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A fauna brasileira e suas curiosidades

Urutau da Sede dos Arautos do Evangelho de Maringá

Você certamente já viu corujas, não viu? Sabe que elas têm dois olhinhos bem redondos e arregalados, localizados mais na parte frontal de sua “face”. Que tem uma cabecinha chata muito pitoresca, que se move a quase 360º, com um bico curto e afiado. Sabe também que elas trabalham durante a noite e dormem durante o dia. Certo?

Pois bem, agora eu vou lhe falar sobre um outro pássaro de hábitos noturnos, mas em muito diferente da coruja.

Foi assim: eu vim a Maringá para participar de um projeto de evangelização que os Arautos do Evangelho promovem em muitos e muitos lugares, chamado “Tarde de Louvor com Maria”. Hospedei-me na bela e ampla casa dos Arautos da ‘Cidade Canção’.

Como, nesta cidade, a arborização é fator primordial, os jardins da casa estão entremeados de frondosas e amigas árvores, já sinalizando o bom gosto ecológico dos jovens que aí habitam ou frequentam.

Amigos da flora, os jovens Arautos também convivem simpaticamente com alguns singelos  animais que fizeram desse ambiente seu ‘habitat’ preferido: são sabiás, pombas e rolinhas, tico-ticos, borboletas, pica-paus, etc. etc. sem falar de um bonito cão de guarda.

Urutau da Sede dos Arautos do Evangelho de Maringá

Mas enquanto esses engraçados animais não param de mexer-se de um lado para o outro, os vivazes jovenzinhos dedicam atenção especial para uma ave noturna, restrita às regiões quentes do Novo Mundo, e do gênero Nyctibius, da família Nyctibiida, chamada Urutau, que vive placidamente em uma dessas árvores. Fui logo chamado para conhecer a raridade! Segundo pesquisadores, o  nome é uma onomatopeia para o canto do pássaro, que se repete em notas graves decrescentes. Já o folk brasileiro o apelidou de ‘Mãe-da-Lua’ ou ‘Emenda-Toco’*. Eu já explico.

O curioso animal tem penugem que se assemelha muito ao tronco das árvores, e, por isso, ele consegue camuflar-se perfeitamente. Perfilado sobre um ramo quebrado de árvore, ele como que completa o toco, escondendo o dilacerado da fratura da árvore. Já o outro apelido se deve a que, conforme os sertanejos, o Urutau aparece na hora em que a lua ‘nasce’.

Aí fica ele o dia inteiro, sem mexer-se, cabeça erguida, os protuberantes olhos como que fechados, e a grande boca cerrada. Por cima do biquinho negro, um ‘bigodinho’ de penas marron-escuro. A noite é sua faina de caça a insetos e morcegos que apanha em pleno voo. Ele pode comer também lagartos e outros pequenos pássaros.

Contaram-me os jovens que outro dia caiu um filhote de urutau e eles correram para salvá-lo do cão de guarda que quase destroça a pobre criatura. Acomodaram-no, deram-lhe  cuidadoso alimento, e o bichinho se refez até poder voltar à ‘família’ e aí sobreviver em seu estilo.

Curiosidades da fauna brasileira, sim. Mas também amor às criaturas que Deus pôs neste universo ainda pouco contadas e estudadas pelo homem!

Por Cicero Sobreira de Sousa

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*fonte, Wikipédia.

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Como alcançar a verdadeira felicidade?

Os avanços da ciência e os recursos tecnológicos permitem não apenas comodidades, mas também o aumento da expectativa de vida, se compararmos com períodos históricos anteriores. Contudo, estes progressos ensejam tristes realidades: o “culto ao corpo”, a busca desenfreada pela felicidade e satisfação de todos os desejos materiais.

Estas situações revelam a busca incessante – que muitas vezes renega valores éticos e morais – dos seres humanos pela felicidade, que não alcançada se transforma em desilusões, doenças psíquicas (transtornos de comportamento, depressão, etc.) e suicídios; conforme tomamos conhecimentos todos os dias pelos meios de comunicação.

Diante deste quadro, podemos nos perguntar: Como podemos alcançar a verdadeira felicidade?

Com o objetivo de fornecer elementos para responder este questionamento, Mons. João Clá Dias, EP  na obra “O inédito sobre os Evangelhos”1, escreve que a ilusão óptica é uma das numerosas impressões enganosas captadas por nossos sentidos, os quais por esse motivo, devem ser submetidos aos sensatos juízos da razão.

Expulsão de Adão e Eva do Paraíso – Detalhe da Anunciação, de Fra Angélico – Museu do Prado, Madri

Entretanto, se muitas das percepções transmitidas pela sensibilidade podem ser falsas, nada é causa de tantas ilusões – desde os primórdios da História, a começar por Adão e Eva, no Paraíso – como o modo de se obter a felicidade. Esse é o primordial desejo do homem, procurado com ardor insaciável durante toda a vida.

No mundo atual, muitos a confundirão com as inovações da técnica e da ciência; outros, com os ditames da moda e do culto à saúde; outras ainda, com os lucros financeiros, o bom êxito nos negócios, o relacionamento social, a realização profissional, os sonhos românticos, etc. além de não saciarem a sede de felicidade natural, essas ilusões do mundo não poucas vezes colocam em risco também a felicidade eterna, por conduzirem ao pecado, o qual sendo uma desordem do homem em relação a seu fim, que é Deus, traz como consequência inevitável, após uma satisfação passageira, a frustração e a tristeza.

A todos nós, batizados, Jesus Cristo chama à verdadeira felicidade, fruto da boa consciência e da fidelidade à vontade individual outorgada por Ele próprio, quer se desenvolva no estado sacerdotal, quer no religioso ou no leigo (junto ao sacramento do matrimônio, na condição de pai, filho, irmão e no trato com o próximo).

Sagrado Coração de Jesus

Tal felicidade terá como essência a evangelização, ou seja, fazer o bem às almas, apresentando-lhe as belezas do sobrenatural e instruindo-as na verdade trazida por Cristo ao mundo. Em suma, o Salvador nos convoca a transmitir a todos os homens a alegria de glorificar a Deus, trabalhando para que a vontade d’Ele seja efetiva na Terra assim como o é no Céu.

Assim, para alcançarmos a verdadeira felicidade, sigamos o exemplo da missão conferida aos setenta e dois discípulos escolhidos por Jesus, à qual bem caberia o título de evangelização da felicidade. Primeiro porque se davam por inteiro em beneficio do próximo, movidos pelo amor a Deus, experimentando em si mesmos como “há mais alegria em dar do que em receber” (At. 20, 35). Depois, quanto às almas favorecidas pela pregação lhes era oferecida a possibilidade de cumprirem os desígnios de Deus, transformando a vida terrena em preparação para o Céu.

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1Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 208-209.

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“Eu quero tudo!”

A propósito da comemoração da memória de uma das santas mais populares no Brasil, Santa Teresinha do Menino Jesus, comemorada no dia 1° deste mês de Outubro, os Arautos do Evangelho trazem para o leitor um belíssimo trecho de sua autobiografia, em que transparece sua singular e grandiosa vocação dentro da Igreja.

Santa Teresinha do Menino Jesus

Padroeira das Missões sem nunca ter saído de seu Mosteiro? Esse trecho mostra o modo pelo qual uma alma pode, por sua vocação, suas orações, trabalhos, intenções, mas sobretudo por seu amor a Deus e à Igreja, realizar uma grande obra espiritual dentro de uma vida material comum e simples. É o que propõe a chamada “Pequena Via” aberta por essa doutora da Igreja às almas que não se sentem capazes de grandes ações naturais, mas que desejam grandes vitórias para Nosso Senhor neste mundo.

Não tendo ainda sua vocação totalmente esclarecida, procurava a jovem Teresa consolo nas Sagradas Escrituras, mais especificamente nas cartas de São Paulo, qual seria sua função no Corpo Místico de Cristo, ou seja, a Igreja:

 “Ao considerar o Corpo místico da Igreja, não me encontrara em nenhum dos membros enumerados por São Paulo, mas, ao contrário, desejava ver-me em todos eles. A caridade deu-me o eixo de minha vocação. Compreendi que a Igreja tem um corpo formado de vários membros e neste corpo não pode faltar o membro necessário e o mais nobre: entendi que a Igreja tem um coração e este coração está inflamado de amor. Compreendi que os membros da Igreja são impelidos a agir por um único amor, de forma que, extinto este, os apóstolos não mais enunciariam o Evangelho, os mártires não mais derramariam o sangue. Percebi, reconheci que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno.

Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na igreja, Tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará.”1

Sobre essa sua, ao mesmo tempo, especial e universal vocação, trazemos um pequeno “fioretti” em que esta já se entrevia… Sendo ainda bem pequena, foi-lhe apresentada, numa ocasião especial, uma bela bandeja cheia dos mais variados presentes, para que ela pudesse escolher aquele que fosse de seu maior agrado. Interrogada a este respeito, veio de súbito a resposta da pequena Teresa: “Quero tudo!”.

Peçamos a Santa Teresinha que inflame nossas pequenas almas com o grande amor que a levou a desejar e alcançar os maiores píncaros da Santidade.

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1Manuscrits autobiographiques, Lisieux 1957, 227-229

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Uma história de amor a Deus e ao próximo

Vivemos um momento histórico onde imperam o egoísmo, o descaso para com o próximo – apenas para citar alguns exemplos – e na raiz destes e muitos outros males está o distanciamento do homem em relação a Deus.

O leitor pode se perguntar: Como demonstrar o amor a Deus e ao próximo?

São Francisco de Assis – Igreja de Santo Domingo de Santiago, Chile

Para responder à esse questionamento, Mons. João Clá Dias, EP  na obra “O inédito sobre os Evangelhos”1, narra que havia um homem de cultura e instrução em extremo limitadas, cuja adolescência transcorrera nos trabalhos de alfaiataria. Desde sua entrada para o convento da Ordem dos Franciscanos, os superiores lhe confiaram a confecção dos buréis de todos os religiosos, julgando ser esta a missão mais adequada para ele.

Ora, não tardou em evidenciar-se, aos olhos de toda a comunidade quanto o novo religioso, tão desprovido de agudeza e de conhecimentos humanos, era exímio não só na técnica da costura, mas também, e sobretudo, na prática da virtude, pois fora ilustrado em ciência infinitamente superior por Aquele que ocultou os mistérios de seu Reino aos sábios e os revelou aos pequeninos (cf. Lc. 10, 21).

Com efeito, sua vida conventual transcorreu em total dedicação, assumindo seus deveres com profunda seriedade, espírito sobrenatural, inalterável mansidão e generosidade. Alfaiate esforçado e obediente, nunca recusava nenhum serviço; antes, procurava adivinhar as necessidades de seus irmãos de hábito e adiantar-se a seus desejos. Mal percebia que a túnica de algum religioso estava muito velha e gasta e logo seu amor o impelia a confeccionar uma nova, com todo o cuidado e esmero.

Tendo chegado ao término desta peregrinação terrena, encontrava-se ele em seu leito de dor prestes a dar o derradeiro suspiro, quando, após receber os sacramentos, dirigiu-se aos frades que o acompanhavam nesse supremo momento, implorando: “Por favor, tragam-se a chave do Céu!”

Aflitos aqueles filhos de São Francisco pensaram tratar-se de um delírio prévio à morte. Porém, receosos de não realizar a última vontade de um irmão tão querido, procuram diversos objetos: um livro de piedade, uma relíquia do santo de sua especial devoção, um crucifixo, as Sagradas Escrituras, sem lograr satisfazer a insistência do pobre agonizante: “Por favor, tragam-se a chave do Céu!”

Finalmente um dos religiosos com quem mais havia convivido teve uma inspiração: correu à alfaiataria, apanhou uma agulha usadíssima e entregou-a ao moribundo. Este agradecido e aliviado, tomou com mãos trêmulas o pequeno instrumento, inseparável companheiro durante os longos anos de vida religiosa, osculou-o, persignou-se com ele e rendeu sua alma a Deus, alegre e em paz.

Ele não se havia equivocado. De fato, tal objeto, do qual se utilizara durante a vida não só para costurar, como também para se santificar, na prática heroica da virtude da caridade, servia-lhe de chave, ao transpor os umbrais da morte, para poder penetrar no gozo da visão beatífica.

Verídica ou não, esta breve história nos lembra que a santidade consiste em praticar todos os atos de nossa vida, até os mais insignificantes, por amor a Deus e ao próximo. Ensinamento contido no Evangelho, pela pregação e exemplo do Divino Redentor, que supôs uma autêntica mudança nos padrões morais da humanidade.

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1Mons. João S. Clá Dias, EP. O amor a Deus e ao próximo deve refletir-se em todos os atos da vida. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 89-90.

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Um tablet pode substituir o Missal Romano?

Especialista aborda esta questão na Revista Arautos do Evangelho

Os diversos dispositivos eletrônicos existem, em princípio, para facilitar a nossa comunicação: celulares, tablets, smartphones, notebooks, etc. Asseguram uma portabilidade que nos ajuda nas tarefas do dia-a-dia. Com eles podemos nos comunicar instantaneamente com o mundo, buscar formas de entretenimento e, ainda, “carregar” uma quantidade enorme de arquivos, sejam eles de texto, de fotos, de documentos e muito mais. Imagine a quantidade de livros que podem ser armazenadas num pequeno dispositivo – e a quantidade de peso que teríamos que mover – de um lado para outro – se não tivéssemos essa tecnologia.

De fato, são aparelhos facilitadores. Com maior ou menor complexidade, o seu uso é difundido e disseminado em todas as classes sociais e em todos os segmentos econômicos. Dizem os especialistas em relações humanas que os celulares e outros dispositivos aproximam os que estão longe, mas, contraditoriamente, podem afastar os que estão perto. De fato, muitas vezes é possível visualizar, em restaurantes, em escolas e outros ambientes sociais, as pessoas deixarem de conversar com quem está bem próximo, para buscar o convívio com quem está longe.

Com toda esta facilidade, muitos poderiam pensar que esses dispositivos eletrônicos – num futuro próximo, substituirão todos os livros, todos os materiais impressos.

Poderia, por exemplo, numa celebração litúrgica, um tablet substituir o Missal? Quem pensasse exclusivamente no lado prático, ou da mobilidade, poderia prontamente responder que “sim”. Mas, vejam o que noticia a Revista Arautos do Evangelho do mês de Outubro de 2012:

O Pe. Antonio Spadaro, SJ. Consultor dos Pontifícios Conselhos da Cultura e das Comunicações Sociais, explicou em artigo postado no dia 02 de Agosto (2012) em seu blog Cyber Teologia os motivos pelos quais smartphones, leitores de livros digitais, iPads e outros tablets não devem ser usados durante as Celebrações Eucarísticas e outros atos litúrgicos, em substituição do Missal Romano.

O tema foi trazido à tona por uma circular enviada no mês de abril último pela Conferência Episcopal da Nova Zelândia, na qual os Bispos proíbem aos sacerdotes de suas dioceses o uso desses aparelhos durante a Missa. “O Missal – explicam eles – tem uma função exclusivamente litúrgica, enquanto os iPads e outros dispositivos eletrônicos podem ser usados para rodar jogos, navegar pela internet, assistir filmes ou receber e-mails. Apenas isto já torna inconveniente sua utilização na Liturgia”.

Nesses aparelhos, explica o Pe. Spadaro no mencionado artigo, o texto rompe definitivamente seu sólido vínculo com a realidade material da página para se tornar “um objeto ‘fluido’: exatamente o oposto das Tábuas da Lei, ou do dito scripta manent. E não só isso. Ele pode facilmente desaparecer na tela, abrindo passo para um vídeo, um correio eletrônico, ou uma página web”. Por isso, acrescenta o teólogo jesuíta, “resulta inimaginável levar em procissão um iPad ou um laptop, ou incensar solenemente e oscular um monitor durante um ato litúrgico”.

 Por João Celso

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1Revista Arautos do Evangelho. Missal Romano não pode ser substituído por iPads. Outubro 2012, p. 45
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