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Revista Arautos em Foco – Novembro 2013

Resenha Mensal

da Revista

Arautos do Evangelho

 N. 143

Novembro 2013

Capa: Arautos do setor feminino conduzem a imagem de Nossa Senhora Aparecida ao altar-mor do Santuário durante a V Peregrinação Nacional do Apostolado do Oratório.

Foto: Leandro Souza

“Num ambiente de muita piedade e alegria”, foi realizada, no dia 14 de Setembro a V Peregrinação Nacional a Aparecida, promovida pelo Apostolado do Oratório Maria Rainha dos Corações. Na ocasião, 11 mil participantes lotaram a Basílica Nacional de Aparecida, “onde puderam depositar seus pedidos aos pés da Virgem Mãe Aparecida e agradecer-Lhe os incontáveis favores recebidos”. Este é o destaque da capa da Revista Arautos do Evangelho n. 143, do mês de Novembro de 2013. A matéria completa sobre a V Peregrinação encontra-se a partir da página 26.

Por sua vez, o Editorial aborda a consonância que deve haver entre o “zelo operativo…sem deixar de ter as vistas e o coração postos no sobrenatural”, o que justamente caracteriza toda a atuação dos Arautos do Evangelho, no Brasil e no mundo.

A Voz do Papa deste mês traz excertos do Discurso, proferido pelo Papa em 27/09/2013 aos catequistas vindos a Roma em peregrinação, por ocasião do Ano da Fé e do Congresso Internacional de Catequese. Nesse discurso, Francisco lembra que o “catequista tem a maravilhosa missão de educar na Fé, e deve exercê-la recomeçando de Cristo”. O Pontífice manifesta o seu contentamento de que “haja, no Ano da Fé, este encontro para vós: a catequese constitui uma coluna para a educação da Fé, e são precisos bons catequistas!”.

No Comentário ao Evangelho de Mateus 5, 1-12ª, que a Liturgia apresenta para a Solenidade de Todos os Santos, o Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, EP, Fundador dos Arautos do Evangelho, lembra que nesta Solenidade, a “Igreja nos convida a ver com esperança nossos irmãos celestes, como estímulo para percorrermos por inteiro o caminho iniciado com o Batismo e atingirmos a plena felicidade na glória da visão beatífica”. Muito oportunamente, lembra ainda Monsenhor que “Santos são todos os que fazem parte do Corpo Místico de Cristo, não só os que conquistaram a glória celeste”. Em seu artigo, o Monsenhor João Clá estimula todos a pedir a intercessão de todos os santos “a fim de um dia nos encontrarmos em sua companhia no Céu. Enquanto lá não chegarmos, podemos nos relacionar com essa enorme plêiade de irmãos celestes, membros do mesmo Corpo [Místico], por um canal direto muito mais eficiente do que qualquer meio de comunicação moderno: a oração, o amor a Deus e o amor a eles enquanto unidos a Deus. Tenhamos a certeza de que, do alto, eles nos olham com benevolência, rogam por nós e nos protegem”.

Continuando a abordagem de aspectos da vida de Dona Lucilia Ribeiro dos Santos Corrêa de Oliveira, o número de Novembro, traz artigo intitulado “O calor dessa bondade” em que destaca que a bondade de Dona Lucilia não se restringia a seu ambiente doméstico, mas se estendia a todos os que com ela tivessem contato. Sobre essa calorosa bondade, declarou um sobrinho: “Tia Lucilia ficou marcada para mim a vida inteira como uma santa… Porque uma tão grande bondade ficou como que impregnada em mim, e até hoje ainda sinto o calor dessa bondade”. Vale a pena conferir este belo artigo, a partir da página 18.

 O Diácono Flávio Roberto Lorenzato Fugyama, EP em seu artigo intitulado Jesus se oculta nos superiores, ao narrar um surpreendente fato havido com o Beato Stefano Bellesini no momento de seu sepultamento, trata da grandeza da virtude da obediência “em aras da qual as almas consagradas imolam aquilo que têm de mais precioso: a própria vontade”. Dessa magnífica “virtude da obediência deram-nos o mais sublime exemplo Jesus e Maria”, como descreve São Paulo: “Sendo Ele [Cristo] de condição divina, não Se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a Si mesmo, assumindo a condição de escravo … tornando-Se obediente até a morte, e morte de Cruz” (Cf. Fl 2, 6-8).

Arautos no Brasil traz notícias sobre atividades dos Arautos do Evangelho em todo o País, em Curitiba, Cuiabá e Nova Friburgo, com destaque para a visita realizada por participantes do Curso de Formação Teológica, ao Hospital Geriátrico Dom Pedro II, no Bairro do Jaçanã, na capital paulista.

A seção Arautos no Mundo  traz inúmeras atividades desenvolvidas pelos Arautos na Colômbia, Peru, Equador, além da peregrinação da imagem peregrina em Honduras.

A Irmã Maria Teresa Ribeiro Matos, EP apresenta a extraordinária vida de São Martinho de Porres. Nascido a 09 de dezembro de 1579, em Lima, no Peru, este grande santo, “misto de fidalgo e homem do povo, suas virtudes esplendecentes contribuíram para conferir à civilização peruana do seu tempo uma beleza e uma ordenação católicas até hoje insuperáveis”. Entrou para o Convento do Rosário, dos dominicanos, com apenas 14 anos, exercendo as mais simples funções, por exemplo, tarefas domésticas, como “varrer salões e claustros, a enfermaria, o coro e a igreja da grande propriedade, que abrigava por volta de 200 religiosos, entre noviços, irmãos leigos e doutos sacerdotes”. A visão sobrenatural de Frei Martinho “fazia-o compreender bem a glória que há em servir, à imitação do próprio Cristo Jesus, que Se encarnou para nos dar exemplo de completa submissão”. A humildade extraordinária e sua intensa espiritualidade fizeram com que a Providência permitisse ao santo realizar, ainda em vida, incontáveis milagres. Com “o exemplo de sua vida ele nos demonstra ser possível alcançar a santidade pelo caminho que Cristo nos ensina: amando a Deus, em primeiro lugar, com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente; e, em segundo, ao próximo como a nós mesmos”.

A Palavra dos Pastores deste n. 143, traz artigo assinado por Dom Javier Echevarría Rodríguez, Prelado do Opus Dei, intitulado Batismo e Reconciliação, no qual comenta que o “Sacramento do Batismo nos introduz na grande família dos filhos de Deus. E quando dela nos excluímos, pelo pecado mortal, o da Reconciliação nos regenera, limpa e purifica”.

Em Histórias para crianças… ou adultos cheios de Fé? Maria Beatriz Ribeiro Matos narra as provações do jovem Gustavo que, órfão de pai e mãe, em seus momentos de maior provação espiritual, foi socorrido por Maria Santíssima. Nunca se ouviu dizer… uma bela história, a partir da página 46.

É certamente possível elevar nossa alma, buscando as coisas do alto, mesmo quando estamos realizando as tarefas mais simples do dia-a-dia. É o que demonstra Fahima Spielmann no artigo Pináculo de pedra, auge de amor. Exemplo extraordinário dessa disponibilidade para Deus é a vida de Santa Teresinha do Menino Jesus, a qual, mesmo sem sair do Convento, realizou obras grandiosas.

Com suas fotos e ilustrações de muito bom gosto e sua qualidade gráfica, o número 143, da Revista Arautos do Evangelho de Novembro de 2013 tem ainda muitas outras seções, por exemplo Aconteceu na Igreja e no mundo que traz as principais notícias do mundo católico. É a melhor companhia que a família católica pode desejar!

Por isso, querido leitor, queremos convidá-lo a maravilhar-se com a Revista Arautos do Evangelho em sua totalidade! Leia a Revista em família, em suas reuniões de Grupo e nas horas vagas do seu trabalho. A Revista Arautos é cultura católica de primeira qualidade.

Faça a sua assinatura, contatando a Sede Regional dos Arautos, em Maringá, através do telefone (44) 3028-6596, ou através deste BLOG e daremos as informações detalhadas

Salve Maria! Até o próximo mês.

Por João Celso

A Revista Arautos do Evangelho nasceu em 2002, um ano após os Arautos receberem do Papa a aprovação Pontifícia.

Com o intuito de levar aos lares do mundo inteiro a Palavra de Deus, as principais notícias da Igreja e um conteúdo completo baseado nos ensinamentos da Santa   Sé, a Revista Arautos traz em suas páginas artigos para todas as idades e visa, sobretudo, a formação católica da família.

A Revista Arautos é instrumento de evangelização e expressa o carisma dos Arautos do Evangelho”.

(www.revistacatolica.com.br)

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Frase da Semana – Beato João Paulo II

“Saúdo… de modo especial o numeroso grupo da Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício, Arautos do Evangelho, para que sendo fiéis à Igreja, ao seu Magistério, permaneçam unidos aos seus pastores e anunciem corajosamente, pelo mundo inteiro, a Cristo Nosso Senhor (…). Sede mensageiros do Evangelho pela intercessão do Coração Imaculado de Maria.”

Beato João Paulo II – Audiência Geral, Roma, 28 de Fevereiro de 20011

O Decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, datado de 2 de Abril de 20112 estabelece a comemoração litúrgica do Beato João Paulo II a 22 de Outubro.

A Frase da Semana homenageia o Papa de quem os Arautos do Evangelho tiveram a honra de receber a Aprovação Pontifícia. Durante a Audiência Geral, em Roma, no dia 28 de Fevereiro de 2001, o Papa os saudou com as belas e encorajadoras palavras citadas acima. Por sua vez, naquela luminosa manhã romana, Arautos de todo o mundo reuniram-se em torno do Pastor – e no momento em que ele, em seu discurso, se referia ao movimento recém-aprovado, os Arautos celebraram, entoando o Hino Pontifício.

Audiência com S.S. Papa João Paulo II por ocasião do Aprovação Pontifícia

Como consequência do apoio da Igreja, através da aprovação Pontifícia concedida pelo Papa, os Arautos, hoje presentes em 79 países, procuram levar ao mundo, sem distinção de pessoas, de forma consistente, o mandado de ser “mensageiros do Evangelho pela intercessão do Coração Imaculado de Maria”. Em grande medida, esse desenvolvimento deveu-se à confiança neles depositada pelo Sucessor de Pedro.

Com esperança de dias melhores para a Igreja em todo o mundo, aguardamos em breve a canonização do Beato João Paulo II, a quem os Arautos do Evangelho honram com venerável reconhecimento.

Com esperança de dias melhores para a Igreja em todo o mundo, rogamos a intercessão do Beato João Paulo II, a quem os Arautos do Evangelho honram com venerável reconhecimento, para que se cumpram inteiramente as profecias de Nossa Senhora em Fátima, especialmente, suas palavras em julho de 1917: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”. 3

Salve Maria!


(1) Arautos do Evangelho. Surge um Novo Carisma na Igreja. Edição comemorativa de sua ereção pontifícia. São Paulo: Takano Editora, 2001.
(2) Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Decreto acerca do Culto Litúrgico a conceder em honra do Beato João Paulo II, Papa. Disponível em:
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_20110402_dec-gpii_po.html
(3) Mons. João Clá Dias. Fátima, Aurora do Terceiro Milênio. Takano Editora Gráfica Ltda, 1998, pág. 22.

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Santa Laura Montoya: Na vanguarda missionária da Igreja

As páginas da Revista Arautos do Evangelho do mês de outubro de 2013 estampam artigo do Arauto Gustavo Ponce Montesinos intitulado Na vanguarda missionária da Igreja. Apresenta a bela história de Santa Laura Montoya, que nasceu e viveu na Colômbia entre o final do século XVIIII e a primeira metade do século XX. Faleceu em 21 de Outubro de 1949, aos 75 anos; é uma das primeiras santas canonizadas pelo Papa Francisco, em 12/05/2013.

De família muito católica e fervorosa, Santa Laura de Montoya está na “vanguarda missionária da Igreja” justamente porque sua vida – inicialmente como professora, formadora e fundadora de uma Ordem Religiosa é repleta de exemplos que podem e devem ser imitados em nossos dias, por todos os jovens que queiram servir a Deus de forma mais perfeita, seguindo o conselho evangélico: “Sede perfeitos como vosso Pai celestial é Perfeito” (Cf. Mt 5,48).

Desde muito cedo foi a pequena Laurita formada por sua piedosa mãe no amor ao próximo, perdoando e ajudando mesmo aqueles que lhe houvessem causado qualquer mal. Perdeu o pai, vítima da guerra civil ainda muito cedo, quando tinha apenas dois anos de idade. Permitiu a Providência Divina que, em toda a sua formação, o seu coração ficasse “vazio de qualquer afeto terreno, para poder, a seu tempo, tomar posse absoluta dele”. (1) Ainda em sua infância, aos 10 anos, teve a graça de conhecer “duas jovens que marcaram profundamente sua vida: ‘Úrsula, a virgem contemplativa, e Dolores, a virgem apóstolo, foram, sem saber, minhas mestras, meus espelhos, os pedagogos de minha vocação” (2).

Professora sedenta de almas

De fato, iniciou sua missão aos 19 anos, quando obteve, em 1893, o diploma de professora de primeiro e segundo grau, ocasião em que pode dar os primeiros lances do que seria o seu fecundo apostolado: “Empenhei-me em fazer de minhas alunas umas amantes loucas de Deus” (3).

Santa Laura Montoya

“Em pouco tempo, suas palavras e exemplos começaram a produzir frutos de conversão e de afervoramento” entre as jovens da sociedade local, que “passaram a comungar com frequência e a defender sua fé com denodo perante parentes ímpios”. (4) Contrariado pelo êxito que a jovem professora obteve, não tardou o demônio em procurar vingar-se. De fato, uma das alunas de Laura, Eva Castro, desistiu do casamento, manifestando aos pais o desejo de seguir a vocação religiosa. Insuflados pelo espírito maligno, os pais da jovem culparam a pobre professora por essa mudança, desencadeando sobre ela uma brutal perseguição, através de calúnias e difamações. Laura foi abandonada por todos, até pelo seu confessor. Finalmente a Providência interveio e a situação pode ser esclarecida. Não foi esta a única perseguição que sofreu, mas, ela sempre conservou inabalável a sua Fé.

O segundo Colégio que abriu obteve um bom sucesso inicial, mas foi também fechado precocemente (decorridos apenas dois anos de funcionamento); desta vez, não pela ação de inimigos da Igreja, mas por um Bispo mal informado. Através dessas cruzes, a Providência ia preparando a alma de Laura para “uma grande vocação: a de ser missionária entre os índios, e mãe de numerosas missionárias”. (5)

Trezentos ou quatrocentos mil filhos perdidos

O zelo apostólico da jovem professora experimentava enorme dor ao “considerar que milhares de indígenas colombianos não tinham contato algum com a Igreja” (6), como se tivesse centenas de milhares de filhos perdidos. O desejo de catequizá-los, mostrar-lhes a Verdadeira Fé e torná-los Filhos de Deus a inflamava constantemente, porém, teve que enfrentar inúmeros obstáculos antes de realizar seu projeto missionário. Afinal, depois de muitas lutas, conseguiu lançar-se à obra, graças a ajuda de Dom Maximiliano Crespo, Bispo de Santa Fé de Antioquia, o qual a apoiou, concedendo-lhe os recursos necessários para que partisse em missão.

Assim, “na formosa manhã de 5 de maio de 1914, partiram as cinco missionárias, entre as quais a mãe de Laura, Dolores Upegui, já com 72 anos, mas não menos entusiasmada nem com menor decisão do que as jovens”. (7)Em seus nobres intentos, enfrentou inúmeras dificuldades, mas, buscou estabelecer uma regra que levasse todas à perfeição. A Providência favoreceu sua serva fiel e assim a atuação de Madre Laura foi marcada, inclusive, por inúmeras curas prodigiosas, as quais fizeram com que os habitantes – a princípio hostis, fossem, aos poucos, deixando-se influenciar pela bondade da Santa. A confiante devoção a Nossa Senhora foi fator decisivo para que Laura obtivesse sucesso, como ela mesma explica: “Minha devoção à Santíssima Virgem era como o remo que movia minha barquinha. […] Maria é o sorriso de minha vida”.

“Os últimos nove anos de sua existência Santa Laura passou-os numa cadeira de rodas, no meio de duras provações. Enquanto isso, a Providência abençoava a expansão de sua obra”. (8) As Missionárias de Maria Imaculada e Santa Catarina de Sena estão hoje presentes em 19 países.

Peçamos a Santa Laura Montoya que nos obtenha o mesmo ardor missionário que ela tanto teve, para buscarmos, não apenas a nossa própria conversão, mas também de nossos irmãos, mesmo batizados, mas que se afastam deliberadamente, cada dia mais, da Igreja de Cristo.

Por João Celso


(1) Gustavo Ponce Montesinos. Na vanguarda missionária da Igreja. Revista Arautos do Evangelho. n. 142, p. 34, Outubro de 2013.
(2) Idem, ibidem.
(3) Idem, p. 35
(4) Idem, p. 35
(5) Idem, p. 35
(6) Idem, ibidem
(7) Idem, p. 36
(8) Idem, p. 37

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A devoção a Nossa Senhora atrapalha a adoração a Deus?

A Santa Igreja celebra em setembro três datas especiais, dedicadas à Maria Santíssima: Festa da Natividade de Nossa Senhora, Santíssimo Nome de Maria e a Celebração de Nossa Senhora das Dores.

Desde a eternidade Deus, para redenção do gênero humano, elegeu a Virgem Maria como Mãe do Verbo Encarnado. Assim, “em consequência de sua cooperação no sacrifício redentor de Cristo Jesus e de sua maternidade espiritual sobre todos os redimidos, que Maria adquiriu os títulos de Medianeira e Dispensadora universal de todas as graças”, conforme escreve Mons. João Clá Dias, EP, na obra “Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado”.1

Porém, em razão das dúvidas que incidem sobre a existência humana, podemos questionar: A devoção à Nossa Senhora atrapalha a adoração a Deus?

Com a intenção de auxiliar o leitor a responder estes e muitos outros questionamentos, apresentamos na seção TV Arautos em Foco, um programa onde o Revmo. Pe. Alex Brito, EP, aborda, com base nos ensinamentos de São Luís Maria G. de Montfort, que a devoção à Nossa Senhora ao invés de nos afastar ou atrapalhar, nos aproxima ainda mais do Criador.

Acompanhemos as explicações do Sacerdote clicando aqui.

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1 Mons. João S. Clá Dias. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. São Paulo: Artpress, 1997, p. 403.

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Como elevar-se a Deus

Os avanços tecnológicos e o progresso material vêm ao longo dos anos e séculos surpreendendo os homens e, quando bem aplicados, constituindo-se em benefícios inequivocamente benfazejos. Entre as inúmeras façanhas, nesta perspectiva, que marcaram as páginas da história universal, está a empreendida pelos irmãos Montgolfier em junho de 1783: um balão com 32 metros de circunferência voou às alturas de centenas de metros e percorreu a “surpreendente” distância de aproximadamente três quilômetros. Qual não foi o espanto daqueles que presenciaram tal ascensão?

“Ancensão do balão Montgolfier em Aranjuez”, por Antonio Carnicero – Museu do Prado, Madri

Voar… “romper” com esta famosa lei da gravidade, que nos “puxa” para baixo e nos causa, por assim dizer, uma inveja dos pássaros que tem a liberdade de voar.

Se é verdade que não podemos, neste vale de lágrimas, fisicamente voar por nós mesmos, a não ser mediante os recursos técnicos que o progresso material constrói, verdade é, no entanto, que podemos voar espiritualmente

Contudo, está ao nosso alcance um outro voo, sem dúvida superior, incomparavelmente mais belo e benéfico para nós: o voo espiritual. Mas como se dá este voo?

Consideremos o trecho da leitura deste XXIII Domingo do Tempo Comum. Narra o evangelista São Lucas que Jesus, certa ocasião, estando acompanhado por multidões indicou-lhes como ser seu discípulo, concluindo: “[…] qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo”  (Lc 14, 33).

Voo de Balão – Revista Arautos do Evangelho, n. 90

Mas, o que é renunciar a tudo o que tem?

Esta renúncia consiste no desapego de tudo e o amor radical a Jesus. O leitor poderia perguntar: o que é propriamente o desapego e este amor radical?

O grande Santo Inácio de Loiola, com a lógica e coerência tão características de seu pensamento e de sua vida, assim expressa nos seus “Exercícios Espirituais” o relacionamento do homem com Deus, consigo e com as criaturas, e portanto, no que consiste o amor e o desapego: “O homem é criado, para louvar, reverenciar e servir a Deus, e mediante isto salvar a sua alma. […] Donde se conclui que o homem tanto há de usar delas [das coisas criadas], quanto o ajudam para o seu fim, e tanto deve abster-se delas, quanto disso o impeçam”. (1)

Em expressivas e claras palavras, assim explica Mons. João Clá Dias, EP: “a necessidade de amor a Deus acima de tudo, portanto, de nos desapegarmos radicalmente até mesmo do que nos for mais caro, se isto representar um obstáculo para seguirmos a Cristo. Pois Jesus é digno de ser amado com um amor perfeitíssimo, e jamais chegará a ser seu verdadeiro discípulo quem não estiver disposto a, por causa d´Ele, levar aos últimos extremos o desprendimento: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim (Mt 10, 37)”. (2)

Ora, justamente os apegos e afetos que não se constituam em função do amor a Deus, são as “amarras” que nos prendem nesta terra, nos impedindo de voar espiritualmente para o discipulato de Jesus, amando-O e amando o próximo como Ele nos amou.

A estas alturas do artigo, alguém poderia questionar: “o que tem a ver o desapego e amor a Deus com a abordagem de cunho ‘tecnológico’ descrita na introdução deste artigo?”.

Para responder este questionamento, deixo as palavras do Fundador dos Arautos:

“Esta é a imagem [as amarras e lastros que são soltos do balão, para que ele suba] da elevação das almas a Deus. ‘Aquecidas’ pela prática das virtudes, especialmente da caridade, iniciam elas a subida espiritual e começam a ‘voar’. Costuma haver, porém, em consequência do pecado, amarras que as prendem à Terra e lastros que dificultam seu itinerário rumo à perfeição. É imperioso, portanto, cortar aquelas e alijar estes, para o espírito humano poder elevar-se ao transcendente e ao eterno.

Cristo Rei – Igreja de Santo André – Bayona, França

À semelhança de nosso corpo, padecem as almas dos danosos efeitos de uma espécie de lei da gravidade espiritual por onde nos sentimos atraídos para o mais baixo, o mais trivial, o que nos exige menos esforço”. (3)

Eis assim, o sentido próprio do que nos convida Nosso Senhor Jesus Cristo, ensinando a renunciarmos a tudo por amor a Ele. Ou, se quisermos, aqui está o convite que Ele nos faz para sermos discípulos Dele, nos perguntando: “Quereis voar?”.

Peçamos àquela que é Nossa Senhora da Boa Viagem que nos obtenha a graça de voarmos, que queiramos e tenhamos a verdadeira liberdade de voar, de virtude em virtude, de desapego em desapego, de nos elevarmos no amor exclusivo por seu Filho Jesus e por Ele, no amor ao próximo.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loiola. Tradução do autógrafo espanhol pelo Padre Vital Dias Pereira, S.J. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1966, p. 28.

(2) Mons. João S. Clá Dias, EP. Humildade e mansidão. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 330.

(3) Idem. p. 327-328.

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