Como alcançar a verdadeira felicidade?
Os avanços da ciência e os recursos tecnológicos permitem não apenas comodidades, mas também o aumento da expectativa de vida, se compararmos com períodos históricos anteriores. Contudo, estes progressos ensejam tristes realidades: o “culto ao corpo”, a busca desenfreada pela felicidade e satisfação de todos os desejos materiais.
Estas situações revelam a busca incessante – que muitas vezes renega valores éticos e morais – dos seres humanos pela felicidade, que não alcançada se transforma em desilusões, doenças psíquicas (transtornos de comportamento, depressão, etc.) e suicídios; conforme tomamos conhecimentos todos os dias pelos meios de comunicação.
Diante deste quadro, podemos nos perguntar: Como podemos alcançar a verdadeira felicidade?
Com o objetivo de fornecer elementos para responder este questionamento, Mons. João Clá Dias, EP na obra “O inédito sobre os Evangelhos”1, escreve que a ilusão óptica é uma das numerosas impressões enganosas captadas por nossos sentidos, os quais por esse motivo, devem ser submetidos aos sensatos juízos da razão.
Entretanto, se muitas das percepções transmitidas pela sensibilidade podem ser falsas, nada é causa de tantas ilusões – desde os primórdios da História, a começar por Adão e Eva, no Paraíso – como o modo de se obter a felicidade. Esse é o primordial desejo do homem, procurado com ardor insaciável durante toda a vida.
No mundo atual, muitos a confundirão com as inovações da técnica e da ciência; outros, com os ditames da moda e do culto à saúde; outras ainda, com os lucros financeiros, o bom êxito nos negócios, o relacionamento social, a realização profissional, os sonhos românticos, etc. além de não saciarem a sede de felicidade natural, essas ilusões do mundo não poucas vezes colocam em risco também a felicidade eterna, por conduzirem ao pecado, o qual sendo uma desordem do homem em relação a seu fim, que é Deus, traz como consequência inevitável, após uma satisfação passageira, a frustração e a tristeza.
A todos nós, batizados, Jesus Cristo chama à verdadeira felicidade, fruto da boa consciência e da fidelidade à vontade individual outorgada por Ele próprio, quer se desenvolva no estado sacerdotal, quer no religioso ou no leigo (junto ao sacramento do matrimônio, na condição de pai, filho, irmão e no trato com o próximo).
Tal felicidade terá como essência a evangelização, ou seja, fazer o bem às almas, apresentando-lhe as belezas do sobrenatural e instruindo-as na verdade trazida por Cristo ao mundo. Em suma, o Salvador nos convoca a transmitir a todos os homens a alegria de glorificar a Deus, trabalhando para que a vontade d’Ele seja efetiva na Terra assim como o é no Céu.
Assim, para alcançarmos a verdadeira felicidade, sigamos o exemplo da missão conferida aos setenta e dois discípulos escolhidos por Jesus, à qual bem caberia o título de evangelização da felicidade. Primeiro porque se davam por inteiro em beneficio do próximo, movidos pelo amor a Deus, experimentando em si mesmos como “há mais alegria em dar do que em receber” (At. 20, 35). Depois, quanto às almas favorecidas pela pregação lhes era oferecida a possibilidade de cumprirem os desígnios de Deus, transformando a vida terrena em preparação para o Céu.
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