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“Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos” (Sl 132, 1)

São João Bosco com os adolescentes

Esta frase do Salmista bem expressa a imagem aqui reproduzida.

Sim, contemplai as fisionomias destes jovens que estão apinhados em torno de São João Bosco. Vede o júbilo, o afeto, o respeito mútuo existente entre o Santo da alegria – outro não era senão seu ensinamento: “santidade é alegria” – e estes jovens. Realmente, como é bom e alegre que os irmãos unidos vivam juntos!

Mas esta realidade – poderia indagar o leitor – somente é possível entre os que moram juntos, numa congregação religiosa?

Para compreendermos bem o quanto isto é possível e realizável na sociedade, seja no relacionamento familiar, social e até profissional, bastará lançar os olhos naquele que é a fonte do verdadeiro amor, da benquerença e do bom trato: Nosso Senhor Jesus Cristo.

É pela presença do Divino Salvador entre os homens que se estabelece a verdadeira amizade. Quando esta presença divina não se faz, entra o orgulho, o desprezo, a inveja, em uma palavra, o egoísmo.

Conta-nos o historiador que os pagãos, nos primórdios do Cristianismo, comentavam admirados a propósito dos primeiros cristãos: “Como eles se amam!”. Sim, estes “imitadores da verdadeira caridade” – na expressão de São Policarpo ¹ – fundavam seu amor ao próximo no amor a Cristo Jesus.

Que os nossos contemporâneos também possam dizer o mesmo de nós, católicos. E dia chegará que a vida, tão marcada de egoísmos e tristezas, será substituída pelas alegrias da verdadeira união fraterna que pressagiam as do Céu, conforme a própria Mãe dos homens assim profetizou em Fátima.

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¹ São Policarpo. In Daniel Rops. A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires. Tradução de Emérico da Gama. São Paulo: Quadrante, 1988, p. 190.

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A harmonia entre as coisas de Deus e as coisas da Terra

Numerosas foram as ciladas dos fariseus para apanhar a Jesus. Entre estas, uma especialmente ardilosa consistiu em perguntar ao Divino Mestre: “Dize-nos, pois, o que pensas: É lícito ou não pagar imposto a César?” (MT 22, 17).

Qual a armadilha contida nesta questão e os ensinamentos na resposta de Jesus à nossa vida moral e para a sociedade?

Com efeito, estavam os judeus sob a dominação romana e, em consequência, obrigados a pagar o tributo a César. Entre eles havia dois inimigos “irreconciliáveis”: os fariseus, que queriam acabar com sua subordinação aos romanos e alcançar a supremacia de Israel, e o partido dos herodianos, que apoiavam a Herodes e sua família, cujo poder recebera dos próprios romanos. No entanto, apesar de adversários, fariseus e herodianos se uniram para conspirar e armar uma cilada contra Jesus.

No que consistia a cilada maldosa dos fariseus e herodianos contra o Senhor?

Assim explica o Fundador dos Arautos, Mons. João Clá Dias:

“Se Jesus optasse pela obrigação moral de pagar o imposto exigido pelos romanos, prontas já estavam as tubas dos adversários para sublevar os israelitas contra Ele, pois não era admissível um Messias que Se manifestasse a favor da submissão ao estrangeiro gentio. De outro lado, se Jesus negasse a liceidade do tributo, seria denunciado às autoridades romanas, que por certo o condenariam à morte.” ¹

Neste caso, ali estavam os herodianos, “como adeptos do governo de Roma, seriam acusadores e testemunhas”², contra Jesus.

Qual o ensinamento de Jesus, quanto à relação entre a esfera temporal e a espiritual?

Para além de neutralizar a artimanha dos fariseus e herodianos, Jesus nos traz um grande ensinamento para a sociedade.

Conforme diz Mons. João Clá Dias: “As coisas de Deus e as coisas da Terra não devem ser antagônicas. Pelo contrário, entre elas deve haver colaboração. Na harmonia entre ambas as esferas, a temporal e a espiritual, está o segredo do progresso. E a História nos mostra que nada pode haver de mais excelente do que seguir o conselho de Nosso Senhor: ´Buscai antes o Reino de Deus e sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo`(Lc 12, 31)”.

E, após apontar para o segredo do progresso, Mons. João Clá aplica o ensinamento de Jesus, ao homem:

“Pode-se dizer que há uma espécie de convívio entre as duas esferas dentro do homem, uma vez que temos para conosco deveres referentes à nossa vida espiritual e às necessidades de nosso corpo. A tal respeito, comenta Orígenes: ´Também podemos entender essa passagem no sentido moral, porque devemos dar ao corpo algumas coisas, como o tributo a César, isto é, o necessário; mas tudo o que corresponde à natureza das almas, isto é, o que se refere à virtude, devemos oferecer ao Senhor. Os que ensinam a Lei de modo exagerado e ordenam que não cuidemos em absoluto das coisas devidas ao corpo […] são fariseus, que proíbem pagar o tributo a César; e os que dizem que devemos conceder ao corpo mais do que devemos, são herodianos. Nosso Salvador quer que a virtude não seja desprezada, quando prestamos demasiada atenção ao corpo; nem que seja a natureza oprimida, quando nos dedicamos com excesso à prática da virtude`” ³.

E por fim conclui: “[…] seguindo o conselho de Santo Agostinho: se nos preocupamos com as moedas nas quais está gravada a efígie de César, muito mais devemos nos preocupar coma nossas almas, nas quais Deus gravou sua própria imagem. Se a perda de um bem terreno nos entristece, muito mais nos deve contristar o causar dano à nossa alma pelo pecado”. 4

Peçamos a Nossa Senhora, que soube buscar em primeiro lugar as coisas de Deus e a Sua justiça, gozando assim da plena harmonia entre a virtude e a natureza, que nos alcance de Deus o verdadeiro progresso para a sociedade e a santidade para cada um de nós.

Por Adilson Costa da Costa

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¹ Mons. João S. Clá Dias, EP. Dar a César, ou dar a Deus? In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. II, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 403.

² Louis-Claude Fillion. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. Pasión, Muerte e Resurrección. Madrid: Rialp, 2000, v. III, p. 38-39.

³ Mons. João S. Clá Dias, EP, p. 406. Idem – http://pejoaocladiassermoes.blogspot.com.br/ – Acesso em 18 out 2014.

4 Mons. João S. Clá Dias, EP, p. 407.

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Os “milagres” dos apóstolos de nossos dias!

As diversas reflexões da Liturgia no Tempo Comum nos remetem aos grandes milagres operados por Nosso Senhor Jesus Cristo durante a Sua existência terrena: curando doentes, expulsando demônios, ressuscitando mortos, enfim, realizando uma quantidade enorme de feitos extraordinários, buscava o Divino Mestre provar os propósitos de Sua vinda e confirmar na Fé os seus débeis seguidores.

Jesus [também] conferiu aos Apóstolos o poder de expulsar os espíritos imundos e o dom de curar os enfermos, para que os homens daquela época dessem crédito à mensagem do Evangelho.

E em nossos dias, qual é a prova da autenticidade da Boa Nova que os evangelizadores devem apresentar ao mundo moderno?

O “milagre” que os autênticos evangelizadores devem fazer é o de anunciar a Jesus Cristo mediante o testemunho de uma vida santa: praticando a virtude, aspirando à santidade e desprezando as solicitações e os ilusórios encantos do mundo. Este, sim, é o milagre capaz de transformar as famílias e a sociedade. (1)

Tendo em vista, principalmente, os feriados de Carnaval, durante os quais o paganismo de nossos dias é exposto com uma rudeza que chega a chocar, eis aí uma boa reflexão que a Frase da Semana propõe a seus leitores. Vamos pedir a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil que interceda para que tenhamos muitos “milagres” de autêntica fidelidade a Jesus Cristo.

Salve Maria!

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(1) Arautos do Evangelho. Boletim Informativo Maria Rainha dos Corações. Julho/Agosto de 2010, n. 48 (Editorial).

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Como ganhar a vida?

    Está em nossa natureza o desejo da felicidade. Sempre estamos, explicita ou implicitamente, buscando-a de alguma forma. Basta ser humano para se querer este ideal. E, certamente, quem a encontrou pode dizer que fez o grande negócio de sua vida, ou então, que ganhou a vida.

         Ora, mas quando é que se ganha a vida?

         Muitos dirão: Ah! Tendo muito dinheiro!

    Mas se pararmos para analisar aqueles que tiveram ou têm excelente situação econômica, poderíamos nos perguntar: todos eles foram ou são felizes? Muitos de nós, talvez, poderemos responder pela experiência da vida: não! Seja por casos de doença (como dizem: dinheiro não compra saúde), por problemas de relacionamento, seja o que for, o dinheiro não traz o que a vida não proporcionou, não se terá assim a felicidade completa.

         Alguém ainda poderia dizer: a felicidade está no prestígio, em ser aplaudido e ser bem visto. No entanto, quantos foram aqueles que num momento eram elogiados e ovacionados e, com o passar do tempo, foram desprezados ou esquecidos. Há casos também de pessoas muito aplaudidas pela sociedade, mas que por algum problema pessoal carregam grandes amarguras, muito bem dissimuladas perante o público, mas que algumas vezes acabam vindo à luz em desfechos trágicos.

         Bem, mas alguém também poderá dizer: pelo menos alcançam felicidade aqueles que têm os prazeres da vida. Aqui talvez seja mais evidente o desmentido da realidade. Vivenciamos um período histórico no qual uma “famosa” doença atinge a um número crescente de pessoas das mais variadas idades, entre essas, muitas emblemáticas e gozadoras da vida, que após seus momentos de euforia, na intimidade, têm como indesejável companheira a depressão.

         Mas então, como encontrar a felicidade?

Los Jerónimos- Lisboa, Portugal

Busquemos na sabedoria da Igreja, “tão antiga e tão nova” – adaptando os dizeres de Santo Agostinho – as luzes do Evangelho que possam iluminar as vias que nos conduzirão a uma felicidade especial, incomparável, que “nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam” (Mt 6, 20).

         Uma leitura cuidadosa do Evangelho de São Lucas mostrará um trecho luminoso a este respeito. Eis que, na contramão da avareza, das honras e prazeres mundanos, deparamo-nos com os Versículos 23-24, contemplados no XII Domingo do Tempo Comum, em que Nosso Senhor diz:

         “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me” (Lc 9, 23). Seguí-Lo para onde? Onde está Jesus? Ele se encontra agora “sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso” (1), em seu trono de glória, gozando da maior e mais perfeita felicidade, tão grande que não podemos concebê-la: a felicidade eterna! E continua:

         “Pois quem quiser ganhar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará” (Lc 9, 24).

         Portanto, atendamos ao convite de Nosso Senhor. Comentava estas divinas palavras, Mons. João Clá Dias: “[…] podemos ressaltar que, ‘ganhar a vida’ significa também ter uma existência pautada pelos Mandamentos, visando como objetivo a santidade. Em nossa época, na qual os homens pagam qualquer tributo para trilhar uma carreira brilhante e construir um nome de prestígio, lucraria muito quem meditasse nessa passagem […]” (2).

Virgen de la Asuncón – Catedral de Asunción,  Paraguay

Então caro leitor, se nós queremos “ganhar a vida” e, veja bem, nos dois sentidos da expressão, ou seja, alcançarmos a felicidade possível nesta terra e a eterna no Céu, sigamos o maravilhoso conselho, que vem acompanhado de uma promessa infalível, não feita por qualquer homem, mas pelo próprio Homem-Deus:

“Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentada” (Mt. 6, 33).

E assim teremos ganho, como Ele, a vida. Roguemos à Nossa Senhora a graça de seguirmos a Nosso Senhor,  nas vias da santidade, dos Mandamentos, alcançando a verdadeira felicidade.

Adilson Costa da Costa

(1) Catecismo da Igreja Católica. Artigo 6. 11ª ed. São Paulo: Loyola, 1999, p. 189.

(2) Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 173-174.

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