By

Peregrinando pela casa de um Santo

Foto do Papa São Pio X afixada na sala principal da casa

Os santos nos são dados pela Igreja como modelos, tanto para nos estimular na prática da virtude, como para nos guiar na busca da Perfeição: “Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito” (Mt 5,48), diz o conselho de Nosso Senhor Jesus Cristo no Evangelho. Os santos levaram esse conselho às últimas consequências, praticando as virtudes em grau heroico.

Uma das formas de estimular nossa devoção aos santos é visitar, em espírito de peregrinação, os lugares em que viveram esses gigantes da Fé e que serviram de palco para a prática do amor e da caridade cristã. Assim, é com alegria que muitos fiéis, durante todo o ano, procuram ir em peregrinação aos lugares santificados pela presença física dos santos: Assis, na Itália, onde viveu o grande S. Francisco de Assis; Pádua, de Santo Antonio (também de Lisboa, onde nasceu). A própria Jerusalém, testemunha do derramamento do Sangue Precioso do Cordeiro, que verteu até a última gota para nossa Salvação recebe pessoas originárias das mais diversas partes do mundo. E assim por diante, são basílicas, igrejas, casas, conventos, etc. que recebem milhões de peregrinos todos os anos – e o povo cristão é incansável em buscar essas Graças, em todos os lugares, em todos os meses do ano.

Existe, porém, um lugar não muito conhecido, mas muito especial. A pequenina cidade de Riese, localizada na Província de Treviso, região do Vêneto, Itália, a poucos quilômetros de Pádua ou de Veneza, abriga na Via Callalta a modesta casa em que nasceu a 02 de Junho de 1835 Giuseppe Melchiorre Sarto, futuro Papa São Pio X, cuja festa é comemorada neste dia 21 de Agosto.

Riese, hoje merecidamente rebatizada de Riese Pio X tem menos de 10 mil habitantes e, incrustada no norte da Itália, não era em nada diferente das centenas de outras pequenas vilas que abrigavam a gente pobre e modesta no século XIX, quando veio ao mundo aquele que seria uma das glórias da Igreja, honra do Papado e alegria para todos os cristãos.

São Pio X, o Papa da Eucaristia, foi o primeiro papa a ser eleito no século XX, no ano de 1903. Seu pontificado estendeu-se até 1914, portanto no próximo ano serão realizadas as festividades de 100 anos de sua morte. Governou a Igreja por pouco mais de uma década, mas fez grandes coisas por Ela.

Bento XVI dedicou-lhe em 2010 uma audiência geral, destacando que São Pio X “foi exemplar em muitas circunstâncias da sua ação pastoral” (1). Do cuidado com os sacerdotes e com o povo de Deus, a tudo atentava seu zelo pastoral e esta atenção aos mais simples levou-o a escrever seu famoso Catecismo:

Como autêntico pastor compreendera que a situação da época, inclusive por causa do fenômeno da emigração, tornava necessário um catecismo ao qual todo fiel pudesse ter como referência independentemente do lugar e das circunstâncias de vida (…) Este Catecismo chamado “de Pio X” foi para muitos um guia seguro por ter acesso às verdades da fé mediante a linguagem simples, clara e precisa e pela eficácia expositiva., relata o papa na Audiência Geral. (2)

O lema de seu brasão pontifício revela seus objetivos pastorais: “Renovar todas as coisas em Cristo”. Para isso, atuou São Pio X na liturgia, na música sacra e na comunicação católica, empenhando em levar ao povo profunda vida de oração e uma participação mais efetiva e constante nos Sacramentos. Com objetivo de preservar a sua inocência, permitiu que as crianças, já aos sete anos pudessem fazer a Primeira Comunhão. (3)

Um homem simples, nascido de família modesta e que, conduzido pelo Espírito Santo ao mais alto posto da Terra, jamais perdeu contato com as suas origens e fez-se tudo para todos.

Hoje, a casa onde nasceu este grande Santo abriga um museu em sua honra. Ali um simpático anfitrião faz questão de mostrar os pormenores de como transcorria a vida da família de São Pio X. Os utensílios utilizados na cozinha; as ferramentas, a simplicidade da vida de camponeses. Muito arranjada com lençóis da época é a cama onde nasceu o Santo; recebe destaque também a cama onde dormia quando, ainda Cardeal de Veneza, Dom José Melquior Sarto vinha visitar sua mãe. E, principalmente, os ex-votos afixados na parede, representando e testemunhando o contentamento de centenas de fiéis que ali foram agradecer às inúmeras graças recebidas através do Santo.

Que São Pio X, do Céu, continue a obter para a Igreja de Cristo as graças de que ela tanto necessita para enfrentar e vencer as batalhas de hoje – que, absolutamente, não são menores do que foram à sua época.

Por João Celso


(1) Rádio Vaticana. 21/08/2012. Disponível em: <http://www.news.va/pt/news/igreja-celebra-sao-pio-x-o-papa-da-eucaristia-com>

(2) Idem, ibidem.

(3) Idem, ibidem.

By

São Tomás de Aquino: o segredo da sabedoria de um Santo

Celebra-se neste final de mês de Janeiro (dia 28) a memória de um dos santos da Igreja mais admirados e amados, considerado o arquétipo do homem que estuda, pesquisa e explicita as mais belas páginas da Filosofia e da Teologia; um varão tão santo e sábio que recebe inúmeros elogios de Papas, entre os quais, do Papa João XXII, que o canoniza em 1323 e do Papa São Pio V, que o proclama Doutor da Igreja em 1567. Atualmente é ele reconhecido por muitos estudiosos como o maior teólogo da História da Igreja.1 Quem é este sábio? Quem é este Santo? E a resposta nos vem sem maiores dificuldades: São Tomás de Aquino.

Tal o vôo de sua visão católica que, no Concílio de Trento, sobre a mesa da Presidência, foi a Suma Teológica deste santo colocada ao lado da própria Sagrada Escritura. O Papa Leão XIII, através da Enciclica Aeterni no ano de 1879, conclama “Ide a Tomás”, iniciando a era do Tomismo. E São Pio X recomenda às universidades católicas que adotem a Suma Teológica. Tantas são as referências elogiosas ao Doutor Angélico que – para não alongarmos – restringimo-nos apenas às palavras do Beato João Paulo II e do Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, respectivamente, a saber: “São Tomás foi sempre proposto pela Igreja como mestre de pensamento e modelo quanto ao reto modo de fazer Teologia” e “Com seu carisma de filósofo e teólogo, São Tomás oferece um válido modelo de harmonia entre razão e fé”.2 Realmente, a doutrina e sabedoria deste grande Santo é própria a ultrapassar os séculos.

Ao contemplarmos as maravilhas do “angélico” doutor da Igreja, poderíamos nos perguntar: de onde vem tanta sabedoria, quer do ponto de vista natural, quer do ponto de vista sobrenatural, de São Tomás? E poderemos encontrar a resposta nas próprias palavras do Santo, quando recebeu a Sagrada Comunhão no derradeiro momento de entregar sua alma a Deus:

Eu Vos recebo, preço do resgate de minha alma e Viático de minha peregrinação, por cujo amor estudei, vigiei, trabalhei, preguei e ensinei. Tenho escrito tanto, e tão freqüentemente tenho discutido sobre os mistérios da Vossa Lei, ó meu Deus; sabeis que nada desejei ensinar que não tivesse aprendido de Vós…”.3

“Aprender de Vós”: uma lição para nossos dias

Aprender de Vós”… Sim, aprender de Jesus Eucarístico. São Tomás se acercava freqüentemente do Santíssimo Sacramento e recorria a Ele obtendo as luzes e respostas para seus estudos e chegou a afirmar que aprendera mais junto ao Sacrário do que nos longos dias dedicados ao estudo. Além de santificar, a Sabedoria eterna e encarnada, real e verdadeiramente presente na Eucaristia, “inteligentifica” a todos que dela fervorosamente se aproximam, analogamente como os raios do astro rei, o Sol, aquecem aos que a ele se expõem.

Eis aí o segredo incomparável, para nossos dias, de desenvolvermos, à maneira de São Tomás de Aquino, nossa inteligência e alcançarmos a santidade: a freqüência assídua a Jesus Sacramentado. Que ele nos obtenha, pela intercessão de Nossa Senhora, esta graça.

(1) CAVALCANTI NETO, Lamartine de Holanda. Psicologia geral sob o enfoque tomista. São Paulo: Instituto Lemen Sapientiae, 2010, p. 15.
(2) CLÁ DIAS, Pe. João Scognamiglio, EP. Por que ser tomista? In Arautos do Evangelho. São Paulo, n 73, pp 36-39, jan. 2008.
(3) FERREIRA, Carmela Werner. O sábio mais santo e o santo mais sábio. In Arautos do Evangelho. São Paulo, n 73, pp 32-35, jan. 2008.

%d blogueiros gostam disto: