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“As ondas da incredulidade, da soberba, da auto suficiência humana ameaçam atravessia do mar da vida”, afirma o arcebispo de Maringá

Maringá – Paraná (Terça-Feira, 26/11/2013, Gaudium Press) Com o fim do Ano da Fé e a solenidade de Cristo Rei, ocorridos no último domingo, Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá, no Estado do Paraná, escreveu um artigo intitulado “Será que vai encontrar Fé sobre a terra?”. No texto, ele afirma que o Papa Bento XVI, ao criar o Ano da Fé, quis proporcionar uma oportunidade para que todos os fiéis compreendessem o fundamento principal da Fé Cristã: o encontro pessoal com Jesus.

Assim dizia Bento XVI: “O fundamento da Fé Cristã é o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”. Para Dom Anuar, fundamentada no encontro com Jesus Cristo ressuscitado, a Fé poderá ser redescoberta na sua integridade e em todo o seu esplendor. O Papa ainda ressaltou: “Também nos nossos dias a Fé é um dom que se deve redescobrir, cultivar e testemunhar para que o Senhor conceda a cada um de nós viver a beleza e a alegria de sermos cristãos”.

Segundo Arcebispo, diante deste grande desafio do homem e da mulher de hoje, cuja Fé é abafada por tantas ideologias, pelo mundo do ter e do prazer, pelo materialismo selvagem que leva ao consumismo sem limites, pelo homem e a mulher se colocarem no lugar de Deus determinando o que pode e o que não pode, fez com que perdêssemos a beleza e a alegria de sermos cristãos.

“Perder a alegria e a beleza significa perder o sentido de viver, de lutar, de criar amizade verdadeira, de trabalhar não só para ganhar essa vida, mas a outra, que é a verdadeira vida. Esse ano foi e continuará sendo uma oportunidade de refazer em nós o dom de acreditar”, destaca o prelado.

Dom Anuar salienta que a pergunta de Jesus é preocupante: “O Filho do homem, quando voltar encontrará fé sobre a terra?” (Lc 18,8). Ele acredita que a prepotência do ser humano, o domínio da técnica sobre a liberdade, fazendo-nos escravos do tempo e do momento, manipulados de todos os lados pelos meios modernos de comunicação, tudo isso faz com que esqueçamos os valores mais simples e fundamentais da vida humana.

Ainda de acordo com o prelado, vale recordar o que a Sagrada Escritura diz: “Deus resiste aos soberbos, mas concede a graça aos humildes”. Obedecei pois a Deus, e ele se aproximará de vós. Purificai as mãos, ó pecadores, e santificai os corações, homens dúbios. Ficai tristes, vesti o luto e chorai. Transforme-se em luto o vosso riso, e a vossa alegria em desalento. Humilhai-vos diante do Senhor, e ele vos exaltará (Tg 4,10).

Outra questão abordada pelo Arcebispo diz respeito ao fato de que não foi por acaso que o próprio Jesus repreendeu os discípulos dizendo: “Porque vocês tem medo, homens de pouca fé?” (Mt 8,26). Ele explica que na travessia do mar, cujas ondas ameaçavam um naufrágio, tomados pelo medo, esqueceram que o Senhor estava ali, julgando que estivesse dormindo. “Só podiam sentir medo. Estamos no meio do mar. As ondas da incredulidade, da soberba, da auto suficiência humana, do sentir-se deuses, ameaçam atravessia do mar da vida”, enfatiza.

Por fim, Dom Anuar nos convida a levantarmos a cabeça, olharmos para o grande horizonte da vida humana e divina que vivemos. Conforme ele, não estamos perdidos, pelo contrário, celebramos no domingo a festa de Cristo Rei, um Rei sem reino e sem trono, sem coroa e exército, mas de poder e majestade que nos oferece a verdadeira vida.

“No encontro pessoal com Jesus, refazemos a nossa Fé a cada dia. Dobrando os joelhos e inclinando a cabeça diante do Rei encontraremos a razão de crer e continuar o caminho de salvação com pés no chão e os olhos no céu. Só assim, ao voltar, o Filho do Homem encontrá um povo que vive e caminha na Fé e da Fé”, conclui. (FB)

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Tu és Pedro! A fidelidade dos católicos de hoje à Igreja

“Um simples pescador da Betsaida proclama que o filho de um carpinteiro é realmente o Filho de Deus, por natureza. Ali é plantado o grão de mostarda, do qual nasceria a Santa Igreja Católica Apostólica e Romana” (1)

    O Divino Mestre, em sua Pedagogia insuperável, escolhia sempre os locais mais adequados para suas pregações ao povo, ou para suas conversas mais íntimas com os seus Discípulos. Buscava Ele tornar mais acessível, mais clara, plausível a Mensagem que tinha em mente transmitir. Por exemplo, ao convocar os dois irmãos, Simão Pedro e André para serem “pescadores de homens” (Mt 4, 19), tinha diante de Si o panorama das águas do mar da Galileia. O mesmo aconteceu quando se serviu da violência do vento, da tempestade, do terror da noite, para aumentar a Fé de seus Discípulos, caminhando sobre as águas no mar de Tiberíades (Mt 14,33).

Assim também acontece quando Nosso Senhor Jesus Cristo chega com seus discípulos à região de Cesaréia de Filipe, lugar rochoso, acidentado e solitário. Observa Monsenhor João Clá, Fundador dos Arautos do Evangelho, que esta era uma região pertencente à gentilidade. O Mestre aproveita este fato “para manifestar-Se como Filho de Deus e fundar o primado de sua Igreja” (2). Ao pisar aquelas rochas o Filho de Deus estendeu a Salvação aos gentios, pois, enfim, a “terra de Zabulon e de Neftali, região vizinha ao mar, a terra além do Jordão, a Galileia dos gentios, este povo que jazia nas trevas, viu resplandecer uma grande luz; e surgiu uma aurora para os que jaziam na região sombria da morte.” (Is 9,1).

         Era natural que até aquele momento houvesse certa confusão, certo desconhecimento a respeito da pessoa de Jesus: a sua figura incomparável já se impunha através de muitos milagres, mas, afinal, quem era Ele? Um profeta, um João Batista ressuscitado…? Dando-lhes a oportunidade de se manifestar sobre o que os outros pensavam a respeito do Filho do Homem, Nosso Senhor aproveita para confirmar neles a Fé e esclarecer seus Apóstolos sobre sua Divindade, retirando deles todo mal entendimento que pudesse haver e levando-os a proclamá-Lo “o Cristo, Filho do Deus vivo! (Mt 16, 16) Apesar dos estupendos milagres que Nosso Senhor realizara, o povo, em geral, não tinha a respeito dEle uma ideia clara; seus olhos estavam fechados; eles estavam cegos. Jesus Cristo, a Sabedoria Eterna e Encarnada poderia ser, nessa estreita visão, qualquer um dos antigos profetas. Ainda hoje, infelizmente constatamos que Jesus ainda não é suficientemente conhecido, apesar do milagre da continuidade de Sua grande Obra. Para muitos, a Mensagem do Evangelho ainda não é clara. Há também uma cegueira contemporânea.

Manifesta-se o Primado de Pedro e Jesus edifica a Sua Igreja

         Nosso Senhor Jesus Cristo convida os Apóstolos a exprimirem a sua própria opinião, e não, simplesmente, a opinião do povo. É exatamente neste momento que fica inequívoco o Primado de Pedro. Comenta Monsenhor João Clá:

    “Sola fides! Aqui não há elemento algum emocional ou sensível, como em circunstâncias anteriores. Em meio às rochas frias de um ambiente ecológico, longe de acontecimentos arrebatadores e da agitação das turbas ou das ondas, só a voz da Fé se faz ouvir.” (3)

São Pedro reconhece a filiação divina de Jesus:

   “As palavras de Pedro não são fruto de um raciocínio com base num simples conhecimento experimental. Não haviam sido poucas as curas logo após as quais os beneficiados conferiam com exclamações ao Salvador o título de ‘Filho de Davi’ (cf. Mt 15, 22; Mc 10, 47, etc.), conhecido como um dos indicativos do Messias. Os próprios demônios, ao se encontrarem com Ele, proclamavam-No ‘o Santo de Deus’ (Lc 4, 34), ‘o Filho de Deus’ (Lc 4, 41), ‘Filho do Altíssimo’ (Lc 8, 28; Mc 5, 7). Ele mesmo declarara ser ‘dono do sábado’ (Mt 12, 8), e após a multiplicação dos pães a multidão queria aclamá-Lo ‘Rei’ (Jo 6, 15).

     Assim como estas, muitas outras passagens poderiam facilmente nos indicar as profundas impressões produzidas por Jesus sobre seus discípulos. Porém, em nenhuma ocasião anterior Pedro recebeu tal elogio saído dos lábios do Salvador. Nesta passagem, ele ‘é feliz porque teve o mérito de elevar seu olhar além do que é humano e, sem deter-se no que provinha da carne e do sangue, contemplou o Filho de Deus por um efeito da revelação divina e foi julgado digno de ser o primeiro a reconhecer a Divindade de Cristo’”. (4)

          Pedro confessa a Divindade de Jesus a partir da revelação do próprio Deus. A ciência humana é incapaz de alcançar esta Verdade. É preciso a Fé. Como recompensa, portanto, desse ato de Fé, Nosso Senhor Jesus Cristo edifica a Sua Igreja sobre esta Pedra.

            “O plano de Jesus é proclamado sobre as rochas de Cesareia, pelo próprio Filho de Deus, que Se apresenta como um divino arquiteto a erigir esse edifício indestrutível, grandioso e santíssimo, a sociedade espiritual, constituída por homens: militante na Terra, padecente no Purgatório, triunfante no Céu. O conjunto de todos aqueles que se unem debaixo da mesma Fé, nesta Terra, chama-se Igreja. Desta, o fundamento é Pedro e todos os seus sucessores, os romanos pontífices, pois, caso contrário, não perduraria a existência do edifício”. (5)

       A partir daí, nasce uma Obra indestrutível: a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. As Luzes do Evangelho de São Mateus (16, 13-19), através do qual a Liturgia celebra a Festa de São Pedro e São Paulo nos convidam a uma união crescente com a Igreja.

        Em seus pronunciamentos, o Papa Francisco tem insistido em relembrar este aspecto: A Igreja é o Corpo Místico de Cristo. Não se pode abraçar a Fé em Cristo e renunciar à Sua Igreja. Nos dias de hoje, muitos se dizem seguidores de Jesus Cristo, mas, não seguem a Sua Igreja, não a amam, não permitem que esta Instituição Sagrada faça parte das suas vidas, instruindo-os e guiando-os em suas necessidades. Em suas belíssimas palavras, na Audiência Geral do dia 19 de Junho de 2013, nos ensina o Papa Francisco:

       “A Igreja não é uma associação assistencial, cultural ou política, mas sim um corpo vivo, que caminha e age na história. E este corpo tem uma cabeça que o guia, alimenta e sustém. Este é um ponto que eu gostaria de frisar: se separarmos a cabeça do resto do corpo, a pessoa inteira não consegue sobreviver. Assim é na Igreja: devemos permanecer ligados de modo cada vez mais intenso a Jesus. Mas não só: como num corpo é importante que passe a linfa vital porque está viva, assim também devemos permitir que Jesus aja em nós, que a sua Palavra nos oriente, que a sua presença eucarística nos alimente e nos anime, que o seu amor infunda força no nosso amor ao próximo. E isto sempre! Sempre, sempre! Estimados irmãos e irmãs, permaneçamos unidos a Jesus, confiemos nele, orientemos a nossa vida segundo o seu Evangelho, alimentemo-nos com a oração quotidiana, com a escuta da Palavra de Deus e com a participação nos Sacramentos”. (6)

         É este o convite permanente, para os católicos de hoje. Peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Igreja que nos guie por esse caminho de fidelidade e que Ela nos ajude sempre, a exemplo de São Pedro, confessar através de nossas vidas, a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Salve Maria!

João Celso


(1) Monsenhor João Clá Dias. A Pedra Inabalável. Revista Arautos do Evangelho, n. 78, p. 12-19, jun. 2008. Disponível em:<http://www.arautos.org/artigo/344/A-Pedra-inabalavel.html>.
(2) Idem
(3) Idem
(4) Idem
(5) Idem
(6) Papa Francisco. Audiência Geral de 19/06/2013. Disponível em:<http://www.vatican.va/holy_father/francesco/audiences/2013/documents/papa-francesco_20130619_udienza-generale_po.html>.
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