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Nova turma de Consagração a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria

Imagem de Nossa Senhora de Fátima

No conhecido “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, ao qual sempre referimos neste blog, o grande São Luís Maria Grignion de Montfort inicia sua obra com a seguinte afirmação:

“Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio d´Ela que Ele deve reinar no mundo.” (1)

Ou seja, ele nos mostra que Nossa Senhora é o perfeito caminho para a edificação do Reino de Deus em nossas almas e no mundo inteiro, já que foi por meio d`Ela que Nosso Senhor Jesus Cristo nos trouxe a Salvação. E continua o santo:

“Meu coração ditou tudo o que acabo de escrever com especial alegria, para demonstrar que Maria Santíssima tem sido, até aqui, desconhecida, e que é essa uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser.” (2)

Buscando tornar esta querida Mãe ainda mais conhecida e amada por seus filhos, os Arautos do Evangelho de Maringá promovem as reuniões de formação para pessoas interessadas em fazer a Consagração a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria, segundo o método de S. Luís Maria Grignion de Montfort.

Veja os detalhes abaixo. Faça a sua inscrição.

Curso Preparatório à Consagração:

Início: Domingo, 25/08/2013 – Término: Domingo, 06/10/2013

(As reuniões serão ao longo de 7 domingos consecutivos, tendo seu desfecho numa Santa Missa por ocasião da Consagração que será no dia 20/10/2013.)

Horário: Das 15:30h às 16:30h.

Local: Comunidade dos Arautos do Evangelho de Maringá

Endereço: R. Jair do Couto Costa, 15 – Zona 20

Inscrições gratuitas através deste Blog ou pelo e-mail: arautosmaringa@uol.com.br


(1) MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 19 ed. Petrópolis: Vozes, 1992. Pág. 17

(2) Idem. Pág. 24.

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Águias ou sapos? Carvalhos ou grama?

Rezamos todos os dias o “Credo” e muitas vezes – por circunstâncias diversas, ou mesmo por uma ação especial da graça – chama-nos particularmente a atenção um ou outro dos 12 artigos do Símbolo dos Apóstolos. Um deles é o 5º artigo: “Desceu à mansão dos mortos” (na redação do Segundo Catecismo da Doutrina Católica) (1), ou “Jesus Cristo desceu aos infernos”, na apresentada pelo Catecismo da Igreja Católica (2).

Ora, o que é propriamente esta “mansão dos mortos”, ou estes “infernos” a que desceu Jesus? O Catecismo nos ensina:

Abraão e Isaac, justos do Antigo Testamento. Jesuítas de Santander, Espanha

“A Escritura denomina a Morada dos Mortos, para a qual Cristo morto desceu, de os Infernos, o sheol ou o Hades, visto que os que lá se encontram estão privados da visão de Deus [grifo nosso]. Este é, com efeito, o estado de todos os mortos, maus ou justos, à espera do Redentor – o que não significa que a sorte deles seja idêntica, como mostra Jesus na parábola do pobre Lázaro recebido no ‘seio de Abraão’. ‘São precisamente essas almas santas, que esperavam seu Libertador no seio de Abraão, que Jesus libertou ao descer os Infernos’. Jesus não desceu aos Infernos para ali libertar os condenados nem para destruir o Inferno da condenação, mas para libertar os justos que o haviam precedido”. (3)

Em outras palavras, a mansão dos mortos ou infernos, em que Jesus desceu é o limbo; conforme nos explica Francisco Spirago, é o “lugar diverso do purgatório; em ambos, é verdade, não se vê a Deus, mas no purgatório as almas sofrem penas que não existiam no limbo; este também não se deve confundir com o inferno: local também privado da vista de Deus, mas sofrem-se também os tormentos. As almas não padeciam no limbo pena alguma (Catecismo Romano) e não estavam sem uma certa felicidade [grifos nossos], como se vê na parábola em que o pobre Lázaro é consolado (Lc 16, 25), porque no juízo particular haviam recebido a certeza da sua felicidade eterna. Não podiam, contudo, entrar nas alegrias eternas no céu, porque o céu ainda não estava aberto (Hb 9, 8). Suspiravam portanto continuamente pelo Salvador”. (4) Diferencia-se o limbo, portanto, do purgatório – lugar para o qual, salvando-se, “a alma vai, logo depois do juízo particular” para se purificar, satisfazendo com penas temporais o que ficou devendo por seus pecados (5) – assim como do inferno – lugar para onde vai a alma, logo depois do juízo particular, que não está na amizade com Deus (6). Ou seja, ao contrário destes lugares, não há no limbo, as penas temporárias como no purgatório e muito menos o sofrimento eterno.

Nesta mansão dos mortos, Cristo desceu para lhes anunciar que tinha consumado a redenção, “a alma de Cristo estava unida à sua divindade. O Senhor demorou-se no limbo até ao terceiro dia. Desceu lá só, mas subiu rodeado de uma multidão inumerável (S. Inácio de Antioquia)” (7). Quem estava entre esta “multidão”, gozando da felicidade natural e almejando a eterna, com a vinda do Messias? Os justos do Antigo Testamento. Para citar alguns: Adão e Eva, Abel, Noé, Abraão, Isaac, Jacob, José, Davi, Isaias, Daniel, entre outros.

Dois elementos podemos destacar como características deste lugar. No limbo tinha-se a felicidade natural (e não sobrenatural do Céu), porém, com a privação de Deus, cuja visão beatífica só se tem no Paraíso Celeste. Evidentemente, esta felicidade não é plena, pois não se tem a posse de Deus para a qual fomos criados e chamados.

Jesus com os discípulos – Igreja de São Severino.

Esta consideração nos vem a propósito da narração de São Lucas no XVIII Domingo do Tempo Comum, na qual conta a história de um homem que pede a intervenção do Mestre em questões de herança, pretendendo ser favorecido junto ao seu irmão mais velho na partilha dos bens terrenos. Esta solicitação não a atende o Salvador, e chama-lhe a atenção para que tenha cuidado com todo o tipo de ganância, pois “a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12, 15).

O leitor talvez poderia perguntar: Mas, afinal, qual a relação existente entre o limbo e a ganância? Onde vamos chegar? As introduções longas, por vezes facilitam as conclusões breves.

Consideremos o que é a ganância: defeito moral que tem como fonte um dos vícios capitais, ou seja, a avareza, que por sua vez consiste no desejo desordenado dos bens terrenos.

Qual foi o problema do ganancioso descrito pelo evangelista: o irmão mais novo estava preocupado com sua estabilidade ou bem pessoal, de forma desordenada e egoística, portanto, sem amor de Deus. Ou seja, voltado para esta vida terrena, pensando consigo – segundo a expressão da parábola do Divino Pedagogo: “descansa, come, bebe, aproveita” (Lc 12, 19).

Ora, o grande mal reside em fazer consistir a vida na busca de uma felicidade natural, cheia de fruições (ainda que lícitas), mas esquecida de Deus: eis o grande mal. Seria como que uma “vida limbática”, porém não desejosa do Céu. E isto, sem dúvida, configura-se no grande mal para o qual se encaminham todos aqueles que querem transformar esta existência terrena num vale de rosas, cheia de felicidades (honestas ou não), porém sem Deus e sem o desejo da vida eterna.

Esta visão de vida – explicitada ou não pelas consciências – é bem caracterizada por Mons. João Clá, ao comentar este Evangelho: “[…] a posição dos adoradores de uma existência feliz em um limbo sem fim, numa contínua fruição de prazeres aqui neste mundo, esquecendo-se da verdadeira eternidade e do sobrenatural”. (8)

Voo da Águia

Eis o grande problema desta concepção de vida, no cerne do pedido feito a Jesus na narração de São Lucas.

Sapo – Butterfly Conservatory – Niagara, Canadá

E qual a diferença entre os que estavam no limbo face àqueles que estão na terra e almejam tal felicidade “limbática”? Os primeiros não se contentavam em terem certa felicidade natural, almejando a felicidade incomparável das alegrias eternas e da visão de Deus face à face; enquanto os outros – na expressão de São Luis Maria Grignion de Montfort – “são mais apegados à terra que os sapos” (9) e satisfazem-se com o mero gozo da vida, sem Deus. Eis aqui a “visão águia” que se difere da “visão dos sapos” em relação à vida. Ou se quisermos: a visão rasteira da grama e a visão altiva e voltada para o céu, do carvalho.

Peçamos para que Nossa Senhora nos livre da mediocridade e da ganância; abrindo nossos corações para o que canta – no 18º Domingo do Tempo Comum – a Liturgia das Horas nas antífonas apresentadas nas Laudes e Vésperas:

“Ajuntai vosso tesouro no céu, diz o Senhor, onde a traça e a ferrugem não estragam nem corroem” (Laudes).

“Irmãos, se quereis realmente ser ricos, amai as riquezas que são verdadeiras” (Vésperas). (10)

 Por Adilson Costa da Costa

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(1) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã, 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 13.

(2) Catecismo da Igreja Católica. Jesus Cristo desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos no terceiro dia: n. 631. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p, 180.

(3) Catecismo da Igreja Católica. Jesus Cristo desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos no terceiro dia: n. 633. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p, 181.

(4) Francisco Spirago. Catecismo Católico Popular: Primeira Parte. Trad. Arthur Bivar. 2ª ed. Portugal: Tipografia da Empresa Veritas, s/d, p. 152.

(5) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã, 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007, Questões 112 e 113, p. 28.

(6) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã, 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007,  Questão 111, p. 28.

(7) Francisco Spirago. Catecismo Católico Popular: Primeira Parte. Trad. Arthur Bivar. 2ª ed. Portugal: Tipografia da Empresa Veritas, s/d, p. 152.

(8) Mons. João S, Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012,  p. 256.

(9) São Luís Maria G. de Montfort. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. 42ª ed. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 84.

(10) Liturgia das Horas. Tempo Comum: 18ª – 34ª Semana. v. IV, Editora Vozes – Paulinas – Paulus – Editora Ave Maria, 1999, p. 45.

Para saber mais sobre o “limbo” acesse a exposição do Pe. Alex Brito, EP no link: http://www.arautos.org/tv/movie/show/*0e0WW020D5dN0py.

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Consagração a Jesus pelas mãos de Maria: nova turma em Astorga (PR)

Sagrado Coração de Jesus – Igreja de Santa Maria, Kitchener – Canadá

Astorga é uma cidade muito amada pelos Sagrados Corações de Jesus e Maria, pois nessa cidade, Nossa Senhora Aparecida é especialmente venerada em um Santuário a Ela dedicado e para o qual acorrem inúmeros peregrinos – inclusive os impossibilitados de viajar até Aparecida-SP. Ali Nossa Senhora os recebe e lhes concede as Graças de que tanto necessitam.

Essa cidade é especialmente muito amada de Maria por que ali há muitas pessoas dedicadas e zelosas pela Evangelização.

Os Arautos do Evangelho tem por Astorga um carinho especial: ali já foram realizadas muitas peregrinações, duas caravanas da Cavalaria de Maria e um Encontro Regional dos Oratórios, no ano passado.

Imagem de Nossa Senhora de Fátima

Em Astorga há também centenas de pessoas que fizeram a sua Consagração a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria, segundo o método de S. Luís Maria Grignion de Montfort, através do estudo do seu magnífico Tratado da Verdadeira Devoção, em várias turmas ali reunidas.

E como as graças de Nossa Mãe Santíssima nunca cessam e Ela sempre as derrama com abundância, nesta sexta feira (02/08), iniciaremos uma nova preparação à Consagração Solene! Serão 7 encontros às sextas feiras à noite – e a alegria dos Arautos é imensa, pois nessas ocasiões, muitas graças são distribuídas por nossa Mãe Santíssima: tanto aos que se preparam para a Consagração, como para os que a renovam anualmente.

Maiores informações podem ser obtidas na Secretaria da Matriz, ou através dos telefones 9986-7503 (Tereza) e 9982-3956 (Sandra).

“Astorga é de Maria; e Maria é de Astorga!”

Salve Maria!

Consagração em Astorga

Consagração em Astorga

Consagração em Astorga

 

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Devoção a Nossa Senhora – Comentários à Salve Rainha – (Parte VII)

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,

vida, doçura e esperança nossa, salve!

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.

A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa,

esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.

E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

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Volvei para nós esses vossos olhos misericordiosos”

O cuidado materno é uma das coisas mais maravilhosas que Deus colocou na natureza humana. As mães têm por seus filhos uma dedicação incansável; quase se diria uma dedicação incompreensível aos olhos de quem não entende todo o significado do amor materno. Têm elas por seus filhos cuidados extremos: uma mínima queixa durante a noite, por exemplo, faz com que a mãe imediatamente se levante e vá atender à necessidade de seu filho; pode ser uma simples indisposição, pode ser o começo de uma gripe, pode ser fome, não importa: lá está ela alerta, disposta, sem olhar para o seu próprio cansaço. São os olhos maternos que permanecem atentos, vigilantes, prontos a fazer qualquer sacrifício para atender o seu filho. E se não for uma ocasião de necessidade que obrigue os olhos maternos a velarem o seu filho durante a noite, pode ser também num simples passeio, ou de uma brincadeira num parque, por exemplo. O tempo todo a mãe vigia para que seu filho não caia, não se machuque; mas, se por acaso acontecer de cair, imediatamente a atenção de mãe cuidará para que seu filho se levante o quanto antes! Desvelo de mãe, cuidado materno!

Ora, este cuidado, esta atenção que os olhos maternos têm para com os seus filhos são apenas uma pequena demonstração, uma pré-figura do que são os olhos misericordiosos de nossa Mãe Santíssima, pois Ela está constantemente movendo o seu olhar e acompanhando detalhadamente a nossa vida.

As Bodas de Caná, um grande exemplo do olhar de Maria sobre seus filhos.

Fachada e interior da igreja erigida no local das Bodas de Caná

É muito conhecido o episódio narrado nos Evangelhos em que Jesus e Sua Mãe Santíssima foram convidados para um casamento, em Caná da Galiléia (Cf. Jo 2,1-11). Segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, nessa ocasião, por intercessão de Nossa Senhora, Nosso Senhor Jesus Cristo realizou o seu primeiro milagre na ordem da natureza.(1) A Rainha de misericórdia percebe que o vinho iria faltar, o que, de fato, iria gerar um extremo constrangimento para os jovens esposos.

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Comenta o Fundador dos Arautos, Monsenhor João Clá:
>Como sempre, despreocupada de Si, Maria Santíssima prestava atenção em tudo, desejosa de fazer o bem aos outros. Percebeu, então, talvez sem ninguém Lhe ter comunicado, a situação embaraçosa: acabara o vinho. Que vergonha para os anfitriões! Quão grande seria a decepção quando isto viesse a saber-se! Isto, porém, não aconteceu, pois, como diz São Bernardino de Siena, “o Coração de Maria não poderia ver uma necessidade, uma aflição” e, mesmo sem ser rogada, “Ela intervém, pedindo um milagre para tirar de embaraços esses humildes esposos”.

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É muito importante notar o quanto Maria está vigilante, pronta a atender às necessidades dos noivos, os quais, provavelmente nessa circunstância festiva, estavam completamente alheios ao imenso problema que teriam em breve: a falta de vinho. E Ela lhes ajuda, sem que eles saibam, ou melhor, sem que sequer tenham pedido.

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Assim também acontece conosco, que somos filhos de Maria: O Seu olhar misericordioso está o tempo todo acompanhando as nossas necessidades e, antes mesmo que peçamos, Ela está intercedendo por nós junto a Seu Filho Divino.

Santo Afonso de Ligório comenta em seu magistral Glórias de Maria:

Com grande afeto dirigia S. Gertrudes certa vez as sobreditas palavras à Virgem Santíssima: A nós volvei esses vossos olhos misericordiosos. Apareceu-lhe então a Senhora com o Menino Jesus nos braços e, mostrando-lhe os olhos de seu divino Filho, disse: São estes os olhos misericordiosos que posso inclinar, a fim de salvar todos a aqueles que me invocam.

Chorando uma vez um pecador diante de uma imagem de Maria, e pedindo-lhe que lhe alcançasse de Deus o perdão de seus pecados, viu a bem-aventurada Virgem voltar-se para o Menino que tinha nos braços e lhe dizer: Filho, perde-se-ão estas lágrimas? Reconheceu o infeliz que Jesus Cristo lhe concedera o perdão.(2)

Mas, se o olhar que Maria mantém constantemente sobre nós já é motivo de verdadeiro encantamento para seus filhos, que dizer, então, de seu olhar misericordioso? Ou seja, é um olhar não apenas atento e carinhoso, mas, principalmente, um olhar que reconhece, que entende a miséria de seus filhos e deles se compadece.
Com muita clareza explica Santo Afonso no que consiste essa misericórdia:

Predissera o Profeta Isaías que pela grande obra da redenção nos devia ser preparado um sólio de misericórdia. “E será estabelecido um sólio de misericórdia” (16,5). Mas qual é esse sólio? É Maria, na qual acham confortos de misericórdia, não só os justos, mas também os pecadores, responde Conrado de Saxônia. Assim como o Salvador é cheio de piedade, também o é Nossa Senhora; à semelhança do Filho, a Mãe nada pode recusar a quem a chama em seu socorro”.(3)

Portanto, assim como Maria não tira por um momento sequer o seu misericordioso olhar sobre nós, sobre nossos problemas, sobre nossas necessidades, assim também nós devemos pedir a imensa graça de não desviar – nem sequer por um instante – o nosso próprio olhar da misericórdia de nossa Mãe. Devemos confiar sempre e cada vez mais que esse olhar há de nos valer em todas as nossas necessidades, “agora e na hora de nossa morte”. Amém.

Por Prof. João Celso

1)São Luís Maria Grignion de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 38ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2009. P. 28.
2)Santo Afonso de Ligório. Glórias de Maria. 3ª. Ed. Aparecida: Ed. Santuário, 1989. P. 179
3)Ibidem, p. 178

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Devoção a Nossa Senhora – Comentários à Salve Rainha – (Parte V)

 Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,

vida, doçura e esperança nossa, salve!

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.

A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.

E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas

A incomparável bondade de Deus presenteou o mundo e os homens que nele habitam com uma quantidade enorme de belos e encantadores vales.

O Grand Canyon, Colorado, EUA

Esses acidentes geográficos podem variar enormemente de extensão, comportando apenas alguns quilômetros, como também milhares de quilômetros quadrados de área. Geralmente se constituem em uma área de baixa altitude, na qual corre um rio, cercado de montanhas. Podem ser vales desertos e quase sem vegetação, como o Grand Canyon, localizado nos Estados

Castelo de Neuschwanstein, Alemanha

Unidos e descoberto por espanhóis no século XVI. Este vale, imenso, chega a ter profundidades de 1.600 metros! Podem ser também imensos vales verdejantes, cercados por montanhas cobertas por neve, ou por abundantes florestas verdes, nas quais, com elegância, pode um imponente castelo ocupar lugar de destaque na paisagem, como por exemplo o Castelo de Neuschwanstein, que por sua graça e beleza é o edifício mais fotografado na Alemanha.

Na França existe um vale muitíssimo famoso, o Vale do Loire, também conhecido como Jardim da França. Toda a paisagem do rio Loire é coberta por castelos magníficos, que demonstram como a genialidade humana, quando corresponde aos estímulos do Evangelho, pode emoldurar ainda mais a já privilegiada natureza da região. A esses castelos acorrem visitantes do mundo inteiro, em todas as épocas do ano, para contemplar a sua grandiosidade e beleza únicas. Seus castelos mais famosos são os de Chambord e Chenonceau, além de outras dezenas, igualmente visitados e referenciados.

Castelo de Chenonceau, Vale do Loire, França

 

Castelo de Chambord
Vale do Loire, França

Neste nosso Brasil, abençoado por Deus com uma natureza rica e variada, temos também os nossos verdes e exuberantes vales, cujos rios caudalosos fazem os rios da Europa parecerem pequenos riachos. São também de uma beleza extraordinária e proporcionam àqueles que os visitam uma sensação de bem estar, como que uma antessala do que seria o Paraíso terrestre, do qual, em consequência do pecado, foram expulsos nossos primeiros pais.

Em outras palavras, a admiração a esses vales nos remete à grandeza de Deus e nos fazem imaginar como será o Céu, que Ele tem preparado para nós desde toda a eternidade. Enfim, seja para um descanso de férias, seja numa viagem a trabalho, quantos de nós não gostariam de visitar, conhecer e – quem sabe! até morar em um desses vales. De fato, não seria pequena a satisfação de constantemente contemplar a natureza intocada, ou a natureza redesenhada pelo homem, cuja contemplação nos remete a nosso fim último.

No entanto, ainda como consequência do pecado de nossos primeiros pais, nós somos constrangidos a morar e a conviver uns com os outros em outro vale: O vale de lágrimas. Com efeito, a oração da Salve Rainha, nos convida a recorrermos a Nossa Senhora, “suspirando, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. Esta frase nos indica que não podemos ter felicidade plena, completa, nesta terra. Sempre estaremos cercados de problemas, ou doenças, ou provações, algum tipo de infelicidades, as quais nos fazem suspirar, gemer e chorar. E esse nosso lamento só pode ser aliviado com a presença de Deus em nossas vidas. Por que Deus permite que isso seja assim? Comenta o Monsenhor João Clá, EP, fundador dos Arautos:

Assim como o carvão, para se transformar em diamante, precisa ser submetido às altíssimas temperaturas e pressões encontradas nas entranhas da Terra, nossas almas necessitam do sofrimento, neste vale de lágrimas, para merecermos a glória celeste. E para bem suportarmos os padecimentos que nos esperam, façamos, por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, o pedido contido no salmo: ‘Sobre nós venha, Senhor, vossa graça, pois em Vós esperamos’ (Sl 32, 22)”(1).

Portanto, sempre que tivermos sofrimentos a enfrentar – e sempre os teremos, somos convidados a recorrer a Nossa Senhora, que poderá nos amparar com as suas graças. Nesse sentido, ensina-nos Santo Afonso de Ligório:

Que o recorrer, pois, à intercessão de Maria Santíssima seja coisa utilíssima e santa, só podem duvidar os que são faltos de fé. O que, porém, temos em vista provar é que esta intercessão é também necessária à nossa salvação. Necessária, sim, não absoluta, mas moralmente falando, como deve ser. A origem desta necessidade está na própria vontade de Deus, o qual pelas mãos de Maria quer que passem todas as graças que nos dispensa.”(2)

Exatamente no mesmo sentido, complementa S. Luís Maria Grignion de Montfort:

Deus Espírito Santo comunicou a Maria, sua fiel esposa, seus dons inefáveis, escolhendo-a para dispensadora de tudo que ele possui. Deste modo ela distribui seus dons e suas graças a quem quer, e dom nenhum é concedido aos homens, que não passe por suas mãos virginais. Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria e assim será enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo, aquela que, em toda a vida, quis ser pobre, humilde e escondida até ao nada”(3)

Temos em nossas vidas momentos de calmaria, mas temos também momentos de tempestade. O mais importante é estarmos sempre agarrados à mão de nossa Protetora, Aquela que nos ajuda a atravessar o vale de lágrimas e chegar ao outro lado. Que a nossa confiança cresça a cada dia, e não deixemos jamais de recorrer ao auxílio de nossa Mãe Santíssima!

Por Prof. João Celso

Na próxima parte:

Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei

1) Monsenhor João Clá Dias. Há vida sem sofrimento? Revista Arautos do Evangelho, Outubro/2012, p. 10 a 17.
2)Santo Afonso Maria de Ligório. Glórias de Maria. 3ª. ed. Aparecida: SP, Editora Santuário, 1989. p. 132
3)São Luis Maria G. de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 38ª. Ed. Petrópolis: RJ, Vozes, 2009. P. 31
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