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Devoção a Nossa Senhora – Comentários à Salve Rainha – (Parte III)

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,

vida, doçura e esperança nossa, salve!

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.

E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Vida, doçura e esperança nossa, salve!”

Implorando à Nossa Mãe Santíssima que nos conceda graças especiais, vamos avançando na meditação desta magnífica oração da Salve, Rainha, objetivando que ela seja rezada com devoção cada vez maior e que constitua para cada um em particular um doce hino de louvor prestado à Rainha do Céu e da Terra.

Nas invocações desta segunda frase, a Igreja nos convida, em primeiro lugar, a chamarmos nossa Rainha de vida. Sendo assim, consideremos o significado desta invocação. Quando começa, de fato, a nossa “vida”? Em termos naturais, pode-se afirmar que a vida começa no momento da concepção, embora correntes não-católicas queiram considerar que a vida se inicia apenas em certas etapas do desenvolvimento do embrião ou feto, ou mesmo, apenas no momento efetivo do nascimento da criança. Com efeito, conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica, “a vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção”(1)

Porém, muito mais importante que o começo de nossa vida natural, física, é o início da nossa verdadeira vida (no sentido mais pleno da palavra, sob o ponto de vista católico), que começa no momento de nosso Batismo, o qual para nós “é a fonte da vida nova em Cristo, fonte esta da qual brota toda a vida cristã”(2). Se compreendermos, portanto, que a verdadeira vida vem da graça de Deus, e que Maria Santíssima é a Mãe da Divina Graça, fica fácil compreender por que a Igreja nos recomenda chamá-la, nesta oração, de vida. Muito claramente trata Santo Afonso de Ligório a respeito deste ponto:

“Para a exata compreensão da razão por que a Santa Igreja nos ordena que chamemos a Maria nossa vida, é necessário saber que, assim como a alma dá vida ao corpo, assim também a graça divina dá vida à alma. Uma alma sem a graça divina só tem nome de viva, mas na realidade está morta (…) Obtendo Maria por meio de sua intercessão a graça aos pecadores, deste modo lhes dá vida”.(3)

Ou seja, uma pessoa que esteja privada da graça da Deus, não tem em si a vida verdadeira; tem apenas uma aparência de vida. Portanto, se tivermos a infelicidade de pecar ofendendo a Deus gravemente, perdendo a vida da graça em nós, rapidamente procuremos o Seu perdão, para recobrar a vida plena. Como nos ensinam os santos, procuremos Maria, para que Ela nos obtenha de volta a nossa vida, que é Jesus Cristo!

Além de nos obter de volta a nossa vida quando pecamos, Maria Santíssima também nos obtém a graça da perseverança: mantém acesa em nós a chama da vida da graça.

Maria Santíssima é também nossa doçura.

No Tratado da Verdadeira Devoção, S. Luís comenta que “nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade que há em nós” (4), portanto ao fazermos um sério e rigoroso exame de consciência, ao analisarmos detidamente como tem sido nossa vida até hoje, reconhecemo-nos inteiramente necessitados do perdão e da misericórdia de Deus. Por vezes, pode assaltar-nos um sentimento de temor diante de nossas misérias e pecados. Qual será nosso destino eterno se não nos convertermos verdadeiramente? A vista da sentença do juiz e do grave “apartai-vos de mim” (cf. Lc 13,27) pode – e deve – fazer-nos tremer de pavor.

Mas, qual não deve ser o nosso consolo, a nossa confiança, ao pensarmos na doçura de nossa Mãe Santíssima, que intercede por nós junto ao Juiz, que é seu próprio Filho? Como auxílio de Maria, nada devemos temer, pois é Ela “perfeitamente afável, doce, misericordiosa e condescendente para que aqueles que A invocam. A esta Mãe clementíssima devemos o fato de haver suavidade em nossa vida. Ela nos obtém a graça divina e, portanto, forças para a prática da virtude. Ora, a virtude é o que há de doce no existir humano. Sem ela, nossa vida seria amarga e sinistra. Assim, Nossa Senhora é a doçura que, proporcionando-nos a virtude, confere suavidade à nossa existência terrena”.(5)

Esperança nossa, Salve!

Muitas vezes nos decepcionamos por colocar a nossa esperança nas criaturas. Em geral temos muitos amigos, mas, infelizmente a maioria deles costuma desaparecer nas horas de dificuldade e, repentinamente, nos vemos sozinhos diante de nossos problemas, sejam eles de qualquer natureza: doenças, problemas na família, problemas financeiros, etc. “Os amigos verdadeiros e os verdadeiros parentes não se conhecem no tempo de prosperidades, mas sim no das angústias e desventuras. Os amigos do mundo não deixam o amigo, enquanto está em prosperidade. Mas o abandonam imediatamente, se lhe acontece uma desgraça ou dele se avizinha a morte”(6)

Felizes, portanto, aqueles que põem a sua esperança na intercessão de Maria Santíssima! Ela “não é uma esperança nossa; Ela é a esperança nossa. E esperança tal que, só por causa dEla, nossa existência se torna doce e suportável. Mãe de misericórdia, Ela é a vida, a doçura e a grande esperança dos degredados filhos de Eva”.(7)

Encerremos com Santo Afonso de Ligório:

Motivo tem, pois, a Igreja em aplicar a Maria as palavras do Eclesiástico (24,24), com as quais lhe chama a Mãe da santa esperança. Mãe que faz nascer em nós, não a esperança vã dos bens transitórios desta vida, mas a santa esperança dos bens imensos e eternos da vida bem-aventurada. Salve, esperança de minha alma, saudava-a S. Efrém, salve, é segura salvação dos cristãos, auxílio dos pecadores, defesa dos fiéis, salvação do mundo. Aqui pondera S. Boaventura que, depois de Deus, outra esperança não temos senão Maria e por isso a invoca ‘como única esperança depois de Deus’”(8).

Na próxima parte: “A vós bradamos, os degredados filhos de Eva”

1) Catecismo da Igreja Católica. N. 2270, p. 591
2) Ibidem, n. 1254, p. 349.
3) Santo Afonso Maria de Ligório. Glórias de Maria. 3ª. Ed. Aparecida: Santuário, 1989. P.. 74
4) S. Luís Maria G. de MOntfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Ssma. Virgem. 38ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2009. P. 82
5) Mons. João Clá Dias, EP. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. S. Paulo: Artpress, 1997. P. 310.
6) Santo Afonso de Ligório. Op.cit. p. 88
7) Mons. João Clá Dias, EP. Op.cit. p. 287
8) Santo Afonso de Ligório, Op.cit. p. 98

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Eis que estarei convosco todos os dias!

Estimativas da imprensa mundial e do Vaticano indicam a presença de pelo menos 100.000 pessoas na Praça de São Pedro em Roma, para a última audiência pública do Papa Bento XVI, o qual, como foi largamente noticiado, deixará a Cátedra de Pedro no final da tarde deste dia 28 de Fevereiro de 2013.

A esta ocasião histórica acorreram todos quanto puderam, evidentemente: em mais de 600 anos é a primeira vez que um Pontífice renuncia ao papado por motivos que não sejam políticos. Quantos de nós, se pudéssemos, gostaríamos também de estar presentes e poder manifestar a gratidão ao Papa pelo seu incansável ministério, como, de fato, com muito entusiasmo o fizeram as 100 mil pessoas presentes, vindas de muitos países, de diferentes regiões do mundo. Sua Santidade, Bento XVI, desde o dia 11 de Fevereiro, festa de N.Sa. de Lourdes, tem explicado sua decisão, tomada face ao avançado da idade e de “não ter mais forças para exercer adequadamente o ministério petrino”.

Encerrada a cerimônia, e concedida a Bênção Apostólica, retirou-se o Sumo Pontífice para o interior do Vaticano, de onde, no dia 28 parte para Castel Gandolfo, deixando para trás o Trono de S. Pedro.

Feitas estas considerações, vem-nos à mente a enorme Praça de S. Pedro. O céu claro e o clima ameno contrastam com o ambiente geral. Após o final da audiência pública, aos poucos, como mostraram os meios televisivos, a imensa massa de gente vai deixando o local. Alguns ainda em festa, agitando as suas bandeiras nacionais. Outros, um tanto solitários e abatidos, preocupados com os rumos da Igreja de Cristo daqui em diante. Alguns, ainda, em profundo espírito de oração, confiantes na assistência do Espírito Santo sobre a Sua Igreja, lembrados das solenes palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, ao despedir-se dos – até então – vacilantes Apóstolos – palavras estas que magnificamente encerram o Evangelho de S. Mateus: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Cf. Mt 28, 20).

Sim! A estes últimos nos juntamos, se não com a nossa presença física, mas em espírito de oração, com fé renovada na Cátedra de Pedro e na Santidade da Igreja. O Espírito Santo, que soube transformar um simples e instável pescador, no primeiro grande Papa, entregando-lhe “as chaves do Reino do Céu” (Cf. Mt 16,13-19) não deixará desassistida a sua Igreja.

Tanto é assim que podemos fazer nossas as palavras de nosso Fundador, Monsenhor João Clá, na revista Arautos, n. 78, de Junho de 2008:

Passaram-se dois milênios e, depois de tantas e catastróficas procelas, inabalável continua essa “nau de Pedro”, tendo Cristo, com poder absoluto, em seu centro. Nenhuma outra instituição resistiu à corrupção produzida pelos desvios morais ou pela perversão da razão e do egoísmo humano. Só a Igreja soube enfrentar as teorias caóticas, opondo-lhes a verdade eterna; arrefecer o egoísmo, a violência e a volúpia, utilizando as armas da caridade, justiça e santidade; pervadir e reformar os poderes despóticos e materialistas deste mundo, com a solene e desarmada influência de uma sábia, serena e maternal autoridade. Não podiam mãos meramente humanas erigir tão portentosa obra, só mesmo a virtude do próprio Deus seria capaz de conferir santidade e elevar à glória eterna homens concebidos no pecado.(1)

Portanto, já não é este um dia de tristeza, de abatimento. Ao contrário, é um dia que a Providência nos concede para termos a oportunidade de manifestar a nossa Fé: “Este é o dia que o Senhor fez: seja para nós dia de alegria e de felicidade” (Cf. Sl 117,24), ou seja, da prática da confiança inabalável. Coloquemo-nos na situação dos apóstolos, no meio de uma grande tormenta, que jogava violentamente as ondas dentro de sua pequena barca “de modo que já se enchia de água”. A eles Nosso Senhor se dirigiu: “Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?” (Cf. Mc 4 37-41).

Maria Santíssima, Mãe da Igreja, que sustentou a Igreja nascente, animando os Apóstolos, está intercedendo pela Igreja de Cristo, para que a “nau de Pedro” siga firme até o fim dos tempos, como também prometeu Nosso Senhor Jesus Cristo.

A Ela recorramos, hoje e sempre!

Por Prof. João Celso

1)# Monsenhor João Clá Dias, EP. Comentário ao Evangelho. Revista Arautos do Evangelho, Jun/2008, n. 78, p. 12 a 19

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Devoção a Nossa Senhora – Comentários à Salve Rainha – (Parte II)

 

Nossa Senhora Rainha dos Corações

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,
vida, doçura e esperança nossa, salve!
A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.
A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.
E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre,
ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia”

Uma oração magnífica, completa, rica em significados, capaz de condensar, em uma única frase, vários aspectos da realeza e da maternidade de Nossa Senhora, resumindo, em doces palavras o papel dado a Ela por Deus, tendo em vista a nossa Salvação. Uma única frase comportaria anos de estudo, anos de meditação, quem sabe uma eternidade inteira devotada a saboreá-la. Pois, como menciona S. Luís no Tratado: “De Maria nunquam satis… Ainda não se louvou, exaltou, honrou, amou e serviu suficientemente a Maria, pois muito mais louvor, respeito, amor e serviço ela merece” (1).

Pois bem: o que significa para a nossa vida espiritual invocar Maria como Rainha, como Mãe de misericórdia? Em primeiro lugar, analisemos, com Santo Afonso de Ligório, Doutor da Igreja, o significado do título de Rainha dado a Nossa Senhora:

Santo Afonso Maria de Ligório

Tendo sido a Santíssima Virgem elevada à dignidade de Mãe de Deus, com justa razão a Santa Igreja a honra, e quer que de todos seja honrada com o título glorioso de Rainha. (…) Desde o momento em que Maria aceitou ser Mãe do Verbo Eterno, diz S. Bernardino de Sena, mereceu tornar-se Rainha do mundo e de todas as criaturas. (…) Se Jesus é rei do universo, do universo também é Maria Rainha. De modo que, quantas são as criaturas que servem a Deus, tantas também devem servir a Maria. Por conseguinte estão sujeitos ao domínio de Maria os anjos, os homens e todas as coisas do céu e da terra, porque tudo está também sujeito ao império de Deus.(2)

Citando vários teólogos, doutores e santos da Igreja, na mesma linha de pensamento, o Monsenhor João Clá, EP, fundador dos Arautos do Evangelho, explica em sua obra magistral Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado os fundamentos da realeza de Maria:

Os títulos pelos quais podemos chamar Nossa Senhora de Rainha, são os mesmos de Cristo. Na ordem sobrenatural a graça coloca Maria tão acima de toda criatura, que não pode deixar de ser a Rainha natural do mundo (incluídos homens e Anjos). A isto, porém, deve se acrescentar, como sempre, o título jurídico de sua maternidade, fonte de todas suas prerrogativas e funções. Maria é a Mãe do Rei e deve desfrutar das honras de Rainha-Mãe.

Maria participou estreitissimamente e de maneira muito especial, nas grandezas e nas humilhações de Jesus Cristo, para não ser com Ele coroada de glória e de honra, elevada com Ele acima dos próprios Anjos, partilhando sua soberania, Rainha-Mãe ao lado do Rei seu Filho.(3)

A realeza de Maria, portanto, é real, efetiva e procede da vontade do próprio Deus. Maria é Rainha. Porém, essa realeza é exercida, sobretudo, nos corações. Com sua brilhante devoção e com um amor ardoroso à Mãe de Deus, S. Luís assegura, no Tratado, que Maria “recebeu de Deus um grande domínio sobre as almas dos eleitos” e quer moldar no coração de seus súditos “as raízes de suas virtudes” e não poderá fazê-lo se não tiver sobre eles “direito e domínio”.(4)

Maria, Rainha dos Últimos Tempos

Pensar em “domínio”, ou, em “ser dominado” pode gerar certo desconforto em algumas almas; certa apreensão. Numa época em que predomina em muitos ambientes uma mentalidade de independência e de autossuficiência, pode parecer desproporcional que alguém exerça domínio sobre outro. Parte dessa mentalidade se deve ao fato de que, infelizmente, em muitos lugares do mundo, ainda existem tiranos que exercem o poder pela força, subjugando e explorando os mais fracos, sem nenhuma misericórdia, o que é abominável, sob todos os aspectos, perante Deus e perante os homens. Mas, temos que reconhecer que a maior tirania, sem dúvida é a escravidão ao pecado, que “desvia o homem de Deus, que é seu fim último e sua bem-aventurança”(5) E, nesse sentido, qual de nós pode dizer de si mesmo não ser carente da misericórdia de Deus? Quantas vezes temos que, a exemplo do publicano, bater no peito a cada dia e dizer: “Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador” (Cf. Lc 18,13). Dessa tirania do pecado, vem a nossa Rainha nos libertar!

O receio dá lugar a doce confiança

Devemos, pois, considerar, que ao mesmo tempo em que exerce a realeza e é Rainha em toda a acepção da palavra, Maria Santíssima é também Mãe de Misericórdia, Aí, certamente, a situação muda completamente e o receio dá lugar à doce confiança. Asseguram os santos que não há no mundo pecador tão perdido que não possa participar dessa misericórdia. Em uma revelação a Santa Brígida, Maria Santíssima lhe revelou o seguinte: “Eu sou Rainha do céu e Mãe de Misericórdia: para os justos sou alegria e para os pecadores sou a porta por onde entram para Deus”.(6)

Invoquemos a Maria, portanto, como Rainha dos nossos corações, pedindo a sua proteção para nossa vida, para os nossos problemas, para as nossas mais urgentes necessidades e para as necessidades do nosso próximo. Porém, invoquemo-la como uma Rainha que, ao mesmo tempo é Mãe de Misericórdia, pronta a nos atender em nossas penúrias, sempre que a ela recorrermos!

Por Prof. João Celso

1)# São Luís Maria G. de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 38ª. Ed Petrópolis: Vozes,. ,2009, p. 22.
2)# Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787). Glórias de Maria. 3ª. Ed Aparecida: Ed. Santuário, 1989. P. 35
3) Mons. João Clá Dias, EP. Os títulos da Realeza de Maria. Disponível em: http://www.arautos.org/artigo/6462/III–ndash–Os-titulos-da-Realeza-de-Maria
4)# São Luís Maria G. de Montfort. Op.cit. p. 41 e 42.
5)# Catecismo da Igreja Católica, n. 1855. 10ª. Ed. São Paulo: Loyola, 2000. P. 497
6)# Santo Afonso Maria de Ligório. Op.cit., p. 41
 

Afresco de Mater Misericórdiae, diante do qual São Bento rezava, em sua juventude (Igreja de San Benedetto in Piscinula, confiada pelo Vicariato de Roma aos Arautos do Evangelho

Na próxima parte: “vida, doçura e esperança nossa”

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Aprovação Pontifícia dos Arautos do Evangelho: 12 anos!

Neste 22 de Fevereiro, na festa da Cátedra de Pedro, estão os Arautos do Evangelho de todo o mundo em festa. Sim! Há 12 anos ocorria em Roma a sua Aprovação Pontifícia. Ainda ecoam nos corações dos Arautos as sublimes palavras então proferidas por sua Santidade, João Paulo II, naquela manhã de 28 de Fevereiro de 2001:

Saúdo… de modo especial o numeroso grupo da Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício, Arautos do Evangelho, para que sendo fiéis à Igreja, ao seu Magistério, permaneçam unidos aos seus pastores e anunciem corajosamente, pelo mundo inteiro, a Cristo Nosso Senhor”.

Sede mensageiros do Evangelho pela intercessão do Coração Imaculado de Maria. A todos faço votos de que a Quaresma seja portadora de um espírito novo diante de Deus”(1)

Pelos seus frutos, os conhecereis” (Cf. Mt 7,15).

Quem tem a oportunidade de manter contato constante com os Arautos do Evangelho pode testemunhar que os desejos e anseios do Santo Padre se realizaram plenamente. Em regiões distantes, em cidades minúsculas, ou em grandes metrópoles, seja no nosso imenso Brasil ou em mais de 70 países no mundo, estão os Arautos realizando seu trabalho evangelizador e é impossível ser indiferentes a eles. “Unidos a seus pastores” anunciam corajosamente a Cristo, Nosso Senhor.

Vários são os aspectos da atuação dos Arautos – “frutos” – que poderiam ser comentados efusivamente. O trabalho junto à juventude, o apostolado na educação, a divulgação da Devoção a Nossa Senhora, o trabalho em hospitais, em comunidades carentes de recursos materiais e espirituais. Enfim, uma rica variedade de dons a serviço da Igreja de Deus. Todas essas obras dos Arautos – que encantam em todo o mundo – são consequência da extrema fidelidade de seu Fundador, o Monsenhor João Clá Dias à graça de Deus que o inspirou a fundar essa obra magnífica. “Bendito o homem que deposita a confiança no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Assemelha-se à árvore plantada perto da água, que estende as raízes para o arroio; se vier o calor, ela não temerá, e sua folhagem continuará verdejante; não a inquieta a seca de um ano, pois ela continua a produzir frutos” (Cf. Jer 17, 7-8). Dedicação, horas incansáveis de trabalho, estudo e, sobretudo, horas de oração e de adoração ao SS. Sacramento, as quais são constantemente oferecidas pelo nosso Fundador, têm comprado as graças para o florescimento e crescimento dessa Obra.

A história dos Arautos ainda está sendo escrita, de forma que é praticamente impossível abordar toda a sua riqueza nos limites de um texto como este.

Um aspecto muito saliente e importante dessa obra, cuja lembrança não pode ser negligenciada e que merece ser destacado é a sua abertura para as pessoas que se aproximam da Associação, mas que, por razões diversas, não podem lhe dar uma adesão total de tempo. Os Arautos, absolutamente, não são uma associação fechada, voltada para si mesma. Por exemplo, os Cooperadores dos Arautos, numa linguagem interna conhecidos como Terciários, são um testemunho vivo dessa abertura. São eles pais e mães de família que, apesar de não poderem se dedicar integralmente à obra dos Arautos, podem, no entanto, participar dela voluntariamente, conforme o tempo lhes permita.

Assim, é perfeitamente razoável que numa Missa, ou numa reunião numa Casa da Comunidade dos Arautos seja encontrada uma grande variedade de pessoas: de meninos e meninas de 10, 11 anos, até octogenários! Todos partilhando, dentro de sua capacidade e disponibilidade, dos mesmos ideais. Todos agradecidos a Nossa Senhora por fazer parte dessa Obra!

Certa vez, em visita à Comunidade dos Arautos em Maringá, comentou Dom Anuar Battisti: a Igreja é um jardim florido, com uma rica e imensa variedade de flores. Os Arautos, com a Graça de Deus e pela fidelidade de seus incansáveis componentes e, principalmente, pela fidelidade de seu Fundador, fazem parte desse maravilhoso jardim de Deus.

Que as graças especiais deste dia possam irradiar-se em todos os corações! Que Nossa Senhora continue cobrindo esta obra com Seu manto sagrado!

Prof. João Celso

1 – Arautos do Evangelho. Surge um Novo Carisma na Igreja. Edição comemorativa de sua ereção pontifícia. S.Paulo: Takano Editora, 2001.

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Devoção a Nossa Senhora – Comentários à Salve Rainha – ( I Parte)

 

“Nossa Senhora do Bom Sucesso”
Capela da Casa Monte Carmelo,
dos Arautos do Evangelho, Caieiras – SP.

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,vida, doçura e esperança nossa, salve!

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.

E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Sem sombra de dúvida, é esta uma das mais belas orações marianas, recitada todos os dias pelos católicos no mundo inteiro, ao apresentarem suas súplicas à Virgem Santíssima. Bela pela sua simplicidade; bela, ao mesmo tempo, porque exprime as principais Verdadesrelacionadas à intercessão que Nossa Senhora exerce por nós junto a seu Divino Filho a cada instante. Como nas Bodas de Caná (Cf. Jo 2,1-11), mesmo antes de pedirmos, Ela se preocupa em socorrer as necessidades de seus filhos. A riqueza dessa oração nos recorda o nosso estado de pobres pecadores, necessitados da misericórdia de Deus; nos remete, ainda, à memória de nosso fim último: participar da vida bem-aventurada de Deus, (1) no céu, por toda a eternidade.

Por um piedoso costume popular, a Salve, Rainha é recitada ao final do Terço, como que coroando com uma suave, mas ardente súplica a devoção na qual meditamos os principais mistérios da nossa Redenção. Mas, infelizmente, pode ocorrer de ser rezada precipitadamente, sem a devida atenção a seus ricos e maravilhosos aspectos e, assim, muitas pessoas podem deixar de saborear toda a beleza contida em suas magníficas palavras.

A vivacidade é uma característica da Língua, não só Portuguesa, mas de todas as línguas faladas no mundo, e, por este aspecto, certas palavras muito bem empregadas na oração, já não fazem parte do vocabulário cotidiano da maioria das pessoas, principalmente dos mais jovens: “bradar”, “degredados”, “desterro” etc., não são palavras tão comuns e exigem certo esforço para serem bem compreendidas, para que não sejam repetidas apenas maquinalmente.

Sem deter-se friamente no mero significado das palavras dessa linda oração, mas procurando abarcar todo o seu significado – principalmente espiritual, o Blog dos Arautos do Evangelho de Maringá irá compartilhar com seus leitores alguns comentários à Salve Rainha, na seção Devoção a Nossa Senhora. Esses comentários serão extraídos de excelentes autores, entre os quais alguns santos – que se destacaram na História da Igreja por sua devoção marial.

Fazemos votos que nossos leitores possam aproveitar e, a partir da leitura e estudos desses comentários, aumentar cada vez mais o seu amor a Nossa Rainha Celeste, tendo-a constantemente como sua Advogada, até que tenhamos atravessado este “vale de lágrimas” e chegado, finalmente à nossa Pátria Celeste.

Origem da Salve, Rainha.

“Esta bela e graciosa oração da Salve, Rainha, por alguns atribuída ao Bispo Ademar de Puy (+1098), tem por autor a Hermano Contracto (+1054), monge beneditino do convento de Reichenau, no lago de Constança. Dele temos também certamente a admirável melodia. Já os primeiros Cruzados cantaram-na em 1099, o que mostra que o povo também a conhecia. Durante os séculos XII e XIII, mais e mais se espalhou o costume de cantá-la logo após as Completas. Assim faziam os Cistercienses desde 1218 e os Dominicanos desde 1226. Em 1239 o Papa Gregório IX introduziu esse cântico nas igrejas de Roma. Encaminhavam-se os monges, de velas acesas, para um altar lateral e aí o entoavam. No começo o hino dizia: Salve Rainha de Misericórdia. No século XVI introduziu-se-lhe a palavra mãe. Desde então lê-se no Breviário Romano: Salve Rainha, Mãe de Misericórdia. (2)

 

São Bernardo de Claraval, chamado Doutor Mariano

A parte final da Salve, Rainha, “ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre virgem, Maria” é comumente atribuída a São Bernardo de Claraval, grande Doutor da Igreja, que viveu entre os séculos XI e XII (1091-1153), que tinha um tal amor e tal devoção a Nossa Senhora, que é chamado doutor Mariano (3)

Prof. João Celso


Na próxima parte: “Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia”

1 – Catecismo da Igreja Católica, Prólogo.
 
2 – Santo Afonso de Ligório. Glórias de Maria. Editora Santuário, Aparecida, SP. 3ª.ed. 1989, P. 34 (Nota do tradutor).
3 – Bento XVI. Angelus. Castel Gandolfo, 20 de Agosto de 2006. Disponível em www.vatican.va
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