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Expulsão dos vendilhões do templo

Quantas imagens de Jesus nos falam de sua divina bondade! Não poderia ser diferente, visto ser Ele a própria Bondade. Cenas que representam a Ele curando leprosos, multiplicando os pães e peixes, comovido, ressuscitando o filho da viúva de Naim ou, após chorar a morte do amigo Lázaro, ressuscita-o. Dele disse São Pedro que “andou fazendo o bem”. Isto é indubitável.

Mas, como entender a imagem que ora contemplamos nesta sessão?

Jesus expulsa os vendilhões do Templo – Igreja do Senhor do Bonfim – Salvador, Bahia

O que faz Jesus? Diante da profanação dos vendedores de bois, ovelhas e pombas e dos cambistas que estavam sentados no átrio do templo, fazendo da casa de seu Pai uma casa de comércio, Ele se manifesta em sua indignação divina através da natureza humana.

E conta-nos São João: “Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas” (Jo 2, 15).

Saibamos contemplar e maravilharmo-nos com Jesus, em todas as suas manifestações, ainda que punientes, como nesta cena da expulsão dos vendilhões do templo.

Assim comenta o Fundador dos Arautos, Mons. João Clá Dias: “O modo de proceder de Nosso Senhor sugere uma pergunta: deixou Ele de ser bondoso naquela ocasião? Ele, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, não pode ter nenhuma reação desequilibrada ou defectiva: n´Ele tudo é perfeito, por ser a própria Perfeição. Como discernir, então, a sua misericórdia no momento em que emprega a força física?”

Prossegue o Mons. João Clá Dias: “[…] os vendilhões do templo atentavam contra a ordem e, além disso, perturbavam a tranquilidade. Cabia a Cristo, sublime modelo de todos os homens, constituir-Se como exemplo também dos que são chamados a utilizar a força para instaurar a disciplina e manter a paz, o que muitas vezes só é possível através de métodos impositivos”.¹

Tenhamos a compreensão de que tudo quanto Jesus, Príncipe da Paz, faz é para o benefício das almas e, portanto, procuremos discernir nos seus atos a divina misericórdia, ainda quando de “chicote de cordas” nas suas divinas mãos.

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¹ Mons. João S. Clá Dias, EP. A verdadeira origem da indignação do Divino Mestre. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VII, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 270.

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Deus obedece aos homens?

Deus infinito, perfeitíssimo, onipotente e onisciente obedeceria aos homens? Sabemos que o gênero humano, manchado pela culpa original, é sujeito a toda espécie de erros e misérias, infelizmente. Como poderia um homem “mandar” em Deus? Alguém diria: já sei a resposta, somente Nosso Senhor Jesus Cristo se encaixaria neste contexto. Sendo Ele Homem-Deus, é Senhor de Si mesmo. Mas, e se estivéssemos falando de homens que não são deuses?

Nosso interlocutor poderia tentar mais uma vez: Eureka! Somente um ser humano concebido sem pecado original, e portanto, criado em Graça e Santidade, estaria livre destas mazelas e, quem sabe… Todavia, Adão e Eva assim foram criados, e Adão, incitado por Eva, é o próprio autor do pecado original. Realmente, quem poderia satisfazer a uma posição tão exigente quanto a proposta na pergunta deste problema?

Moisés – Catedral de Colônia, Alemanha

É famoso o fato de que Moisés “segurou a mão de Deus”. O Onipotente queria exterminar o povo eleito no êxodo do Egito, pois mesmo tendo presenciado espantosos milagres, enquanto seu Profeta recebia as tábuas com os dez mandamentos, em apenas quarenta dias de sua ausência, construiu um ídolo infame e cometeu as piores barbaridades. Moisés, que a Sagrada Escritura define com uma simples frase: “Era o mais humilde dos homens”, intercedeu pelo povo impedindo que a vontade de Deus realizasse sua justiça e conseguindo a misericórdia.

Entretanto, é sabido que certa vez, em Meriba, Deus não obedeceu a Moisés. Engastado com as seguidas infidelidades do povo, que se rebelava mais uma vez assolado pela sede, Moisés, após bater com o cajado na rocha a primeira vez, não viu brotar as águas milagrosas. Perplexo, bateu uma segunda vez na rocha e a água brotou. Por ter duvidado, Deus não permitiu que ele entrasse depois na Terra Prometida.

Houve, porém, uma criatura puramente humana, concebida sem pecado original, que recebeu a honra inefável de ser a Mãe de Deus. Sabemos que, na Santa Casa de Nazaré – existente até hoje na cidade de Loreto – o Menino Jesus obedecia à Sua Mãe, a São José, seu Pai adotivo, e “era-lhes submisso”.  (Lc 2, 51)

Mesmo assim, será que dessa simples mulher pode-se dizer que Deus a obedeceu e, mesmo agora no Céu, ainda a obedece? Qual é o mistério que diferencia esta mulher de todo o gênero humano? Talvez não o abarquemos por inteiro, mas podemos buscar no santo mariano por excelência, São Luís Maria Grignion de Montfort, a resposta a esta sublime questão.

Segundo este santo, “Nosso Senhor continua a ser, no céu, tão Filho de Maria, como o foi na terra. Por conseguinte, ele conserva a submissão e obediência do mais perfeito dos filhos para com a melhor das mães.

Maria, porque está toda transformada em Deus pela graça e pela glória, não pede, não quer, não faz a menor coisa contrária à eterna e imutável vontade de Deus. E Deus não resiste nunca às súplicas de sua Mãe, porque ela é sempre humilde e conformada à vontade divina.

Se Moisés, pela força de sua oração, conseguiu sustar a cólera de Deus contra os israelitas, que devemos pensar da prece da humilde Maria…” (1)

Assim cantou a Virgem no seu hino de glória, o Magnificat:

“Depôs do trono os poderosos, e elevou os humildes.” (Lc 1, 54)

E o próprio Nosso Senhor posteriormente o confirmaria na pregação do Evangelho:

“Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado.” (Lc 14, 11)

Esta mulher misteriosa, à cujas preces o próprio Deus se submete, não teria sob seus pés virginais e imaculados o universo inteiro?

“No céu, Maria dá ordens aos anjos e aos bem-aventurados. Pois ele a fez soberana do céu e da terra, general de seus exércitos, tesoureira de suas riquezas, dispensadora de suas graças, artífice de Suas grandes maravilhas, reparadora do gênero humano, mediadora para os homens, exterminadora dos inimigos de Deus e a fiel companheira de suas grandezas e de seus triunfos.” (2)

Peçamos à Virgem Maria que possamos sempre crescer na confiança, na oração e na devoção a Ela, pois sendo suas súplicas onipotentes diante do Altíssimo, e a bondade e misericórdia de seu coração em relação a nós, pecadores, inesgotável pela graça de Deus, Nossa Senhora é, para nós, a vitória.

Por Marcelo Veloso Souza Mendes

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(1) MONTFORT, São Luís Maria G. de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. 42ª ed. Petrópolis: Vozes, 2012. Números 27.
(2) Idem, nº 28.

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A paciência de Alguém que sempre nos espera

Quantos de nós, talvez num momento de preocupação, ou assoberbados de tarefas, fomos desatenciosos e, até, ríspidos, com nosso próximo. E assim, produzimos um desagrado – ainda que não percebido por nós – naqueles com quem tratamos. Assim é o convívio humano: por mais educados que sejamos às vezes temos desatenções e podemos ferir ao nosso próximo, faltando até com o respeito e afeto devidos.

Isto que se passa entre os homens, não é senão uma imagem daquilo que tão frequentemente se dá de nós para com Deus. O caro leitor já pensou nisto?

Com efeito, Deus está continuamente em comunicação conosco. Ele não se cansa e procura, nas circunstâncias mais diversas, nos fazer o bem, ainda quando dEle nos afastemos.

Vejamos, por exemplo, o fato narrado por São Lucas, proposto a consideração no XXIV Domingo do Tempo Comum. No dizer de Mons. João Clá, “é o célebre drama do filho pródigo, uma das mais belas páginas das Sagradas Escrituras”. (1) [grifo nosso]

Nosso Senhor conta a história de um filho mais novo que pedira ao pai sua herança e abandonando a casa paterna, gastou todo o dinheiro recebido numa vida desregrada. Após ter se precipitado na miséria moral e material, o jovem pecador cai em si e volta ao pai. Por fim, com o coração contrito e humilhado, recebe dele o mais generoso perdão.

Apesar de tudo, o pai não se cansou de esperá-lo, alegrando-se sem medidas com o retorno do filho. No entanto, o irmão mais velho, por falta de verdadeiro amor ao pai e por ter sido tomado de inveja, não aceitou aquela alegria do pai: Por isto, este lhe respondeu: “mas é preciso festejar e alegrar-se, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado” (Lc 15, 32).

O retorno do filho pródigo – afresco da Igreja de Trinitá dei Monti, em Roma

A atitude do pai misericordioso é bem a imagem da bondade, paciência e misericórdia do Pai Eterno. Nós, muitas vezes, mais do que ser desatentos com os homens, o somos com o próprio Deus. Diz Santo Afonso: “Se tivésseis insultado um homem como insultastes a Deus, ainda que fosse vosso melhor amigo ou ainda vosso próprio pai, não teria ele outra resposta senão vingar-se…”. E continua o Santo: “[…] ao invés de castigar-vos, devolveu-vos bem por mal, conservou-vos a vida, rodeou-vos de todos os seus cuidados providenciais, fingiu não ver os pecados, na expectativa de que vos emendásseis e cessásseis de injuriá-lo”. (2)

E conclui nosso Fundador, Mons. João Clá: “Com igual indulgência Deus reage conosco quando O ofendemos e, em sua bondade, nunca nos desampara, mesmo quando nos afastamos d´Ele com o pecado. […] esta (parábola) ilustra outro aspecto da misericórdia d´Ele, o qual se cifra na paciência em esperar que ‘o pecador caia em si, e possa perdoá-lo e salvá-lo´”. (3)

Misericórdia e paciência de Deus para conosco! Quanto esta verdade deve nos animar e levar-nos a uma confiança total, pois antes mesmo de querermos voltar ao Pai, se porventura nos distanciamos, Ele já vem ao nosso encontro, desejoso de nos acolher, não como servos, mas como filhos.

Rezemos a Nossa Senhora da Confiança para que nunca tenhamos receio de nos refugiarmos na paciência e misericórdia de Deus, sempre abertas ao pecador, antes mesmo dele estar arrependido…

 Por Adilson Costa da Costa

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(1) Mons. João S. Clá Dias, EP. Entre o perdão e a perseverança, Deus prefere o quê? In: O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 348.

(2) Santo Afonso Maria de Ligório. Obras Ascéticas. Madri: BAC, 1954, t. II, p. 697

(3) Mons. João S. Clá Dias, EP. Entre o perdão e a perseverança, Deus prefere o quê? In:  O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 349-350.

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O fiat de Maria e a prece de seu Filho Jesus

Quando tomamos nossas primeiras lições de Catecismo e adentramos no conhecimento de Jesus Cristo, deparamo-nos com uma questão muito bonita: Jesus Cristo sofreu e morreu enquanto Deus ou enquanto homem?

Sg. Coração de Jesus
Igreja de São Basílio – Toronto, Canadá

Não sem certa estranheza – sobretudo na idade infanto-juvenil, em que se dá a iniciação cristã – causa-nos certa curiosidade a pergunta. E a resposta, objetiva e cristalina, preceituada pelo Catecismo desabrocha, fazendo luz e aumentando nossa Fé: Jesus Cristo sofreu e morreu enquanto homem, porque não poderia sofrer nem morrer enquanto Deus. (1)

Esta consideração nos vem a propósito do Evangelho de São Lucas, do XVII Domingo do Tempo Comum, quando contemplamos Jesus “a fazer oração em certo lugar” e ensinando os discípulos a rezar o Pai Nosso (Lc 1, 1-13).

Consideremos bem: Quem está a fazer oração? Sim, Jesus. Mas quem é Jesus? Jesus é o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade feito Homem. Ora, aqui também poderíamos indagar: Jesus rezou enquanto Deus ou enquanto homem? (2)

Com base no Santo Patriarca Hesíquio de Jerusalém, Mons. João Clá nos traz uma bela explicação à questão levantada: “Era de dentro de sua natureza humana que Jesus elevava sua mente a Deus e exprimia os desejos de seu Sagrado Coração, rogando fossem eles concretizados. Ou seja, nunca Jesus rezou enquanto Deus – e nem teria sentido, aliás, Ele assim proceder – mas sempre o fez como homem, pois sabia que certas graças não seriam jamais obtidas senão por meio de seus pedidos, por isso ‘Ele andava retirado pelas solidões e a orar’ (Lc 5, 16)”. (3)

No entanto, o esplendoroso momento de Jesus orando ao Pai, somente foi possível pelo fiat de Maria Santíssima. Graças ao sim em resposta ao Arcanjo São Gabriel, o Verbo se fez carne, e em tudo igual aos homens, exceto no pecado (Hb 4, 15). Eis aí duas maravilhas: o fiat de Maria e a prece de seu Filho Jesus.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007.

(2) Para saber mais acesse o vídeo: http://www.arautos.org/tv/interna.html?id=2839&title=Jesus+morreu+como+Deus+ou+como+homem%3F

(3) Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 240-241.

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O Samaritano por excelência: Jesus Cristo

Quando consideramos o próximo vem-nos a mente, já de início – e não sem razão, sobremaneira, por efeito do Batismo que recebemos – aquele que é carente de algum auxílio e em relação ao qual temos alguma proximidade, seja de ordem familiar ou física. E incluímos, nesta “categoria”, o pobre e o doente sem recursos financeiros. Estendendo nossa consideração, será também nosso próximo o necessitado para além do aspecto material, aquele que leva consigo algum sofrimento moral, muitas vezes mais doloroso do que o próprio sofrimento corporal.

E qual deve ser nossa atitude para aqueles que, precisando de auxílio material ou espiritual, passam por nossas vidas? A prática da caridade: “Pois toda a Lei encontra a sua plenitude num só mandamento: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’” (Gl 5, 14). Em outros termos, devemos fazer ao próximo tudo aquilo que esteja ao nosso alcance, da mesma forma que gostaríamos que fizessem conosco, postos nós em tal contingência.

Esta caridade manifesta-se na prática das obras de misericórdia, “ações caritativas pelas quais socorremos o próximo em suas necessidades corporais e espirituais”, conforme nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC 2447). E continua o Catecismo: “Instruir, aconselhar, consolar são obras de misericórdia espiritual, como também perdoar e suportar com paciência. As obras de misericórdia corporal consistem sobretudo em dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, dar moradia aos desabrigados, vestir os maltrapilhos, visitar os doentes e prisioneiros, sepultar os mortos”. (1)

Sagrado Coração de Jesus – St Mary’s Church – Kitchener, Canadá

Neste sentido, contemplemos o Evangelho do XV Domingo do Tempo Comum, no qual Jesus ensina, através de parábola ao doutor da Lei, no que consiste o amor ao próximo e, portanto, o verdadeiro sentido da Lei.  Conforme comenta Mons. João Clá Dias, EP, “Quantas escolas e cursos de didática se multiplicam por todo o orbe! Entretanto, é impossível superar aquela empregada pelo Divino Mestre em sua vida pública. A criação da figura do Bom Samaritano é simplesmente genial”. (2)

Sim, bem ao contrário do sacerdote e do levita da parábola, face ao pobre homem assaltado por um grupo de bandidos que o maltratam, deixando-o quase morto e o despojam de seus bens. Tanto o sacerdote quanto o levita, passam pelo desventurado agredido e, sem compaixão, não o socorrem ou tomam qualquer providência com vistas a fazer algum bem aquele sofredor.

No entanto, qual a atitude do samaritano? Assim observa Mons. João Clá Dias: “Bem diferente foi a reação do samaritano. Sem levar em conta o ódio racial que violentamente os separava, apesar de se tratar de um inimigo seu, sua religiosa incompatibilidade se transformou, no mesmo instante, em comiseração. O Evangelho recolhe os maravilhosos detalhes da divina parábola elaborada por Jesus para o doutor da Lei: “o samaritano se manifesta um herói da caridade desde o descer de sua montaria, aplicando in loco  todos os cuidados cabíveis naqueles tempos, conduzindo a vítima a uma pousada, até o contraiu uma dívida com o estalajadeiro, a fim de que este dispensasse todos os cuidados ao pobre judeu”. (3)

Eis a caridade, a misericórdia e a bondade belamente retratada por Jesus em relação ao próximo.

Aqui temos a manifestação do amor ao próximo. Para o Samaritano, o próximo foi aquele homem agredido, abandonado e estirado no chão, quase a morrer. Mas, poderíamos perguntar: existirá somente o próximo necessitado? Existirá, por ventura, algum outro próximo? Um próximo esquecido? Para o Samaritano, claro está que o próximo foi o homem de quem ele teve compaixão. Mas, qual será o próximo, na parábola, do homem socorrido? A resposta não poderá ser outra, senão esta: o próximo do homem socorrido foi seu benfeitor, o Samaritano.

Aí esta, em contrapartida e harmonicamente entrelaçado, o sentido do próximo genuinamente manifesto. Se há um próximo necessitado, há também um próximo benfeitor. Para o próximo necessitado devemos ter compaixão, eis como a caridade se manifesta. E para o próximo benfeitor, como deve se manifestar a caridade?

Poderemos responder, imaginando, na parábola, qual a caridade que o homem socorrido deveria ter para com o Samaritano. A resposta salta aos olhos, numa palavra: gratidão! Não poderá ser outra a não ser esta a atitude de amor ao meu próximo benfeitor: gratidão, reconhecimento e admiração para aquele que faz o bem, que me faz o bem.

Mãe do Bom Conselho – Genazzano, Itália

Peçamos a Nossa Senhora da Gratidão não nos esquecermos daqueles nossos próximos que nos fazem o bem: o pai, a mãe, um professor, um amigo, um superior, quiçá um que, embora não o conheçamos particularmente, está perto de nós e que somos objeto de sua caridade… Que sejamos agradecidos, reconhecidos, por todo o bem que deles recebemos, sejam os benefícios materiais, é claro, mas, sobretudo, os espirituais como o bom exemplo, o bom conselho, o ânimo para vencermos nossas dificuldades e adversidades…

Sobretudo, nos lembremos daquele que é o nosso maior e incomparável próximo e benfeitor, o Samaritano por excelência: Jesus Cristo. E qual será nossa gratidão para com Ele: a prática heroica do Mandamento do Amor.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Catecismo da Igreja Católica: n. 2447. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p. 632.

(2) Mons. João S, Clá Dias, EP. Quem é o meu próximo? In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 219.

(3) Idem, p. 222-223.

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