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O Samaritano por excelência: Jesus Cristo

Quando consideramos o próximo vem-nos a mente, já de início – e não sem razão, sobremaneira, por efeito do Batismo que recebemos – aquele que é carente de algum auxílio e em relação ao qual temos alguma proximidade, seja de ordem familiar ou física. E incluímos, nesta “categoria”, o pobre e o doente sem recursos financeiros. Estendendo nossa consideração, será também nosso próximo o necessitado para além do aspecto material, aquele que leva consigo algum sofrimento moral, muitas vezes mais doloroso do que o próprio sofrimento corporal.

E qual deve ser nossa atitude para aqueles que, precisando de auxílio material ou espiritual, passam por nossas vidas? A prática da caridade: “Pois toda a Lei encontra a sua plenitude num só mandamento: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’” (Gl 5, 14). Em outros termos, devemos fazer ao próximo tudo aquilo que esteja ao nosso alcance, da mesma forma que gostaríamos que fizessem conosco, postos nós em tal contingência.

Esta caridade manifesta-se na prática das obras de misericórdia, “ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais”, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC 2447). E continua o Catecismo: “Instruir, aconselhar, consolar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporal consistem sobretudo em dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros, sepultar os mortos”. (1)

Sagrado Coração de Jesus – St Mary’s Church – Kitchener, Canadá

Neste sentido, contemplemos o Evangelho do XV Domingo do Tempo Comum, no qual Jesus ensina, através de parábola ao doutor da Lei, no que consiste o amor ao próximo e, portanto, o verdadeiro sentido da Lei.  Conforme comenta Mons. João Clá Dias, EP, “Quantas escolas e cursos de didática se multiplicam por todo o orbe! Entretanto, é impossível superar aquela empregada pelo Divino Mestre em sua vida pública. A criação da figura do Bom Samaritano é simplesmente genial”. (2)

Sim, bem ao contrário do sacerdote e do levita da parábola, face ao pobre homem assaltado por um grupo de bandidos que o maltratam, deixando-o quase morto e o despojam de seus bens. Tanto o sacerdote quanto o levita, passam pelo desventurado agredido e, sem compaixão, não o socorrem ou tomam qualquer providência com vistas a fazer algum bem aquele sofredor.

No entanto, qual a atitude do samaritano? Assim observa Mons. João Clá Dias: “Bem diferente foi a reação do samaritano. Sem levar em conta o ódio racial que violentamente os separava, apesar de se tratar de um inimigo seu, sua religiosa incompatibilidade se transformou, no mesmo instante, em comiseração. O Evangelho recolhe os maravilhosos detalhes da divina parábola elaborada por Jesus para o doutor da Lei: “o samaritano se manifesta um herói da caridade desde o descer de sua montaria, aplicando in loco  todos os cuidados cabíveis naqueles tempos, conduzindo a vítima a uma pousada, até o contraiu uma dívida com o estalajadeiro, a fim de que este dispensasse todos os cuidados ao pobre judeu”. (3)

Eis a caridade, a misericórdia e a bondade belamente retratada por Jesus em relação ao próximo.

Aqui temos a manifestação do amor ao próximo. Para o Samaritano, o próximo foi aquele homem agredido, abandonado e estirado no chão, quase a morrer. Mas, poderíamos perguntar: existirá somente o próximo necessitado? Existirá, por ventura, algum outro próximo? Um próximo esquecido? Para o Samaritano, claro está que o próximo foi o homem de quem ele teve compaixão. Mas, qual será o próximo, na parábola, do homem socorrido? A resposta não poderá ser outra, senão esta: o próximo do homem socorrido foi seu benfeitor, o Samaritano.

Aí esta, em contrapartida e harmonicamente entrelaçado, o sentido do próximo genuinamente manifesto. Se há um próximo necessitado, há também um próximo benfeitor. Para o próximo necessitado devemos ter compaixão, eis como a caridade se manifesta. E para o próximo benfeitor, como deve se manifestar a caridade?

Poderemos responder, imaginando, na parábola, qual a caridade que o homem socorrido deveria ter para com o Samaritano. A resposta salta aos olhos, numa palavra: gratidão! Não poderá ser outra a não ser esta a atitude de amor ao meu próximo benfeitor: gratidão, reconhecimento e admiração para aquele que faz o bem, que me faz o bem.

Mãe do Bom Conselho – Genazzano, Itália

Peçamos a Nossa Senhora da Gratidão não nos esquecermos daqueles nossos próximos que nos fazem o bem: o pai, a mãe, um professor, um amigo, um superior, quiçá um que, embora não o conheçamos particularmente, está perto de nós e que somos objeto de sua caridade… Que sejamos agradecidos, reconhecidos, por todo o bem que deles recebemos, sejam os benefícios materiais, é claro, mas, sobretudo, os espirituais como o bom exemplo, o bom conselho, o ânimo para vencermos nossas dificuldades e adversidades…

Sobretudo, nos lembremos daquele que é o nosso maior e incomparável próximo e benfeitor, o Samaritano por excelência: Jesus Cristo. E qual será nossa gratidão para com Ele: a prática heroica do Mandamento do Amor.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Catecismo da Igreja Católica: n. 2447. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p. 632.

(2) Mons. João S, Clá Dias, EP. Quem é o meu próximo? In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 219.

(3) Idem, p. 222-223.

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Tu és Pedro! A fidelidade dos católicos de hoje à Igreja

“Um simples pescador da Betsaida proclama que o filho de um carpinteiro é realmente o Filho de Deus, por natureza. Ali é plantado o grão de mostarda, do qual nasceria a Santa Igreja Católica Apostólica e Romana” (1)

    O Divino Mestre, em sua Pedagogia insuperável, escolhia sempre os locais mais adequados para suas pregações ao povo, ou para suas conversas mais íntimas com os seus Discípulos. Buscava Ele tornar mais acessível, mais clara, plausível a Mensagem que tinha em mente transmitir. Por exemplo, ao convocar os dois irmãos, Simão Pedro e André para serem “pescadores de homens” (Mt 4, 19), tinha diante de Si o panorama das águas do mar da Galileia. O mesmo aconteceu quando se serviu da violência do vento, da tempestade, do terror da noite, para aumentar a Fé de seus Discípulos, caminhando sobre as águas no mar de Tiberíades (Mt 14,33).

Assim também acontece quando Nosso Senhor Jesus Cristo chega com seus discípulos à região de Cesaréia de Filipe, lugar rochoso, acidentado e solitário. Observa Monsenhor João Clá, Fundador dos Arautos do Evangelho, que esta era uma região pertencente à gentilidade. O Mestre aproveita este fato “para manifestar-Se como Filho de Deus e fundar o primado de sua Igreja” (2). Ao pisar aquelas rochas o Filho de Deus estendeu a Salvação aos gentios, pois, enfim, a “terra de Zabulon e de Neftali, região vizinha ao mar, a terra além do Jordão, a Galileia dos gentios, este povo que jazia nas trevas, viu resplandecer uma grande luz; e surgiu uma aurora para os que jaziam na região sombria da morte.” (Is 9,1).

         Era natural que até aquele momento houvesse certa confusão, certo desconhecimento a respeito da pessoa de Jesus: a sua figura incomparável já se impunha através de muitos milagres, mas, afinal, quem era Ele? Um profeta, um João Batista ressuscitado…? Dando-lhes a oportunidade de se manifestar sobre o que os outros pensavam a respeito do Filho do Homem, Nosso Senhor aproveita para confirmar neles a Fé e esclarecer seus Apóstolos sobre sua Divindade, retirando deles todo mal entendimento que pudesse haver e levando-os a proclamá-Lo “o Cristo, Filho do Deus vivo! (Mt 16, 16) Apesar dos estupendos milagres que Nosso Senhor realizara, o povo, em geral, não tinha a respeito dEle uma ideia clara; seus olhos estavam fechados; eles estavam cegos. Jesus Cristo, a Sabedoria Eterna e Encarnada poderia ser, nessa estreita visão, qualquer um dos antigos profetas. Ainda hoje, infelizmente constatamos que Jesus ainda não é suficientemente conhecido, apesar do milagre da continuidade de Sua grande Obra. Para muitos, a Mensagem do Evangelho ainda não é clara. Há também uma cegueira contemporânea.

Manifesta-se o Primado de Pedro e Jesus edifica a Sua Igreja

         Nosso Senhor Jesus Cristo convida os Apóstolos a exprimirem a sua própria opinião, e não, simplesmente, a opinião do povo. É exatamente neste momento que fica inequívoco o Primado de Pedro. Comenta Monsenhor João Clá:

    “Sola fides! Aqui não há elemento algum emocional ou sensível, como em circunstâncias anteriores. Em meio às rochas frias de um ambiente ecológico, longe de acontecimentos arrebatadores e da agitação das turbas ou das ondas, só a voz da Fé se faz ouvir.” (3)

São Pedro reconhece a filiação divina de Jesus:

   “As palavras de Pedro não são fruto de um raciocínio com base num simples conhecimento experimental. Não haviam sido poucas as curas logo após as quais os beneficiados conferiam com exclamações ao Salvador o título de ‘Filho de Davi’ (cf. Mt 15, 22; Mc 10, 47, etc.), conhecido como um dos indicativos do Messias. Os próprios demônios, ao se encontrarem com Ele, proclamavam-No ‘o Santo de Deus’ (Lc 4, 34), ‘o Filho de Deus’ (Lc 4, 41), ‘Filho do Altíssimo’ (Lc 8, 28; Mc 5, 7). Ele mesmo declarara ser ‘dono do sábado’ (Mt 12, 8), e após a multiplicação dos pães a multidão queria aclamá-Lo ‘Rei’ (Jo 6, 15).

     Assim como estas, muitas outras passagens poderiam facilmente nos indicar as profundas impressões produzidas por Jesus sobre seus discípulos. Porém, em nenhuma ocasião anterior Pedro recebeu tal elogio saído dos lábios do Salvador. Nesta passagem, ele ‘é feliz porque teve o mérito de elevar seu olhar além do que é humano e, sem deter-se no que provinha da carne e do sangue, contemplou o Filho de Deus por um efeito da revelação divina e foi julgado digno de ser o primeiro a reconhecer a Divindade de Cristo’”. (4)

          Pedro confessa a Divindade de Jesus a partir da revelação do próprio Deus. A ciência humana é incapaz de alcançar esta Verdade. É preciso a Fé. Como recompensa, portanto, desse ato de Fé, Nosso Senhor Jesus Cristo edifica a Sua Igreja sobre esta Pedra.

            “O plano de Jesus é proclamado sobre as rochas de Cesareia, pelo próprio Filho de Deus, que Se apresenta como um divino arquiteto a erigir esse edifício indestrutível, grandioso e santíssimo, a sociedade espiritual, constituída por homens: militante na Terra, padecente no Purgatório, triunfante no Céu. O conjunto de todos aqueles que se unem debaixo da mesma Fé, nesta Terra, chama-se Igreja. Desta, o fundamento é Pedro e todos os seus sucessores, os romanos pontífices, pois, caso contrário, não perduraria a existência do edifício”. (5)

       A partir daí, nasce uma Obra indestrutível: a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. As Luzes do Evangelho de São Mateus (16, 13-19), através do qual a Liturgia celebra a Festa de São Pedro e São Paulo nos convidam a uma união crescente com a Igreja.

        Em seus pronunciamentos, o Papa Francisco tem insistido em relembrar este aspecto: A Igreja é o Corpo Místico de Cristo. Não se pode abraçar a Fé em Cristo e renunciar à Sua Igreja. Nos dias de hoje, muitos se dizem seguidores de Jesus Cristo, mas, não seguem a Sua Igreja, não a amam, não permitem que esta Instituição Sagrada faça parte das suas vidas, instruindo-os e guiando-os em suas necessidades. Em suas belíssimas palavras, na Audiência Geral do dia 19 de Junho de 2013, nos ensina o Papa Francisco:

       “A Igreja não é uma associação assistencial, cultural ou política, mas sim um corpo vivo, que caminha e age na história. E este corpo tem uma cabeça que o guia, alimenta e sustém. Este é um ponto que eu gostaria de frisar: se separarmos a cabeça do resto do corpo, a pessoa inteira não consegue sobreviver. Assim é na Igreja: devemos permanecer ligados de modo cada vez mais intenso a Jesus. Mas não só: como num corpo é importante que passe a linfa vital porque está viva, assim também devemos permitir que Jesus aja em nós, que a sua Palavra nos oriente, que a sua presença eucarística nos alimente e nos anime, que o seu amor infunda força no nosso amor ao próximo. E isto sempre! Sempre, sempre! Estimados irmãos e irmãs, permaneçamos unidos a Jesus, confiemos nele, orientemos a nossa vida segundo o seu Evangelho, alimentemo-nos com a oração quotidiana, com a escuta da Palavra de Deus e com a participação nos Sacramentos”. (6)

         É este o convite permanente, para os católicos de hoje. Peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Igreja que nos guie por esse caminho de fidelidade e que Ela nos ajude sempre, a exemplo de São Pedro, confessar através de nossas vidas, a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Salve Maria!

João Celso


(1) Monsenhor João Clá Dias. A Pedra Inabalável. Revista Arautos do Evangelho, n. 78, p. 12-19, jun. 2008. Disponível em:<http://www.arautos.org/artigo/344/A-Pedra-inabalavel.html>.
(2) Idem
(3) Idem
(4) Idem
(5) Idem
(6) Papa Francisco. Audiência Geral de 19/06/2013. Disponível em:<http://www.vatican.va/holy_father/francesco/audiences/2013/documents/papa-francesco_20130619_udienza-generale_po.html>.

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A incompatibilidade entre caridade e orgulho

Naqueles dias em que os pés divinos de Nosso Senhor Jesus Cristo andavam por Israel, quantos foram os que ouviram falar daquele grande profeta, que operava os milagres mais espetaculares de toda ordem: cegos que passavam a enxergar, paralíticos andavam, surdos ouviam e mudos falavam, os possuídos eram libertos e até – prodígio mais impressionante – os mortos ressuscitavam.

À medida que a fama daquele Varão, taumaturgo sem par, crescia em Israel, aumentava o número dos que procuravam se acercar dEle, para buscar a cura dos males que lhes causavam sofrimentos extenuantes. E eram generosamente atendidos em seus anseios. Em meio à alegria do prodígio alcançado por uns, presenciado por outros, todos ficavam impressionados com seus milagres, ao mesmo tempo em que se sentiam atraídos pelos ensinamentos, dotados de força persuasiva e bondade, mesclada de uma grandeza arrebatadora.

As palavras do grande Sacerdote missionário redentorista, Padre Augustin Berthe, expressam com clareza o impacto e o significado da presença do Homem-Deus:

“Há dois mil anos, apareceu na Judéia um figura verdadeiramente incomparável. Revelou aos homens uma doutrina, cuja sabedoria e beleza os maiores sábios jamais puderam igualar; os prodígios que realizou superaram os dos grandes taumaturgos; as suas profecias transcenderam as de todos os profetas; o seu heroísmo sobrepujou todos os potentados deste mundo; o drama da sua vida lançou na sombra as tragédias mais pungentes.” (1)

 Eis a doutrina, milagres e, sobretudo, a presença dotada de potência, daquele Homem, própria a despertar a admiração e o amor da unanimidade dos corações. No entanto, esta conquista unânime dos corações por aquele Coração de bondade não se deu. E veio a confirmar – entre outras tantas profecias – aquelas palavras proféticas do justo e velho Simeão – cerca de trinta anos antes – ao ter nos seus braços o Menino que viria a ser este Varão, apresentado por seus pais no Templo de Jerusalém, para cumprirem o estabelecido na lei de Moisés: “Eis que este menino vai ser causa de queda e elevação de muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição […] Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações” (conf. Lc 2, 33-35).

Esta dolorosa realidade, em relação Aquele cujo “Coração que tanto amou os homens, que nada poupou até Se esgotar e consumir para lhes testemunhar seu amor, e que, como retribuição, da maior parte só recebe ingratidões” (2), é de maneira eloquente apresentada pelo Evangelho deste 11º Domingo deste Tempo Comum: de um lado, a antipatia e o ódio do fariseu Simão que recebe em sua casa a Jesus e, de outro, amor e admiração regeneradores da pecadora arrependida Maria Madalena.

Quais eram as disposições de alma do fariseu Simão, em face de Jesus, que ele próprio ouvira falar da fama dos milagres, entre os quais a ressurreição da filha de Jairo (Lc 7, 41-55)? Convida a Jesus para um festim, sem propiciar a Nosso Senhor as honras devidas a um ilustre visitante, trata-O como a um conviva qualquer. Para pasmo seu, Simão vê uma pecadora pública que entra no recinto da festa, ajoelha-se junto ao Mestre e em prantos começa banhar, com suas lágrimas, os pés adoráveis do Salvador e a enxugá-los com seus cabelos.

Eis, que diante deste Varão, “serão revelados os pensamentos de muitos corações” (Lc 2, 35). Assim nos comenta Mons. João Clá Dias, a atitude de Simão: “[…] o fariseu, ao assistir a tão escandalosa cena: ‘Se este fosse profeta, com certeza saberia de que espécie é a mulher que O toca: uma pecadora’. Seu juízo é apressado e infundado. Assim como não teve fé e amor para enlevar-se com o Mestre, faltou-lhe também o discernimento para, na ex-pecadora, ver e interpretar os sinais de um arrependimento perfeito, pois são notórios os defeitos do vício ou da virtude estampados na face (cf. Eclo 13, 31)”. E bem observa: “O orgulho de ser um rigoroso e sábio legista levou-o a uma conclusão aparentemente lógica, mas em realidade temerária, contra o Médico e contra a enferma” (3).

Se assim foi o orgulho, antipatia e malevolência do fariseu, em uma palavra, de sua falta de amor, o que dizer da atitude da pecadora?

Observa o Fundador dos Arautos, Mons. João Clá Dias: “Há muito que Maria Madalena havia provado o vazio e a mentira do pecado. Sua alma delicada ansiava uma oportunidade para mudar de vida, mas as circunstâncias a impediam de realizar esse bom intento. Por pura fraqueza caíra naqueles horrores. Mas, em seu coração feminino, guardava uma grande admiração pela virtude e – por incrível que pareça – em especial pela pureza” (4). E em relação ao Mestre? “As primeiríssimas reações de sua alma em relação a Jesus foram de simpatia. Desde o início, ela o amou mais do que a si própria e anelava pela oportunidade de se aproximar d’Ele”(5).

Eis aqui os dois modos paradigmáticos de se colocar diante do Sagrado Coração de Jesus: amor e admiração, ou então recusa e antipatia; ficando assim apontado para uma incompatibilidade substancial entre caridade e orgulho.

Nossa Senhora do Divino Amor – Casa Mãe dos Arautos

São Paulo nos indica as características da verdadeira caridade, quando nos diz: “O amor é paciente, o amor é prestativo; não é invejoso, não se ostenta, não se incha de orgulho” (I Cor 13, 4).

Peçamos, portanto, à Nossa Senhora do Sagrado Coração e Mãe do Divino Amor, que nos obtenha de Seu Filho Adorável a graça de verdadeiramente amarmos ao Sagrado Coração de Jesus, e mediante esta caridade, sermos admirativos, generosos e agradecidos para com Deus e edificarmos ao próximo, fazendo-lhe sempre o bem.

Adilson Costa da Costa

 
 
1. Padre Augustin Berthe. Jesus Cristo: Vida, Paixão e Triunfo. Porto: Livraria Civilização Editora, s/d, p. 9.
2. Padre Hamilton José Naville. Trezena das promessas do Sagrado Coração Jesus. São Paulo: ARNSG, 2012, p. 12.
3. Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 156.
4. Mons. João S. Clá Dias, EP. op. cit., p. 153-154.
5. Mons. João S. Clá Dias, EP. op. cit., p. 155.
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