Certa vez, em uma das sedes dos Arautos do Evangelho, um muito jovem interlocutor foi surpreendido por uma capciosa pergunta: E então, de quem você gosta mais: do pai ou da mãe?
Um pouco sobressaltado, mas sem titubear, o infante respondeu: Pai é pai… Mas, mãe é mãe! Questão de sabedoria, saída dos lábios de uma criança. São destas respostas que nos deixam atônitos, por partirem de uma alma munida de inôcencia, a ponto de surpreender aos presentes ante a profundidade das palavras.
Mãe é mãe! E é bem isso.
A verdadeira mãe está sempre junto ao seu filho, mesmo que as distâncias os separem. São inúmeros os fatos em que uma mãe, quase como com um sexto sentido, sabe o que se passa com o seu filho, mesmo sem estar fisicamente ao seu lado.
Ela torce por ele, e é capaz de tomar sua defesa nos mais terríveis tribunais. É capaz de sorrir, e até chorar por seu filho, mesmo quando esse deveria fazê-lo. Santa Mônica que o diga o quanto chorou pela conversão de Agostinho, a ponto de após trinta anos de ininterruptas lágrimas, alcançar o que almejava. Posteriormente, bem mereceu ela receber, por obra do Papa Alexandre III, no ano de 1153, o título de “Padroeira das Mães Cristãs”.
Há mães que permeiam sua existência de contínua dedicação, fazendo de si mesmas um precioso unguento que cura as dores de seus filhos. Dispostas sempre a protegê-los, chegam até ao paroxismo de doar suas vidas pelos mesmos. Tal imagem Deus nos deixou na própria natureza: por exemplo, o fato de um animal tão torpe como a galinha, tomar-se de brio e furor contra o ataque do gavião, com intuito de defender, até às últimas consequências, os seus tenros filhotes. Imagem essa utilizada pelo próprio Salvador, referindo-se à cidade eleita: Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintainhos debaixo das asas, e não o quiseste? (Lucas 13:34)
Destarte, quantas e quantas virtudes poderíamos destacar desta pessoa insubstituível chamada mãe. Entretanto, dentre todas há uma preponderante, cujo valor se eleva sobre as demais, quiçá por completo: a virtude da paciência, praticada pela mãe que permanece ao lado do leito de dor de seu filho, velando como incansável anjo da guarda, dando de si até o holocausto.
E eis aqui, talvez, o episódio em que a Mãe das mães, sob o título de Mãe das Dores e Senhora da Piedade, mais tenha demonstrado seu amor. Ali estava Ela, Stabat Mater Dolorosa, junto à Cruz lacrimosa, padecendo com o Divino Filho, alcançando-nos a Redenção. Foi a Virgem que, por excelência, louvou ao Senhor com o salmo: “Ao seu lado eu estarei em suas dores!”(Sl 90,15).
Para termos noção deste terrível transe sofrido por Ela, São Bernardo nos assegura que, no momento em que transpassaram o lado de Cristo, a lança perfurara o Corpo do Redentor; mas a alma traspassada fora a de Maria (sermo in dom.infra oct. Assumptionis, 14-15: Opera omnia, Edit. Cisterc). E como aprendemos no livro dos provérbios: “A fornalha prova o ouro, e a tribulação prova os homens justos!” (Pr 17,3).
Que glória para Ela, que surpreendente ousadia! Tê-Lo sobre os seus braços virginais na hora suprema, sustentando, em seu coração, o sagrado escrínio da fé.
Voltemos, pois, nossos olhos, Àquela que por excelência foi Mãe, e peçamos a Ela por nossas mães, rogando-Lhe alcançar de seu Divino Filho, uma benção especial para todas as que exercem tão extraordinária missão.
Douglas da Silva
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