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A alegria de interessar-se pelos outros

Interessar-se pelos outros… Como esta conduta parece ir desaparecendo do convívio humano, trocada tantas vezes por atitudes marcadas pelo interesse exclusivamente pessoal, pela busca da vantagem própria ainda que em prejuízo de outrem, pelo egoísmo. No entanto, podemos indagar: onde o homem encontra a sua alegria, no buscar-se a si mesmo, ou no abrir-se para o outro?

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São Carlos Borromeu: o Santo que indicou e percorreu o caminho da Cruz

Ficamos impressionados, ou melhor, movidos à adoração Daquele que nos aconselhou a sermos como Ele, que é “manso e humilde de coração”, ao se manifestar não só em sua divina Misericórdia, mas também na sua Justiça, ao reprovar o mal.

Carlo_BorromeoE assim, quantas vezes O contemplamos admoestar e corrigir com palavras divinamente duras, as atitudes dos escribas e fariseus pelo fato de que, entre outras hipocrisias, “atam fardos pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens, mas não querem movê-los sequer um dedo” (Lc 23, 4).

Bem diferente desta atitude reprovada pelo Divino Mestre, encontramos aqueles que não só indicam, mas trilham o caminho muitas vezes cheio de cruzes e, pelo exemplo, suavizam os sofrimentos alheios, atraindo-os para Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

É o que podemos admirar na vida do grande São Carlos Borromeu, Bispo de Milão, Sucessor dos Apóstolos, Príncipe da Igreja e Servo do seu rebanho.scarlos

Conta-nos a história que, em 1576 a cidade de Milão fora atingida pela terrível peste que dizimava a população. Não somente as mortes causadas pela epidemia constituíam um grande sofrimento para o Pastor daquele rebanho, mas também sofria pelo fato de ver que ninguém se movia a auxiliar os atingidos pela doença, por medo de contágio.

Diz-se que “o amor engendra”, produz frutos. Viu o Bispo que apenas palavras não bastariam para mover as pessoas a socorrerem as vítimas.

Qual foi sua atitude? Mais do que palavras, ele próprio foi de casa em casa, procurando especialmente aqueles casos mais graves, consolando os aflitos e administrando os Sacramentos. Não bastasse isto, ele “saía, depois, à janela das casas e, com vozes que cortavam os corações, convidava tanto a sacerdotes como a seculares a que o ajudassem naquela obra de caridade”. ¹

Qual o resultado deste heróico exemplo e tão comovente admoestação?

As palavras comovem, o exemplo de São Carlos “arrasta”

O Padre Francisco Alves nos conta que “ante aquele formoso exemplo do Santo Arcebispo, muitos cidadãos se sentiram impelidos a socorrer os empestados. Até os sacerdotes, que haviam fugido, voltavam para sacramentar os moribundos, sendo coadjuvados por outros vindos do estrangeiro”. ²

Conforme narra nosso Sacerdote redentorista, deste holocausto a serviço do próximo, durante um ano e meio de epidemia, perderam a vida cento e vinte sacerdotes seculares, além de dois jesuítas, dois barnabitas e quatro frades capuchinhos!

Levou ainda, nosso Santo Bispo, sua dedicação para além dos limites do que se possa imaginar. Caminhando a pé descalço, promovia e fazia grandes procissões para obter de Deus misericórdia e que afastasse tal epidemia.

carlosbecristoCom efeito, São Carlos Borromeu imitou o Amor e o Holocausto de Jesus, d’Aquele que é ao mesmo tempo Sacerdote e Vítima por excelência, que teve como causa de sua total entrega – no dizer de Mons. João S. Clá Dias, EP – o amor por nós. ³

Assim são os Santos. Indicam o caminho da Cruz e do sofrimento e eles próprios o percorrem com santa ousadia!


¹ Pe. Francisco Alves, C.SS.R. São Carlos Borromeu e a epidemia In Tesouro de Exemplos. v. I, 2. Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1958, p. 160

² Obra citada, p. 160

³ Mons. João S. Clá Dias. Amor e holocausto In http://presbiteros.arautos.org/category/mons-joao-s-cla-dias/Acesso em: 04 nov 2015

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Frase da Semana – São João Eudes

Algo deplorável até as lágrimas de sangue é ver que, dentre o tão grande número de homens que povoam a Terra, que foram batizados e, em conseqüência, admitidos na condição de filhos de Deus […] muito mais numerosos são os que vivem como animais, como pagãos e até mesmo como demônios; quase não há quem se comporte como verdadeiro cristão. ¹

São João Eudes

São João Eudes

São João Eudes

A frase da semana traz estas palavras, pronunciadas no Século XVII, pelo grande apóstolo do Coração de Jesus e Maria, São João Eudes.

Com quanta força e clareza o Santo manifesta sua consternação e inconformidade diante da triste situação pela qual se encontravam muitos “homens que povoam a Terra”, batizados, afastados vergonhosamente do amor de Deus e do próximo!

Conta-nos a história que:

“Nascido em 14 de novembro de 1601 no vilarejo de Ri, próximo a Argentan, João Eudes [nosso Santo] foi uma resposta da Providência às súplicas de seus pais. Acabrunhados pela perspectiva de não terem filhos, peregrinaram a um santuário mariano para implorar esta graça e ali consagraram de antemão a Nossa Senhora o fruto de sua união. Em pouco tempo nascia-lhes o menino, que apressaram em conduzir à fonte batismal.” ²

Este fruto, nascido da devoção confiante e submissa de seus piedosos pais à Mãe de Misericórdia, desenvolveu-se e produziu santas obras de amor a Deus e ao próximo: aos 22 anos ingressa na Congregação do Oratório, mais tarde ordenado Sacerdote em poucos dias vai à missão.

O que lhe moveu tal ardor missionário? Tendo visto tanto distanciamento do amor de Deus e de seus mandamentos por parte daqueles mais agraciados por Deus, os batizados – conforme expressa em suas palavras – deixou-se inflamar pelo zelo e desejo de fazer o bem. Este amor faz lembrar Santo Elias que, presenciando o povo eleito, os israelitas abandonarem a aliança com Deus, disse: “Estou devorado de zelo pelo Senhor, Deus dos exércitos (cf. 1Reis 19,10).

A tal ponto queria ele mover as almas para Deus, que chegou a afirmar:

“Que fazem em Paris tantos doutores e tantos bacharéis, enquanto as almas perecem aos milhares por falta de quem lhes estenda a mão para tirá-las da perdição e preservá-las do fogo eterno? Decerto, creia-me, eu iria a Paris gritar na Sorbonne e nas outras faculdades: ‘Fogo! Fogo! O fogo do inferno incendeia todo o universo! Vinde, senhores doutores, vinde, senhores bacharéis, vinde, senhores padres, vinde todos, senhores eclesiásticos, vinde ajudar a apagá-lo’”. ³

Eis aqui este “instrumento puríssimo do amor divino”, conforme comente Monsenhor João S. Clá Dias, a respeito do verdadeiro Sacerdote: “tem como missão essencial incendiar as almas com o fervor de Deus, para multiplicar e expandir o fogo sublime que o próprio Cristo veio trazer à Terra (cf. Lc. 12.49), com o preço de seu Sangue […] Chamado a ser ‘luz do mundo’ (Mt 5, 14), o sacerdote tem o dever de converter-se num sol a iluminar e aquecer a Terra com o ardor de seu amor a Deus”. 4

São João Eudes prega aqui palavras cheias de “fogo sublime” do amor de Deus, de amor ao próximo e de indignação contra a perda de tantas almas do rebanho do Senhor.

Poderíamos nos perguntar: tais palavras estão em nossos dias, neste início de Século XXI, despojadas da realidade? Deixemos a resposta para a consciência e o conhecimento dos nossos dias por parte do caro leitor.

…………

¹ Jean-Michek Amouriaux, CJM; Paul Milcent, CJM. Saint Jean Eudes, par ses écris. Paris: Médiaspaul, 2001, p. 81.

² Ir. Carmela Werner Ferreira, EP. São João Eudes: Apóstolo de Jesus e Maria. Revista Arautos do Evangelho, Ano XIV, n° 164, Agosto 2015, p. 19.

³ Jean-Michek Amouriaux, CJM; Paul Milcent, CJM. Ir. Carmela Werner, idem, p. 83.

  1. Mons. João S. Clá Dias. Comentários 10 de outubro de 2014. Sol entre duas fornalhas. In

http://comentariosdejoaocladias.blogspot.com.br/ – Acesso em 21 ago. 15

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Expulsão dos vendilhões do templo

Quantas imagens de Jesus nos falam de sua divina bondade! Não poderia ser diferente, visto ser Ele a própria Bondade. Cenas que representam a Ele curando leprosos, multiplicando os pães e peixes, comovido, ressuscitando o filho da viúva de Naim ou, após chorar a morte do amigo Lázaro, ressuscita-o. Dele disse São Pedro que “andou fazendo o bem”. Isto é indubitável.

Mas, como entender a imagem que ora contemplamos nesta sessão?

Jesus expulsa os vendilhões do Templo – Igreja do Senhor do Bonfim – Salvador, Bahia

O que faz Jesus? Diante da profanação dos vendedores de bois, ovelhas e pombas e dos cambistas que estavam sentados no átrio do templo, fazendo da casa de seu Pai uma casa de comércio, Ele se manifesta em sua indignação divina através da natureza humana.

E conta-nos São João: “Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas” (Jo 2, 15).

Saibamos contemplar e maravilharmo-nos com Jesus, em todas as suas manifestações, ainda que punientes, como nesta cena da expulsão dos vendilhões do templo.

Assim comenta o Fundador dos Arautos, Mons. João Clá Dias: “O modo de proceder de Nosso Senhor sugere uma pergunta: deixou Ele de ser bondoso naquela ocasião? Ele, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, não pode ter nenhuma reação desequilibrada ou defectiva: n´Ele tudo é perfeito, por ser a própria Perfeição. Como discernir, então, a sua misericórdia no momento em que emprega a força física?”

Prossegue o Mons. João Clá Dias: “[…] os vendilhões do templo atentavam contra a ordem e, além disso, perturbavam a tranquilidade. Cabia a Cristo, sublime modelo de todos os homens, constituir-Se como exemplo também dos que são chamados a utilizar a força para instaurar a disciplina e manter a paz, o que muitas vezes só é possível através de métodos impositivos”.¹

Tenhamos a compreensão de que tudo quanto Jesus, Príncipe da Paz, faz é para o benefício das almas e, portanto, procuremos discernir nos seus atos a divina misericórdia, ainda quando de “chicote de cordas” nas suas divinas mãos.

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¹ Mons. João S. Clá Dias, EP. A verdadeira origem da indignação do Divino Mestre. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VII, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 270.

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Que eu seja, por toda vida, o “quarto filho”

Diante do chamado de Deus e de Sua graça, diversas são as reações que os homens podem ter, desde a correspondência plena até a recusa. É a respeito desta aceitação ou rejeição do homem à graça de Deus, que Nosso Senhor apresenta a Parábola dos dois filhos.

Nela Jesus coloca aos sacerdotes e anciãos do povo a seguinte questão: “Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: ´Filho, vai trabalhar hoje na vinha! O filho respondeu: ´Não quero`. Mas depois mudou de opinião e foi. O pai dirigiu-se ao outro e disse a mesma coisa. Este respondeu: ´Sim, senhor, eu vou`. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? (Mt 21, 28-31a).

Bem se vê que o pai da parábola representa Deus. E quem são os dois filhos?

Sobre esta pergunta, faz-nos uma apreciação muito bonita, o Padre Juan Maldonado, na qual pontua que os antigos escritores, como por exemplo Santo Atanásio e São João Crisóstomo, pensavam que um dos filhos representava os gentios aos quais Deus mandara trabalhar em sua vinha, impondo-lhes a lei natural. Estes, no início, não o quiseram, porém, arrependidos, obedeceram a mesma lei, como também aceitaram os ensinamentos do Evangelho. Já, o povo judeu, ao contrário, disse que iria trabalhar na vinha de Deus, cumprindo a Lei de Moisés, e depois não o foi 1.

Na apreciação do Padre Juan Maldonado, diz que é provável que esses dois filhos representassem dois tipos de judeus. Um seria o da plebe, da qual fazia parte os publicanos e pecadores. Tendo se recusado a seguir a Deus no início, contudo por meio da ação da graça e pregação de João Batista, tiveram o arrependimento e seguiram o Evangelho. Já o segundo tipo, tendo afirmado aceitar o convite de Deus, não obedeceram à Lei nem acreditaram em João, de quem os profetas haviam falado. 2

Mas seriam estas as duas únicas maneiras de proceder ante o convite de Deus? Para nós, quando convidados pela graça de Deus, podemos tomar alguma outra atitude que não a dos dois filhos da parábola?

Nossa Senhora das Dores aos pés da Cruz

Sim. Depois de comentar a atitude dos sacerdotes e anciãos do povo, que não apenas se negaram a trabalhar na vinha do Senhor e foram consequentes com tal recusa, tomando assim a postura de um terceiro filho (não presente na parábola), Mons. João Clá Dias, Fundador dos Arautos, explicita qual seria a resposta de um filho inteiramente fiel, ao dizer “sim” e proceder de imediato ao chamado do Pai.

“Faltaria dizer uma palavra sobre um quarto filho que, embora não esteja mencionado explicitamente pelo Divino Mestre, com facilidade é discernido por contraste em seu perfil moral. Este teria ouvido com entusiasmo o convite do Pai para trabalhar na vinha e entregado sua vida para, cultivando-a, Lhe dar alegria. A seguir esse exemplo nos convida a parábola de hoje.”3 .

Voltemo-nos para Nossa Senhora, a criatura mais perfeita saída das mãos do Altíssimo,  que sempre disse o sim perfeito, alegre, pleno de enlevo e veneração ao convite feito pelo Pai, e que em tudo fez Sua vontade, até o holocausto.

E peçamos: Minha Mãe, dai-me a graça do entusiasmo e da fidelidade íntegra a todos os toques da graça. Que eu seja, por toda vida, o “quarto filho”.

Por Adilson Costa da Costa

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 1 Padre Juan de Maldonado, SJ. Comentário a lós Cuatro Evagelios. Evangelio de San Mateo. v. I, Madrid: BAC, 1956, p. 750.

2 Idem, p. 751.

3 Mons. João S. Clá Dias, EP. Os dois filhos da parábola, e os dois outros. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VII, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 367.

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