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Confiança e esforço: a via pela qual chegamos ao Céu

Imaculado Coração de Maria de Nossa Senhora de Fátima

Certas inquietações e questões não raramente se colocam às pessoas, quando se trata da existência para além desta vida terrena. É o que se dá com a pergunta feita por um homem a Jesus, quando passava pregando o Evangelho pelas aldeias e cidades, a caminho de Jerusalém. Conta-nos o evangelista Lucas que “alguém” perguntou: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (Lc 13,23)

Para além dessa pergunta – se muitos ou poucos vão para o Céu após a morte -, existe outra consideração mais útil para nossa vida espiritual e nossa vida “aqui e agora”.

Com efeito, ainda que fossemos teólogos, dos mais capacitados e conhecedores das verdades da Fé e, em concreto, do que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica a respeito da vida eterna, do Céu e da existência do Inferno (1), tal discussão sobre quantos se salvam não é vista com clareza nem mesmo pelos mais sábios estudiosos da Doutrina, como bem expressa o famoso teólogo dominicano Pe. Antonio Royo Marín:

“Eis aqui um dos problemas mais angustiantes e difíceis que podem oferecer ao teólogo. A pergunta é uma das que, com maior freqüência e apaixonado interesse, formula a maioria das pessoas.” (2)

Para quem deseja  saber a explicação mais lúcida a respeito, contemple os estudos de São Tomás de Aquino: “A respeito de qual seja o número dos homens predestinados, dizem uns que se salvarão tantos quantos forem os anjos que caíram; outros, que tantos quantos foram os anjos que perseveraram; outros, enfim, que se salvarão tantos homens quantos anjos caíram e, ademais, tantos quantos sejam os Anjos criados. Mas, melhor é dizer que só Deus conhece o número dos eleitos que hão de ser colocados na felicidade suprema”. (3)

Jesus Cristo diz: Esforçai-vos: guardai os Mandamentos

No que consiste este esforço? A leitura do trecho do Evangelho de São Mateus nos traz uma luz e uma resposta: “Se queres entrar para a Vida [Céu], guarda os Mandamentos” (Mt 19, 16-19). Eis aqui a primeira “medida” que devemos colocar nossa atenção e nosso esforço, indicada por Jesus ao “jovem rico do Evangelho”, como resposta ao que se deve fazer de bom para ter a vida eterna.

Mas, poderíamos questionar: é fácil ou difícil guardar os Mandamentos? Se fosse fácil guardar os Mandamentos, Jesus não empregaria o verbo “esforçar-se”. Sim, tal é nossa debilidade decorrente dos efeitos do pecado original em nós – que nos inclina para o pecado – e tais são as tentações e provocações do mundo, que se poderia dizer: realmente, não é fácil praticar os Mandamentos; mais, diríamos ainda: ao homem, pelas próprias forças, é impossível praticar integralmente e duradouramente os Mandamentos. Vê-se, portanto, o quanto é apropriada e forte a expressão: esforçai-Vos… e o convite a não se viver o “laissez faire” (deixar correr a vida) na nossa existência terrena, na perspectiva espiritual.

No entanto, sabemos que Nosso Senhor, a divina Misericórdia e a divina Justiça, que em tudo se fez igual ao homem, exceto no pecado, não nos pedirá algo que não nos seja possível realizar: “Porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11,30), “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt 11, 28)

Confiança, eu venci o mundo

Sim, aqui está o remédio: a confiança no Sagrado Coração de Jesus. Ele nos redimi e nos sustenta, nos santifica, nos dá a graça e os Sacramentos e ainda Ele próprio se dá a nós no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. É com Ele que nós venceremos o mundo, o demônio e a carne.

Confiança em Maria, a Porta do Céu

E como se não bastasse tudo isto, para “nos convencer” – por força de expressão – Ele nos dá sua própria Mãe, Nossa Senhora. Sobre esta intercessão, consideremos as comoventes e animadoras palavras de Mons. João Clá Dias, em sua recente obra, intitulada “O Inédito sobre os Evangelhos”, ao comentar o Evangelho deste XXI Domingo do Tempo Comum:

“[…] É necessário servir a Deus com ardor e entusiasmo, entrando “pela porta estreita” que bem poderá ser Nossa Senhora. Não é sem razão que a Ela foi dada o título de Porta do Céu. Estreita porque exige de nós uma confiança robusta em sua proteção maternal. Invoquemo-la em todas as tentações e dificuldades, a fim de comprovarmos a irrefutável realidade de quanto “jamais se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à sua proteção maternal, implorado sua assistência, reclamado o seu socorro fosse por Ela desamparado”. E, ao chegarmos ao Céu, rendamos eternas graças aos méritos infinitos de Jesus e às poderosas súplicas de Maria.” (4)

Eis afinal o mais importante: para além da preocupação ou até mera especulação de se saber se muitos ou poucos se salvam, sigamos a recomendação do divino Mestre e Senhor. Esforcemo-nos para, aqui e agora enquanto estamos vivos, com fidelidade, fortaleza e confiança praticarmos os Mandamentos, pela intercessão de Maria Santíssima e, aí sim, pela misericórdia de Jesus e Maria, passarmos pela porta estreita rumo à eterna felicidade.

Por Adilson Costa da Costa

_____________________________

(1) Catecismo da Igreja Católica. Creio na vida eterna: n. 1035-1036. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p, 180.

(2) Pe. Antonio Royo Marin. Teologia de la Salvación. Madri: BAC, 1997, p. 117.

(3) Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica: questão XXIII, art. VII, v.  I. 2ª ed. Porto Alegre: Vozes, 1980, p. 240-243.

(4) Mons. João S. Clá Dias, EP. Quem é o meu próximo? In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 310-312.

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Nova turma de Consagração a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria

Imagem de Nossa Senhora de Fátima

No conhecido “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, ao qual sempre referimos neste blog, o grande São Luís Maria Grignion de Montfort inicia sua obra com a seguinte afirmação:

“Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio d´Ela que Ele deve reinar no mundo.” (1)

Ou seja, ele nos mostra que Nossa Senhora é o perfeito caminho para a edificação do Reino de Deus em nossas almas e no mundo inteiro, já que foi por meio d`Ela que Nosso Senhor Jesus Cristo nos trouxe a Salvação. E continua o santo:

“Meu coração ditou tudo o que acabo de escrever com especial alegria, para demonstrar que Maria Santíssima tem sido, até aqui, desconhecida, e que é essa uma das razões por que Jesus Cristo não é conhecido como deve ser.” (2)

Buscando tornar esta querida Mãe ainda mais conhecida e amada por seus filhos, os Arautos do Evangelho de Maringá promovem as reuniões de formação para pessoas interessadas em fazer a Consagração a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria, segundo o método de S. Luís Maria Grignion de Montfort.

Veja os detalhes abaixo. Faça a sua inscrição.

Curso Preparatório à Consagração:

Início: Domingo, 25/08/2013 – Término: Domingo, 06/10/2013

(As reuniões serão ao longo de 7 domingos consecutivos, tendo seu desfecho numa Santa Missa por ocasião da Consagração que será no dia 20/10/2013.)

Horário: Das 15:30h às 16:30h.

Local: Comunidade dos Arautos do Evangelho de Maringá

Endereço: R. Jair do Couto Costa, 15 – Zona 20

Inscrições gratuitas através deste Blog ou pelo e-mail: arautosmaringa@uol.com.br


(1) MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 19 ed. Petrópolis: Vozes, 1992. Pág. 17

(2) Idem. Pág. 24.

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As alegrias de Maria

1° Sábado na Paróquia N. Sra. da Liberdade – 01/06/2013

            Maria Santíssima é a Senhora das Dores. Com efeito, que outra senhora, ao longo de mais de dois mil anos da História da Igreja experimentou as dores de Maria? O profeta Simeão havia-lhe dito: “uma espada transpassará a tua alma” (Cf. Lc 2, 35). Tal é a enormidade dos sofrimentos por que passou que, com toda a justiça, Ela é chamada Co-Redentora da Humanidade. Diante da cruz, estava de pé! (Cf. Jo 19,25)

            Contudo, mesmo venerando com amor indizível a coragem e a correspondência à Graça por parte de Nossa Mãe Santíssima, que enfrentou as suas dores com serenidade e confiança inabaláveis, também faz bem à nossa Devoção imaginar os momentos de alegria que Maria viveu nesta terra: desde que o Verbo Se encarnou em seu seio puríssimo, até o momento do início da vida pública de Jesus, certamente Ela experimentou, muitas vezes, uma alegria angelical, quase divina, ao contemplar o crescimento de Seu Divino Filho, o qual “crescia em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52).

            Discorrendo sobre os mistérios da Encarnação e da vida oculta de Jesus, São Luís G. de Montfort, no Tratado da Verdadeira Devoção, menciona que “Deus Filho desceu ao seu seio virginal qual novo Adão no paraíso terrestre, para aí ter as suas complacências e operar em segredo maravilhas de graça. Deus, feito homem, encontrou sua liberdade em se ver aprisionado no seio da Virgem Mãe; patenteou a sua força em se deixar levar por esta Virgem santa; achou sua glória e a de seu Pai, escondendo seus esplendores a todas as criaturas deste mundo, para revelá-las somente a Maria; glorificou sua independência e majestade, dependendo desta Virgem amável, em sua conceição, em seu nascimento, em sua apresentação no templo, em seus trinta anos de vida oculta(…) (1)

       Quantas alegrias. Podemos imaginar, mas somente no Céu compreenderemos totalmente esse Mistério.

            Também nós, católicos de hoje, podemos proporcionar algum consolo, alguma alegria à nossa Mãe Querida, desagravando o Seu Imaculado Coração, como Ela pediu na Mensagem de Fátima. Num mundo que se afasta de Deus, vemos que muitas pessoas se dedicam a fazer esse desagravo, através da Comunhão Reparadora dos 5 Primeiros Sábados. Em especial, muitos paroquianos da Paróquia Nossa Senhora da Liberdade têm tido a boa vontade de fazê-lo. Esta abençoada Paróquia irá realizar amanhã, 06 de Julho, o 5º. Primeiro Sábado Consecutivo. A devoção foi iniciada nesta Paróquia no mês de Março próximo passado, por iniciativa dos Arautos do Evangelho e com o apoio imprescindível do Revmo. Pe. Dirceu A. Nascimento. Desde aquela data até aqui, muitas pessoas têm feito esta devoção, tão querida da Mãe de Deus.

Portanto, fica aqui o convite:

1° Sábado na Paróquia N. Sra. da Liberdade – 01/06/2013

Devoção dos 5 Primeiros Sábados – 5º. Sábado

Local: Paróquia N.Senhora de Liberdade – Jd. Liberdade – Maringá

Horários:

Confissões, a partir das 17h

Terço e Meditação: às 18h30

Santa Missa: às 19h30

Todos estão convidados.

Estenda este convite também a seus familiares e amigos!


(1) São Luís Maria G. de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção. 38ª. ed. Petrópolis: Vozes, 2009. n. 18, p. 27

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Livros…Imperdíveis! A Oração, Santo Afonso de Ligório

 

 Título:         A Oração: o grande meio par alcançarmos de Deus a salvação e todas as graças que desejamos.

Autor:         Santo Afonso Maria de Ligório

                    Traduzido do original pelo Pe. Henrique Barros, C.Ss.R.

Editora:      Santuário, Aparecida, SP. 4ª ed., 1992.

             Santo Afonso Maria de Ligório (1696-1787) é um dos grandes Doutores da Igreja. Sua incansável dedicação manifesta-se em uma centena de obras, de cunho teológico e espiritual, escritas ao longo de sua longa vida. Foi Bispo e Fundador de uma grande Congregação Religiosa, os Redentoristas. (1)

Santo Afonso Maria de Ligório – Paróquia São Pedro Apóstolo – Montreal, Canadá

           Mas, além de ser um homem de estudos e de ação, destacou-se também pela oração, atividade a qual dedicava várias horas de seu dia. Por causa disso, a sua grande obra, segundo as palavras do próprio Santo é este tratado sobre a Oração: “Publiquei várias obras espirituais. Penso, entretanto, não ter escrito obra mais útil do que esta, na qual trato da oração, porque a oração é o meio necessário e certo de alcançarmos todas as graças necessárias para a salvação. Se me fosse possível, faria imprimir tantos exemplares deste livro quantos são os fiéis de todo o mundo. Daria um exemplar a cada um, a fim de que todos pudessem compreender a necessidade que temos de orar”. (2)

Por que este livro é Imperdível?

         O mais importante e urgente negócio que devemos buscar na vida é a salvação da nossa alma! Nos Evangelhos, em várias ocasiões, Nosso Senhor Jesus Cristo insiste nessa Verdade, quando nos ensina: “Buscai primeiro o Reino dos Céus e a sua Justiça” (Mt 6,33); “Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? (Mc 8,36). Mas, muitos poderiam se perguntar: qual é o caminho que devemos seguir para alcançar a Vida Eterna? Nosso Senhor, novamente, dá uma resposta inequívoca: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Para trilhar esse caminho, a oração nos é necessária. Ela é tão necessária que Santo Afonso ousadamente afirma: “Quem reza se salva. Quem não reza certamente se condena”. (3) Só mesmo um santo, inflamado de zelo pela nossa salvação poderia formular esta frase com afirmação tão conclusiva e contundente.

      Com muita tristeza vemos hoje – mesmo entre os católicos – que muitas pessoas, envoltas em ocupações do dia-a-dia simplesmente não rezam; ou, rezam muito pouco, muitas vezes cuidando de inúmeras coisas, mas negligenciando o seu principal “negócio”: a santificação.

        Portanto, neste livro, Santo Afonso vem ensinar sobre a importância de nos apegarmos com todas as nossas forças a esta ferramenta indispensável, principalmente nas horas de dificuldade, de sofrimentos, de provação: a oração. É urgente que as pessoas que ainda não conhecem, procurem inteirar-se deste livro e dos remédios nele apontados pelo santo, cujo zelo pela nossa salvação já fica demonstrado logo nas primeiras páginas. Sendo o grande Doutor que é, no entanto, o santo se dirige a nós mais como um diretor espiritual, empenhado em nos convencer do valor da oração.

         Santo Afonso divide este tratado sobre a Oração em três partes principais:

       Necessidade da Oração, O valor da Oração e As condições da oração. Em uma inflamada Conclusão, o autor reforça os propósitos da obra, para que todos possam utilizar desse meio infalível de obter de Deus a salvação, insistindo na necessidade absoluta da oração para se obter a salvação eterna.

1) Necessidade da Oração

             Comenta Santo Afonso:

           “Nas Sagradas Escrituras são muito claros os textos que nos mostram a necessidade de rezar, se quisermos alcançar a salvação. ‘É preciso rezar sempre e nunca descuidar’ (Lc 18,1). ‘Vigiai e orai para não cairdes em tentação’ (Mt 25,41). ‘Pedi e dar-se-vos-á’ (Mt 7,7). Segundo a doutrina comum dos teólogos, as referidas palavras: ‘É preciso rezar, orar, pedir’, significam e impõem um preceito e uma obrigação, um mandamento formal. (…) sem pecar contra a fé, não se pode negar a necessidade da oração aos adultos, mormente quando se trata de conseguir a salvação. Pois, como consta nos Livros santos, a oração é o único meio para conseguirmos os auxílios necessários à salvação”. (4)

             Em seguida, explica o santo a razão dessa necessidade:

Santo Agostinho – Catedral de Notre Dame de Victoires – Paris, Francia

          “Sem o socorro da graça, nada de bom podemos fazer: ‘Sem Mim nada podeis fazer’ (Jo 15,5). Nota Santo Agostinho sobre essas palavras que Jesus Cristo não disse: ‘nada podeis cumprir’, mas ‘nada podeis fazer’. Com isso, quis Nosso Senhor dar-nos a entender que sem a graça nem mesmo podemos começar a fazer o bem: ‘Não somos capazes de por nós mesmos ter algum pensamento, mas toda a nossa força vem de Deus’ (2 Cor 3,5). (5)

            E conclui:

           “Se é certo que, sem o socorro da graça, nada podemos, e se esse socorro é concedido por Deus unicamente aos que rezam, segue-se que a oração nos é absolutamente necessária para a salvação”. (6)

          Em toda esta primeira parte, Santo Afonso discorre sobre a necessidade da oração, abordando também a oração através da intercessão dos santos e de Nossa Senhora, aproveitando para expor com clareza a bela doutrina sobre as almas do purgatório.

 2) O valor da oração

Paróquia de S. Sulpice – Fougeres, França

            Nesta segunda parte, Santo Afonso explica sobre o valor das nossas orações diante de Deus. Muitas vezes, somos tentados a pensar que elas não valem muita coisa… mas, é exatamente o contrário, como explica o santo. Para deixar muito claro esse valor, Santo Afonso cita inúmeros textos do Antigo e do Novo Testamento, principalmente as palavras de Nosso Senhor atestando o valor de nossas orações: “Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vos-á(Mt 7,7). “Vosso Pai que está nos céus dará bens aos que lhe pedirem” (Mt 7,11). “Todo aquele que pede, recebe; todo o que busca, acha” (Lc 11,10). “Qualquer coisa que pedirem ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus” (Mt 18,19). “Tudo o que pedirdes orando, crede que haveis de receber e que assim vos sucederá” (Mc 11,24).  “Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu vos farei” (Jo, 14,14). “Pedi tudo o que quiserdes e vos será concedido” (Jo 15,7). “Em verdade eu vos digo: se pedirdes ao meu Pai alguma coisa em meu nome, Ele vo-la dará” (Jo 16,23). O Divino Mestre manifesta o Seu desejo de receber e atender às nossas súplicas.

              Devemos, portanto, rezar com confiança e certos de sermos atendidos!

 3) As condições da oração

        Citando o Apóstolo São Tiago, a partir da página 57, Santo Afonso comenta que “muitos pedem e não recebem, por que pedem mal” (7). Passa, então, a explicar, a partir de Santo Tomás de Aquino e outros santos e doutores, quais são as 4 condições para que a nossa oração seja atendida:

            1) Rezar por nós mesmos e pelo nosso próximo.

            2) Pedir coisas necessárias à salvação;

            3) Pedir com devoção;

            4) Pedir com perseverança.

          Em nossas orações, deve haver precedência aos pedidos relacionados à nossa vida espiritual e à salvação, pois isto é o mais importante. Por que, às vezes, os nossos pedidos relacionados às coisas materiais não são atendidos? Explica Santo Afonso:

           “Às vezes, pedimos algumas graças temporais e Deus não nos atende; mas não nos atende porque nos ama, diz o mesmo Doutor, e quer usar de misericórdia para conosco: ‘Quem pede a Deus humilde e confiadamente coisas necessárias para esta vida, ora é ouvido por misericórdia e ora não é atendido por misericórdia; pois, do que o doente tem necessidade, melhor sabe o médico do que o doente’. O médico que se interessa pelo doente nunca permitirá coisas que lhe possam fazer mal Quantos, se fossem pobres ou doentes, não cometeriam os pecados que cometem sendo ricos e sadios! Por isso o Senhor nega a alguns, que lhe pedem a saúde do corpo ou os bens da fortuna, porque os ama, vendo que isso lhes seria ocasião de perderem a sua graça, ou ao menos de se entibiarem na vida espiritual.” (8)

         Finalmente, as duas outras condições da oração, sobre as quais o santo discorre longamente: devoção e perseverança. Rezar com devoção quer dizer, com humildade e confiança; com perseverança, quer dizer, sem deixar de rezar até a morte”. (9)

            Ao final do livro, Santo Afonso apresenta ainda um Programa de Vida, ou Regras de Vida Cristã, cujo conteúdo é muito útil à nossa vida espiritual.

           Não é o intuito deste texto apresentar um resumo completo do livro de Santo Afonso, nosso Livro Imperdível deste mês. Isto exigiria um espaço do qual não dispomos. O objetivo principal é fazer com que nosso leitor tenha um primeiro contato com esta obra magnífica e que desperte o desejo de conhecê-la mais a fundo, saboreando-a por inteiro. O livro da Oração nos apresenta um convite, um chamado para que sejamos cristãos mais orantes, mais confiantes em Deus, o qual quer a nossa Salvação Eterna.

         Em recente homilia na Capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco ressaltou que devemos rezar com coragem e insistência diante de Deus: “Quem quer uma graça do Senhor, deve pedir com coragem e fazer o que fez Abraão.

Nossa Senhora de Paris

O próprio Jesus nos ensina isso, quando elogia a mulher sírio-fenícia que, insistentemente, pede a cura para sua filha. Pedir com insistência, mesmo que seja cansativo, é a atitude da oração.” (10)

        Peçamos, portanto, a Maria Santíssima, que sempre inspirou Santo Afonso em seus escritos e por quem ele sempre teve uma Verdadeira Devoção, que sejamos católicos de oração, em todos os momentos de nossa vida, nas grandes e nas pequenas batalhas que tenhamos que enfrentar.

Salve Maria!

João Celso


(1) Conheça a biografia completa de Santo Afonso de Ligório lendo o excelente artigo da Irmã Juliane Vasconcelos Almeida Campos, EP., na Revista Arautos do Evangelho. n. 128, p. 32-35,  Agosto/2012.Disponível em: http://www.arautos.org/artigo/39899/Santo-Afonso-Maria-de-Ligorio–Seguindo-os-passos-do-Santissimo-Redentor

(2)Santo Afonso Maria de Ligório. A Oração: o grande meio par alcançarmos de Deus a salvação e todas as graças que desejamos. 4ª ed. Trad. Pe. Henrique Barros, C.Ss.R., Aparecida, SP: Santuário, 1992, p. 11.

(3) Idem, p. 42

(4) Idem, p. 17

(5) Idem, p. 18

(6)Idem, p. 19

(7)Idem, p. 57

(8) Idem, p. 61

(9) Idem, p. 63

(10) A oração deve ser corajosa, recomenda o Papa Francisco. Agência de Notícias Gaudium Press. Disponível em: http://www.gaudiumpress.org/content/48186

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O Terço na Palavra dos Papas e dos Santos

I – Uma Devoção a ser continuamente redescoberta.

             Uma das mais bonitas características da Língua Portuguesa (e de praticamente todas as línguas contemporâneas) é a sua vivacidade, a sua vitalidade. Com efeito, na medida em que o tempo passa e a História vai seguindo seu caminho, surgem novas demandas de comunicação e, para atendê-las, surgem palavras novas. Ao mesmo tempo, palavras já existentes vão se adaptando aos novos tempos e ganhando novos significados. Essa dinâmica é interessante e constitui-se em riqueza da Língua, pois uma de suas funções é propiciar uma comunicação eficiente.

            Um exemplo muito interessante é o que ocorreu com a palavra Terço. Se olharmos o dicionário, vemos que é definida como “que ou o que corresponde a cada uma das três partes iguais em que pode ser dividido um todo”. (1) A palavra terço pode ser um numeral: a terça parte de algo. Alguns dicionários também definem terço como a terça parte do Rosário. Neste caso, a palavra é um substantivo. Ainda, segundo o dicionário, Um Terço é “a terça parte do rosário, composta de cinco dezenas de contas, para a reza da ave-maria, intercaladas por cinco contas, correspondentes à oração do padre-nosso”. (2) Como muitos fiéis não tinham a possibilidade de rezar o Rosário Completo (os três conjuntos de Mistérios), rezavam o Terço, ou seja, a terça parte do Rosário.

            Mas… se a Língua é dinâmica, o Amor a Deus o é ainda mais: Por inspiração da Graça e movido por um imenso amor filial a Maria Santíssima, o Beato Papa João Paulo II acrescentou mais 5 mistérios ao Rosário, os Mistérios Luminosos. E agora, como fica? O Rosário passa a ser composto de 4 partes (4 mistérios). Cada parte do Rosário… continua a ser chamado de: Terço! Assim, quatro Terços e não mais “três terços” passam a formar o todo, que é o Rosário. Obviamente, quando se fala em Terço faz-se menção ao substantivo e não a um numeral. Para os fiéis que encontram na oração do Santo Terço uma devoção sólida, esse jogo de palavras pouco importa. O que importa é utilizarem-se dele para meditarem nos principais Mistérios de sua Fé!

            Portanto, quando nos referimos ao Rosário ou ao Terço, estamos falando da mesma Devoção. Rezar o Rosário significa rezar e meditar o conjunto dos quatro mistérios: Mistérios da Alegria (Gozosos), Mistérios Luminosos, Mistérios Dolorosos e Mistérios Gloriosos. Ao meditá-los, damos a volta em todo o Evangelho e, portanto, na História da nossa Redenção. E no que consiste a Devoção do Rosário? Qual é o seu histórico?

             Partindo do pressuposto de que, infelizmente, muitos católicos ainda não entendem plenamente o sentido dessa Devoção, a sua profundidade, a sua importância para nos ajudar a percorrer o caminho de Cristo, em companhia de Maria, iremos escrever esta série de artigos para tratar das maravilhas do Santo Rosário. Nas palavras do Beato João Paulo II: “Uma oração tão fácil e ao mesmo tempo tão rica merece verdadeiramente ser descoberta de novo pela comunidade cristã”. (3)

            Esta série de artigos pretende ser um pequeno passeio dentro do universo das palavras dos últimos Papas e de alguns santos sobre a sublimidade desta devoção. Muitos papas atribuíram uma grande importância ao Rosário: “Merecimento particular teve, a propósito, Leão XIII que, no dia 1º. de setembro de 1883, promulgava a Encíclica “Supremi apostolatus officio” alto pronunciamento com o qual inaugurava numerosas outras declarações sobre esta oração, indicando-a como instrumento espiritual eficaz contra os males da sociedade”. (4)

           Portanto, desde São Pio V, que no século XVI estabeleceu a invocação a Nossa Senhora do Rosário, como agradecimento à Virgem pela vitória da Cristandade na batalha de Lepanto, passando por Leão XIII (1878 a 1903) no século IX e até Bento XVI, há uma série de documentos muito interessantes nos quais os Sumos Pontífices apontam a eficácia do Rosário e sua utilidade no universo da piedade católica. Evidentemente, merece destaque o Beato João Paulo II que, como já comentamos, inaugurou uma fase luminosa na devoção ao Rosário, ao instituir, em sua magnífica Encíclica “Rosarium Virginis Mariae”, os Mistérios da Luz.

            Além dos inúmeros Papas, também vários santos se destacaram pelo amor ao Rosário. Alguns mais conhecidos, como São Luís Maria Grignion de Montfort, Santo Afonso de Ligório, São Pio de Pietrelcina e outros. Há outros santos, não tão conhecidos, como o Beato Bártolo Longo, o Beato Alano de La Roche, mas igualmente empenhados em sua difusão pelo mundo católico.

            No alto da Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo, num Solene ato de Amor, nos deu Maria como Mãe (Cf. Jo 19,26). Mais especialmente, coube ao Apóstolo Virgem, São João Evangelista, tomar a si o cuidado da Santíssima Virgem nos anos em que Ela ainda teria que permanecer nesta Terra, para uma missão complementar: Ajudar no florescimento da Igreja. Que graça imensa para este Apóstolo poder conviver com a Mãe de Deus, indagar-lhe sobre os principais Mistérios da vida do Salvador. Como teria se dado a Anunciação? Qual foi a reação de Maria quando o Anjo lhe anunciou que seria a Mãe de Deus? E como teria Ela passado, em companhia de São José, os três angustiantes dias antes reencontrar o Menino Jesus no Templo? E assim por diante. Como teriam sido essas conversas? Com que amor a Mãe instruía São João sobre estas e outras verdades? Quem de nós não gostaria de presenciar essas conversas, esse convívio entre Mãe e filho?

             Pois bem: a devoção ao Rosário é exatamente isso: Imaginemo-nos na casa de Éfeso, aos pés da Virgem Maria, meditando com Ela nos mistérios da vida de Jesus. A Mãe nos instrui e nos anima no Caminho de Cristo, compartilhando conosco todas aquelas coisas que Ela guardava no seu coração (Cf. Lc 2,52).

            Com efeito, o Rosário é uma oração eminentemente contemplativa: “Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas (…)”. (5) Assim, todas as vezes que rezamos o Rosário, estamos fazendo, em companhia de Maria, este exercício de contemplação.

            E, para que a nossa contemplação se torne mais santa, mais luminosa, mais de acordo com aquilo que a Igreja espera de nós, nada melhor do que buscarmos esse conhecimento, através das palavras dos Papas e dos Santos.

           Caro leitor: Contamos com a sua companhia durante este estudo! Ou melhor, durante esta Meditação! Rogamos à Santa Mãe de Deus que nos acompanhe, com Sua intercessão, para que, conhecendo melhor este grande instrumento de Salvação – que é o Rosário! – possamos crescer sempre mais no Amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, à Sabedoria Eterna e Encarnada.

Salve Maria!

João Celso


(1) Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Disponível em: http://houaiss.uol.com.br/busca?palavra=ter%25C3%25A7o
(2) Idem

(3) Papa João Paulo II. Carta Apostólica RosariumVirginisMariae. 9ª ed. São Paulo: Paulinas, 2005, p.58

(4) Idem, p. 6

(5) Papa Paulo VI. Exortação Apostólica Marialiscultus. n. 47.02 fev. 1974. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/apost_exhortations/documents/hf_p-vi_exh_19740202_marialis-cultus_po.html
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