By

Frase da Semana – Santa Gertrudes

Gertrudes, cada Ave-Maria que você reza lhe obtém uma moe­da de ouro para o Céu. Sim, minha filha, esta é a moeda com a qual se compra o Paraíso.

Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santa Gertrudes.

“Será possível comprar o Céu”? Este sugestivo título ilustra artigo do Revmo. Pe. Carlos Alberto Soares Corrêa, na Revista Arautos do Evangelho, de Março de 2002. (1) Nesse belo artigo é retratada a aparição que Nosso Senhor Jesus Cristo dignou-Se fazer a Santa Gertrudes, para dar a conhecer à Santa as grandezas da Ave-Maria. Óbvio que não se compra o Céu com dinheiro, nem com moedas, nem qualquer outra riqueza material. Mas, o Céu tem o seu preço. Como podemos fazer para pagar esse preço? Vejamos um pouco da história dessa aparição a Santa Gertrudes, a Grande, santa mística alemã, uma das principais teólogas da Idade Média, que viveu no século XIII, cuja festa litúrgica se comemora a 16 de Novembro (2) e que a Frase da Semana traz a seus leitores:

Gertrudes era uma freira mui­to devota de Nossa Senhora. Entre as práticas de piedade mariana que cultivava, encantava-a sobretudo a Ave-Maria ou “Sau­da­ção An­gélica”. Certo dia estava re­zan­do em seu quarto, quando este se iluminou com uma luz mais intensa que a do sol. Era o próprio Jesus que vinha conversar com ela. Apesar da majestade da aparição, Santa Ger­tru­des – pois é dela que falamos – não interrompeu as orações. Notou, com surpresa, que a cada “Ave-Ma­ria” re­citada, Jesus co­locava sobre uma mesa uma linda moeda, de um ouro todo especial, de um brilho não conhecido nesta terra. Após alguns instantes, perguntou ela ao Salvador:

– Senhor, que fazeis?

– Gertrudes, cada Ave-Maria que você reza lhe obtém uma moe­da de ouro para o Céu. Sim, minha filha, esta é a moeda com a qual se compra o Paraíso. (3)

Santa Gertrudes

Esta mesma aparição referenciando a Ave-Maria como uma “moeda” com a qual se compra o Paraíso é referenciada por São Luís Maria Grignion de Montfort, no livro O Segredo do Rosário.

Peçamos, então, que Santa Gertrudes nos obtenha a graça de rezar, a cada dia com devoção, muitas Ave-Marias. Não apenas porque esta é a nossa “moeda” para ganhar o Céu, mas, sobretudo por que esta Oração, segundo os Santos, é muito querida e apreciada por Jesus Cristo e é como “um orvalho que pre­para nossas al­mas para praticar as virtudes mais difíceis e mais ma­ravilhosas: a Fé, a Esperança, a Caridade ou Amor de Deus, a Pu­reza. Fecundadas por esse magnífico orvalho, nossas almas tornam-se belas e agra­dá­veis a Deus.  Além desse precioso fruto, ela nos comunica uma alegria inte­rior, indispensável para en­frentar os dra­mas do nosso mundo tão agitado.” (4)

Salve Maria!


(1) Carlos Alberto Soares Corrêa. Será possível comprar o Céu.. Revista Arautos do Evangelho n. 3, março de 2002, p. 4 a 7. Disponível em: http://www.arautos.org/artigo/17283/Sera-possivel-comprar-o-Ceu-
(2) Conheça mais sobre a espiritualidade de Santa Gertrudes, acessando a Catequese de S.S. Bento XVI em 06/10/2010, acessando o site dos Arautos do Evangelho. Disponível em: http://www.arautos.org/noticias/20218/Papa-apresenta-a-alema-Santa-Gertrudes-na-catequese-da-audiencia-geral-da-semana
(3) Carlos Alberto Soares Corrêa. Op.cit.
(4) Idem, ibidem.

By

O Terço nas palavras dos Papas e dos Santos – Parte II – Origem do Rosário

Origem do Rosário

Nesta série de artigos, estamos nos propondo a fazer uma leitura, nas palavras dos Papas e dos Santos, sobre a importância do Rosário e a sua atualidade para a vida espiritual dos católicos de hoje. Tendo em vista que muitos ainda desconhecem aspectos históricos desta Devoção, dedicaremos esta segunda parte para tratar, resumidamente, da sua origem. Como o assunto é extenso e nosso espaço é limitado, convidamos aos leitores que desejarem informações mais completas, a estudarem com mais vagar as fontes citadas nas referências, ao final deste artigo.

A devoção ao Rosário, na forma e no método como conhecemos hoje (recitação dos mistérios, através da oração vocal e mental) teve seu início no século XIII, mais precisamente no ano de 1214, segundo narra São Luís Maria Grignion de Montfort em seu livro intitulado O Segredo do Rosário.(1) Aqueles eram tempos difíceis para a Igreja de Cristo, que estava, principalmente na França, sendo assolada por uma terrível heresia, a dos albigenses, cujos erros ameaçavam tomar toda a Europa, pois traziam consigo uma profunda corrupção moral. Os esforços para debelar essa heresia mostravam-se inúteis. São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Frades Predicadores, ou Dominicanos, estava também envolvido nessa luta.

Narra o Monsenhor João Clá Dias:

“Dias de aflição terrível foram aqueles! Havia horas em que tudo parecia perdido, e a heresia triunfante tudo destruía, manchava e conspurcava.

“Nesse estado de tribulação extrema da Cristandade, São Domingos, movido por uma inspiração divina, entrou numa grande e profunda floresta próxima de Toulouse (capital do Languedoque), e ali passou três dias e três noites em contínua oração e penitência. Não cessou de gemer, chorar e se flagelar, implorando a Deus que tivesse pena de Sua própria glória calcada aos pés pela heresia albigense.

“Em consequência de tamanho ardor e esforço, acabou por cair semimorto. E eis que então, Maria Santíssima, resplandecente de glória, apareceu-lhe”(2)

Essa sublime manifestação de Nossa Senhora a São Domingos, foi descrita pelo frade dominicano Beato Alano de La Roche (1428-1475), em seu livro Da Dignidade do Saltério (Rosário), o qual é citado por S. Luís Grignion de Montfort:

S. Domingos recebe o Rosário da Santíssima Virgem

Querido Domingos, disse-lhe Nossa Senhora, sabeis de que arma a Santíssima Trindade quer usar para mudar o Mundo? São Domingos respondeu: Oh minha Senhora, vós sabeis bem melhor do que eu, pois depois de vosso Filho Jesus Cristo, vós tendes sido sempre o principal instrumento de nossa salvação.

Nossa Senhora respondeu-lhe: Quero que saibas que a principal peça de combate tem sido sempre o Saltério Angélico que é a pedra fundamental do Novo Testamento. Assim quero que alcances estas almas endurecidas e as conquiste para Deus, com a oração do meu Saltério.

Então, levantou-se [São Domingos] muito consolado, e inflamado de zelo pela conversão dos homens dirigiu-se diretamente á Catedral. Imediatamente, os Anjos invisíveis tocaram os sinos a fim de ajuntar as pessoas e São Domingos começou a pregar.

Assim que iniciou seu sermão, desencadeou-se uma tempestade terrível, a terra tremeu, o sol se escureceu, houve tantos trovões e raios que todos ficaram muito temerosos. Ainda maior foi o seu medo quando olharam a imagem de Nossa Senhora, exibida em local privilegiado, e a viram levantar os braços em direção aos Céus, três vezes, para chamar a vingança de Deus sobre eles, caso falhassem em se converter, arrumar suas vidas e procurar a proteção da Santa Mãe de Deus.

Deus quis, por meio destes fenômenos sobrenaturais, espalhar a nova devoção do Santo Rosário e fazer com que este fosse mais vastamente divulgado”.(3)

Este foi apenas o primeiro de inúmeros prodígios realizados por São Domingos, graças à sua filial devoção e fidelidade a Nossa Senhora.

A Devoção a Maria e ao Rosário produz maravilhas na Igreja

Faz parte, portanto, de uma sólida tradição, narrada por São Luis Grignion de Montfort, citando o Beato Alano de la Roche, que São Domingos foi instado a pregar o Rosário, diretamente pela Mãe de Deus. Durante toda a sua vida, São Domingos foi um incansável propagador dessa Devoção e, como consequência, teve o seu trabalho coroado de êxitos e prodígios, como atesta a fundação e o extraordinário desenvolvimento de sua Ordem Religiosa. Em apenas cinco anos, São Domingos que, no início contava com apenas 16 colaboradores, fundou 60 conventos em toda a Europa, todos eles habitados por jovens entusiasmados e cheios de Fé. De fato, a Ordem dos Dominicanos tem honrado a Igreja com uma quantidade enorme de Santos e Doutores, os quais a serviram na Teologia, na Evangelização, nas Artes e no Governo. Entre esse exército de grandes santos, um Santo Tomás de Aquino, o doutor mais célebre da Igreja Católica; um apostólico e incansável São Vicente Ferrer, o grande Papa São Pio V, o Beato Fra Angelico, cujas obras parecem pintadas por anjos e ainda muitos outros. São tantos os santos dominicanos canonizados que a Ordem tem uma data especial para celebrá-los: dia 07 de Novembro, dia de todos os santos dominicanos. Uma glória para a Igreja! Tudo isso obtido, sem dúvida, pelas graças da fidelidade na pregação e na oração contínua e perseverante do Rosário!

Narra ainda Monsenhor João Clá:

“Desde o tempo em que foi estabelecido até ao ano de 1460, quando o Bem-Aventurado Alano de La Roche renovou esta devoção por ordem do Céu, o Rosário foi chamado de Saltério de Jesus e da Santíssima Virgem, por analogia com o Saltério de David, que contém 150 salmos – o mesmo número de saudações angélicas que compõem o Rosário (atualmente este número subiu para 200, com a introdução dos mistérios luminosos – ver post anterior(4)).

“Apesar de, modernamente, a autenticidade desses fatos ter sido posta em dúvida por vários especialistas, que alegam a ausência de documentos contemporâneos que os atestem, a crítica histórica vem demonstrando o acerto em se considerar São Domingos – fundador dos Dominicanos – como o instituidor do Rosário, e a voz de numerosos Pontífices Romanos o confirmam”(5)

Deus sempre faz a sua parte, derramando Suas graças em profusão, mas, as coisas que dependem da correspondência humana, principalmente, as de natureza espiritual, muitas vezes sofrem com a falta de fidelidade. Assim, após o incentivo inicial de São Domingos, durante mais de um século houve fervor pelo Santo Rosário, mas, aos poucos, esta devoção foi esfriando.

O Beato Alano de La Roche era um frade dominicano do Mosteiro de Dinán, na Bretanha. Foi ele o instrumento do qual Nossa se serviu para trazer de volta, no século XV, o entusiasmo pela devoção ao Rosário.

São Luis Grignion de Montfort, narra que o religioso “iniciou seu nobre trabalho em 1460 após ter recebido os conselhos especiais de Nossa Senhora. Depois ele recebeu a urgente mensagem de Nosso Senhor, tal qual ele mesmo nos conta. Um dia quando estava celebrando a Missa, Nosso Senhor, que queria motivá-lo a pregar o Santo Rosário, lhe disse na Sagrada Hóstia: Como podes Me crucificar novamente tão depressa?

“Como assim, Senhor? – perguntou o Bem aventurado Alano, horrorizado.

“Respondeu Jesus: Tu já me crucificaste uma vez por teus pecados, e Eu de boa vontade seria crucificado novamente ao invés de ver Meu Pai ofendido pelos pecados que tu cometeste. Tu estás a me crucificar de novo agora porque tens todo o conhecimento e compreensão de que precisas para pregar o Rosário de minha Mãe, mas não estás a fazê-lo. Se tu o tivesses feito, terias ensinado a muitas almas o caminho certo e os teria tirado do pecado, mas não estás a fazê-lo e tu mesmo és culpado dos pecados que eles cometem”.(6)

Após essa repreenda, tendo ainda recebido outros avisos, por aparições, de São Domingos e da própria Maria Santíssima, o Beato Alano de La Roche se tornou, a exemplo de seu Fundador, um entusiasmado propagador do Rosário.

São muitos os exemplos de conversão que a Santíssima Virgem concedeu para deixar claro a necessidade e a utilidade da oração do Rosário, desde sua origem até os nossos dias. Também nós somos convidados a renovar a cada dia o nosso amor para com esta devoção, tornando-a, depois da Eucaristia, parte central de nossa vida espiritual. Uma devoção sumamente incentivada pelos Santos e pelos Pontífices.

Na próxima parte: Leão XIII, o Papa do Rosário.

Salve Maria!

Prof. João Celso

Beato João Paulo II rezando o Rosário


1) São Luis Maria Grignion de Montfort. O Segredo do Rosário. Edição. Trad. Geraldo Pinto Faria Jr Belo Horizonte: Ed. Divina Misericórdia, 1997.
2) Mons. João S. Clá Dias. Fátima, O Meu Imaculado Coração Triunfará. 2ª. ed..São Paulo: ACNSF, 2007, p. 93.

3) São Luís Maria G. de Montfort. Op.cit., pág. 13

4) O Terço nas palavras dos Papas e dos Santos. I Parte. Disponível em: http://maringa.blog.arautos.org/2013/06/o-terco-na-palavra-dos-papas-e-dos-santos/
5) Monsenhor João S. Clá Dias, Op. cit. p. 95
6) São Luis Maria G. de Monfort, Op. cit. p. 20

By

Devoção a Nossa Senhora – Comentários à Salve Rainha – (Parte VI)

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,

Maria Auxílio dos Cristãos –
Basílica de Maria Auxiliadora – Turim, Itália.

vida, doçura e esperança nossa, salve!

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.

A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa,

esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.

E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.

.

 V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Eia, pois, Advogada nossa

São Luis Maria Grignon de Montfort

São Luís Maria Grignion de Montfort, nascido na França é um grande Santo mariano; suas diversas obras são conhecidas universalmente pelo enorme bem que fazem. Foram reconhecidas por vários papas e até utilizadas em suas encíclicas; entre eles, principalmente, o Beato João Paulo II que elegeu o Santo como “significativa figura de referência”, a quem o Santo “iluminou em momentos importantes da vida”.(1) Suas principais obras são: O Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, O Segredo de Maria, O Segredo do Rosário, Carta Circular aos amigos da Cruz. Faleceu com apenas 43 anos, em 1743, quando tinha apenas 16 anos de sacerdócio.

Apesar de ter exercido o seu ministério por relativamente pouco tempo, foi um grande pregador e grande missionário. Fundou três congregações religiosas. Extraordinário apóstolo da devoção à Maria Santíssima. Foi canonizado pelo Papa Pio XII, em 1947.

Este grande santo é um ardoroso e incansável propagador do papel de Maria Santíssima como nossa Advogada. No seu esplendoroso Tratado da Verdadeira Devoção, utilizando-se da mesma doce expressão que Nosso Senhor Jesus Cristo usa no Evangelho, quando lamentou a infidelidade de seus filhos (Cf. Mt 23,37), São Luís menciona que Maria cuida de seus filhos: “abriga-os sob as asas de sua proteção, como uma galinha aos pintinhos”(2).

O papel que se espera de um advogado competente é que ele se empenhe para defender bem o seu cliente diante do tribunal. Em outro admirável livro, O Segredo do Rosário, S. Luís nos dá um exemplo de como Nossa Senhora há de nos proteger e nos defender diante do Tribunal Divino, no momento em que estivermos sendo julgados. Essa história, narrada pelo Santo nos faz entender o papel de Maria como nossa Advogada.

Antes de entrar propriamente na narração da história, o Santo nos adverte sobre o papel que as histórias piedosas têm na nossa vida.

Todos sabem que há três tipos diferentes de fé na qual cremos em três tipos diferentes de histórias:

Às histórias das Escrituras Sagradas damos fé divina;

Às histórias relacionadas a assuntos que não sejam religiosos, que não estejam contra o bom senso e que são escritas por escritores dignos, damos fé humana, enquanto,

Às histórias tratando de assuntos sagrados que são contadas por bons escritores e que não possuam nada contrário à razão, fé ou moral (mesmo que às vezes lidem com acontecimentos que sejam sobrenaturais), pagamos-lhe tributo de fé pia.

Concordo que não devemos ser nem um tanto ingênuos nem por demais críticos e que devemos lembrar que ‘a virtude segue o caminho do meio’, ao mantermos o bom equilíbrio encontraremos a verdade e a virtude. Mas, por outro lado, eu igualmente o sei que a caridade facilmente leva-nos a crer em tudo que não é contrário à fé ou à moral: ‘a caridade… tudo crê” (1 Cor 13,7); da mesma forma, o orgulho nos induz a duvidar mesmo das mais autênticas histórias sob o argumento de que elas não são encontradas na Bíblia”.(3)

Ora, os católicos, sob a orientação da Santa Igreja através de seus pastores, podem, com toda a tranquilidade, dar fé às histórias contadas pelos santos canonizados, em seus livros. Isto nos dá, portanto, segurança, para referir a história piedosa que S. Luís nos conta a seguir:

Afonso, rei de León e da Galícia, desejando que todos os seus servos honrassem a Santíssima Virgem rezando o rosário, colocava um grande rosário em seu cinto e sempre o usava, mas infelizmente nunca o rezava. Contudo, o fato de usá-lo, motivava a toda a corte a rezá-lo devotamente.

Um dia o rei adoeceu gravemente e quando creram que estava para morrer, ele caiu em êxtase, viu-se a si mesmo perante o trono do julgamento de Nosso Senhor. Muitos demônios estavam lá a acusá-lo de todos os pecados que havia cometido e Nosso Senhor como Juiz Soberano já estava para condená-lo ao inferno, quando Nossa Senhora apareceu para interceder por ele. Trouxeram uma balança, onde foram colocados todos os seus pecados. No outro prato Nossa Senhora colocou o Rosário que ele sempre carregava na cintura, juntamente com todos os Rosários que foram rezados por causa de seu exemplo. Viu-se que os Rosários pesaram mais do que seus pecados.

Ao olhá-lo com grande benignidade, Nossa Senhora disse: Como recompensa por esta pequena honra que você me fez em usar meu rosário, eu obtive uma grande graça de meu Filho. Sua vida será prolongada por mais alguns anos. Viva-os sabiamente, e faça penitência.(4)

Não sabemos quando acontecerá, mas é certo e a Doutrina da Igreja nos confirma(5) que logo após a nossa morte deveremos nos apresentar diante do Juízo Particular de Deus. O Juiz dará à alma de cada um aquilo que mereceu(6). Nesse grave momento de decisão final, irrevogável, inapelável, temos confiança de que estará lá, presente e atuante a nossa Advogada, Maria Santíssima. Com que alegria os seus devotos podem constatar que a sua Advogada é a Mãe do Juiz que dará a sentença, e dEle Ela pode alcançar, “com seus rogos, tudo quanto quer”.(7)

Continua ainda Santo Afonso: “Pobres pecadores! Que seria de nós, se não tivéramos esta grande advogada! Quanto a considera seu Filho e nosso Juiz por causa da compaixão, da prudência que nela encontra! Tanto a considera, que não pode condenar pecador algum que se acha sob seu patrocínio”.(8)

A interjeição que inicia esta invocação “Eia” – é usada para expressar um pedido, mas, um pedido feito com ânimo, com confiança!(9) Com isso, quer a Igreja que invoquemos nossa Advogada, para que atue em nossa defesa, não somente naquele dia de nosso derradeiro julgamento, mas, também durante esta vida, pois Ela “não se cansa de tratar com o Pai e o Filho o sério assunto da nossa salvação. Singular refúgio dos perdidos, esperança dos miseráveis e advogada de todos os pecadores que a Ela recorrem”(10).

Que a invoquemos, portanto, com ânimo, com certeza de sua intercessão “agora e na hora da nossa morte”: Eia, pois Advogada nossa!

Por Prof. João Celso

1) João Paulo II. Discurso do Santo Padre aos Participantes no VII Colóquio Internacional de Mariologia.. Roma, 13 de outubro de 2000. Disponível em www.vatican.va
2) S. Luís Maria Grignion de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem 38ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2009, p. 201
3) São Luís Maria Grignion de Montfort. O Segredo do Rosário. Belo Horizonte: Ed. Divina Misericórdia, s/d, p. 33
4) Ibidem, p. 28
5) Catecismo da Igreja Católica. N. 1021 e n. 1022.
6) São Tomás de Aquino, apud Clá Dias, Mons. João. Os novíssimos do homem. Revista Arautos do Evangelho, Nov/2006, n. 59, p. 10 a 16.
7) Santo Afonso Maria de Ligório. Glórias de Maria. 3ª, Ed. Aparecida: Ed. Santuário, 1989, p. 161.
8) Ibidem, página 162.
9) Grande Dicionário Houaiss da língua portuguesa
10) Santo Afonso Maria de Ligório. Op.cit., p. 160.
%d blogueiros gostam disto: