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Natal do Senhor – Missa da Vigília do Natal

Resumo dos Comentários de Mons. João Scognamiglio Clá Dias, no Inédito Sobre os Evangelhos.

Fez-se Homem para nos Divinizar.

Ao constatar todas as abominações, ficamos impressionados e logo nos perguntamos, qual a razão de Deus as haver tolerado? Porque o Salvador teria querido e consentido que na sua linhagem contasse gente de vida dissoluta? Ele conhecia esses horrores desde toda a eternidade e podia eliminá-los num instante.

 

No entanto, não os eliminou e permitiu sua realização para tornar mais clara a ação da Providência: Jesus, nascendo de uma virgem concebida sem pecado original, sob os cuidados de São José, varão santíssimo, veio reparar as iniquidades de Adão e Eva, de todos os seus antepassados e da humanidade inteira. Ele veio, sobretudo, para salvar os pecadores e, admitindo-os em sua ancestralidade, quis dar a entender o quanto  Deus aceita não só os inocentes, mas também os que tendo incorrido em faltas, se arrependem e pedem perdão.

“Ele veio à Terra” – diz São João Crisóstomo – “não para fugir de nossas ignomínias, senão para tomá-las sobre Si. […] Não só é justo que nos maravilhamos de que Ele assumisse a carne e Se fizesse Homem, mas de que Se dignasse a ter tais parentes, sem em nada envergonhar-Se de nossas misérias. Desde o berço, pois, proclamou que não Se envergonha de nada do que é nosso”.

Assim, Ele põe um ponto final nesse encadeamento de misérias com uma glória extraordinária, porque se os homens fossem perfeitos não se justificaria a Redenção, conforme canta a Igreja na Liturgia da Páscoa: “Ó pecado de Adão indispensável, pois o Cristo o dissolve em seu amor; ó culpa tão feliz que há merecido a graça de um tão grande Redentor!”.

Entre esses pecadores está Davi, que por meio de um sublime arrependimento mereceu passar para história como o penitente.

Portanto, da nossa parte o que é preciso? Humildade, reconhecimento dos próprios defeitos, pedido de perdão e penitência. Devemos confiar na bondade infinita e no desejo de perdoar de Nosso Senhor, pois nisso Ele Se alegra. Nunca nos desesperemos caso o pecado venha tisnar nossa vida, porque, ainda que tenhamos errado, se soubermos implorar misericórdia e reparar a ofensa, daí sairão maravilhas, tal como da ascendência de Jesus nasceu Deus! Se formos inteiramente inocentes, estejamos certos de que essa inocência provém da graça; se cairmos em alguma falta, lembremo-nos de que Nossa Senhora pode nos purificar, cobrindo-nos com seu manto e tornando-nos capazes de obras grandiosas.

Quantos Padres e Doutores comentam o mistério de Deus Se ter feito Homem a fim de nos fazer deuses! Com efeito, é o que se dá no instante em que as águas do Batismo são derramadas sobre nossa cabeça: a natureza divina é infundida em nós.

O Natal do Menino Jesus, máximo acontecimento em toda história da criação vem penetrado pelo pensamento da misericórdia, da bondade e do perdão concedido a quem pede. A Missa da Vigília, que dá início a Solenidade, traz este ponto a nossa lembrança, apresentando-nos uma genealogia na qual encontramos a marca do insuperável amor de Deus para com a humanidade. Por isso permaneçamos na expectativa de sua chegada que se verificará nesta noite santa. Ele nascerá liturgicamente, mas descerá também ao coração de cada um de nós. Entretanto, nós não podemos dizer-Lhe: “Vinde agora, Senhor, nasce dentro do palácio de meu coração!…”. Antes, para que Ele possa vir com todo esplendor, é preciso que nossa alma se reconheça como é: uma gruta fria, inóspita, oferecendo-Lhe apenas uma pobre manjedoura cheia de palha, símbolo de nossa miséria e de nossas deficiências, escolhidas por Ele para ser recebido e que tanto deseja transformar!

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