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Devoção a Nossa Senhora – Comentários à Salve Rainha – (Parte IV)

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,

vida, doçura e esperança nossa, salve!

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva.

A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.

E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

.

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva”

Os santos são sempre enfáticos e unânimes ao se referirem ao papel de Nossa Senhora como nossa intercessora e nunca haverá o caso de algum santo (canonizado pela Igreja ou não) que não tenha sido propagador incansável da Devoção à Maria Santíssima.

Como refere São Luís Maria Grignion de Montfort, ter uma verdadeira devoção a Nossa Senhora é “sinal infalível e indubitável” de salvação e de santidade(1)

Estes comentários à Salve Rainha, têm sido escritos, por pura Graça da Providência divina, com a ajuda inestimável das obras de Santo Afonso Maria de Ligório, São Luís Maria Grignion de Montfort e outros destacados santos e autores marianos, além do precioso Catecismo da Igreja Católica.

Quem sabe, quando estivermos todos reunidos no Céu (ardentemente imploramos a Nossa Senhora a Graça de lograrmos êxito), pois para isso fomos criados(2), quem sabe! poderemos pedir a esses santos que nos façam um “Simpósio” (de no mínimo 1.000 anos de duração!), apenas para nos explicar a oração da Salve, Rainha. Já pensaram? Se quando ainda viviam no mundo, quando aqui ainda estavam “degredados”, esses santos doutores já tinham palavras angelicais para nos formar nessa devoção, como será agora que estão no céu, na visão beatífica, quando podem ter a graça de pedir diretamente à Santíssima Virgem que lhes esclareça, que lhes explique, que lhes mostre, enfim, todos os esplendores desta magnífica devoção? “Ó altura incompreensível! Ó largura inefável! Ó grandeza incomensurável. Ó abismo insondável”(3).

Cerro Torres – Argentina (Foto: Patrícia Alarcón)

Esse pensamento deve nos animar no caminho da santidade, deve nos confortar para carregarmos a nossa cruz com alegria, renovar a nossa esperança na intercessão de Nossa Mãe Santíssima.

Tem-nos feito companhia, também, com seus escritos, nestas meditações, o Monsenhor João Clá Dias, fundador dos Arautos do Evangelho, ele mesmo, um ardoroso e incansável propagador da Devoção à Nossa Senhora, com inúmeras obras publicadas no Brasil e no exterior, as quais, de modo atraente e acessível, exaltam as grandezas da Mãe de Deus.

Nesta invocação, pedimos o auxílio de Nossa Senhora, na condição de filhos “degredados de Eva”. Para bem meditarmos sobre o alcance desse pedido, em primeiro lugar devemos refletir sobre a dureza do exílio.

Talvez muitos de nossos leitores já tenham experimentado a sensação de viver por um período no exterior, numa terra estranha. É comum muitas pessoas partirem para outros países, buscando melhores condições de vida; em geral viajam sós, deixando atrás de si filhos, esposa ou esposo, pais, mães, amigos. Às vezes esperam por anos a fio o momento em que a situação melhore e que a família possa se reunir novamente. Às vezes isso acontece; às vezes, não. Há alguns anos atrás, muitos brasileiros viajavam para lugares distantes: Japão, Europa, etc., em busca de uma vida melhor. Hoje em dia são os bolivianos, os haitianos, etc., que vem para o Brasil, em busca de oportunidades. Quanto desacerto, quantas dificuldades, quantas tristezas podem resultar desse exílio! Uma cultura estranha, uma língua desconhecida, sem amigos, sem apoio da família, enfim, uma vida de sofrimento material e espiritual.

Poderíamos mencionar ainda, os exilados involuntários, o exílio da prisão, o exílio da solidão, das doenças, etc.

A própria Sagrada Família, ao obedecer à voz do Anjo, partiu para o Egito, fugindo de Herodes. Podemos imaginar a angústia e o sofrimento de S. José nessa empreitada, sempre buscando obedecer em primeiro lugar a Deus, ao mesmo tempo em que buscava proteção para a Virgem e o Menino. (Cf. Mt 2, 13-15).

Estamos todos numa terra de exílio

Ora, “degredados” significa “desterrados”, “exilados”. E este é justamente o estado em que nos encontramos todos, nesta terra de exílio, a caminho de nossa pátria definitiva. Nosso lugar é o Céu e para lá nos dirigimos. Com muita propriedade, Santo Agostinho, resume a inquietude de nossa natureza em busca do Divino, escrevendo: “Criaste-nos para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousar em Vós”.(4) Portanto, “degredados” somos, enquanto não atingirmos nosso último destino.

Eva e Adão

Enquanto vivemos nesta terra, nós, como verdadeiros “filhos de Eva”, necessitamos constantemente da Graça Divina, pois, sem esse auxílio eficaz e vigoroso, não somos capazes, por nós mesmos, de progredir e continuar trilhando o caminho do Céu.

Filhos de Eva, expressão que nos lembra a nossa condição de “implicados no pecado de Adão”(5), pois, como consequência do pecado cometido pelos nossos primeiros pais, também nós perdemos a santidade na qual o gênero humano foi inicialmente criado. “Adão e Eva cometem um pecado pessoal, mas este pecado afeta a natureza humana”(6), que passa a ter “inclinação para o mal e para morte”(7). Complementa Santo Afonso: “Como pobres filhos da infortunada Eva, somos réus da mesma culpa e condenados à mesma pena. Andamos errando por este vale de lágrimas, exilados de nossa pátria, chorando por tantas dores que nos afligem no corpo e no espírito”(8)

Bradamos, portanto, o auxílio da graça, pela intercessão de Maria Santíssima. “Bradar!”, muito mais do que simplesmente pedir; nós pedimos em alta voz, como que, “aos gritos”.

Bradamos o auxílio de Maria porque Ela também conhece o que é o exílio. Não apenas por que, com São José exilou-se no Egito (como já referido acima), mas, sobretudo, após a Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, permaneceu ainda na Terra por muitos anos, para confirmar e ajudar a Igreja nascente, embora em seu coração desejasse mais do que tudo unir-se a seu Divino Filho, no Céu. Quantos anos permaneceu Nossa Senhora exilada antes de subir ao Céu? “A Tradição nos diz que a Virgem Maria permaneceu longo tempo na Terra depois da Ascensão de seu Divino Filho, cerca de vinte e três anos, reunindo, na vida mais resignada e humilde, o tesouro de méritos cujo prêmio havia de gozar (…). Chegada aos setenta e dois anos, o anúncio de seu fim interrompeu o silêncio de sua existência”(9)

Brademos, portanto, com confiança o auxílio de Nossa Mãe Santíssima, enquanto nos encontrarmos nesta terra de exílio.

Nossa Senhora do Desterro, rogai por nós!

Por Prof. João Celso

Na próxima parte:

A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas”

1)São Luís Maria G. de Montfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. 38ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2009. p.36
2) Catecismo da Igreja Católica. 10ª. Ed. S. Paulo: Loyola, 2000. P. 36
3) São Luís Maria G. de Montfort, Op.cit., p. 20
4)Santo Agostinho. Confissões. 9ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 1988. P. 23
5)Catecismo da Igreja Católica, Op. cit. n. 402
6) Ibidem, n. 404
7) Ibidem. N. 403
8)Santo Afonso Maria de Ligório. Glórias de Maria. 3ª. Ed. Aparecida: Editora Santuário, 1989 P. 113.
9)Monsenhor João Clá Dias, EP. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. 2ª. Ed. São Paulo: ACNSF/Loyola, 2011. p. 153

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Devoção a Nossa Senhora – Comentários à Salve Rainha – (Parte III)

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia,

vida, doçura e esperança nossa, salve!

A Vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.

Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.

E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria.

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Vida, doçura e esperança nossa, salve!”

Implorando à Nossa Mãe Santíssima que nos conceda graças especiais, vamos avançando na meditação desta magnífica oração da Salve, Rainha, objetivando que ela seja rezada com devoção cada vez maior e que constitua para cada um em particular um doce hino de louvor prestado à Rainha do Céu e da Terra.

Nas invocações desta segunda frase, a Igreja nos convida, em primeiro lugar, a chamarmos nossa Rainha de vida. Sendo assim, consideremos o significado desta invocação. Quando começa, de fato, a nossa “vida”? Em termos naturais, pode-se afirmar que a vida começa no momento da concepção, embora correntes não-católicas queiram considerar que a vida se inicia apenas em certas etapas do desenvolvimento do embrião ou feto, ou mesmo, apenas no momento efetivo do nascimento da criança. Com efeito, conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica, “a vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção”(1)

Porém, muito mais importante que o começo de nossa vida natural, física, é o início da nossa verdadeira vida (no sentido mais pleno da palavra, sob o ponto de vista católico), que começa no momento de nosso Batismo, o qual para nós “é a fonte da vida nova em Cristo, fonte esta da qual brota toda a vida cristã”(2). Se compreendermos, portanto, que a verdadeira vida vem da graça de Deus, e que Maria Santíssima é a Mãe da Divina Graça, fica fácil compreender por que a Igreja nos recomenda chamá-la, nesta oração, de vida. Muito claramente trata Santo Afonso de Ligório a respeito deste ponto:

“Para a exata compreensão da razão por que a Santa Igreja nos ordena que chamemos a Maria nossa vida, é necessário saber que, assim como a alma dá vida ao corpo, assim também a graça divina dá vida à alma. Uma alma sem a graça divina só tem nome de viva, mas na realidade está morta (…) Obtendo Maria por meio de sua intercessão a graça aos pecadores, deste modo lhes dá vida”.(3)

Ou seja, uma pessoa que esteja privada da graça da Deus, não tem em si a vida verdadeira; tem apenas uma aparência de vida. Portanto, se tivermos a infelicidade de pecar ofendendo a Deus gravemente, perdendo a vida da graça em nós, rapidamente procuremos o Seu perdão, para recobrar a vida plena. Como nos ensinam os santos, procuremos Maria, para que Ela nos obtenha de volta a nossa vida, que é Jesus Cristo!

Além de nos obter de volta a nossa vida quando pecamos, Maria Santíssima também nos obtém a graça da perseverança: mantém acesa em nós a chama da vida da graça.

Maria Santíssima é também nossa doçura.

No Tratado da Verdadeira Devoção, S. Luís comenta que “nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo fundo de maldade que há em nós” (4), portanto ao fazermos um sério e rigoroso exame de consciência, ao analisarmos detidamente como tem sido nossa vida até hoje, reconhecemo-nos inteiramente necessitados do perdão e da misericórdia de Deus. Por vezes, pode assaltar-nos um sentimento de temor diante de nossas misérias e pecados. Qual será nosso destino eterno se não nos convertermos verdadeiramente? A vista da sentença do juiz e do grave “apartai-vos de mim” (cf. Lc 13,27) pode – e deve – fazer-nos tremer de pavor.

Mas, qual não deve ser o nosso consolo, a nossa confiança, ao pensarmos na doçura de nossa Mãe Santíssima, que intercede por nós junto ao Juiz, que é seu próprio Filho? Como auxílio de Maria, nada devemos temer, pois é Ela “perfeitamente afável, doce, misericordiosa e condescendente para que aqueles que A invocam. A esta Mãe clementíssima devemos o fato de haver suavidade em nossa vida. Ela nos obtém a graça divina e, portanto, forças para a prática da virtude. Ora, a virtude é o que há de doce no existir humano. Sem ela, nossa vida seria amarga e sinistra. Assim, Nossa Senhora é a doçura que, proporcionando-nos a virtude, confere suavidade à nossa existência terrena”.(5)

Esperança nossa, Salve!

Muitas vezes nos decepcionamos por colocar a nossa esperança nas criaturas. Em geral temos muitos amigos, mas, infelizmente a maioria deles costuma desaparecer nas horas de dificuldade e, repentinamente, nos vemos sozinhos diante de nossos problemas, sejam eles de qualquer natureza: doenças, problemas na família, problemas financeiros, etc. “Os amigos verdadeiros e os verdadeiros parentes não se conhecem no tempo de prosperidades, mas sim no das angústias e desventuras. Os amigos do mundo não deixam o amigo, enquanto está em prosperidade. Mas o abandonam imediatamente, se lhe acontece uma desgraça ou dele se avizinha a morte”(6)

Felizes, portanto, aqueles que põem a sua esperança na intercessão de Maria Santíssima! Ela “não é uma esperança nossa; Ela é a esperança nossa. E esperança tal que, só por causa dEla, nossa existência se torna doce e suportável. Mãe de misericórdia, Ela é a vida, a doçura e a grande esperança dos degredados filhos de Eva”.(7)

Encerremos com Santo Afonso de Ligório:

Motivo tem, pois, a Igreja em aplicar a Maria as palavras do Eclesiástico (24,24), com as quais lhe chama a Mãe da santa esperança. Mãe que faz nascer em nós, não a esperança vã dos bens transitórios desta vida, mas a santa esperança dos bens imensos e eternos da vida bem-aventurada. Salve, esperança de minha alma, saudava-a S. Efrém, salve, é segura salvação dos cristãos, auxílio dos pecadores, defesa dos fiéis, salvação do mundo. Aqui pondera S. Boaventura que, depois de Deus, outra esperança não temos senão Maria e por isso a invoca ‘como única esperança depois de Deus’”(8).

Na próxima parte: “A vós bradamos, os degredados filhos de Eva”

1) Catecismo da Igreja Católica. N. 2270, p. 591
2) Ibidem, n. 1254, p. 349.
3) Santo Afonso Maria de Ligório. Glórias de Maria. 3ª. Ed. Aparecida: Santuário, 1989. P.. 74
4) S. Luís Maria G. de MOntfort. Tratado da Verdadeira Devoção à Ssma. Virgem. 38ª. Ed. Petrópolis: Vozes, 2009. P. 82
5) Mons. João Clá Dias, EP. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. S. Paulo: Artpress, 1997. P. 310.
6) Santo Afonso de Ligório. Op.cit. p. 88
7) Mons. João Clá Dias, EP. Op.cit. p. 287
8) Santo Afonso de Ligório, Op.cit. p. 98

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Um elemento fundamental para bem vivermos o Ano da Fé: a Caridade

De forma cada vez mais pertinente, oportuna e proveitosa, tem-se abordado a importância deste Ano da Fé, para nos aprofundarmos no conhecimento da Doutrina Católica e nos exercitarmos na prática dos atos desta virtude sobrenatural que é a fé e, assim, desenvolvermos nossa firme convicção, com auxílio da graça, na verdade revelada por Jesus Cristo e ensinada pela Igreja Católica. (1) (2)

Conforme já se viu (3), o estudo proveitoso da Doutrina Católica nos leva a um crescimento não só intelectual, como espiritual. De fato esta virtude teologal – para o desenvolvimento integral do homem – é suscetível de crescimento. Em contrapartida, se na virtude da fé não se cresce, ela entra num processo de crise, definha a tal ponto que pode chegar ao seu desaparecimento. Em outros termos, segundo o adágio popular: “o que não anda, desanda”… máxime, em se tratando da vida intelectual e espiritual – poderíamos acrescentar. Ou seja, a fé precisa crescer, exercitar-se, aprofundar-se para que não se atrofie, como acontece com a musculatura humana que, tendo necessidade de exercícios e se não os pratica, adoece.

Devido a esta ausência do exercício da Fé, com zelo bem nos adverte o Sumo Pontífice da Igreja Universal e Servo dos Servos de Deus: “Em vastas áreas da Terra a Fé corre perigo de se extinguir como uma chama que deixa de ser alimentada. Estamos diante de uma profunda crise de Fé”. (4)

Com efeito, a propósito desta crise de fé, observa o Revmo. Padre Salazar Rojas, EP:

O obscurecimento da Fé e do senso de Deus poderia ser comparado a um dos mais assombrosos acontecimentos cósmicos, o eclipse do Sol. O filósofo Martin Buber o aplica a nossos dias, quando escreve que a “hora histórica que o mundo atravessa” assemelha-se à de um “eclipse da luz do céu”, de um “eclipse de Deus”. (5)

Exercitar a Fé através da Caridade

Mas então, como fazer para que a Fé não se extinga, mas seja viva? O Catecismo da Igreja Católica nos apresenta o caminho indicado pelo Espírito Santo, o Espírito do Amor, através de São Paulo: “a fé viva ‘age pela caridade’ (Gl 5,6)” e aprofunda este ensinamento: “O dom da fé permanece naquele que não pecou contra ela”. (6)

O papel da caridade, como fundamento e inspiração de todas as virtudes (7) – portanto, da virtude da Fé – é apresentado, no dizer de Mons. João Clá Dias, no

mais célebre dos hinos sobre a caridade [ ] recortado pela Liturgia de hoje [IV Domingo do Tempo Comum], à guisa de segunda leitura (I Cor 13, 1-13): “Se eu não tivesse caridade”, repete São Paulo três vezes nesse texto, proclamando que, sem ela, de nada lhe serviriam todas as ciências e virtudes. O verdadeiro amor “não busca os seus próprios interesses […] tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. (8)

Maputo, Moçambique – Um sacerdote missionário dos Arautos do Evangelho ministra os sacramentos. Numerosos missionários trabalham ativamente animando as pequenas comunidades cristãs em todo o país.

Vê-se que São Paulo sublinha o quanto é necessária a caridade, para tudo o que se faça tenha seu bom desenvolvimento e aproveitamento. Seja qual for o gesto, a dedicação, o esforço que empreendamos, deverá ser “substanciado” de caridade. E como praticá-la? Amando a Deus e ao próximo e guardando os seus Mandamentos: “permanecei em meu amor. Se observais os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (Jo 15, 9-10).

Eis o elemento substancial da nossa fé. Assim, se quisermos crescer na fé, peçamos a Nossa Senhora, Mãe do Divino Amor, que cresçamos sempre mais na caridade, no amor a Deus e ao próximo, na prática dos Mandamentos. Aí seremos homens de fé e mulheres de fé, bem vivendo o Ano da Fé.

(1) Catecismo da Igreja Católica. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p. 488.
(2) SPIRAGO, Francisco. Catecismo Popular. 2ª. ed. Guarda: Tipografia da Empresa Veritas, s.d., p. 41.
(3) “O Ano da Fé e o estudo frutuoso da Doutrina Católica”. Disponível em  http://maringa.blog.arautos.org/2013/01/o-ano-da-fe-e-o-estudo-frutuoso-da-doutrina-catolica/
(4) BENTO XVI. Discurso aos participantes da reunião plenária da Congregação para a Doutrina da Fé, de 27/1/2012.
(5) SALAZAR ROJAS, EP, Pe. Winston de La Concepción. O pecado de nossa época. In Revista Arautos do Evangelho, São Paulo, n. 134, p. 24, fev. 2013.
(6) Catecismo da Igreja Católica. P. 489.
(7) _______. P. 492.
(8) CLÁ DIAS, Mons. João Scognamiglio, EP. O inédito sobre os Evangelhos. Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 56.

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Algumas atividades neste final de semana em Maringá

 Neste primeiro final de semana de Fevereiro foram desenvolvidas diversas atividades ….
Quer por sua beleza, quer pelas graças abundantes que Nosso Senhor dispensou pelos rogos da Virgem Mãe entre as quais, merecem destaque as seguintes:
 
Santa Missa da Apresentação do Senhor:
 
            Primeiramente, no Sábado pela manhã, houve na Comunidade dos Arautos a Santa Missa da Apresentação do Senhor, presidida pelo Revmo. Pe. Roberto Takeshi Kiyota, EP. A celebração contou com a participação especial dos jovens e membros da comunidade. No final, houve a costumeira bênção do dia 2 de fevereiro das velas de Nossa Senhora das Candeias, com a qual cada um foi presenteado.
            O significado deste ato já foi explicado com profundidade em outros artigos deste Blog. Apenas destacamos que as velas acesas simbolizam a chama que Nosso Senhor Jesus Cristo veio trazer ao mundo com sua morte da Cruz, prevista pelo Profeta Simeão em sua apresentação no templo. Luz da Graça e do Amor que todo cristão batizado deve ostentar com altivez ao longo de sua existência, rumo ao Céu que o espera.
           As mesmas velas foram utilizadas no dia 3 de fevereiro, para a bênção de São Brás.
 
 
Devoção dos 5 Primeiros Sábados na Paróquia São Miguel Arcanjo:
 
            Conforme havia sido divulgado anteriormente neste mesmo Blog, à tarde, ocorreu a solene cerimônia na matriz da Paróquia São Miguel Arcanjo, celebrada pelo mesmo Sacerdote e animada liturgicamente pelo coro e banda sinfônica dos Arautos.             Além da bênção das velas e comemoração da festa acima citada, houve, antes do Santo Sacrifício, a “Meditação dos 5 primeiro sábados”, com a oração e meditação dos mistérios do Rosário e atendimento de Confissões. Segundo o grande santo mariano São Luís Maria Grignion de Monfort, a devoção à Virgem-Mãe é o caminho mais rápido, perfeito e seguro para a união com seu Divino Filho. Daí a importância da divulgação da devoção a Maria.
            Participaram aproximadamente 800 pessoas!
 
No Domingo, I Simpósio Doutrinário 2013:O regime especial da Graça para hoje”
 
            No Domingo, ocorreu na Comunidade dos Arautos o “Primeiro Simpósio Doutrinário 2013”, com tema “O regime especial da Graça para hoje”. Trata-se de um aprofundamento a respeito da vida da Graça como uma elevação do homem à ordem sobrenatural. Foi estudo a Graça Santificante: dom divino, qualidade sobrenatural infundida por Deus em nossa alma no Batismo, que nos dá uma participação física e formal da própria natureza divina, tornando-nos semelhantes a Ele em sua própria razão de deidade. Houve ainda comentários e profundo estudo dos Efeitos da Graça e o Organismo Espiritual. Participação de cerca de 40 pessoas, em três encontros ocorridos neste dia.
            Como encerramento do Curso houve ainda a Santa Missa na Capela São Francisco de Assis, com a bênção de São Brás, fonte de graças para cura dos males na garganta. A Celebração foi presidida pelo Sacerdote referido acima, com a participação litúrgica do coro e banda sinfônica dos Arautos.
 
 
Continue acompanhando as atividades dos Arautos!

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Os bons propósitos de Ano Novo e a Virtude da Prudência

Pululam no início de cada ano mensagens e e-mails que, gratuitamente apregoam generosos conselhos e dicas para o ano novo: procuram convencer seus leitores a mudar de vida, estabelecer metas e bons propósitos para o ano que se inicia. Algumas mensagens trazem recomendações muito práticas e objetivas, como, “alimente-se melhor; faça exercícios físicos”, outros trazem avisos bem óbvios, do tipo “não desperdice sua energia com fofocas”… outros bem abstratos: “Sonhe mais!” outros, ainda, trazem indicações bem mais teóricas e um tanto inatingíveis: “Não tenha pensamentos negativos”… E por aí vai.
Porém, todos esses conselhos e essa imensidade de mensagens de cunho otimista – que marcam e consagram a chegada do ano novo – têm também um aspecto muito interessante e que vale a pena ressaltar: a necessidade de planejamento.

A atmosfera de mudança do calendário, por si mesma e certamente por uma graça própria que a Providência concede neste período, faz com que as pessoas pensem, organizem e escrevam uma série de “bons propósitos” para o ano novo.

A atitude de procurar vislumbrar as dificuldades e encontrar os meios de contorná-las é, sem sombra de dúvida, muito positiva e louvável. É semelhante à atitude do “homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha” (cf. Mt 7, 24). O planejamento é a rocha na qual assentaremos a nossa casa: sem ele, todos os bons propósitos ruirão como ruiria a casa construída na areia.

 

Seria ótimo que mais e mais pessoas procurassem adotar esse costume de fazer “bons propósitos” utilizando-se de um bom planejamento. E o que é o planejamento? Um professor de Administração poderia defini-lo como nada mais, nada menos que escolher os meios para chegar aos fins que temos em vista. Um exemplo bem simples e comezinho: A pessoa tem o propósito de chegar ao final do ano sem dívidas e com recursos financeiros disponíveis, com saldo positivo na conta corrente. Como atingirá essa meta? Precisará realizar ações que a levem a gastar menos do que irá ganhar. Ou, se não for possível diminuir os gastos, deve aumentar as receitas. Parece bem evidente. Porém, sem planejamento (meios para chegar aos fins), esse propósito será inócuo, vazio, sem sentido. Será letra morta e, ao final do ano, apenas um sentimento de frustração é o que restará. Por quê? Simplesmente, por que o “bom propósito” não foi assentado sobre a rocha firme do bom planejamento.

Saindo da esfera meramente material e elevando nosso tema da terra para o Céu, podemos também perguntar: quantos católicos pensaram, organizaram e anotaram bons propósitos de vida espiritual para o ano novo? Certamente muitos, graças a Deus, inclusive nossos leitores. Entretanto é também necessário planejamento para colocá-los em prática e, assim, subir todos os degraus que o Divino Mestre quer ver alcançados por nós. Ele que, com amor e cuidado planejou o Céu e a terra e nos amou desde toda a eternidade.
E o que é o “planejamento”, na vida espiritual? É praticar a Virtude da Prudência.
E o que é a virtude cardeal da prudência?
Ad.Tanquerey define a prudência como “uma virtude moral e sobrenatural, que inclina a nossa inteligência, a escolher, em qualquer circunstância, os melhores meios para atingir aos nossos fins, subordinando-os ao nosso fim último”. O Catecismo da Igreja Católica traz uma definição na mesma linha: “A prudência é a virtude que dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para realizá-lo” (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 1806).
Trata-se, portanto, de buscar os melhores meios para atingir aos nossos fins espirituais, ou seja, por em prática os nossos bons propósitos. Há, porém, uma distinção entre a prudência meramente humana e a prudência cristã. A prudência humana preocupa-se unicamente com os bens terrenos, sem subordiná-los ao nosso fim último, que é a vida eterna.

O Fundador dos Arautos do Evangelho, Monsenhor João Clá, comentando a parábola do administrador infiel, contada por Nosso Senhor no Evangelho de São Lucas, (cf. Lc 16, 1-13), distingue claramente a dificuldade que temos em ser prudentes quando se trata dos assuntos de nossa salvação. Destacamos os trechos abaixo :
“Não poucas vezes a falsa prudência sabe empregar manhas e artimanhas para obter os bens terrenos, mas não os eternos. Para ela, o fim justifica os meios. Fundamenta-se ela na sabedoria deste mundo e daí surgem equívocos como, por exemplo, o de querer construir edifícios eternos com o que não é senão passageiro”.
“Se tivéssemos robusta convicção a respeito de nossa vida post-mortem, o fim último de nossa existência, seríamos mais diligentes em aplicar os devidos meios para obter a perpétua felicidade”
E ainda, comentando sobre a estratégia do administrador infiel em garantir sua sobrevivência depois de ser demitido pelo patrão:
“Chama a atenção a pressa do administrador em atingir suas metas. Infelizmente, assim também somos muitos de nós, ou seja, elaboramos planos e com rapidez os realizamos para os fins a atingir neste mundo, mas tudo se torna difícil, e até insolúvel, quando o objetivo é a nossa santificação. Nosso fim último é supremo em relação aos outros, mas nem sempre lhe tributamos a importância devida. Quantos de nós não preferimos – bem ao contrário desse administrador – deixar para amanhã a realização de nossos propósitos de santidade?”

Encerrando, trata-se, portanto, de perseguir bons propósitos de vida espiritual para o ano novo, mas, cercá-los com a prática da Prudência Cristã.
Para ilustrar, tomemos um exemplo prático: a devoção do Santo Rosário. Um consagrado ou uma consagrada a Nossa Senhora, segundo o Método de S. Luís Maria Grignion de Montfort – e felizmente são muitos – pode colocar como propósito a oração diária do Rosário. E, de fato, esse seria um ramalhete de lindas rosas oferecido à nossa Mãe Santíssima durante o ano. Mas, é preciso determinar os meios: Como organizarei a minha vida cotidiana? Que horário irei reservar no meu dia para fazer essa oração contemplativa? Procurarei dedicar pelo menos algum tempo, na semana, no mês, para estudar a devoção do rosário, procurando obter os meios intelectivos para tornar essa prática mais eficiente para melhorar minha vida espiritual e aumentar meu amor ao próximo? E assim por diante. Buscar os meios para atingir os fins: Virtude da Prudência.
Procure saber mais sobre esta e outras belas virtudes cristãs e como a sua prática pode nos ajudar em nossa vida espiritual. Além do Catecismo da Igreja Católica e de bons autores católicos que tratam do assunto, você poderá pesquisar e estudar também através do site dos Arautos do Evangelho (www.arautos.org.br).
Que Maria Santíssima nos ajude para que este seja um ano de bons propósitos, cumpridos prudentemente!

Por Prof. João Celso – Arautos Maringá

1 A.D. Tanquerey. Compêndio de Teologia Ascética e Mística. Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1964, 6ª. Ed. Página 482

2 Monsenhor João Clá Dias, EP. A prudência da carne e a prudência santa. Revista Arautos do Evangelho, Set/2007, n. 69, p. 10 a 17. Cf.: http://www.arautos.org/artigo/4454/A-prudencia-da-carne-e-a-prudencia-santa

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