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A Eucaristia, eixo da piedade católica

No blog dos Arautos do Evangelho da Colômbia vejo um escrito maravilhoso que reproduz trechos de uma conferência de um preclaro adorador, o Professor Plinio Corrêa de Oliveira. Aqui está o link: http://caballerosdelavirgen.org/espiritualidad/la-eucaristia-eje-de-la-piedad-catolica#

Já que a matéria apresenta um grande interesse, reproduzo trechos significativos.

1. No início, estão referidos os três aspectos do mistério eucarístico: sacrifício, presença e alimento: “A Missa é a renovação incruenta do Santo Sacrifício do Calvário, no qual Nosso Senhor Jesus Cristo ofereceu-se como vítima expiatória por todos os homens; Ele, o Homem Deus, Inocente, em sua natureza humana passou pelo castigo que Adão nos mereceu, e resgatou a todos os homens. Read More

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O que é a verdadeira gratidão?

Vivemos um momento no qual impera o individualismo, a busca incansável pela satisfação dos ímpetos, estando eles ou não em harmonia com o bem do próximo. A todo momento presenciamos relações que se estabelecem a partir de um juízo corrompido de valor: qual beneficio terei em fazer ou deixar de praticar tal ato?

Percebemos que o “eu” coloca-se no centro da vida e, em muitos casos, é cultuado enquanto única razão para a vida terrena. Neste sentido as virtudes, como por exemplo a gratidão, são meros conceitos abstratos em, quando muito, estão relegadas ao plano da conveniência social.

A partir desta realidade nos perguntamos: em que consiste a verdadeira gratidão?

De acordo com Mons. João Clá Dias, EP,  na obra “O inédito sobre os Evangelhos” (1), raras vezes interrompemos as ocupações cotidianas para considerar quantos bens nos são concedidos pela Divina Providência ao longo da nossa vida, ainda que não os tenhamos pedido ou sequer desejado.

Ao buscar a fonte de tais benefícios, devemos lembrar que não existiríamos sem um desígnio de Deus. A partir do nada, foi Ele constituindo a diversidade de seres, ao longo dos seis dias da criação, como está descrito no Gênesis, até modelar Adão do barro e Eva de sua costela, e neles infundir a vida. E cada nascimento, que ocorre a todo instante no mundo inteiro, é um fato extraordinário porque à lei física se acrescenta uma lei espiritual: Deus infunde uma alma inteligente, criada pelo simples desejo de sua vontade, num corpo concebido pelo concurso do pai e da mãe!

Imagem de Nossa Senhora de Fátima – Arautos do Evangelho

E tudo o mais – a saúde, o alimento, o repouso, o conforto – vem d’Ele, direta ou indiretamente. Além disso, o Criador nos promete para depois de transpor os umbrais da morte um grande milagre: tendo nossos corpos sofrido a decomposição, voltando ao barro do qual fomos feitos, retomaremos um corpo glorioso que se unirá de novo à nosso alma, já na visão beatífica, e gozaremos da felicidade de Deus por toda a eternidade.

Quanta bondade do Pai Eterno! Entretanto… como é a nossa resposta? Somos gratos por tudo quanto recebemos? Quão rara é a virtude da gratidão! Muitas vezes ela se pratica apenas por educação e meras palavras. Todavia, para ser autentica, é preciso que ela transborde do coração com sinceridade.

Mons. João Clá Dias, EP prossegue escrevendo que, além de dar-nos a vida humana, Deus nos concede o inestimável tesouro da participação na sua vida divina pelo Batismo e, mais ainda, nos dá constantemente a possibilidade de recuperar esse estado quando perdido pelo pecado, bastando para isso nosso arrependimento e a confissão sacramental.

Sobretudo, dá-Se a Si mesmo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade como alimento espiritual para nos transformarmos n’Ele, santificando-nos de maneira a nos garantir uma ressureição gloriosa e a eternidade feliz. Ele nos deixou sua Mãe como Medianeira, para cuidar do gênero humano com todo carinho e desvelo. Os benefícios que Deus nos outorga são, assim, incomensuráveis! Qual não deve ser, pois, nossa gratidão em relação a Nosso Senhor e sua Mãe Santíssima?

Abraçar com entusiasmo e abnegação a santidade e batalhar com sempre crescente dedicação pela expansão da glória de Deus e da Virgem Puríssima na Terra, eis o melhor meio de corresponder ao infinito amor do Sagrado Coração de Jesus, que se derrama sobre nós às torrentes, do nascer do sol até o seu ocaso.

Eis em que consiste a verdadeira gratidão: servir com dedicação, amor e abnegação a Jesus Cristo e Maria Santíssima!

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(1) Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 403-413.

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O Batismo do Senhor

“Jesus lavou nas águas os nossos pecados”

Monsenhor João Clá Dias, EP (1)

O Evangelho de São Mateus (3, 13-17) que narra o Batismo de Jesus traz em seu início uma certa inquietação, um “protesto” de São João Batista. De fato, fazendo coro a este grande Santo, poderíamos estranhar o fato de o Mestre se deixar batizar por João. Qual a verdadeira motivação deste ato de Nosso Senhor Jesus Cristo? Com muita propriedade, comenta o Monsenhor João Clá Dias, no Inéditos sobre os Evangelhos:

“Cristo não precisava ser batizado, pois fora Ela quem, inspirando São João, instituíra este rito, mas, “o batismo tinha necessidade do poder de Jesus”. Desde toda a eternidade o Verbo conheceu com perfeição, em sua própria essência divina, cada um de nós, com nossos pecados, misérias e insuficiências. Sendo Deus, Ele podia limpar a Terra por um simples ato de sua vontade; contudo, preferiu Ele mesmo, o Inocente, livre de qualquer nódoa, assumir uma carne “semelhante à do pecado” (Rm 8,3). Quis ser batizado, então, não “para ser purificado, mas para purificar”, submergindo consigo, na água batismal, todo o velho Adão. Devemos considerar que se existisse uma humanidade infinita, com infinitos pecados, Ele os teria carregado sobre Si, lavando-os naquele momento nas águas do Jordão.” (2)

Assim, a Frase da Semana convida seus leitores a refletirem sobre a imensa Misericórdia de Deus, que, absolutamente, não pode ser medida com critérios humanos. Que esta Purificação dos nossos pecados, trazida por Nosso Senhor Jesus Cristo, habite sempre nos corações e traga-nos uma verdadeira santidade de vida, livre de todos os pecados e que, pela intercessão de Maria Santíssima, possamos sempre corresponder ao que espera Ele de nós.

Salve Maria!

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(1) Mons. João S. Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. V, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 169.
(2) Idem, ibidem.

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Deus obedece aos homens?

Deus infinito, perfeitíssimo, onipotente e onisciente obedeceria aos homens? Sabemos que o gênero humano, manchado pela culpa original, é sujeito a toda espécie de erros e misérias, infelizmente. Como poderia um homem “mandar” em Deus? Alguém diria: já sei a resposta, somente Nosso Senhor Jesus Cristo se encaixaria neste contexto. Sendo Ele Homem-Deus, é Senhor de Si mesmo. Mas, e se estivéssemos falando de homens que não são deuses?

Nosso interlocutor poderia tentar mais uma vez: Eureka! Somente um ser humano concebido sem pecado original, e portanto, criado em Graça e Santidade, estaria livre destas mazelas e, quem sabe… Todavia, Adão e Eva assim foram criados, e Adão, incitado por Eva, é o próprio autor do pecado original. Realmente, quem poderia satisfazer a uma posição tão exigente quanto a proposta na pergunta deste problema?

Moisés – Catedral de Colônia, Alemanha

É famoso o fato de que Moisés “segurou a mão de Deus”. O Onipotente queria exterminar o povo eleito no êxodo do Egito, pois mesmo tendo presenciado espantosos milagres, enquanto seu Profeta recebia as tábuas com os dez mandamentos, em apenas quarenta dias de sua ausência, construiu um ídolo infame e cometeu as piores barbaridades. Moisés, que a Sagrada Escritura define com uma simples frase: “Era o mais humilde dos homens”, intercedeu pelo povo impedindo que a vontade de Deus realizasse sua justiça e conseguindo a misericórdia.

Entretanto, é sabido que certa vez, em Meriba, Deus não obedeceu a Moisés. Engastado com as seguidas infidelidades do povo, que se rebelava mais uma vez assolado pela sede, Moisés, após bater com o cajado na rocha a primeira vez, não viu brotar as águas milagrosas. Perplexo, bateu uma segunda vez na rocha e a água brotou. Por ter duvidado, Deus não permitiu que ele entrasse depois na Terra Prometida.

Houve, porém, uma criatura puramente humana, concebida sem pecado original, que recebeu a honra inefável de ser a Mãe de Deus. Sabemos que, na Santa Casa de Nazaré – existente até hoje na cidade de Loreto – o Menino Jesus obedecia à Sua Mãe, a São José, seu Pai adotivo, e “era-lhes submisso”.  (Lc 2, 51)

Mesmo assim, será que dessa simples mulher pode-se dizer que Deus a obedeceu e, mesmo agora no Céu, ainda a obedece? Qual é o mistério que diferencia esta mulher de todo o gênero humano? Talvez não o abarquemos por inteiro, mas podemos buscar no santo mariano por excelência, São Luís Maria Grignion de Montfort, a resposta a esta sublime questão.

Segundo este santo, “Nosso Senhor continua a ser, no céu, tão Filho de Maria, como o foi na terra. Por conseguinte, ele conserva a submissão e obediência do mais perfeito dos filhos para com a melhor das mães.

Maria, porque está toda transformada em Deus pela graça e pela glória, não pede, não quer, não faz a menor coisa contrária à eterna e imutável vontade de Deus. E Deus não resiste nunca às súplicas de sua Mãe, porque ela é sempre humilde e conformada à vontade divina.

Se Moisés, pela força de sua oração, conseguiu sustar a cólera de Deus contra os israelitas, que devemos pensar da prece da humilde Maria…” (1)

Assim cantou a Virgem no seu hino de glória, o Magnificat:

“Depôs do trono os poderosos, e elevou os humildes.” (Lc 1, 54)

E o próprio Nosso Senhor posteriormente o confirmaria na pregação do Evangelho:

“Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado.” (Lc 14, 11)

Esta mulher misteriosa, à cujas preces o próprio Deus se submete, não teria sob seus pés virginais e imaculados o universo inteiro?

“No céu, Maria dá ordens aos anjos e aos bem-aventurados. Pois ele a fez soberana do céu e da terra, general de seus exércitos, tesoureira de suas riquezas, dispensadora de suas graças, artífice de Suas grandes maravilhas, reparadora do gênero humano, mediadora para os homens, exterminadora dos inimigos de Deus e a fiel companheira de suas grandezas e de seus triunfos.” (2)

Peçamos à Virgem Maria que possamos sempre crescer na confiança, na oração e na devoção a Ela, pois sendo suas súplicas onipotentes diante do Altíssimo, e a bondade e misericórdia de seu coração em relação a nós, pecadores, inesgotável pela graça de Deus, Nossa Senhora é, para nós, a vitória.

Por Marcelo Veloso Souza Mendes

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(1) MONTFORT, São Luís Maria G. de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. 42ª ed. Petrópolis: Vozes, 2012. Números 27.
(2) Idem, nº 28.

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Pica-Pau II: Resposta a um interessante questionamento

Após a publicação do artigo “Os mistérios de Deus revelados em uma pequena ave: o pica-pau”, o Blog Arautos de Maringá recebeu um interessante, conciso e profundo comentário. Nosso assinante expôs o seguinte: se a evolução tende para a preservação das espécies, por que o homem evoluiu para uma espécie autodestrutiva?

De fato, uma espécie em que seus indivíduos são capazes de fazer tanto mal a si próprios e aos seus semelhantes não existe na Terra. Além disso, infelizmente, nas últimas eras históricas nossa espécie não tem evoluído, mas “involuído” nesse aspecto.

Afinal de contas, alguém já viu um cão deitado passando mal por ter comido demais? Alguém já conheceu um gato que parou no hospital por passar noites em claro brincando com seu “game” preferido, o novelo de lã? Ou um lhama que é viciado em folhas de coca? Não é comum encontrarmos cenas dessas em nosso cotidiano. Porém, a espécie humana tem se especializado em criar armas para estilos de guerra injustos, desproprcionais e genocídicos, como as armas químicas, biológicas e nucleares, que todos nós esperamos nunca conhecer de perto, é claro!

Sabemos que o homem se destaca e domina entre os animais por sua inteligência. Mas esse caráter desordenado que assustaria as formigas, se elas pensassem, e essa tendência auto-destrutiva que causaria o mesmo susto em qualquer espécie, não foi eliminado pelo processo evolutivo, nem pela seleção natural.

Na verdade a resposta para esta questão não é a biológica, mas encontra-se na Teologia da Santa Igreja Católica. Esse defeito exclusivo do homem vem de algo que somente ele provou: o pecado original, que ofendeu ao Criador do universo:

Por seu pecado, Adão, na qualidade de primeiro homem, perdeu a santidade e a justiça originais que havia recebido de Deus não somente para si, mas para todos os seres humanos. À sua descendência, Adão e Eva transmitiram a natureza humana ferida por seu primeiro pecado, portanto privada da santidade e da justiça originais. Esta privação é denominada “pecado original”. Em consequência do pecado original, a natureza humana está enfraquecida em suas forças, submetida à ignorância, ao sofrimento e à dominação da morte, e inclinada ao pecado (1).

Por conseguinte, fez com que nossas almas ficassem desordenadas e tendentes ao mal: nossa sensibilidade não quer submeter-se a nossa vontade, que por sua vez, não deseja ser guiada pela razão. E a razão só é bem conduzida quando é seguida pela luz da Fé:

O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana (2).

E qual é a solução? Esta nos trouxe Nosso Senhor Jesus Cristo com a Redenção, através da Graça. Através dos sacramentos e da prática da virtude, podemos não ser autodestrutivos, mas chegar também à perfeição moral, exemplificada nos numorosíssimos santos da Santa Madre Igreja.

Esta é a verdadeira “evolução” que salvará a humanidade.

Agradecemos ao assinante que nos mandou esta pergunta. Obrigado por nos ter dado a ocasião de fazer uma meditação (e por que não uma oração?), elevando, assim, nossas almas, através das maravilhas da criação ao seu Criador.

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(1) Catecismo da Igreja Católica, n° 416 a 418, pág. 118.

(2) Idem, n° 1849, pág. 495.

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