapidamente, foi tomado por uma graça salvadora de arrependimento: pediu perdão e o Batismo. E Nossa Senhora, que não o desamparou, atendeu ao seu pedido. Um mulato que por ali andava, imediatamente o batizou e ele entregou sua alma a Deus.

Aqui está esta bela e impressionante história onde contemplamos a dureza no coração de um agraciado por Nossa Senhora e de outro lado, a misericórdia insondável da Mãe Santíssima.

Algum leitor poderia questionar: mas fatos como este, de tamanha misericórdia de Nossa Senhora, apesar de corações empedernidos, insistentes em recusar a graça de Deus, só mesmo no passado longínquo aconteciam. Em nossos dias, isto não se dá mais – poderia ele objetar.

Maria derrama torrentes de graças

Sim, caro leitor, em pleno início deste século XXI, há inúmeros fatos em que “Maria derrama torrentes de graças sobre seus filhos e filhas amados”, conforme nos faz refletir Mons. João Clá Dias.

Um deles nos impressiona pela analogia com a história de Nossa Senhora do Coromoto, é a surpreendente narração feita por uma senhora agraciada pela bondade insondável da Rainha do Céu e da terra:

“Quando criança, e também quando jovem, eu era católica. Estudei num colégio de freira. Depois entrei para uma religião de filosofia oriental. Um dia estava me sentindo muito mal e pedi ajuda aos protetores do ‘astral’ – na tal religião se fala muito disso. Naquele momento vi aparecer ao lado da minha cama uma Senhora com manto branco, um terço de pérolas nas mãos, um coração no peito, uma coroa na cabeça. Eu disse a ela: ‘O que está fazendo aqui? Não te pedi nada, não sei quem é você’. Ela me disse: ‘Mas eu sei quem é você’. Eu respondi: ‘Você não me serve para mim… não sou católica’. Ela me disse: ‘Eu vim para te ajudar. Quando chegar a hora, você me encontrará’. Fiquei nervosa e pensei: ‘Eu não quero isto para mim e vem acontecer justamente comigo!’. No dia seguinte, vi um carro um adesivo com um rosto igual ao da visão que tive. Alguns dias após, fui à livraria com minha filha e encontrei no balcão um monte de folhetos da mesma Santa. Resolvi pegar um, mas deixei guardado. Meses despois, fui ver uma casa para alugar e encontrei na janela do quarto o mesmo adesivo da Santa. No fim de maio, minha filha encontrou um pôster no pé de uma árvore, e me entregou dizendo: ‘Mãe, aqui está sua santa’. O que mais me impressionou no pôster foi o coração; era igualzinho ao que tinha visto. Eu me escondia de Maria, não queria saber de nada. Parecia Adão e Eva fugindo dos olhos de Deus. Isso tudo foi me incomodando e resolvi falar com um padre, o qual me aconselhou a voltar para a minha verdadeira Igreja de origem. Disse-me que eu era uma pessoa privilegiada… Resolvi pedir o terço dessa Associação[…].” ²

Conforme comenta o Fundador dos Arautos, “a julgar pelo relato da Da. L.G., só podemos concordar com esse sacerdote: ela é realmente uma pessoa privilegiada. Seu caso também fala de maiores e mais estupendas intervenções de Nossa Senhora em favor daqueles que Ela quer bem junto a Si, especialmente nesta época de caos e incertezas”. ³

Qual o proveito que podemos tirar destas tão belas histórias? Sem dúvida, o convite para a confiança total na bondade da Mãe de Deus. E se nós formos “coromotos” como o referido cacique? Tenhamos confiança, que a “bela Senhora” nunca nos desamparará e nunca recusará seu perdão e sua graça.

Nossa Senhora do Coromoto, rogai por nós!

Adilson Costa da Costa

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¹ Padre Pedro Morazzani Arráiz. Nossa Senhora do Coromoto – Rainha da misericórdia insondável. Revista Arautos do Evangelho. n. 33, p. 16-18, set./2004.

http://www.arautos.org/especial/12801/Nossa-Senhora-do-Coromoto–Rainha-da-misericordia-insondavel.html

² Mons. João S. Clá Dias. Por fim meu Imaculado Coração Triunfará – Maria derrama torrentes de graças sobre seus filhos e filhas. São Paulo: 2ª ed. Editora Copypress Ind. Gráfica Ltda, 2007, p. 64-65.

³ idem, p. 65.

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A glória que devemos buscar

Anunciação do Anjo a Nossa Senhora

Estudando o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luis Maria Grignion de Montfort, o leitor se divisará, entre muitas, uma grande verdade: a virtude que Deus mais ama é a humildade¹. Pois outro não é o desejo da Divina Majestade, que saibamos reconhecer o nosso próprio nada e o nada das coisas terrenas, e vivermos em conformidade com esta convicção², reconhecendo nossa dependência do Criador.

A tal ponto Deus ama a humildade que está escrito a respeito do Verbo Encarnado: “aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e assemelhando-se aos homens. E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fl 1, 7-8).

Perscrutando por entre as maravilhas realizadas por Jesus na sua vida pública e registradas pelo Evangelho de São João, encontramos não somente milagres, mas também belíssimos ensinamentos, que são palavras de vida eterna.

 Entre estes, chama-nos especialmente a atenção um fato em que, numa análise desprovida de profundidade, a Divina Sabedoria pareceria contradizer a si mesma na questão da humildade e da humilhação:

Certa feita, alguns gregos pediram para ver a Jesus, por meio de Felipe e André. Eis que “Jesus respondeu-lhes: ‘Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado`” (Jo 12, 23).

Jesus quer nos ensinar a buscar a humildade ou a glória?

Ora, se de um lado, Jesus se humilhara e buscou sempre a humildade, chegando a afirmar: “não busco a minha glória. Há quem a busque e Ele fará justiça” (Jo 8, 50), como se explica que de seus lábios divinos seja dito que “o Filho do Homem vai ser glorificado”? Ele quer nos ensinar a buscar a humildade ou a glória?

Sobre esta aparente contradição, assim explica Mons. João Clá Dias:

“Na verdade, existe uma glória verdadeira ao lado da glória vã. Assim, Jesus não procura sua própria glória, mas não deixa de afirmar a máxima excelência de sua natureza divina e de manifestá-la aos outros, sempre que as circunstâncias o exijam. Há, então, uma exaltação e uma glória que são boas”³.

A verdadeira glória e a glória vã

A distinção entre a verdadeira glória e a vanglória, aquela que devemos buscar e esta que devemos rejeitar, encontra-se explicitada nas lições de São Tomás de Aquino. Nesse sentido o Fundador dos Arautos escreve que:

“O Doutor Angélico começa por se perguntar se o desejo de glória é pecado. Para responder, ele lembra que, segundo Santo Agostinho, ‘ser glorificado é receber um brilho`. E continua: ´O brilho tem uma certa beleza que se manifesta diante de todos. É a razão pela qual a palavra implica manifestação de alguma coisa que os homens acham bonita […]. Aquilo que é brilhante em si mesmo pode ser visto por muitos e de muito longe. Por isso mesmo se torna conhecido de muitos e recebe aprovação geral`.

“Tendo definido o sentido de glória, ele [São Tomás de Aquino] afirma: ‘Que alguém conheça e aprove seu próprio bem, não é pecado`. Igualmente ‘não é pecado desejar que suas boas obras sejam aprovadas pelos outros, porque se lê em São Mateus: Que vossa luz brilhe diante dos homens (5, 16). Por esta razão o desejo da glória, de si mesmo, não designa nada de vicioso`”.4

Assunção de Nossa Senhora aos Céus

E quando a glória será viciosa? A glória será viciosa, ou vanglória – ainda conforme São Tomás – quando, entre outras circunstâncias, o desejo de glória não está relacionado com a honra de Deus ou a salvação do próximo, ou seja, que se volta para o nada do egoísmo e das coisas terrenas. 5

Por fim, conclui Mons. João Clá Dias: “Temos, portanto, de um lado a vanglória e de outro a verdadeira glória, virtuosa desde que voltada para o louvor de Deus, para fazer bem aos outros e para a própria santificação”. 6

Aqui se encontra expressa a glória que devemos buscar com humildade: a verdadeira glória dos filhos de Deus. E também o que devemos rejeitar: a vanglória dos orgulhosos, que buscam sua própria satisfação com o esquecimento ou mesmo em detrimento da honra de Deus e do bem do próximo.

Quem, sendo meramente criatura humana, nos deu o mais belo exemplo de humildade, desprezo da vanglória e busca da verdadeira glória?

Para responder, bastará contemplar a Oração do Magnificat (Lc 14, 11) comparando-a com os conceitos de São Tomaz e as explicações de Mons. João Clá. Neste hino de vitória e agradecimento Nossa Senhora assim canta:

 “A minha alma engrandece o Senhor e exulta o meu espírito em Deus meu Salvador.” Percebemos em Maria Santíssima a alma que busca a honra, o engrandecimento do Senhor e encontra sua própria alegria e glória apenas nEle. Reconhece-o como Salvador e, desse modo, sua total dependência.

“Pois Ele viu a humildade de sua serva e desde agora todas as gerações me chamarão bem aventurada.” Ninguém se humilhou como a Santíssima Virgem, fazendo-se Serva e vivendo tanto em função de Deus. Ninguém, como Ela, foi tão exaltada pelo Pai, que lhe criou excelsa e lhe deu Seu Divino Filho; pelo Filho, que se fez seu filho e lhe coroou como Rainha do Céu e da Terra; e pelo Espírito Santo, que fez dEla sua esposa, gerou nEla o Homem-Deus e a santificou, tornando-a plena das inumeráveis e incomensuráveis graças.

As glórias de Maria, à semelhança das do Senhor, se estenderão de geração em geração até a eternidade. Tudo isso foi operado pela providência também em função do papel de intercessora especialíssima que Ela teria junto a todos nós.

Ela é, assim, a humilíssima Mãe, Filha e Esposa de Deus, Rainha do Universo, pronta a interceder por todos de modo a sermos, como Ela, humildes de coração e zelosos pela glória verdadeira, pela honra do Senhor e pela salvação das almas. A Ela recorramos sempre!

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¹ São Luís Maria G. de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 43ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2013, top. 143.

² Francisco Spirago. As 7 virtudes principais e os 7 vícios capitais. In Catecismo Católico Popular II. Versão feita sobre a tradução francesa do Padre N. Delsor pelo Dr. Artur Bivar. 3ª ed. Lisboa: União Gráfica, 1938, p. 414.

³ Mons. João S. Clá Dias, EP. Aproxima-se a hora da glorificação. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. III, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2014, p. 246.

4 Idem, p. 246-247.

5 São Tomás de Aquino. Suma Teológica. II-IIII, q.132.a.1.

6 Mons. João S. Clá Dias, EP, op. cit., 248.

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