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Santa Teresinha e o perfume da Eucaristia

Estamos sob a atmosfera tomada de unção e bênçãos da Solenidade de Corpus Christi. Quantas razões há para celebrarmos tamanha misericórdia de Nosso Deus e Salvador: “Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, tendo pronunciado a bênção, partiu-o e entregou-lhes, dizendo: ‘Tomai, isto é o meu Corpo’. Em seguida, tomou o cálice, deu graças, entregou-lhes e todos beberam dele’. Jesus lhes disse: ‘Isto é meu Sangue, o Sangue da nova e eterna Aliança, que é derramado em favor de muitos’. (Mc 14, 22-24)

Santa Teresinha do Menino Jesus

Santa Teresinha do Menino Jesus

Sim, por detrás das espécies ou aparências do pão e do vinho consagrados está real e verdadeiramente presente o Filho de Deus feito Homem.

Qual é a razão que nos leva a aceitar esta verdade? Respondendo à pergunta, Mons. João S. Clá Dias, nos apresenta esta bela e fundamentada resposta:

“A afirmação de Nosso Senhor: ‘Isto é o meu Corpo… Este é o cálice de meu Sangue…’. Porque a palavra d’Ele é divina; logo, é criadora, é lei, é ‘viva, eficaz’ (Hb 4, 12), produz aquilo que significa e ‘permanece eternamente’ (Is 40, 8 ). Ao cego que Lhe suplicou a cura, bastou-Lhe responder ‘Vai, a tua fé te salvou’ (Mc 10, 52), e o homem recuperou a visão naquele instante. E quando Ele ordenou ao morto de quatro dias, ao ‘Lázaro, vem para fora!’ (Jo 11, 43), este retornou à vida ipso facto. Do mesmo modo, se Ele, ‘Filho todo-poderoso de Deus, capaz das maiores e mais incompreensíveis maravilhas, me diz, ao me mostrar o pão, ‘Isto é o meu Corpo, estou obrigado a tomar suas palavras ao pé da letra”. ¹

Esta fé na Sagrada Eucaristia é marcada por inúmeros fatos na vida dos Santos, próprios a nos edificar e fazer crescer em nós o amor a Jesus Eucarístico.

Um desses fatos encontramos na vida de Santa Teresinha do Menino Jesus. Conta-nos o Padre Francisco Alves, C.SS,R. que esta Santa, quando exercia o ofício de sacristã junto ao seu convento, no Carmelo, tinha um cuidado com as hóstias muito especial. Não queria que a hóstia sobre a qual o Sacerdote, na Missa, pronunciaria as palavras da Consagração, tivesse o menor defeito.

Assim nos narra o Padre Francisco:

“Um dia estava a olhar atentamente como a aspirar algum perfume que saísse do cibório vazio, retirado do altar. Uma religiosa, que a observava, perguntou-lhe:

– Que é que a senhora [Santa Teresinha] está olhando, se Nosso Senhor já não está aí?

– Já sei que não está – respondeu ela – mas esteve há pouco e deixou algum perfume de suas virtudes e da bondade de seu coração”.²

Sentir o perfume das virtudes de Jesus Eucarístico e a bondade de seu Coração! Eis a grande lição que recebemos de Santa Teresinha e dos Santos. Tal é a real presença de Jesus na Eucaristia que, ainda quando a Hóstia Sagrada não mais está no cibório, as almas santas sentem a Sua presença.

É para esta fé na Sagrada Eucaristia que os Santos nos convidam e rezam por nós.

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¹ http://pejoaocladiassermoes.blogspot.com.br/2015/06/evangelho-da-solenidade-do-santissimo.html#more

² Pe. Francisco Alves, C.SS.R. Que é que a Senhora está olhando? Tesouro de Exemplos. v. II, 2. Ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1960, p. 260

Sobre a devoção eucarística, assista o esplêndido vídeo da homilia de Mons. João Clá:

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Livros Imperdíveis: História de uma alma – manuscritos autobiográficos

História de uma alma – manuscritos autobiográficos

por Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face

Título:     História de uma alma: Manuscritos autobiográficos

Autora:   Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face

[Tradução das Religiosas do Carmelo do Imaculado Coração de Maria e de santa Teresinha]

Editora: Paulus, São Paulo, 1986 (1ª. edição, 1979) 30ª reimpressão, 2013. Série Espiritualidade.

Sob o ponto de vista meramente humano, o que poderia haver de interessante, “imperdível” na narração da vida de uma jovem carmelita, falecida aos 24 anos, no final do século XVIII, tomada pela tuberculose, em um convento carmelita no interior da França?

Santa Teresinha do Menino Jesus

De fato, alguém que desconhecesse a importância de Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face para a Igreja de Cristo, não encontraria motivos para essa leitura. Não é, absolutamente, o que acontece com as pessoas que buscam aprofundamento espiritual: Esta jovem santa, que, durante sua curta vida no Carmelo desejou ardentemente ser esposa de Jesus, sentiu, ao mesmo tempo, outros chamados, outras vocações, como  “a de Guerreiro, a de Sacerdote, a de Apóstolo, a de Doutor e a de Mártir, enfim, (…) a necessidade, o desejo de realizar para Ti, Jesus, todas as obras mais heroicas (…) Sinto na minha alma a coragem de um cruzado, de um zuavo [soldado] pontifício. Queria morrer num campo de batalha pela defesa da Igreja.” (1) Proclamada Doutora da Igreja, a maior Santa dos tempos modernos, pode isto tudo realizar.

Na breve – porém intensa – vida de Santa Teresa, podemos contemplar vários aspectos da Caridade Cristã, exemplos a serem imitados: a exímia vida de família, na qual seus pais, os Beatos Luís Martin e Zélia Guérin (esta falecida quando a santa contava com apenas 6 anos de idade), esforçaram-se para conduzir a educação de suas filhas ao encontro de “uma fé sólida, que vê Deus em todos os acontecimentos, e que lhe rende culto incessante: oração em família, missas matinais, comunhão frequente (…), vésperas dominicais, retiros espirituais. Toda a vida segue o ritmo do ciclo litúrgico, das peregrinações, do escrupuloso acatamento aos jejuns e abstinências”. (2)

“Neste ambiente de sublime candura, a pequena Teresa foi sendo preparada para a elevada missão para a qual havia sido escolhida pela Providência. Ela e suas quatro irmãs, todas consagradas a Deus, foram pedras preciosas cuidadosamente buriladas no atelier familiar dos Martin (…).  Bem sabia o Sr. Martin que o exemplo vivo dos pais é insubstituível na educação dos filhos nas vias da santificação. Estimular o amor a Deus, a frequência aos Sacramentos, a proximidade espiritual com a Igreja, é um meio pelo qual os progenitores exercem sobre a prole seu sacerdócio real, recebido no Batismo. Desta sorte, deitam fundo no coração dos filhos a vivência da espiritualidade cristã, gravando em suas almas uma marca que nem o tempo nem as circunstâncias da vida poderão apagar”. (3)

A leitura da vida de Santa Teresa, por ela narrada, também nos leva ao conhecimento de suas grandes virtudes espirituais.

A Santa da “Pequena Via”

Na Revista Arautos do Evangelho, encontramos a explicação para o que vem a ser, exatamente, a Pequena Via, proposta por Santa Teresinha: o caminho da santidade acessível a todos. Explica-nos o Arauto Juan Carlos Casté:

A própria Santa Teresinha explica, nos Manuscritos Autobiográficos, em que consiste a sua “pequena via” de santificação.

“Sempre desejei ser santa, mas – pobre de mim! – sempre constatei, ao me comparar com os santos, que entre eles e eu existe a mesma diferença que há entre uma montanha cujo cume se perde nos céus e o grão de areia obscuro pisado pelos transeuntes. Longe de desanimar, disse a mim mesma: ‘O bom Deus não pode inspirar desejos irrealizáveis. Logo, apesar de minha pequenez, posso aspirar à santidade. Tornar-me grande, é impossível; devo, pois, me suportar tal como sou, com todas as minhas imperfeições, mas quero procurar um meio de ir ao Céu por uma pequena via bem direita, bem curta, uma pequena via inteiramente nova’.”

*    *    *

Nessa época, fazia enorme sucesso o elevador, recém-inventado, que poupava às pessoas o esforço de subir escadas. Sor Teresinha sentiu um grande desejo de “encontrar um ascensor para me elevar até Jesus, porque sou pequena demais para galgar a rude escada da perfeição“. Pôs-se então a procurar nos Livros Sagrados e encontrou este pensamento: “Se alguém é pequenino, que venha a Mim” (Pr 9, 4). Continuando sua pesquisa, encontrou esta afirmação: “Como uma mãe acaricia seu filho, assim Eu vos consolarei, vos carregarei ao peito” (Is 66, 12-13). E concluiu cheia de júbilo: “Ah! O elevador que deve me erguer até o Céu são vossos braços, ó Jesus!”

A leitura atenta e amorosa dos Santos Evangelhos lançou-lhe mais luz: “Se não vos tornardes como criancinhas, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 18, 3). “Deixai vir a Mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham” (Mc 10, 14).

Estava explicitado em que consiste a “pequena via”, o caminho da infância espiritual. Nela, o importante, não é fazer grandes mortificações corporais, mas aceitar com humildade a própria pequenez, as próprias limitações, até mesmo as próprias imperfeições, e ter um amor e uma confiança sem limites na bondade de Deus; e, como fruto desse amor, ter imensos desejos de fazer com perfeição os atos da vida diária. (4)

Os Manuscritos Autobiográficos

Santa Teresinha, como é mais familiarmente conhecida, reuniu em três cadernos – intitulados “Manuscritos Autobiográficos” –, escritos durante três anos, as principais lembranças de sua vida, as quais servem de reflexão e crescimento espiritual a todos os que querem imitá-la, em sua “pequena via”.

A História de uma alma, consiste basicamente em:

Manuscrito A, redigido por Teresa entre o começo de janeiro de 1895 e 20 de janeiro de 1896, a pedido de sua irmã Paulina, então Priora do Carmelo de Lisieux. Trata-se de reminiscências de infância, com o título: História Primaveril de uma Florinha Branca, escrita por ela mesma, e dedicada à Reverenda Madre Inês de Jesus.

Manuscrito B, composto de duas partes: uma “elevação” de alma a Jesus, escrita a 08 de setembro de 1896, e uma carta à Irmã Maria do Sagrado Coração (sua irmã Maria), à guisa de prólogo do presente escrito, e redigida entre 13 e 16 de setembro de 1896.

Manuscrito C, caderno dedicado à Madre Maria de Gonzaga, feita de novo priora em 1896 – redigido em junho de 1897. É um complemento das reminiscências de Teresa a respeito da vida religiosa, evocada muito de relance no Manuscrito A, e alonga-se sobre as exigências da caridade fraterna, que a Santa nesse mesmo ano redescobrira em profundidade. (5)

Por que este livro é Imperdível?

Santa Teresinha do Menino Jesus

A importância e oportunidade da leitura – por que não dizer – da meditação deste livro por todas as pessoas que desejam sinceramente buscar o caminho da santidade de vida, nos são apresentadas pela própria Autora: Com efeito, “dois meses antes de morrer, Teresa relia, a pedido da Madre Inês de Jesus, algumas páginas de suas reminiscências de infância. Com lágrimas nos olhos, faz uma pausa de repente: ‘O que releio neste caderno mostra tão bem o que é a minha alma!… Minha Madre, estas páginas farão grande bem. Depois, ficará melhor conhecida a doçura do Bom Deus’”. (6)

É este justamente o intuito da seção Livros Imperdíveis do Blog dos Arautos do Evangelho de Maringá: que todos os seus leitores tenham contato com esta obra extraordinária, inspirada por Deus, cuja leitura deixa nas almas um encantamento, uma alegria, um perfume de rosas, que levam ao conhecimento de que a santidade, através da “pequena via” está ao alcance de todos os que assim o desejarem. Nossos votos de uma boa leitura!

Salve Maria!

Por João Celso


(1) Arautos do Evangelho Maringá. Frase da Semana. Disponível em:

(2) Op. cit. p. 17

(3) Carlos Werner Benjumea. Santa Teresinha e a alegria de viver em família. Revista Arautos do Evangelho, Agosto/2006, n. 56, p. 36 à 38. Disponível em: http://www.arautos.org/artigo/6410/Santa-Teresinha-e-a-alegria-de-viver-em-familia

(4) Juan Carlos Casté. Santa Teresinha: “Minha via é segura”. Revista Arautos do Evangelho, Out/2005, n. 46, p. 22-25. Disponível em: http://www.arautos.org/artigo/8259/Santa-Teresinha—ldquo-Minha-via-e-segura-rdquo–

(5) Op. cit. p. 6

(6) Op. cit. p. 11

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Frase da Semana – Santa Teresinha do Menino Jesus

“Ser tua esposa, ó Jesus; ser carmelita ser, pela minha união contigo, a mãe das almas, deveria bastar-me… mas não (…), sinto em mim outras vocações, a de Guerreiro, a de Sacerdote, a de Apóstolo, a de Doutor e a de Mártir, enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar para Ti, Jesus, todas as obras mais heroicas… Sinto na minha alma a coragem de um cruzado, de um zuavo [soldado] pontifício. Queria morrer num campo de batalha pela defesa da Igreja.”

Santa Teresinha do Menino Jesus1

A Liturgia da Igreja celebra no dia 01 de outubro a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Esta grande santa carmelita, falecida com apenas 24 anos, foi declarada pela Igreja como Padroeira das Missões, sem, no entanto, jamais ter saído do Carmelo. Com muita propriedade, a festa de Santa Teresinha dá inicio ao mês Missionário.

Santa Teresinha do Menino Jesus

A vida de Santa Teresinha é rica em aspectos nem sempre conhecidos do grande público; por exemplo, os desejos expressos por ela e que são destacados por esta Frase da Semana. Uma simples jovem carmelita, vivendo na quietude e paz de um convento pode atrair – e de fato o fez – incontáveis graças para toda a Igreja. Os desejos de Santa Teresinha: ser um cruzado, um soldado a serviço da Igreja, um apóstolo, um sacerdote, um doutor e mártir foram realizados – não fisicamente, mas de maneira mística! Ela os obteve através da oração perseverante e da confiança na Providência, coroados por um Amor imenso a Jesus Cristo, seu Divino Esposo.

Que neste mês dedicado às Missões, Santa Teresinha obtenha para todos nós um intenso desejo de servir à Igreja, principalmente, nos momentos em que Ela mais necessite de nossa fidelidade.

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, rogai por nós!


1Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Obras Completas (Textos e Ultimas Palavras). 2ª ed. São Paulo: Loyola, 2001, p. 211.
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