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Sagrado Coração de Jesus: fonte de inesgotável amor e misericórdia

Desejamos nesse momento convidar nossos estimados leitores a desvencilharem-se por alguns instantes de suas ocupações quotidianas e das inquietações de nossa existência terrena para voltarmos nossas atenções para o ano de 1673, mais especificamente para o convento de Paray-le-Monial, na França. Ano em que Santa Margarida Maria Alacoque começou a receber uma série de aparições e revelações do Sagrado Coração de Jesus.

Sagrado Coração de Jesus

Nas aparições Nosso Senhor incumbiu a religiosa de difundir a devoção ao Sacratíssimo Coração; em tal missão a religiosa encontrou não poucas resistências, inclusive de algumas irmãs de sua congregação, mas com o auxílio da Providência e perseverança no ano de 1686 introduz-se no convento a festa do Sagrado Coração de Jesus; devoção que rapidamente espalha-se por outros mosteiros da Ordem da Visitação, à qual pertencia Santa Margarida, e posteriormente a celebração estende-se para todo país.

Nesse dia 12 de junho a Santa Igreja celebra a festividade do Sagrado Coração de Jesus, assim convidamos nossos caros leitores a dedicarem alguns minutos de seu tempo para, através de um vídeo produzido pela TV Arautos, conhecerem um pouco mais sobre essa devoção, as promessas que Nosso Senhor fez à Santa Maria Margarida Alacoque e a fazermos companhia ao “Coração que tanto amou os homens, que nada poupou até Se esgotar e consumir para lhes testemunhar seu amor e que, como retribuição, da maior parte só recebe ingratidões”.

Link para o vídeo: http://sagradocoracao.arautos.org

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Virgem Maria: a Senhora do Rosário

Em 13 de outubro de 1917, junto à Cova da Iria na cidade de Fátima, Portugal, Nossa Senhora realiza a sexta e última aparição aos três pastorinhos.

Nessa data a Virgem Mãe de Deus faz uma revelação à Irmã Lúcia: “Eu sou a Senhora do Rosário”. E renova o pedido realizado nas aparições anteriores: “Rezem o Terço todos os dias, pela conversão dos pecadores”.

Nos colocamos a imaginar como teria sido esta magnifica experiência dos três pequenos pastores e para os cerca de setenta mil fieis que vieram de todos os lugares de Portugal, em sinal de fé e devoção à Santíssima Virgem.

Procurando difundir cada dia mais a devoção ao Santo Rosário, para que através da oração levemos alegria ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria; e celebrando a Liturgia da Santa Igreja, que consagra o dia 7 de outubro à Festa de Nossa Senhora do Rosário, trazemos aos leitores do Blog um programa onde Mons. João Clá Dias, EP., narra com riqueza de detalhes e imagens os acontecimentos que ocorreram naquela manhã de outono na Cova da Iria.

Acompanhemos as explicações do Fundador dos Arautos clicando aqui.

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Confiança e esforço: a via pela qual chegamos ao Céu

Imaculado Coração de Maria de Nossa Senhora de Fátima

Certas inquietações e questões não raramente se colocam às pessoas, quando se trata da existência para além desta vida terrena. É o que se dá com a pergunta feita por um homem a Jesus, quando passava pregando o Evangelho pelas aldeias e cidades, a caminho de Jerusalém. Conta-nos o evangelista Lucas que “alguém” perguntou: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (Lc 13,23)

Para além dessa pergunta – se muitos ou poucos vão para o Céu após a morte -, existe outra consideração mais útil para nossa vida espiritual e nossa vida “aqui e agora”.

Com efeito, ainda que fossemos teólogos, dos mais capacitados e conhecedores das verdades da Fé e, em concreto, do que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica a respeito da vida eterna, do Céu e da existência do Inferno (1), tal discussão sobre quantos se salvam não é vista com clareza nem mesmo pelos mais sábios estudiosos da Doutrina, como bem expressa o famoso teólogo dominicano Pe. Antonio Royo Marín:

“Eis aqui um dos problemas mais angustiantes e difíceis que podem oferecer ao teólogo. A pergunta é uma das que, com maior freqüência e apaixonado interesse, formula a maioria das pessoas.” (2)

Para quem deseja  saber a explicação mais lúcida a respeito, contemple os estudos de São Tomás de Aquino: “A respeito de qual seja o número dos homens predestinados, dizem uns que se salvarão tantos quantos forem os anjos que caíram; outros, que tantos quantos foram os anjos que perseveraram; outros, enfim, que se salvarão tantos homens quantos anjos caíram e, ademais, tantos quantos sejam os Anjos criados. Mas, melhor é dizer que só Deus conhece o número dos eleitos que hão de ser colocados na felicidade suprema”. (3)

Jesus Cristo diz: Esforçai-vos: guardai os Mandamentos

No que consiste este esforço? A leitura do trecho do Evangelho de São Mateus nos traz uma luz e uma resposta: “Se queres entrar para a Vida [Céu], guarda os Mandamentos” (Mt 19, 16-19). Eis aqui a primeira “medida” que devemos colocar nossa atenção e nosso esforço, indicada por Jesus ao “jovem rico do Evangelho”, como resposta ao que se deve fazer de bom para ter a vida eterna.

Mas, poderíamos questionar: é fácil ou difícil guardar os Mandamentos? Se fosse fácil guardar os Mandamentos, Jesus não empregaria o verbo “esforçar-se”. Sim, tal é nossa debilidade decorrente dos efeitos do pecado original em nós – que nos inclina para o pecado – e tais são as tentações e provocações do mundo, que se poderia dizer: realmente, não é fácil praticar os Mandamentos; mais, diríamos ainda: ao homem, pelas próprias forças, é impossível praticar integralmente e duradouramente os Mandamentos. Vê-se, portanto, o quanto é apropriada e forte a expressão: esforçai-Vos… e o convite a não se viver o “laissez faire” (deixar correr a vida) na nossa existência terrena, na perspectiva espiritual.

No entanto, sabemos que Nosso Senhor, a divina Misericórdia e a divina Justiça, que em tudo se fez igual ao homem, exceto no pecado, não nos pedirá algo que não nos seja possível realizar: “Porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11,30), “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt 11, 28)

Confiança, eu venci o mundo

Sim, aqui está o remédio: a confiança no Sagrado Coração de Jesus. Ele nos redimi e nos sustenta, nos santifica, nos dá a graça e os Sacramentos e ainda Ele próprio se dá a nós no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. É com Ele que nós venceremos o mundo, o demônio e a carne.

Confiança em Maria, a Porta do Céu

E como se não bastasse tudo isto, para “nos convencer” – por força de expressão – Ele nos dá sua própria Mãe, Nossa Senhora. Sobre esta intercessão, consideremos as comoventes e animadoras palavras de Mons. João Clá Dias, em sua recente obra, intitulada “O Inédito sobre os Evangelhos”, ao comentar o Evangelho deste XXI Domingo do Tempo Comum:

“[…] É necessário servir a Deus com ardor e entusiasmo, entrando “pela porta estreita” que bem poderá ser Nossa Senhora. Não é sem razão que a Ela foi dada o título de Porta do Céu. Estreita porque exige de nós uma confiança robusta em sua proteção maternal. Invoquemo-la em todas as tentações e dificuldades, a fim de comprovarmos a irrefutável realidade de quanto “jamais se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à sua proteção maternal, implorado sua assistência, reclamado o seu socorro fosse por Ela desamparado”. E, ao chegarmos ao Céu, rendamos eternas graças aos méritos infinitos de Jesus e às poderosas súplicas de Maria.” (4)

Eis afinal o mais importante: para além da preocupação ou até mera especulação de se saber se muitos ou poucos se salvam, sigamos a recomendação do divino Mestre e Senhor. Esforcemo-nos para, aqui e agora enquanto estamos vivos, com fidelidade, fortaleza e confiança praticarmos os Mandamentos, pela intercessão de Maria Santíssima e, aí sim, pela misericórdia de Jesus e Maria, passarmos pela porta estreita rumo à eterna felicidade.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Catecismo da Igreja Católica. Creio na vida eterna: n. 1035-1036. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p, 180.

(2) Pe. Antonio Royo Marin. Teologia de la Salvación. Madri: BAC, 1997, p. 117.

(3) Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica: questão XXIII, art. VII, v.  I. 2ª ed. Porto Alegre: Vozes, 1980, p. 240-243.

(4) Mons. João S. Clá Dias, EP. Quem é o meu próximo? In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 310-312.

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A incompatibilidade entre caridade e orgulho

Naqueles dias em que os pés divinos de Nosso Senhor Jesus Cristo andavam por Israel, quantos foram os que ouviram falar daquele grande profeta, que operava os milagres mais espetaculares de toda ordem: cegos que passavam a enxergar, paralíticos andavam, surdos ouviam e mudos falavam, os possuídos eram libertos e até – prodígio mais impressionante – os mortos ressuscitavam.

À medida que a fama daquele Varão, taumaturgo sem par, crescia em Israel, aumentava o número dos que procuravam se acercar dEle, para buscar a cura dos males que lhes causavam sofrimentos extenuantes. E eram generosamente atendidos em seus anseios. Em meio à alegria do prodígio alcançado por uns, presenciado por outros, todos ficavam impressionados com seus milagres, ao mesmo tempo em que se sentiam atraídos pelos ensinamentos, dotados de força persuasiva e bondade, mesclada de uma grandeza arrebatadora.

As palavras do grande Sacerdote missionário redentorista, Padre Augustin Berthe, expressam com clareza o impacto e o significado da presença do Homem-Deus:

“Há dois mil anos, apareceu na Judéia um figura verdadeiramente incomparável. Revelou aos homens uma doutrina, cuja sabedoria e beleza os maiores sábios jamais puderam igualar; os prodígios que realizou superaram os dos grandes taumaturgos; as suas profecias transcenderam as de todos os profetas; o seu heroísmo sobrepujou todos os potentados deste mundo; o drama da sua vida lançou na sombra as tragédias mais pungentes.” (1)

 Eis a doutrina, milagres e, sobretudo, a presença dotada de potência, daquele Homem, própria a despertar a admiração e o amor da unanimidade dos corações. No entanto, esta conquista unânime dos corações por aquele Coração de bondade não se deu. E veio a confirmar – entre outras tantas profecias – aquelas palavras proféticas do justo e velho Simeão – cerca de trinta anos antes – ao ter nos seus braços o Menino que viria a ser este Varão, apresentado por seus pais no Templo de Jerusalém, para cumprirem o estabelecido na lei de Moisés: “Eis que este menino vai ser causa de queda e elevação de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição […] Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações” (conf. Lc 2, 33-35).

Esta dolorosa realidade, em relação Aquele cujo “Coração que tanto amou os homens, que nada poupou até Se esgotar e consumir para lhes testemunhar seu amor, e que, como retribuição, da maior parte só recebe ingratidões” (2), é de maneira eloquente apresentada pelo Evangelho deste 11º Domingo deste Tempo Comum: de um lado, a antipatia e o ódio do fariseu Simão que recebe em sua casa a Jesus e, de outro, amor e admiração regeneradores da pecadora arrependida Maria Madalena.

Quais eram as disposições de alma do fariseu Simão, em face de Jesus, que ele próprio ouvira falar da fama dos milagres, entre os quais a ressurreição da filha de Jairo (Lc 7, 41-55)? Convida a Jesus para um festim, sem propiciar a Nosso Senhor as honras devidas a um ilustre visitante, trata-O como a um conviva qualquer. Para pasmo seu, Simão vê uma pecadora pública que entra no recinto da festa, ajoelha-se junto ao Mestre e em prantos começa banhar, com suas lágrimas, os pés adoráveis do Salvador e a enxugá-los com seus cabelos.

Eis, que diante deste Varão, “serão revelados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2, 35). Assim nos comenta Mons. João Clá Dias, a atitude de Simão: “[…] o fariseu, ao assistir a tão escandalosa cena: ‘Se este fosse profeta, com certeza saberia de que espécie é a mulher que O toca: uma pecadora’. Seu juízo é apressado e infundado. Assim como não teve fé e amor para enlevar-se com o Mestre, faltou-lhe também o discernimento para, na ex-pecadora, ver e interpretar os sinais de um arrependimento perfeito, pois são notórios os defeitos do vício ou da virtude estampados na face (cf. Eclo 13, 31)”. E bem observa: “O orgulho de ser um rigoroso e sábio legista levou-o a uma conclusão aparentemente lógica, mas em realidade temerária, contra o Médico e contra a enferma” (3).

Se assim foi o orgulho, antipatia e malevolência do fariseu, em uma palavra, de sua falta de amor, o que dizer da atitude da pecadora?

Observa o Fundador dos Arautos, Mons. João Clá Dias: “Há muito que Maria Madalena havia provado o vazio e a mentira do pecado. Sua alma delicada ansiava uma oportunidade para mudar de vida, mas as circunstâncias a impediam de realizar esse bom intento. Por pura fraqueza caíra naqueles horrores. Mas, em seu coração feminino, guardava uma grande admiração pela virtude e – por incrível que pareça – em especial pela pureza” (4). E em relação ao Mestre? “As primeiríssimas reações de sua alma em relação a Jesus foram de simpatia. Desde o início, ela o amou mais do que a si própria e anelava pela oportunidade de se aproximar d’Ele”(5).

Eis aqui os dois modos paradigmáticos de se colocar diante do Sagrado Coração de Jesus: amor e admiração, ou então recusa e antipatia; ficando assim apontado para uma incompatibilidade substancial entre caridade e orgulho.

Nossa Senhora do Divino Amor – Casa Mãe dos Arautos

São Paulo nos indica as características da verdadeira caridade, quando nos diz: “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho” (I Cor 13, 4).

Peçamos, portanto, à Nossa Senhora do Sagrado Coração e Mãe do Divino Amor, que nos obtenha de Seu Filho Adorável a graça de verdadeiramente amarmos ao Sagrado Coração de Jesus, e mediante esta caridade, sermos admirativos, generosos e agradecidos para com Deus e edificarmos ao próximo, fazendo-lhe sempre o bem.

Adilson Costa da Costa

 
 
1. Padre Augustin Berthe. Jesus Cristo: Vida, Paixão e Triunfo. Porto: Livraria Civilização Editora, s/d, p. 9.
2. Padre Hamilton José Naville. Trezena das promessas do Sagrado Coração Jesus. São Paulo: ARNSG, 2012, p. 12.
3. Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 156.
4. Mons. João S. Clá Dias, EP. op. cit., p. 153-154.
5. Mons. João S. Clá Dias, EP. op. cit., p. 155.

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Os milagres da graça: a flor da contrição e a rosa da confissão

Nas Sagradas Escrituras encontramos algo muito evocador do que é a realidade da vida, na qual o homem experimenta certos estados de alma e manifesta reações diversas, conforme as circunstâncias que naquele momento vivencia:

Todas as coisas têm o seu tempo, e todas elas passam debaixo do céu segundo o tempo que a cada uma foi prescrito. Há tempo de nascer, e tempo de morrer. Tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou. Há tempo de matar, e tempo de sarar. Há tempo de destruir, e tempo de edificar. Há tempo de chorar, e tempo de rir. Há tempo de se afligir, e tempo de dançar. Há tempo de espalhar pedras, e tempo de as ajuntar. Há tempo dar abraços, e tempo de se afastar deles. Há tempo de adquirir, e tempo de perder. Há tempo de guardar, e tempo de lançar fora. Há tempo de rasgar, e tempo de coser. Há tempo de calar, e tempo de falar. Há tempo de amor, e tempo de ódio. Há tempo de guerra, e tempo de paz” (Eclesiastes 3, 1-8).

Dentre as situações e vivências pelas quais passamos, uma sempre está presente: “há tempo de chorar, e tempo de rir”. Quem de nós nunca passou por circunstâncias em que choramos, ou então que nos alegramos especialmente? Isto faz parte da história dos homens, seja na atualidade ou em tempos remotos. É o que podemos contemplar na leitura do Evangelho, narrado por São Lucas, na qual vemos Nosso Senhor Jesus Cristo operar, por sua iniciativa, milagre magnífico: “a ressurreição do filho da viúva de Naim” (Lc 11-17).

Podemos nós imaginar o sofrimento daquela mulher da pequena cidade de Naim; viúva, que tendo como amparo e razão defelicidade seu único filho, e o perde? Qual não foi o sofrimento desta mãe, o quanto ela chorou a morte de seu dom precioso, seu filho amado? Eis, no entanto, que pelo cortejo fúnebre, passa “por acaso”, Aquele que é o “Senhor da vida e o Senhor da morte”, tem pena daquela pobre mulher e lhe diz: “não chores” e, adiantando-se ao caixão, com autoridade, determina ao cadáver: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”. E a ressurreição se deu. O que era pranto lancinante, logo em seguida se transforma em felicidade: aquela mãe recebe, vivo, seu amado filho! A tristeza dá lugar à alegria. De fato: há tempos de chorar e tempo de rir…

Esta mãe ficou alegre! E as pessoas que acompanhavam o cortejo fúnebre? Qual a reação delas? São Lucas assim diz: “Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo” (Lc 3, 16).

A multidão que presenciara aquele milagre ficou com medo e estupefata. Com efeito, o fato de um morto ressuscitar diante dos olhos de alguém (melhor dizendo: ser ressuscitado) antes mesmo da “Ressurreição da carne” (11º Artigo do Credo), em que “no dia do juízo todos os mortos ressuscitarão com o mesmo corpo que tivemos nesta vida” (1), é realmente próprio a causar impressão de espanto.

No entanto, algo freqüente e incomparavelmente maior se dá, do ponto de vista sobrenatural: a ressurreição espiritual.

Assim como o corpo tem vida, a alma também tem vida. O que dá vida ao corpo é a alma. O que dá vida à alma é a graça de Deus; e não há algo mais valioso para cada um de nós do que ter a graça de Deus, chamada graça santificante que “é um dom sobrenatural inerente à nossa alma, que nos faz santos, filhos adotivos de Deus e herdeiros do céu” (2). Este dom nós o recebemos quando fomos batizados. Mas, ó tristeza: perdemos tal dom “pelo pecado mortal”. (3)

Quando da perda da vida sobrenatural, da vida da graça na alma, como fazer para recuperá-la? Eis a questão que nos levanta o Fundador dos Arautos, Mons. João Clá Dias, EP: “Como, pois, ressuscitar alguém espiritualmente, após haver transposto os umbrais da morte do pecado grave? Era isso impossível se não houvesse o Redentor”. (4) [grifo nosso]

E continua a nos explicar:

Nosso Senhor Jesus Cristo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, compadeceu-se dos que permaneciam envoltos nas trevas e na sombra da morte (cf. Lc 1, 79) e tomou a iniciativa de encarnar-Se, sofrer a Paixão e a morte da Cruz, para triunfar na Ressurreição, a fim de ressuscitar ao corpo inerte da humanidade pecadora. Ele, o Verbo Eterno, traz a vida da graça, que é infundida nos corações dos fiéis, como Ele mesmo dirá: ‘Eu vim para que vós tenhais vida e a tenhais em abundância’ (Jo 10, 10). Ao assumir a natureza humana […] nos lega o precioso dom dos Sacramentos, para manter a vida sobrenatural por Ele instaurada”.

Assim, verificamos que essa ressurreição espiritual, a recuperação da vida da graça, se dá pelos méritos infinitos de um Sagrado Coração que tanto amou os homens, que nos deu os Sacramentos e tomou a iniciativa de nos fazer o bem. E nos dá, com sua bênção, a via pela qual recuperamos a graça santificante, caso a percamos. Como nos ensina o Catecismo: “A graça santificante se recupera pelo sacramento da Confissão ou por um ato de contrição perfeita, unido ao desejo de se confessar”. (5)

Aqui está algo mais impressionante do que uma ressurreição corporal, a ressurreição espiritual. Sobre este “milagre da graça”, do perdão do pecado e da recuperação da graça santificante, através da Confissão e do arrependimento perfeito, operados misericordiosamente pelo Sagrado Coração de Jesus, assim nos explica,de forma poética, o grande presbítero e Doutor da Igreja (+ 1231), Santo Antônio de Pádua:

Se maltratas uma criança, a insultas ou espancas, mas depois lhe mostras e dás de presente uma flor, uma rosa ou algo do gênero, ela se esquece da injúria recebida e, sem cólera alguma, corre a abraçar-te.

Da mesma forma, se ofenderes Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo pecado mortal ou qualquer ação injuriosa, mas depois Lhe ofereceres a flor da contrição ou a rosa de uma confissão banhada em lágrimas – as lágrimas são o sangue da alma – Ele olvidará tua ofensa, perdoará tua culpa e correrá a abraçar-te e oscular-se”. (6) [grifo nosso]

Aqui está o milagre maior do que uma ressurreição física: a ressurreição espiritual por meio da “flor da contrição” e da “rosa da confissão”.Peçamos ao Sagrado Coração de Jesus neste seu Mês de Junho, por meio do Imaculado Coração de Maria, que nos conceda sempre a graça da contrição perfeita por nossos pecados e que nunca tenhamos “medo” de nos acercarmos do Sacramento da Confissão, pois é através destas duas flores que oferecemos a Ele, que seremos estreitados a Seu Divino Coração.

Sagrado Coração de Jesus, tende piedade de nós!

Imaculado Coração de Maria, fazei nosso coração semelhante ao Coração de Jesus!

Por Adilson Costa da Costa

(1) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. Dos três últimos artigos do Credo. 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 33.
(2) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. Op. cit. p. 62.
(3) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. Op. cit., p. 62.
(4) Mons. João S, Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 147.
(5) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. Dos sacramentos em geral. 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 62.
(6) Santo Antônio de Pádua. Sermão na Natividade do Senhor, 11. In: Revista Arautos do Evangelho, ano XII, n. 138, jun. 2013.
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