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As delícias de Deus Uno e Trino habitando em nós

Ao sermos batizados, eis que se opera em nós o mais belo dos milagres: somos inabitados pela Santíssima Trindade. Mas, afinal, como compreendermos o alcance de tamanha graça? Se considerarmos que a Santíssima Trindade, ou a unidade e trindade de Deus, é para qualquer criatura um mistério insondável, podemos perguntar: Como entendermos esta inabitação de Deus Uno e Trino em nós?

Eis uma consideração, para além das idéias, utilíssima para nossa vida espiritual, muito própria a fazê-la nesta Solenidade da Santíssima Trindade.

Santíssima Trindade

Desde nossas primeiras lições de Catequese, aprendemos que existem dois principais mistérios de nossa fé: a Unidade e Trindade de Deus e a Encarnação, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Quanto ao primeiro mistério, sobre o qual procuraremos tratar nesse artigo, a Doutrina Católica nos ensina que existe um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; por uma ação da graça, esta verdade de fé, penetra-nos na alma de forma simples e robusta, ainda que sua compreensão escape completamente pela razão humana. A que se deve isto?

Assim nos explica, com objetividade, didática e clareza, a obra “A vida íntima de Deus Uno e Trino”: “Nós, meras criaturas humanas, nunca poderíamos descobrir, nem mesmo suspeitar, que em Deus há três Pessoas numa única natureza. Só mesmo através da Fé podemos acreditar no mistério da unidade e trindade de Deus, revelado por Nosso Senhor Jesus Cristo”.¹

E continua: “Mesmo assim, precisamos que o Espírito de Verdade, o Paráclito, nos dê uma compreensão cada vez mais profunda da verdade”. Ainda nesse sentido, Mons. João Clá Dias, escreve: “Porque é o Espírito Santo que nos ensina, que nos faz compreender, às apalpadé-las, como diz São Paulo, mais ou menos como quando entramos num quarto escuro, privados de eletricidade, numa noite coberta por nuvens escuras; precisamos caminhar devagar e com todo o cuidado, às apalpadelas”.²

Com este auxílio do Espírito Santo, por meio da Fé, temos uma noção a respeito das três Pessoas da Santíssima Trindade.

Aprofundando tal noção o Fundador dos Arautos do Evangelho, assim aborda este Mistério:

“Desde toda a eternidade, o Pai é tão rico em seu pensamento, Ele possui um pensamento tão cheio de substância, em grau infinito e todo feito de sabedoria – é a sabedoria em essência, a sabedoria em substância – que gera uma outra Pessoa. É o Pai que gera o Filho, porque o Filho é o pensamento do Pai, é essa sabedoria que já existe antes mesmo de começar a obra da Criação. Então, desde toda a eternidade, o Pai gera o Filho. E o Filho, ao ser gerado pelo Pai, olhando para o Pai e o Pai olhando para o Filho, nós temos daí a procedência de uma Terceira Pessoa que é o Espírito Santo. A geração do Filho dá na Sabedoria Eterna; a procedência do Espírito Santo dá no Amor Eterno, que é o amor do Pai e do Filho”. ³

Temos aqui a abordagem doutrinária sobre o dogma da Santíssima Trindade, ensinado pelo Magistério infalível da Igreja, desde os primórdios de sua fundação.

Muitas seriam as considerações a respeito do Mistério trinitário. No entanto, impraticável dentre dos limites de um artigo. Assim, caberia tratar deste ponto útil para nossa união com Deus Uno e Trino. Como compreender sua inabitação na alma humana?

Sabemos que nossa vida de cristão, nesta terra é de passagem. Somos criados e chamados para a felicidade eterna, no Céu, cujo prêmio mais excelente é a posse de Deus. Ora, para tal prêmio, Deus nos quer desde já preparar, estabelecendo entre Ele e nós um sagrado convívio. Este relacionamento se dá a partir do Batismo. Por isto, somos chamados templos vivos de Deus, templos do Espírito Santo. E, portanto, devemos crescer neste relacionamento com as três Pessoas divinas. Quanto mais conservarmos a graça de Deus, ou a amizade com Deus, mais sentiremos a presença de Deus em nós. Daí o porquê devemos lançar mãos de todos os recursos espirituais, a oração, a participação na Santa Missa, a freqüência aos Sacramentos e a prática dos Mandamentos, para que não expulsemos Deus de nossos corações.

Apenas para ilustrar com um exemplo eloquente da presença e atuação da Santíssima Trindade em uma alma, é muito edificante e elucidativo o que nos narra Michel-Marie Philipon, sobre experiência mística da religiosa carmelita Beata Elisabeth de la Trinité:

“Muitas vezes Elisabeth repetia à sua amiga: ‘Parece-me que Ele está aqui’, e fazia o gesto de tê-Lo nos braços e apertá-lo ao coração”. 4

Sobre a presença das Três Pessoas, assim escreve à sua irmã: “O Pai cobrir-te-á com sua sombra, interpondo uma nuvem entre ti e as coisas da terra, para te guardar só para si. Comunicar-se-á seu poder para que O ames com um amor forte como a morte. O Verbo imprimir-se-á na alma, como num cristal, a imagem da própria beleza, a fim de que sejas pura de sua pureza, luminosa de sua luz. O Espírito Santo transformar-te-á em sua lira mística que produzirá no silêncio, sob seu toque divino, um magnífico cântico de amor”.5 [grifos nossos]

Que este conhecimento sobre o tesouro que carregamos em nós, a presença das Três Pessoas da Santíssima Trindade – quando temos a graça santificante – seja para cada um o motivo mais sublime e vigoroso para enfrentarmos o bom combate desta vida, até o dia bendito de podermos experimentar, sem sombras ou véus, as delícias de Deus Uno e Trino habitando em nós toda a eternidade.

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¹ Arráiz, Pe. Pedro Rafael Morazzani (Org.). A vida íntima de Deus Uno e Trino. São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 145.

² idem, p. 145

³ Clá Dias, João Scognamiglio. Homilia. São Paulo, 30 maio 2010. Arquivo ITTA-IFAT. In Arráiz, Pe. Pedro Rafael Morazzani (Org.). A vida íntima de Deus Uno e Trino. São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 33-34.

4 Michel-Marie Philipon. Doutrina espiritual de Elisabeth da Trindade. São Paulo: Paulu, 1988, p. 85.

5 idem, p. 85.

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Revista Maringá Missão

Uma interessante entrevista sobre os diversos aspectos da vida e evangelização dos Arautos do Evangelho foi realizada pela Revista Maringá Missão, da Arquidiocese de Maringá, através de sua Jornalista Fabiana Ferreira, com a participação do Reverendíssimo Padre Roberto Takeshi. Temos a alegria de aqui estampá-la. ¹

 

“Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”

Os Arautos do Evangelho são uma Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício, a primeira a ser erigida pela Santa Sé no terceiro milênio, o que ocorreu por ocasião da festa litúrgica da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) em 2001.

Composta predominantemente por jovens, esta Associação está presente em 78 países. Seus membros de vida consagrada praticam o celibato, e dedicam-se integralmente ao apostolado, vivendo em casas destinadas especificamente para rapazes ou para moças, os quais alternam a vida de recolhimento, estudo e oração com atividades de evangelização nas dioceses e paróquias, dando especial ênfase à formação da juventude.

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RMM – Quem compõe a Associação Arautos do Evangelho?

Pe. Roberto Takeshi: Os Arautos do Evangelho são uma Sociedade de Vida Apostólica de Direito Pontifício e compõe-se predominantemente de jovens de vida consagrada que praticam o celibato e levam uma vida de dedicação integral à Igreja Católica. Numa linguagem mais simples: semelhantemente às ordens religiosas, como por exemplo, os Beneditinos, Carmelitas, Franciscanos, só que bem mais recente. A associação nasceu no Brasil, foi fundada por um sacerdote também brasileiro, o Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, que reside em São Paulo.

Ultimamente alguns Arautos têm seguido também a vocação sacerdotal, uma vocação dentro da vocação. Nós contamos também com a ajuda dos Cooperadores, que são sacerdotes, religiosos, pessoas casadas ou solteiras que querem viver o carisma dos Arautos, mas por terem outras obrigações, o fazem dentro do ambiente paroquial, profissional ou familiar em que Deus os colocou, contribuindo muito, também, desse modo, para a evangelização.

RMM – Como é o modo de vida dos membros? (A que se dedicam?)

Pe. Roberto Takeshi: A vida dos membros consagrados é de contemplação, oração e disciplina; estudo, arte e ação apostólica.  Residem em casas destinadas especificamente para rapazes ou para moças. Vivem o recolhimento do estado religioso alternando com atividades de evangelização nas dioceses e paróquias, dando especial ênfase à formação da juventude. A vida de um Arauto do Evangelho é ao mesmo tempo rotineira e viva, ordenada e movimentada.

Na casa de Maringá, temos o despertar da comunidade às 6h15 e o café da manhã com leitura de textos ou audição de palestras gravadas. Em seguida, na Capela do Santíssimo Sacramento, a comunidade realiza a oração da Liturgia das horas e do primeiro terço do rosário – as outras orações rezam-se em particular. Terminadas estas preces, são combinados e definidos os trabalhos de apostolado e atividades a que os arautos se dedicarão durante o dia.

 Ao entardecer, assiste-se à Santa Missa — aberta às famílias — e à noite, num momento muito abençoado e solene, cantam-se as horas Completas da liturgia e a Salve Rainha, em Gregoriano, à Nossa Senhora. Assim, diante do Santíssimo Sacramento, encerra-se o programa do dia.

Existem várias casas, entretanto, com finalidades mais específicas, como as voltadas para os estudos teológicos avançados, ou num outro extremo, a comunidade dos jovens da “Cavalaria de Maria”, um grupo de missionários Arautos que vivem em permanente atividade evangelizadora, fazendo Missões Marianas e viajando pelo Brasil constantemente. Apesar da diversidade de atividades, a missa diária, a confissão periódica, a devoção à Eucaristia e as orações a Nossa Senhora fazem parte da vida de todo Arauto.

RMM – Conte-nos sobre a devoção à Nossa Senhora de Fátima – como nasceu?

Pe. Roberto Takeshi: A devoção a Nossa Senhora de Fátima é muito arraigada aqui no Brasil e vem de nossas raízes católicas portuguesas, já que ela apareceu em Fátima, Portugal, para três pastorinhos.

Todo mundo conhece a história, mas poucos conhecem e estudam a sua mensagem com seriedade. A mensagem é atualíssima! Ela descreveu, ainda no início do século, com detalhes impressionantes, a atual crise religiosa e moral, os pecados, as guerras e perseguições que estamos vendo. Para evitar tudo isso a Virgem pediu a devoção a ela, a oração do terço, a penitência e a mudança de vida.   Mas algo importantíssimo de sua mensagem, e ao qual se poderia dar especial destaque, é uma promessa cheia de esperança. Após descrever os grandes males de nosso tempo, a Virgem de Fátima prometeu que Ela mesma os vencerá. Ela diz: “… mas, por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”

Esta atualidade da mensagem de Fátima veio de encontro ao chamado dos Arautos. Veio de encontro a nós no momento de nosso nascimento, na figura muito amada por nós brasileiros do saudoso Papa João Paulo II, devoto ardoroso de Nossa Senhora de Fátima e que nos estimulou e nos concedeu grandes honrarias, coroando pessoalmente, no Auditório Paulo VI em Roma, com milhares de fiéis, a Imagem Peregrina de Fátima pertencente aos Arautos. Isso após cumprimentar o Mons. João, nosso fundador, em 2001.  Ele conclamou os Arautos a atuarem na Nova Evangelização, que envolve o mundo inteiro, inclusive os católicos afastados de uma fé praticante.

RMM – Como é realizada no dia a dia?

Pe. Roberto Takeshi: A devoção a Nossa Senhora deve ser praticada em todos os momentos da vida do fiel. Para nós consagrados, praticada quer na comunidade, quer em qualquer ambiente. Uma devoção constante, terna, santa, interior, desinteressada. O fiel deve recorrer à mãe celeste com muita naturalidade, apresentando-lhe todos os seus problemas e necessidades com tranquilidade,  confiando inteiramente em seu amor e em sua materna proteção. Deve também, é claro, procurar agradar a esta boa Mãe em tudo, seguindo seus exemplos e evitando as ofensas a Deus.  As práticas típicas dos devotos da Virgem de Fátima são aquelas que ela mesma pediu: como a oração diária do terço, a devoção ao seu Imaculado Coração e a Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, que os Arautos realizam nas paróquias. Os Oratórios de Nossa Senhora de Fátima, que visitam grupos de trinta famílias cada um, facilitam muito esta devoção nos dias de hoje.

RMM – De que forma essa devoção é divulgada na comunidade/Igreja?

Pe. Roberto Takeshi: Sua divulgação se faz através de eventos como, por exemplo, as peregrinações da Imagem de Fátima em famílias, escolas, hospitais, asilos, empresas, instituições, a Tarde com Maria, a Devoção dos Primeiros Sábados ou por meio de missões, intituladas de Missões Marianas, nas paróquias. Os Arautos dispõem de uma revista mensal, da TV Arautos, de um site principal e de vários blogs locais, nos quais se pode encontrar informação de qualidade sobre Fátima e vários outros temas religiosos.

RMM – No dia 13 de maio comemoramos o Dia de Nossa Senhora de Fátima, há alguma programação especial na Associação?

Pe. Roberto Takeshi: Sim, comemoramos praticamente em todos os lugares onde haja comunidades dos Arautos (além do Brasil, os Arautos estão presentes em mais outros 77 países). Em Maringá, neste ano, os Arautos comemorarão o Dia de Nossa Senhora de Fátima com a celebração de uma Missa Solene na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, no Requião.

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RMM – Em todas as apresentações musicais, teatrais ou visitas há a coroação de Nossa Senhora de Fátima?

Pe. Roberto Takeshi: Normalmente, nestes eventos, a coroação de Nossa Senhora de Fátima é o momento auge, de maior devoção. Sabemos que Maria Santíssima, após suas lutas, alegrias e sofrimentos nesta terra, ao entrar nos Céus foi recebida pelos coros dos Anjos e dos Santos com grande esplendor e glória, um prêmio merecido por suas virtudes.  A Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, a coroou como Rainha de todo o Universo. Assim, com cantos, cortejos e toques de instrumentos, o que os Arautos fazem nestas coroações é apenas tentar relembrar e, de certa forma, repetir este ato, declarando e coroando Nossa Senhora como Rainha de nossos corações e nossas vidas.  É claro que cada evento tem suas particularidades. Tudo dependerá do programa, dos horários, objetivos.

RMM – A Devoção à Nossa Senhora nos aproxima de Deus? Como essa relação deve ser vivida para que tenhamos a nossa fé enraizada em Cristo, mas não distante de Nossa Senhora?

Pe. Roberto Takeshi: Inequivocamente, a devoção a Nossa Senhora nos aproxima de Deus. Aliás, a Mãe do Salvador não faz outra coisa, conforme a teologia católica, senão restituir tudo ao seu divino Filho, do que a Ela ou por Ela oferecemos. É como nos mostra a Constituição dogmática Lumen Gentium: a devoção a Virgem Santíssima “[…] de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece”. É por isto que para o católico verdadeiramente instruído na fé e maduro espiritualmente, não faz sentido ter receios ou escrúpulos em louvar e recorrer à Medianeira de todas as graças.

RMM – Quando uma paróquia/comunidade quer a presença dos Arautos do Evangelho, como devem proceder?

Pe. Roberto Takeshi: É muito simples. Os Arautos estão sempre à disposição para servir, buscando uma participação ativa, consciente e responsável na missão salvífica da Igreja. Assim, basta uma comunidade ou paróquia entrar em contato conosco, referir qual atividade evangelizadora pretende de nós que, com todo contentamento, procuraremos atender ao chamado; apenas se atentando a questões da agenda da Nossa Senhora, que como podem imaginar, é concorrida, mas, por outro lado, é como o coração dela, em que sempre cabe mais um.

Entrevista: Fabiana Ferreira/Jornalista

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¹ Revista Maringá Missão. Arautos do Evangelho – “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”. Ano XVIII, n° 191 – Maio de 2015, p. 29 a 31.

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Para além das estrelas visíveis: o mundo angélico

É próprio, ao lançarmos o olhar nas vastidões dos céus, numa noite escura e longe da poluição, encantarmo-nos com o firmamento, repleto de estrelas que cintilam maravilhosamente. Estes cristais reluzentes parecem querer conversar conosco, desejosos de nos dizer algo. Caberia perguntar: o que nos diria esta multidão de estrelas?

Estrelas

Eis a indagação, acompanhada de luminosa resposta, com base no Magistério infalível da Igreja, que nos trazem os Professores do Instituto Teológico São Tomás de Aquino e do Instituto Filosófico Aristotélico-Tomista¹:
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As palavras e a vida de Santa Catarina de Sena

Caríssimo leitor, após ler a frase estampada abaixo, procure se perguntar qual teria sido a fisionomia moral de quem assim se expressou, se era uma pessoa boa, santa ou o contrário. É de se crer que não terá a menor dificuldade em responder com todo o acerto. Vejamos:

“Quem possui o amor de Deus, nele encontra tanta alegria que cada amargura se transforma em doçura e cada grande peso se torna leve. E isto não nos deve surpreender porque, vivendo na caridade, vive-se em Deus!” ¹

Justamente, caro leitor, acertou! De fato certas palavras, especialmente, só podem desabrochar de almas puras, límpidas, habituadas às perspectivas espirituais e sobrenaturais da existência.

Com efeito, os ensinamentos expressos pelos santos vêm repletos de unção e bênçãos, produzindo um refrigério na alma. E de onde vem este “poder” da voz dos santos? Vem do Espírito Santo, que premia suas palavras com a ação da graça, em atenção à autenticidade de vida e à coerência que encontra nestas almas.

Mas afinal: de quem são estas palavras?

Santa Catarina de Sena

São elas proferidas pela grande Santa Catarina de Siena, irmã terceira da Ordem dos Pregadores, nascida em 25 de março (Festa da Encarnação) de 1347, na cidade de Siena (localizada na atual Itália). Ela é co-patrona da Europa, da Itália e uma das quatro mulheres doutoras, “um título que o Papa concede a quem deu sua contribuição não apenas para uma época da história, mas sim para todos os tempos”.² Sua festa é celebrada no dia 29 de abril.

Comprove o quanto a frase dita por nossa Santa é magnificamente levada à prática quotidiana durante sua vida. Contemple apenas estes dois fatos narrados pelo Padre Francisco Alves, C.SS.R.³

Conta-nos o Sacerdote que havia uma sua co-irmã da Ordem Terceira que tinha muita inveja de Catarina. Não raro é encontrar pessoas que ficam ao menos bastante magoadas ou até ressentidas de forma exacerbada quando se sentem vítimas deste triste vício. No entanto, qual foi a reação dessa alma de escol para com aquela pobre irmã? “Santa Catarina redobrou as demonstrações de caridade”, obtendo com suas orações e penitências que aquela alma se salvasse”.

Passados os dias, morreu aquela irmã. E Deus permitiu que Santa Catarina visse como estava a alma da defunta: “era tão brilhante que palavra alguma poderia traduzir a sua formosura”.

E Nosso Senhor disse-lhe: “Minha filha querida, eis a alma que recuperei graças a ti. Vê como está linda e preciosa. Se Eu, que sou a suprema beleza, me deixei arrebatar pela formosura das almas, a ponto de descer à terra e morrer, para assegurá-las, com quanto mais razão deveis trabalhar uns pelos outros, para que tão admiráveis criaturas não se percam”.

Tal foi o encanto da Santa, que ao encontrar-se com seu confessor, o Beato Raimundo de Cápua, exclamou: “Ó Padre! Se pudésseis ver a beleza de uma alma em estado de graça, daríeis cem vezes a vossa vida, se necessário fosse, para assegurar-lhe a salvação”.

Caro leitor, como não ver neste fato tão eloqüente de Santa Catarina de Siena, a veracidade de suas palavras: quem vive no amor de Deus, nele encontra a verdadeira alegria. Que ela peça por você amigo leitor, para mim, por toda a humanidade, para vivamos na caridade, vivamos no amor de Deus.

___________________________________

¹ Santa Catarina de Sena. Disponível em: <http://www.arautos.org/especial/46358/Santa-Catarina-de-Siena.html> Acesso em 10 Abril 2015.

² Os pensamentos de Santa Catarina de Sena aplicados ao século XXI. Disponível em: < http://www.gaudiumpress.org/content/35781-Os-pensamentos-de-Santa-Catarina-de-Sena-aplicados-ao-seculo-XXI> Acesso em 10 Abril 2015.

³ Pe. Francisco Alves, C.SS.R. A beleza da alma. In: ____. Tesouro de Exemplos. v. II, 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1960, p. 246.

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Em um grande silêncio, no Sábado Santo, um Coração palpita de amor

Sagrado Coração de Jesus

No Sábado Santo, um grande silêncio – na expressão de uma antiga Homilia – reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo. ¹ Mas, Quem é este Rei que adormeceu? Ou por outra, Quem é este cujo Coração fisicamente deixou de pulsar? Fisicamente sim, seu Coração deixou de pulsar, porém, na realidade, para além de nossa compreensão e conforme a fé nos ensina, nunca deixou de palpitar de amor. É Aquele Sagrado Coração que tanto amou os homens e que, no entanto, por eles não foi amado.

Porém este Sagrado Coração de Deus, feito Homem, também palpitou de amor por meio de outro Coração. Enquanto Ele estava no sepulcro, o Coração Imaculado de Maria, imerso na dor, palpitava de adoração ao Seu divino Filho, de fé na sua Ressurreição e de amor misericordioso para cada um de nós, a fim de nos salvar.

Com efeito, conforme diz Mons. João Clá Dias, a grandeza do Imaculado Coração de Maria, e de sua bondade, é um mistério que nossa inteligência não alcança: “Sem dúvida, Ela rezou no Calvário por todos. E hoje, Ela acompanha do Céu as dificuldade e alegrias de cada um dos seus filhos, disposta a nos atender com indizível afeto, ternura e carinho”. ²

Imaculado Coração de Maria

De onde vem tanto amor e tanta bondade deste Imaculado Coração? Justamente de Sacratíssimo Coração de Jesus. No dizer de São João Eudes, o Imaculado Coração de Maria “é tão unido ao do seu divino Filho a ponto de ambos formarem um só: o Sagrado Coração de Jesus e Maria”.³

É por isto que o referido Presbítero francês, grande orador e missionário, num arroubo de amor, assim se exprimiu:

“Não sabeis que Maria nada é, nada tem e nada pode sem Jesus, por Jesus e em Jesus, e que Jesus é tudo, pode tudo e faz tudo n’Ela? Não sabeis que é Jesus que fez o Coração de Maria tal qual ele é, e quis fazê-lo uma fonte de luz, de consolação e de toda sorte de graças para aqueles que recorrem a Ela em suas necessidades? Não sabeis que Jesus não apenas reside e assiste continuamente no Coração de Maria, mas é Ele mesmo o Coração de Maria, o Coração de seu Coração e alma de sua alma, e que, portanto, vir ao Coração de Maria é vir a Jesus, honrar o Coração de Maria e honrar Jesus, invocar o Coração de Maria é invocar Jesus”.4

Que Neste Sábado Santo, o Sagrado Coração de Jesus e Maria nos conceda a graça de sermos inteiramente agradecidos, retribuindo amor com amor, nesta terra e por toda a eternidade. Assim seja!

_________________________

¹ De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo. Sábado Santo. In Liturgia das Horas. 2000: Editora Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave Maria, v. II, p. 439.

² Mons. João Clá Dias. O Coração que nos amou até o fim. In Revista dos Arautos do Evangelho, junho/2012, n. 126, p. 17.

³ Idem, p. 17.

4 Padre Jean-Michel Amouriaux, Pe. Paul Milcent. Saint Jean Eudes para ses écrits, Médiaspaul, Paris, 2001, p. 140.

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