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Um Domingo de dupla alegria: na Liturgia e na vida dos novos consagrados!

No III Domingo do Advento, chamado Domingo Gaudete, “a Liturgia Católica oferece ao fiel uma pausa jubilosa em meio à penitência de Advento”[1]. “Gaudete, primeira palavra da antífona de entrada da Missa do dia, significa ‘alegrai-vos’, é extraída da epístola de São Paulo aos filipenses: ‘Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito: alegrai-vos’. Com efeito, a esperança no nascimento de Jesus deve ser acompanhada de sinceros desejos de mudança de vida. Estas moções interiores precisam, no entanto, de um estímulo”.[2]Esse estímulo aos fieis se manifesta de maneira viva pela alegria da Liturgia desse Domingo. Read More

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A parábola do banquete de casamento

Foi a Igreja ao longo dos séculos convidando sucessivamente todos os povos
para o divino banquete.
“Pregação de São Pedro”
Catedral de Manresa – Espanha

Com a vinda de Jesus Cristo à terra, abriram-se as portas do Céu, eis que todos os homens são convidados a gozarem da eterna felicidade. Para que este convite se efetive por todo o mundo, o divino Salvador deu ordem aos Apóstolos: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi” (Mt 28, 1-14). Este convite para Paraíso Celeste feito por Nosso Senhor é expresso, de modo especial, na parábola do banquete de casamento.

No entanto, para participarmos deste banquete, se faz necessário um traje de festa. Qual é este traje de festa?

Com efeito, segundo São Mateus (Mt 22, 1-14),  Jesus contou a parábola do banquete de casamento do filho do rei, imagem do Reino dos Céus, símbolo da salvação. Para este banquete régio, o rei mandou seus empregados chamar os convidados. Estes recusaram, reagindo uns com indiferença, outros com ódio, a ponto de baterem e matarem os enviados.

Segundo São Gregório Magno, o rei é o próprio “Deus Pai, [que] realizou as núpcias de seu Filho quando O uniu à natureza humana no seio da Virgem, quando quis que Aquele, que era Deus antes do tempo, Se fizesse Homem no tempo” ¹.

Os emissários do rei que foram mortos
representavam os mártires de todos os tempos
“Martírio de Santo Estêvão”
Catedral de Dijon (França)

Já os empregados do rei, segundo a tradição, eram os Profetas e São João Batista, o Precursor. Junto a estes, ao longo da história, outros empregados foram os enviados para chamar os convidados, como Santo Estevão e os mártires. A recusa foi tal, que Jesus, ao contar a parábola, bem sabia que Ele próprio, o Filho do Rei, seria morto e crucificado.

Em face de indigna atitude dos convidados, o que fez o rei da parábola? Mandou chamar todos os que encontrassem pelo caminho, maus e bons. E eis que a festa ficou cheia de convidados.

Todos, enfim, participaram da festa do rei e alegraram-se com o banquete preparado? Entre os convidados, um não pode gozar da esplêndida festa. O que aconteceu?

Narra São Mateus (Mt, 22, 11-12a): “Quando o rei entrou para ver os convidados, observou aí um homem que não estava usando traje de festa e perguntou-lhe: ´Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?`. Diante do silêncio do comensal sem o traje apropriado, à pergunta do rei, este mandou o convidado para as “trevas exteriores”.

Qual era este traje de festa, condição para que o convidado permanecesse e gozasse do banquete régio?

Assim nos traz a explicação, o Fundador dos Arautos do Evangelho, Mons. João Clá Dias: Ora, o que significa este ‘traje de festa’? A interpretação dos exegetas e teólogos coincide em identificá-lo com o estado de graça, no qual deve estar a alma para entrar no Reino dos Céus” ². [grifos nossos]

E continua: “Segundo Santo Hilário, ele representa ´a graça do Espírito Santo e o candor do hábito celestial que, uma vez recebido pela confissão da Fé, deve ser conservado limpo e íntegro até a entrada no Reino dos Céus`”.

Finalizando com São Jerônimo, escreve Mons. João Clá: “E para São Jerônimo simboliza ´os preceitos do Senhor e as obras praticadas conforme a Lei do Evangelho, que confeccionam a vestimenta do homem novo. Se alguém, no dia do Juízo, ali se encontrar com o nome de cristão, mas não tem a vestimenta das bodas, isto é, o traje do homem celestial, e sim aquele manchado, quer dizer, os farrapos do homem velho, no mesmo instante será agarrado e se lhe dirá: ‘Amigo, como entraste aqui`”³.

Em síntese, o traje da festa representa o estado de graça. Se quisermos participar do banquete que o Rei e Senhor tem para nós no Céu, tenhamos esta vestimenta, que é a amizade com Deus, traduzida nesta vida na prática dos ensinamentos de Jesus e de seus Mandamentos. Eis o tesouro por excelência de nossa existência.

Para isto, rezemos com Santo Agostinho: “Ajuda-nos, Senhor, a deixar-nos de desculpas más e vãs e a comparecer a esse banquete… Que a soberba não seja impedimento para irmos ao festim, que não nos emproemos em jactância, nem uma má curiosidade nos apegue à terra, distanciando-nos de Deus, nem a sensualidade estorve as delícias do coração” 4.

Em outras palavras, que nem o orgulho, nem a sensualidade, nem o pecado nos afaste de Jesus, Senhor Nosso, mas antes, a Ele estejamos unidos radicalmente, na graça de Deus, agora e por toda a eternidade.

Que a Virgem fiel, Mãe da Divina Graça, assim nos ajude.

Por Adilson Costa da Costa

____________________________

¹ São Gregório Magno. Homiliae in Evangelia. L. II, hom. 18, n.3. In: ____.  Obras. Madrid: BAC, 1958, p. 749-750.

² Mons. João S. Clá Dias, EP. Um convite feito para todos. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. II, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 393.

³ Idem, p. 393.

4 Santo Agostinho, Sermão 112.

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Frase da Semana – São Zacarias e Santa Isabel

“Ambos eram justos diante de Deus e observavam irrepreensivelmente todos os mandamentos e preceitos do Senhor.”

Lucas 1,6

Com essas palavras, extremamente elogiosas, narra o Evangelho de São Lucas, logo no seu início, a exata situação em que viviam São Zacarias e Santa Isabel, cuja festa litúrgica a Igreja celebra em 5 de Novembro.

Eram justos “diante de Deus” e observavam “irrepreensivelmente” todos os Seus mandamentos. Ou seja, viviam inteiramente para Deus: eram santos!

Tão santos que puderam receber de Deus a imensa graça de serem – apesar de avançada idade, os progenitores de São João Batista, o Precursor do Messias, de quem o próprio Jesus afirmou não haver, entre os nascidos de mulher, outro maior que ele.

Viviam santamente os esposos São Zacarias e Santa Isabel; mas nem por isso foram isentos de preocupações e sofrimentos. O próprio São Zacarias passou pelo sofrimento de ficar mudo, até que se cumprisse o que o Anjo Gabriel lhe havia anunciado.

O que dizer, por outro lado, da santidade de Santa Isabel?

São Zacarias

Ao cumprimentar sua prima Maria, quando a recebeu em sua casa, pronunciou Santa Isabel as célebres palavras: “bendita és tu entre as mulheres, bendito é o fruto do teu ventre”; estas palavras, desde aquele momento e por toda a eternidade, ressoarão nas vozes de todos quantos saudarem Nossa Senhora, rezando a oração da Ave-Maria. Naquele instante, pela intercessão de Nossa Senhora, conforme comenta São Luís Maria Grignion de Montfort, foi operado o primeiro milagre de Jesus na ordem da Graça: a santificação de São João Batista.

Por sua vez, na meditação do Primeiro Sábado, na Catedral da Sé em São Paulo, no dia 1º. de Janeiro de 2005, comentou o Monsenhor João Clá Dias:

“Maria Santíssima chegando à casa de Santa Isabel saudou-a e qual foi o efeito produzido? Foi a santificação da criança que estava sendo gestada. São João Batista saltou no ventre materno. E não há somente isso; pelas palavras de Maria, Santa Isabel que era sua prima, no momento do cumprimento, logo que o timbre de sua voz penetrou em seus ouvidos, nesse momento o Espírito Santo tomou-a. O Divino Espírito Santo poderia perfeitamente tomar Santa Isabel sem o concurso de Nossa Senhora, Ele poderia santificar São João Batista sem a intervenção de Maria. Mas acontece que a simples presença d´Ela por ser Santíssima, como que ¨força¨ o Espírito Santo a agir”. (1)

Foi também graças à saudação de Santa Isabel – inspirada pelo Espírito Santo, que podemos contemplar a belíssima oração do Magnificat, recitada pela Santíssima Virgem, em agradecimento a Deus.

Enfim, são tantas as glórias desse Santo Casal, homenageados pela Frase da Semana, que este espaço não é suficiente para mencioná-las. Peçamos a São Zacarias e a Santa Isabel que intercedam junto a Deus para que os casais de hoje também tenham o desejo e a força para viverem santamente, cumprimento integralmente os mandamentos de Deus e tudo o que Ele espera e propõe, por meio da Santa Igreja.

Salve Maria!


(1) Monsenhor João Clá Dias. Meditação para o Primeiro Sábado: Visitação de Maria a sua prima Santa Isabel. Disponível em: http://www.arautos.org/especial/10310/A-visitacao-de-Nossa-Senhora-a-sua-prima-Santa-Isabel.html

 

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Frase da Semana

Houve um homem enviado por Deus, que se chamava João. Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.

Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.

(João 1,6)

São João Batista – Pórtico da Catedral de Notre Dame
Paris, França

A Frase da Semana homenageia o grande São João Batista, o Precursor do Messias, a “voz que clama no deserto” (Jo 1,23), digno de receber um inigualável elogio de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Pois vos digo: entre os nascidos de mulher não há maior que João” (Lc 7,28).

         A Igreja, para exaltar a grandeza de João Batista, comemora-o em duas datas: no seu  nascimento para a vida terrena (24 de Junho) e no seu nascimento para a vida eterna (29 de Agosto). Um grande Profeta, que representa a transição do Antigo para o Novo Testamento; veio anunciar o Messias. Por sua austeridade de vida e de pregação, foi confundido com o próprio Cristo; quando, porém, indagado, declarou, sem hesitar: “Eu não sou o Cristo” (Jo 1,20). E para deixar claro, indubitável o seu entusiasmo por Aquele que o havia santificado ainda no seio de sua mãe, Santa Isabel, declarou: “Esse [Cristo] é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado” (Jo 1,27).

         “Por causa de suas pregações, São João foi logo tido como profeta. Aquela categoria de homens especialmente escolhidos pela Providência que, falando por inspiração divina, prenunciam os acontecimentos, ouvem e interpretam os passos do Criador na história, orientando o caminhar do povo de Deus.

         Os outros profetas foram um prenúncio do Batista. Só ele pôde apresentar o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo em pessoa como sendo o messias prometido, o salvador e redentor da humanidade.” (1)

      Enfim, um santo muito venerado no Brasil, mas, cuja invocação nos traz também um caminho de penitência e de conversão.

           São João Batista, rogai por nós!


(1) Arautos do Evangelho. Natividade de São João Batista. Disponível em: http://www.arautos.org/especial/17046/natividade-de-sao-joao-batista.html
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