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Nossa Senhora do Coromoto

Há certas manifestações de misericórdia de Maria Santíssima, que nos deixam surpresos, tal é a bondade da divina “Pastora”, que não se cansa de “ir ao encalço” das inúmeras ovelhas desgarradas, na intenção de uni-las ao seu Divino Filho.

Nossa Senhora de Coromoto

Nossa Senhora de Coromoto, Padroeira da Venezuela

Eis a surpreendente história, aqui narrada resumidamente, com base no relato do Padre Pedro Morazzani Arráiz.¹

Lá pelos anos do longínquo século XVII, na província da Venezuela, enquanto que incontável número de índios havia se convertido à fé católica, uma tribo tornara-se refratária à pregação do Evangelho pelos missionários. Eram os coromotos, que haviam se isolado nos montes e florestas.

O cacique desta tribo, com sua mulher, vagueavam às margens de um riacho, quando viram uma “bela senhora” caminhar sobre as águas e vir ao seu encontro, sorrindo maternalmente para eles. Eis que aquela Senhora lhe dirige a palavra na própria língua dos selvagens:

“Ide aonde se encontram os homens brancos para que derramem água sobre vossas cabeças e assim possais ir ao Céu”.

No entanto, não somente o casal de índios havia visto a aparição. Várias vezes a “bela senhora” aparecera a outros índios coromotos, inclusive às crianças.

Eis que, passados alguns meses, depois de catequizados por um dedicado espanhol, João Sanchez, cerca de cem deles foram batizados. Em meio a esta alegria um, no entanto, se recusara a receber o sacramento que nos abre as portas do Céu: o triste e feroz cacique.

Nossa Senhora, porém, é incansável em sua bondade. No dia em que havia sido feita uma homenagem para a Mãe de Deus, o cacique não comparecera à cerimônia. Ao entardecer, estava ele, com sua esposa, a irmã desta, Isabel e um sobrinho de doze anos (estes três últimos, batizados), dentro de sua choupana.

Subitamente Nossa Senhora apareceu no umbral da choupana, sorrindo para o cacique. Qual foi a reação do selvagem? Ele se levantou da esteira em que estava deitado, e com cólera bradou:

– “Até quando me hás de perseguir? Bem podes partir, pois não mais farei o que mandas. Por ti tudo deixei e vim aqui passar trabalhos!

Diante de tão más e ingratas palavras, a esposa do índio repreendeu-o, dizendo:

– “Não fales assim com a bela Senhora. Não tenhas tão mau coração!”

De pouco adiantou tal admoestação, pois o índio, furioso, tomou do arco e flecha e esbravejou:

– “Matando-te, tu me deixarás!”

Eis então que Nossa Senhora se aproximou do índio, de modo que ele não pudesse lançar a seta. Ele tentou agarrá-la para lançá-la fora da choupana. Ela desapareceu deixando na mão do cacique uma pequena peça de tecido, na qual ficou estampada a imagem de Nossa Senhora. Esta estampa hoje se venera no Santuário Nacional de Nossa Senhora de Coromoto.

Levou o índio sua repulsa ainda mais longe. Deu ordem para que sua tribo voltasse para a floresta. No meio da mata, fora picado por uma serpente venenosa. Por fim, em meio a dores, presságio da morte que advinha rapidamente, foi tomado por uma graça salvadora de arrependimento: pediu perdão e o Batismo. E Nossa Senhora, que não o desamparou, atendeu ao seu pedido. Um mulato que por ali andava, imediatamente o batizou e ele entregou sua alma a Deus.

Aqui está esta bela e impressionante história onde contemplamos a dureza no coração de um agraciado por Nossa Senhora e de outro lado, a misericórdia insondável da Mãe Santíssima.

Algum leitor poderia questionar: mas fatos como este, de tamanha misericórdia de Nossa Senhora, apesar de corações empedernidos, insistentes em recusar a graça de Deus, só mesmo no passado longínquo aconteciam. Em nossos dias, isto não se dá mais – poderia ele objetar.

Maria derrama torrentes de graças

Sim, caro leitor, em pleno início deste século XXI, há inúmeros fatos em que “Maria derrama torrentes de graças sobre seus filhos e filhas amados”, conforme nos faz refletir Mons. João Clá Dias.

Um deles nos impressiona pela analogia com a história de Nossa Senhora do Coromoto, é a surpreendente narração feita por uma senhora agraciada pela bondade insondável da Rainha do Céu e da terra:

“Quando criança, e também quando jovem, eu era católica. Estudei num colégio de freira. Depois entrei para uma religião de filosofia oriental. Um dia estava me sentindo muito mal e pedi ajuda aos protetores do ‘astral’ – na tal religião se fala muito disso. Naquele momento vi aparecer ao lado da minha cama uma Senhora com manto branco, um terço de pérolas nas mãos, um coração no peito, uma coroa na cabeça. Eu disse a ela: ‘O que está fazendo aqui? Não te pedi nada, não sei quem é você’. Ela me disse: ‘Mas eu sei quem é você’. Eu respondi: ‘Você não me serve para mim… não sou católica’. Ela me disse: ‘Eu vim para te ajudar. Quando chegar a hora, você me encontrará’. Fiquei nervosa e pensei: ‘Eu não quero isto para mim e vem acontecer justamente comigo!’. No dia seguinte, vi um carro um adesivo com um rosto igual ao da visão que tive. Alguns dias após, fui à livraria com minha filha e encontrei no balcão um monte de folhetos da mesma Santa. Resolvi pegar um, mas deixei guardado. Meses despois, fui ver uma casa para alugar e encontrei na janela do quarto o mesmo adesivo da Santa. No fim de maio, minha filha encontrou um pôster no pé de uma árvore, e me entregou dizendo: ‘Mãe, aqui está sua santa’. O que mais me impressionou no pôster foi o coração; era igualzinho ao que tinha visto. Eu me escondia de Maria, não queria saber de nada. Parecia Adão e Eva fugindo dos olhos de Deus. Isso tudo foi me incomodando e resolvi falar com um padre, o qual me aconselhou a voltar para a minha verdadeira Igreja de origem. Disse-me que eu era uma pessoa privilegiada… Resolvi pedir o terço dessa Associação[…].” ²

Conforme comenta o Fundador dos Arautos, “a julgar pelo relato da Da. L.G., só podemos concordar com esse sacerdote: ela é realmente uma pessoa privilegiada. Seu caso também fala de maiores e mais estupendas intervenções de Nossa Senhora em favor daqueles que Ela quer bem junto a Si, especialmente nesta época de caos e incertezas”. ³

Qual o proveito que podemos tirar destas tão belas histórias? Sem dúvida, o convite para a confiança total na bondade da Mãe de Deus. E se nós formos “coromotos” como o referido cacique? Tenhamos confiança, que a “bela Senhora” nunca nos desamparará e nunca recusará seu perdão e sua graça.

Nossa Senhora do Coromoto, rogai por nós!

Adilson Costa da Costa

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¹ Padre Pedro Morazzani Arráiz. Nossa Senhora do Coromoto – Rainha da misericórdia insondável. Revista Arautos do Evangelho. n. 33, p. 16-18, set./2004.

http://www.arautos.org/especial/12801/Nossa-Senhora-do-Coromoto–Rainha-da-misericordia-insondavel.html

² Mons. João S. Clá Dias. Por fim meu Imaculado Coração Triunfará – Maria derrama torrentes de graças sobre seus filhos e filhas. São Paulo: 2ª ed. Editora Copypress Ind. Gráfica Ltda, 2007, p. 64-65.

³ idem, p. 65.

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As delícias de Deus Uno e Trino habitando em nós

Ao sermos batizados, eis que se opera em nós o mais belo dos milagres: somos inabitados pela Santíssima Trindade. Mas, afinal, como compreendermos o alcance de tamanha graça? Se considerarmos que a Santíssima Trindade, ou a unidade e trindade de Deus, é para qualquer criatura um mistério insondável, podemos perguntar: Como entendermos esta inabitação de Deus Uno e Trino em nós?

Eis uma consideração, para além das idéias, utilíssima para nossa vida espiritual, muito própria a fazê-la nesta Solenidade da Santíssima Trindade.

Santíssima Trindade

Desde nossas primeiras lições de Catequese, aprendemos que existem dois principais mistérios de nossa fé: a Unidade e Trindade de Deus e a Encarnação, Vida, Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Quanto ao primeiro mistério, sobre o qual procuraremos tratar nesse artigo, a Doutrina Católica nos ensina que existe um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo; por uma ação da graça, esta verdade de fé, penetra-nos na alma de forma simples e robusta, ainda que sua compreensão escape completamente pela razão humana. A que se deve isto?

Assim nos explica, com objetividade, didática e clareza, a obra “A vida íntima de Deus Uno e Trino”: “Nós, meras criaturas humanas, nunca poderíamos descobrir, nem mesmo suspeitar, que em Deus há três Pessoas numa única natureza. Só mesmo através da Fé podemos acreditar no mistério da unidade e trindade de Deus, revelado por Nosso Senhor Jesus Cristo”.¹

E continua: “Mesmo assim, precisamos que o Espírito de Verdade, o Paráclito, nos dê uma compreensão cada vez mais profunda da verdade”. Ainda nesse sentido, Mons. João Clá Dias, escreve: “Porque é o Espírito Santo que nos ensina, que nos faz compreender, às apalpadé-las, como diz São Paulo, mais ou menos como quando entramos num quarto escuro, privados de eletricidade, numa noite coberta por nuvens escuras; precisamos caminhar devagar e com todo o cuidado, às apalpadelas”.²

Com este auxílio do Espírito Santo, por meio da Fé, temos uma noção a respeito das três Pessoas da Santíssima Trindade.

Aprofundando tal noção o Fundador dos Arautos do Evangelho, assim aborda este Mistério:

“Desde toda a eternidade, o Pai é tão rico em seu pensamento, Ele possui um pensamento tão cheio de substância, em grau infinito e todo feito de sabedoria – é a sabedoria em essência, a sabedoria em substância – que gera uma outra Pessoa. É o Pai que gera o Filho, porque o Filho é o pensamento do Pai, é essa sabedoria que já existe antes mesmo de começar a obra da Criação. Então, desde toda a eternidade, o Pai gera o Filho. E o Filho, ao ser gerado pelo Pai, olhando para o Pai e o Pai olhando para o Filho, nós temos daí a procedência de uma Terceira Pessoa que é o Espírito Santo. A geração do Filho dá na Sabedoria Eterna; a procedência do Espírito Santo dá no Amor Eterno, que é o amor do Pai e do Filho”. ³

Temos aqui a abordagem doutrinária sobre o dogma da Santíssima Trindade, ensinado pelo Magistério infalível da Igreja, desde os primórdios de sua fundação.

Muitas seriam as considerações a respeito do Mistério trinitário. No entanto, impraticável dentre dos limites de um artigo. Assim, caberia tratar deste ponto útil para nossa união com Deus Uno e Trino. Como compreender sua inabitação na alma humana?

Sabemos que nossa vida de cristão, nesta terra é de passagem. Somos criados e chamados para a felicidade eterna, no Céu, cujo prêmio mais excelente é a posse de Deus. Ora, para tal prêmio, Deus nos quer desde já preparar, estabelecendo entre Ele e nós um sagrado convívio. Este relacionamento se dá a partir do Batismo. Por isto, somos chamados templos vivos de Deus, templos do Espírito Santo. E, portanto, devemos crescer neste relacionamento com as três Pessoas divinas. Quanto mais conservarmos a graça de Deus, ou a amizade com Deus, mais sentiremos a presença de Deus em nós. Daí o porquê devemos lançar mãos de todos os recursos espirituais, a oração, a participação na Santa Missa, a freqüência aos Sacramentos e a prática dos Mandamentos, para que não expulsemos Deus de nossos corações.

Apenas para ilustrar com um exemplo eloquente da presença e atuação da Santíssima Trindade em uma alma, é muito edificante e elucidativo o que nos narra Michel-Marie Philipon, sobre experiência mística da religiosa carmelita Beata Elisabeth de la Trinité:

“Muitas vezes Elisabeth repetia à sua amiga: ‘Parece-me que Ele está aqui’, e fazia o gesto de tê-Lo nos braços e apertá-lo ao coração”. 4

Sobre a presença das Três Pessoas, assim escreve à sua irmã: “O Pai cobrir-te-á com sua sombra, interpondo uma nuvem entre ti e as coisas da terra, para te guardar só para si. Comunicar-se-á seu poder para que O ames com um amor forte como a morte. O Verbo imprimir-se-á na alma, como num cristal, a imagem da própria beleza, a fim de que sejas pura de sua pureza, luminosa de sua luz. O Espírito Santo transformar-te-á em sua lira mística que produzirá no silêncio, sob seu toque divino, um magnífico cântico de amor”.5 [grifos nossos]

Que este conhecimento sobre o tesouro que carregamos em nós, a presença das Três Pessoas da Santíssima Trindade – quando temos a graça santificante – seja para cada um o motivo mais sublime e vigoroso para enfrentarmos o bom combate desta vida, até o dia bendito de podermos experimentar, sem sombras ou véus, as delícias de Deus Uno e Trino habitando em nós toda a eternidade.

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¹ Arráiz, Pe. Pedro Rafael Morazzani (Org.). A vida íntima de Deus Uno e Trino. São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 145.

² idem, p. 145

³ Clá Dias, João Scognamiglio. Homilia. São Paulo, 30 maio 2010. Arquivo ITTA-IFAT. In Arráiz, Pe. Pedro Rafael Morazzani (Org.). A vida íntima de Deus Uno e Trino. São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2013, p. 33-34.

4 Michel-Marie Philipon. Doutrina espiritual de Elisabeth da Trindade. São Paulo: Paulu, 1988, p. 85.

5 idem, p. 85.

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Para além das estrelas visíveis: o mundo angélico

É próprio, ao lançarmos o olhar nas vastidões dos céus, numa noite escura e longe da poluição, encantarmo-nos com o firmamento, repleto de estrelas que cintilam maravilhosamente. Estes cristais reluzentes parecem querer conversar conosco, desejosos de nos dizer algo. Caberia perguntar: o que nos diria esta multidão de estrelas?

Estrelas

Eis a indagação, acompanhada de luminosa resposta, com base no Magistério infalível da Igreja, que nos trazem os Professores do Instituto Teológico São Tomás de Aquino e do Instituto Filosófico Aristotélico-Tomista¹:
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As palavras e a vida de Santa Catarina de Sena

Caríssimo leitor, após ler a frase estampada abaixo, procure se perguntar qual teria sido a fisionomia moral de quem assim se expressou, se era uma pessoa boa, santa ou o contrário. É de se crer que não terá a menor dificuldade em responder com todo o acerto. Vejamos:

“Quem possui o amor de Deus, nele encontra tanta alegria que cada amargura se transforma em doçura e cada grande peso se torna leve. E isto não nos deve surpreender porque, vivendo na caridade, vive-se em Deus!” ¹

Justamente, caro leitor, acertou! De fato certas palavras, especialmente, só podem desabrochar de almas puras, límpidas, habituadas às perspectivas espirituais e sobrenaturais da existência.

Com efeito, os ensinamentos expressos pelos santos vêm repletos de unção e bênçãos, produzindo um refrigério na alma. E de onde vem este “poder” da voz dos santos? Vem do Espírito Santo, que premia suas palavras com a ação da graça, em atenção à autenticidade de vida e à coerência que encontra nestas almas.

Mas afinal: de quem são estas palavras?

Santa Catarina de Sena

São elas proferidas pela grande Santa Catarina de Siena, irmã terceira da Ordem dos Pregadores, nascida em 25 de março (Festa da Encarnação) de 1347, na cidade de Siena (localizada na atual Itália). Ela é co-patrona da Europa, da Itália e uma das quatro mulheres doutoras, “um título que o Papa concede a quem deu sua contribuição não apenas para uma época da história, mas sim para todos os tempos”.² Sua festa é celebrada no dia 29 de abril.

Comprove o quanto a frase dita por nossa Santa é magnificamente levada à prática quotidiana durante sua vida. Contemple apenas estes dois fatos narrados pelo Padre Francisco Alves, C.SS.R.³

Conta-nos o Sacerdote que havia uma sua co-irmã da Ordem Terceira que tinha muita inveja de Catarina. Não raro é encontrar pessoas que ficam ao menos bastante magoadas ou até ressentidas de forma exacerbada quando se sentem vítimas deste triste vício. No entanto, qual foi a reação dessa alma de escol para com aquela pobre irmã? “Santa Catarina redobrou as demonstrações de caridade”, obtendo com suas orações e penitências que aquela alma se salvasse”.

Passados os dias, morreu aquela irmã. E Deus permitiu que Santa Catarina visse como estava a alma da defunta: “era tão brilhante que palavra alguma poderia traduzir a sua formosura”.

E Nosso Senhor disse-lhe: “Minha filha querida, eis a alma que recuperei graças a ti. Vê como está linda e preciosa. Se Eu, que sou a suprema beleza, me deixei arrebatar pela formosura das almas, a ponto de descer à terra e morrer, para assegurá-las, com quanto mais razão deveis trabalhar uns pelos outros, para que tão admiráveis criaturas não se percam”.

Tal foi o encanto da Santa, que ao encontrar-se com seu confessor, o Beato Raimundo de Cápua, exclamou: “Ó Padre! Se pudésseis ver a beleza de uma alma em estado de graça, daríeis cem vezes a vossa vida, se necessário fosse, para assegurar-lhe a salvação”.

Caro leitor, como não ver neste fato tão eloqüente de Santa Catarina de Siena, a veracidade de suas palavras: quem vive no amor de Deus, nele encontra a verdadeira alegria. Que ela peça por você amigo leitor, para mim, por toda a humanidade, para vivamos na caridade, vivamos no amor de Deus.

___________________________________

¹ Santa Catarina de Sena. Disponível em: <http://www.arautos.org/especial/46358/Santa-Catarina-de-Siena.html> Acesso em 10 Abril 2015.

² Os pensamentos de Santa Catarina de Sena aplicados ao século XXI. Disponível em: < http://www.gaudiumpress.org/content/35781-Os-pensamentos-de-Santa-Catarina-de-Sena-aplicados-ao-seculo-XXI> Acesso em 10 Abril 2015.

³ Pe. Francisco Alves, C.SS.R. A beleza da alma. In: ____. Tesouro de Exemplos. v. II, 2. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1960, p. 246.

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Em um grande silêncio, no Sábado Santo, um Coração palpita de amor

Sagrado Coração de Jesus

No Sábado Santo, um grande silêncio – na expressão de uma antiga Homilia – reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo. ¹ Mas, Quem é este Rei que adormeceu? Ou por outra, Quem é este cujo Coração fisicamente deixou de pulsar? Fisicamente sim, seu Coração deixou de pulsar, porém, na realidade, para além de nossa compreensão e conforme a fé nos ensina, nunca deixou de palpitar de amor. É Aquele Sagrado Coração que tanto amou os homens e que, no entanto, por eles não foi amado.

Porém este Sagrado Coração de Deus, feito Homem, também palpitou de amor por meio de outro Coração. Enquanto Ele estava no sepulcro, o Coração Imaculado de Maria, imerso na dor, palpitava de adoração ao Seu divino Filho, de fé na sua Ressurreição e de amor misericordioso para cada um de nós, a fim de nos salvar.

Com efeito, conforme diz Mons. João Clá Dias, a grandeza do Imaculado Coração de Maria, e de sua bondade, é um mistério que nossa inteligência não alcança: “Sem dúvida, Ela rezou no Calvário por todos. E hoje, Ela acompanha do Céu as dificuldade e alegrias de cada um dos seus filhos, disposta a nos atender com indizível afeto, ternura e carinho”. ²

Imaculado Coração de Maria

De onde vem tanto amor e tanta bondade deste Imaculado Coração? Justamente de Sacratíssimo Coração de Jesus. No dizer de São João Eudes, o Imaculado Coração de Maria “é tão unido ao do seu divino Filho a ponto de ambos formarem um só: o Sagrado Coração de Jesus e Maria”.³

É por isto que o referido Presbítero francês, grande orador e missionário, num arroubo de amor, assim se exprimiu:

“Não sabeis que Maria nada é, nada tem e nada pode sem Jesus, por Jesus e em Jesus, e que Jesus é tudo, pode tudo e faz tudo n’Ela? Não sabeis que é Jesus que fez o Coração de Maria tal qual ele é, e quis fazê-lo uma fonte de luz, de consolação e de toda sorte de graças para aqueles que recorrem a Ela em suas necessidades? Não sabeis que Jesus não apenas reside e assiste continuamente no Coração de Maria, mas é Ele mesmo o Coração de Maria, o Coração de seu Coração e alma de sua alma, e que, portanto, vir ao Coração de Maria é vir a Jesus, honrar o Coração de Maria e honrar Jesus, invocar o Coração de Maria é invocar Jesus”.4

Que Neste Sábado Santo, o Sagrado Coração de Jesus e Maria nos conceda a graça de sermos inteiramente agradecidos, retribuindo amor com amor, nesta terra e por toda a eternidade. Assim seja!

_________________________

¹ De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo. Sábado Santo. In Liturgia das Horas. 2000: Editora Vozes, Paulinas, Paulus, Editora Ave Maria, v. II, p. 439.

² Mons. João Clá Dias. O Coração que nos amou até o fim. In Revista dos Arautos do Evangelho, junho/2012, n. 126, p. 17.

³ Idem, p. 17.

4 Padre Jean-Michel Amouriaux, Pe. Paul Milcent. Saint Jean Eudes para ses écrits, Médiaspaul, Paris, 2001, p. 140.

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