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XVI Domingo Tempo Comum

Resumo dos Comentários de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, no Inédito Sobre os Evangelhos.

O amor imperfeito de Maria e a preocupação naturalista de Marta.

Como deveria ter agido Santa Marta? Ela era a responsável pela casa e cabia-lhe tomar as providências para o bom atendimento de Nosso Senhor. Porém, sem perceber essa louvável aspiração se foi tornando uma preocupação naturalista, acompanhada pelo desejo de fazer bela figura diante d’Ele e dos demais. Se executasse todas as tarefas pondo em Jesus a atenção principal, ficaria ela também com a melhor parte, os frutos de seu trabalho teriam outra beleza e outra substância.

De outro lado o Divino Mestre diz que Maria escolheu a melhor parte, mas não afirma ter ela agido por um amor perfeito. Nosso Senhor é cioso da obediência devida às autoridades intermediárias e, portanto, deveria Maria ter se submetido às determinações de sua irmã mais velha, cumprir as obrigações sem perder o enlevo, mantendo todo seu coração no Senhor. “Não imagines” – Adverte o Doutor Seráfico – “que teu amor à quietude te autorize a subtrair-te, mesmo em coisas mínimas, aos exercícios da santa obediência ou das regras estabelecidas pelos anciãos”. Portanto, Maria não atuou de forma exímia, na medida em que menosprezou a parte menos perfeita, esquivando-se de assumir as incumbências necessárias para o bom atendimento a Nosso Senhor.

Há neste Evangelho uma lição para as almas “Marta” e também para as almas “Maria”. Às primeiras, ensina Jesus que uma só coisa é necessária: o amor a Deus, pois apenas a caridade ultrapassa o umbral da eternidade, e todo o resto é secundário. Não devemos nos ocupar dos afazeres cotidianos sem ter o coração voltado para o que há de mais elevado. E às segundas, mostra que não podem desprezar a parte menos perfeita, ignorando as providências necessárias para a boa ordenação da vida. Na ação ou na contemplação, trata-se de manter a alma serena, pervadida de devoção e inteiramente voltada para o sobrenatural.

Nesta Terra, a nossa vida deve estar marcada pela preocupação primordial de cuidar das coisas eternas. Atendendo ao convite que nos é feito neste Evangelho, façamos os esforços necessários para elevar ao Céu as nossas vistas deformadas pelo espírito naturalista, porque, no umbral da eternidade, as coisas concretas nos serão tiradas. Nossa fé se transformará em visão de Deus, face a face; nossa esperança, em posse definitiva do Sumo Bem; e a caridade atingirá sua plenitude.

Hoje somos mais afortunados do que Marta. Ela O recebera em sua morada; porém, nós O recebemos em nossos corações na Santa Eucaristia. Ao invés de nos afanarmos em preparar-Lhe uma refeição, Ele nos alimenta com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Situação, portanto, muito mais feliz e celestial do que a família de Betânia que tantas vezes hospedou Nosso Senhor. Assim agradeçamos a Marta pelo seu elo e a Maria pelo exemplo do amor a Deus, mas sobretudo, damos graças a Nosso Senhor por tudo o que Ele faz, a cada instante, a cada um de nós.

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