Category: Devoção a Nossa Senhora
Tags: Devoção a Nossa Senhora, EP, Glórias de Maria, Grand Canyon, Há vida sem sofrimento?, João Celso, Mons. João Clá Dias, EP, S. Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, vale de lágrimas, Vale do Loire
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,
vida, doçura e esperança nossa, salve!
A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.
A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.
E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.
V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo
“A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”
A incomparável bondade de Deus presenteou o mundo e os homens que nele habitam com uma quantidade enorme de belos e encantadores vales.
O Grand Canyon, Colorado, EUA
Esses acidentes geográficos podem variar enormemente de extensão, comportando apenas alguns quilômetros, como também milhares de quilômetros quadrados de área. Geralmente se constituem em uma área de baixa altitude, na qual corre um rio, cercado de montanhas. Podem ser vales desertos e quase sem vegetação, como o Grand Canyon, localizado nos Estados
Castelo de Neuschwanstein, Alemanha
Unidos e descoberto por espanhóis no século XVI. Este vale, imenso, chega a ter profundidades de 1.600 metros! Podem ser também imensos vales verdejantes, cercados por montanhas cobertas por neve, ou por abundantes florestas verdes, nas quais, com elegância, pode um imponente castelo ocupar lugar de destaque na paisagem, como por exemplo o Castelo de Neuschwanstein, que por sua graça e beleza é o edifício mais fotografado na Alemanha.
Na França existe um vale muitíssimo famoso, o Vale do Loire, também conhecido como Jardim da França. Toda a paisagem do rio Loire é coberta por castelos magníficos, que demonstram como a genialidade humana, quando corresponde aos estímulos do Evangelho, pode emoldurar ainda mais a já privilegiada natureza da região. A esses castelos acorrem visitantes do mundo inteiro, em todas as épocas do ano, para contemplar a sua grandiosidade e beleza únicas. Seus castelos mais famosos são os de Chambord e Chenonceau, além de outras dezenas, igualmente visitados e referenciados.
Castelo de Chenonceau, Vale do Loire, França
Castelo de Chambord
Vale do Loire, França
Neste nosso Brasil, abençoado por Deus com uma natureza rica e variada, temos também os nossos verdes e exuberantes vales, cujos rios caudalosos fazem os rios da Europa parecerem pequenos riachos. São também de uma beleza extraordinária e proporcionam àqueles que os visitam uma sensação de bem estar, como que uma antessala do que seria o Paraíso terrestre, do qual, em consequência do pecado, foram expulsos nossos primeiros pais.
Em outras palavras, a admiração a esses vales nos remete à grandeza de Deus e nos fazem imaginar como será o Céu, que Ele tem preparado para nós desde toda a eternidade. Enfim, seja para um descanso de férias, seja numa viagem a trabalho, quantos de nós não gostariam de visitar, conhecer e – quem sabe! até morar em um desses vales. De fato, não seria pequena a satisfação de constantemente contemplar a natureza intocada, ou a natureza redesenhada pelo homem, cuja contemplação nos remete a nosso fim último.
No entanto, ainda como consequência do pecado de nossos primeiros pais, nós somos constrangidos a morar e a conviver uns com os outros em outro vale: O vale de lágrimas. Com efeito, a oração da Salve Rainha, nos convida a recorrermos a Nossa Senhora, “suspirando, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”. Esta frase nos indica que não podemos ter felicidade plena, completa, nesta terra. Sempre estaremos cercados de problemas, ou doenças, ou provações, algum tipo de infelicidades, as quais nos fazem suspirar, gemer e chorar. E esse nosso lamento só pode ser aliviado com a presença de Deus em nossas vidas. Por que Deus permite que isso seja assim? Comenta o Monsenhor João Clá, EP, fundador dos Arautos:
“Assim como o carvão, para se transformar em diamante, precisa ser submetido às altíssimas temperaturas e pressões encontradas nas entranhas da Terra, nossas almas necessitam do sofrimento, neste vale de lágrimas, para merecermos a glória celeste. E para bem suportarmos os padecimentos que nos esperam, façamos, por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, o pedido contido no salmo: ‘Sobre nós venha, Senhor, vossa graça, pois em Vós esperamos’ (Sl 32, 22)”(1).
Portanto, sempre que tivermos sofrimentos a enfrentar – e sempre os teremos, somos convidados a recorrer a Nossa Senhora, que poderá nos amparar com as suas graças. Nesse sentido, ensina-nos Santo Afonso de Ligório:
“Que o recorrer, pois, à intercessão de Maria Santíssima seja coisa utilíssima e santa, só podem duvidar os que são faltos de fé. O que, porém, temos em vista provar é que esta intercessão é também necessária à nossa salvação. Necessária, sim, não absoluta, mas moralmente falando, como deve ser. A origem desta necessidade está na própria vontade de Deus, o qual pelas mãos de Maria quer que passem todas as graças que nos dispensa.”(2)
Exatamente no mesmo sentido, complementa S. Luís Maria Grignion de Montfort:
“Deus Espírito Santo comunicou a Maria, sua fiel esposa, seus dons inefáveis, escolhendo-a para dispensadora de tudo que ele possui. Deste modo ela distribui seus dons e suas graças a quem quer, e dom nenhum é concedido aos homens, que não passe por suas mãos virginais. Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria e assim será enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo, aquela que, em toda a vida, quis ser pobre, humilde e escondida até ao nada”(3)
Temos em nossas vidas momentos de calmaria, mas temos também momentos de tempestade. O mais importante é estarmos sempre agarrados à mão de nossa Protetora, Aquela que nos ajuda a atravessar o vale de lágrimas e chegar ao outro lado. Que a nossa confiança cresça a cada dia, e não deixemos jamais de recorrer ao auxílio de nossa Mãe Santíssima!
Por Prof. João Celso
Na próxima parte:
“Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei”
1) Monsenhor João Clá Dias. Há vida sem sofrimento? Revista Arautos do Evangelho, Outubro/2012, p. 10 a 17.
2)Santo Afonso Maria de Ligório. Glórias de Maria. 3ª. ed. Aparecida: SP, Editora Santuário, 1989. p. 132
3)São Luis Maria G. de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 38ª. Ed. Petrópolis: RJ, Vozes, 2009. P. 31
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