“O sangue dos mártires é semente dos cristãos”, conforme afirmou Tertuliano, destacado polemista, no tempo das perseguições à Igreja nascente. Eis o grande fato, ao longo da história da Igreja e da humanidade, que se realiza de maneira surpreendente. Sim, tomemos a Era dos Mártires, na qual os primeiros cristãos, lançados no Coliseu de Roma, foram devorados pelas feras, ou outros cristãos sacrificados com instrumentos de suplício crudelíssimos:
A Santa Igreja não apenas perseverou, mas ergueu-se vitoriosamente, enquanto aquele império (o Império Romano) ruiu por terra. Lancemos o olhar, cheio de veneração, a outros tantos heróis da Fé, que confirmaram, com seu sangue, a fidelidade a Nosso Senhor. E hoje? Caem os impérios, ruem os poderes terrenos e as investidas mais cruéis contra a Igreja de sempre e ela resplandece vitoriosa, porque sobre ela paira a promessa do Divino Redentor: “e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16, 18b).
Como pedra preciosa do diadema da Igreja, na lista de seus Santos mártires, celebramos neste mês de setembro (dia 20), o martírio do Sacerdote Santo André Kim Taegón e o apóstolo leigo Paulo Chón Hasang, com seus companheiros coreanos.
Basílica de São Pedro – Roma
Corria o século XVII, quando a fé cristã foi introduzida na Coréia, graças ao ardor de leigos que, embora sem pastores, foram dóceis ao sopro do Espírito Santo. Este apostolado desenvolveu-se quando no século seguinte (mais precisamente em 1836) vieram missionários da França. Eis que perseguições não tardaram em se fazer: 153 mártires. Entre eles, “sobressaem o primeiro sacerdote e ardoroso pastor de almas André Kim Taegón e o insigne apóstolo leigo Paulo Choón Hasang […]. Todos eles consagraram com seu testemunho e sangue as primícias da Igreja coreana”. ¹
Vejamos algumas das palavras, cheias de ardor, que proferiu Santo André Kim Taegón, e apliquemos a nós que vivemos neste século, cujo ateísmo prático quando não professo em doutrinas errôneas, descarrega crescentemente um ódio à Santa Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo:
“Meus caríssimos irmãos e amigos […] se, pois, nesta vida de perigos e miséria, não reconhecermos o Criador, de nada nos servirá termos nascido e continuar vivendo. Já neste mundo pela graça divina, pela mesma graça recebemos o batismo, entrando no seio da Igreja e tornando-nos discípulos do Senhor. Mas, trazendo assim o precioso nome de cristãos, de que nos servirá tão grande nome, se na realidade não o formos? Seria inútil termos nascido e ingressado na Igreja se traíssemos o Senhor e sua graça; melhor seria não termos nascido do que recebendo a sua graça, pecarmos contra Ele.”²
O Santo continua, nos apontando a via da Cruz e a vitória da Igreja e de seus filhos: “Irmãos caríssimos, lembrai-vos de que nosso Senhor Jesus, descendo a este mundo, sofreu inúmeras dores e tendo fundado a Igreja por sua paixão, Ele a faz crescer pelos sofrimentos dos fiéis. Apesar de todas as pressões e perseguições, os poderes terrenos não poderão prevalecer […]”.
E, num arrobo de entusiasmo, exclama: “da Ascensão de Cristo e do tempo dos apóstolos até hoje, a santa Igreja continua crescendo no meio das tribulações” ³ (grifos nossos)
Tenhamos pela a intercessão de Santo André Kim e de seus companheiros mártires, a certeza da vitória da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
Santo André Kim, rogai por nós!
Por Adilson Costa da Costa
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¹ Memória – 20 de setembro In: Liturgia das Horas. v. IV. Editora Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave Maria, 1999, p. 1295.
² Da última Exortação de Santo André Kim Taegón. In: Liturgia das Horas. v. IV. Editora Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave Maria, 1999, p. 1295-1296.
³ idem, p. 1296.
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