ago
7
maio
19
“Vós, que sois mais venerável
que os Querubins e incomparavelmente
mais gloriosa que os Serafins, que sem conhecer
corrupção destes à luz o Verbo de Deus, nós Vos
glorificamos como verdadeira Mãe de Deus.”
“Orthros” – Cântico do Ofício Divino Bizantino
(Revista Arautos do Evangelho, Set/2007, n. 69, p.52)
Uma oração tão sublime, tão encantadora e tão apreciada pelos católicos em todos os tempos, precisa, necessariamente, de uma finalização, um encerramento, à altura de sua dignidade. Assim, a Santa Igreja nos propõe, ao encerrar a Salve, Rainha, uma riquíssima invocação, a qual também encerra a Ladainha de Nossa Senhora, outras ladainhas, sendo utilizada ainda em inúmeras outras orações. Esta antífona, ao mesmo tempo em que implora para nós o indispensável auxílio de Nossa Mãe Santíssima, também nos recorda uma das principais Verdades de nossa Fé: A Maternidade divina de Maria, Dogma solenemente proclamado no Concílio de Éfeso, no ano de 431. (1)
A respeito desse título de Maria Santíssima (Mãe de Deus), citando o eminente teólogo Frei Antonio Royo Marin e outros mariólogos, comenta o Monsenhor João Clá Dias:
Com efeito, “todos os títulos e grandezas de Maria dependem do fato colossal de sua maternidade divina. Maria é imaculada, cheia de graça, Co-redentora da humanidade, Rainha dos Céus e da Terra e Medianeira universal de todas as graças, etc., porque é a Mãe de Deus. A maternidade divina A coloca a tal altura, tão acima de todas as criaturas, que São Tomás de Aquino, tão sóbrio e discreto em suas apreciações, não hesita em qualificar sua dignidade como sendo de certo modo infinita. E seu grande comentarista, o Cardeal Caetano, diz que Maria, por sua maternidade divina, alcança os limites da divindade. Entre todas as criaturas, é Maria, sem dúvida alguma, a que tem mais afinidade com Deus.
Assim, no dizer de outro eminente mariólogo, “o dogma mais importante da Virgem Maria é a sua maternidade divina”. É “o primeiro alicerce sobre o qual se levanta o edifício da grandeza mariana. É este um fato que excede de tal modo a força cognoscitiva do homem que deve ser enumerado entre os maiores mistérios de nossa fé.
“Que uma humilde mulher, descendente de Adão como nós, se torne Mãe de Deus, é um mistério tão sublime de elevação do homem e de condescendência divina, que deixa atônita qualquer inteligência, angélica ou humana, no século e na eternidade”. (2)
É, portanto, uma invocação à altura e muitíssimo bem proporcionada, pois nela clamamos a Maria com o título que melhor define a sua grandeza: Mãe de Deus!
E qual é o nosso pedido, a nossa intenção ao manifestarmos esta invocação? Rogamos a Nossa Mãe Santíssima que nos torne dignos “das promessas de Cristo”. Ou seja, que Ela, por sua intercessão nos transforme; mude-nos de “degredados filhos de Eva”, de indignos pecadores exilados a herdeiros de Jesus Cristo. E quais são as promessas de Cristo, das quais Maria nos torna dignos? São as bem-aventuranças (Cf. Mt 5,3-12a), as quais, segundo o Catecismo da Igreja Católica, “retomam e completam as promessas de Deus desde Abraão, ordenando-as para o Reino dos Céus. Respondem ao desejo de felicidade que Deus colocou no coração do homem. As bem-aventuranças nos ensinam o fim último ao qual Deus nos chama: o Reino, a visão de Deus, a participação na natureza divina, a vida eterna, a filiação divina, o repouso em Deus”. (3)
Bem aventurados! Quão sublime será ouvir a divina voz pronunciar as solenes palavras: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo” (Cf. Mt 25, 34). Graças à assistência de nossa Mãe Santíssima, serão então cumpridas para nós as promessas de Cristo. Animados desta confiança queremos, cada dia de nossa vida, recitar com maior devoção a grande oração da Salve, Rainha, tendo sempre em mente o que ela significa para a nossa salvação e o que nos leva a alcançar.
* * *
Durante 10 capítulos tivemos a alegria de comentar, citando os maiores santos marianos, bem como famosos mariólogos e outros comentaristas, incluindo o Monsenhor João Clá Dias, Fundador dos Arautos do Evangelho, as diversas e ricas partes desta oração, recitada por toda a terra, todos os dias, por muitos católicos do mundo todo, em louvor à Mãe de Deus. Nossa intenção foi tornar essa oração ainda mais amada – na medida em que seja mais conhecida. Se após estes Comentários pelo menos um devoto de Maria vier a recitar esta oração com mais fé, com maior amor e maior entusiasmo pela devoção à nossa Mãe Santíssima, todos os objetivos terão sido alcançados! Que esta oração seja sempre motivo de inquebrantável confiança no papel que Deus reservou a Maria no plano de nossa salvação. Como diz São Luís Grignion de Montfort no Tratado: tudo Por Maria, com Maria, em Maria e para Maria!
Encerramos estes Comentários com uma belíssima oração de Santo Afonso de Ligório (4), a qual oferecemos aos devotos de Maria, pedindo-lhes que também rezem por nós.
Grande Mãe de Deus e minha Mãe, ó Maria, é verdade que eu não sou digno de proferir o vosso nome; mas vós, que me tendes amor e desejais minha salvação, concedei-me, apesar de minha indignidade, a graça de invocar sempre em meu socorro vosso amantíssimo e poderosíssimo nome. Pois é ele o auxílio de quem vive e salvação de quem morre. Ah! Puríssima e dulcíssima Virgem Maria, fazei que seja vosso nome de hoje em diante o alento de minha vida.
Senhora, não tardeis a socorrer-me quando vos invocar. Pois, em todas as tentações que me assaltarem, em todas as necessidades que me ocorrerem, não quero deixar de chamar-vos em meu socorro, repetindo sempre: Maria, Maria!
Assim espero fazer durante a vida, assim espero fazer particularmente na hora da morte, para ir depois louvar eternamente no céu vosso querido nome, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Amém!
Salve Maria!
João Celso
(1) Melo dos Santos, Marcos E. O terceiro concílio ecumênico em Éfeso e o título: Mãe de Deus. Disponível em:
http://www.arautos.org/noticias/38510/O-terceiro-concilio-ecumenico-em-Efeso-e-o-titulo–Mae-de-Deus.
(2) Monsenhor João Clá Dias. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. 2ª. Ed. São Paulo: ACNSF/ Instituto Lumen Sapientiae , 2011 p.71
(3) Catecismo da Igreja Católica. 10ª. ed. São Paulo: Loyola, 2000. p.471
(4) Santo Afonso Maria de Ligório. Glórias de Maria. 3ª. ed., Aparecida, SP: Editora Santuário, 1989. p.220