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Confiemos em Nossa Senhora, Mãe de Deus e Mãe dos homens

O Evangelho de São João (2, 1-11) narra a presença do Salvador nas bodas de Caná e, num dado momento, contemplamos o primeiro milagre público operado por Jesus Cristo: a transformação da água em vinho.

Qual foi a participação de Nossa Senhora neste milagre?

Nossa_Senhora

Nossa Senhora de Fátima

Na obra “O inédito sobre os Evangelhos” 1, Mons. João Clá Dias, EP narra que Nossa Senhora conhecia muito bem o Sagrado Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, gerado nesse templo sublime que é o claustro materno de Maria. E “por conhecer privilegiadamente, como Mãe, o Coração de seu Filho, sabe que será atendida e recomenda aos serventes fazer tudo quanto Lhes mandar. E assim, a pedido de Maria, antecipa-se excepcionalmente a hora dos milagres de Cristo” 2. É a eficácia da Onipotência Suplicante.

Isso nos mostra como devemos confiar em Nossa Senhora sem restrições, mesmo quando pareçamos ser merecedores da rejeição de Nosso Senhor. Será Ela quem nos socorrerá quando, também a nós, “faltar o vinho”. Pois é absoluto, por desígnio divino, o poder de impetração da Medianeira de todas as graças. Em sua insondável bondade, prometeu o Redentor: “Tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei” (Jo 14, 13).

Ora se isso é válido para nós, concebidos no pecado original e com tantas misérias pessoais, como não o será em altíssimo grau por sua incomparável Mãe?

Se na Terra Jesus nada Lhe negou, agiria de outro modo estando no Céu? Se Ele fez esse estupendo milagre, embora não fosse ainda a hora, podemos ter certeza de que, agora sim, chegou a sua hora, pois está no Céu como Sacerdote Eterno junto ao Pai para interceder por nós (cf. Hb 4, 14).

Lá está para atender nossas solicitações, permanece à mercê dos pedidos de Nossa Senhora. Bem, conclui o piedoso Cardeal de La Luzerne: “No píncaro da glória, terá Ela perdido seu poder? O prêmio de suas incomparáveis virtudes seria o de ter menos crédito perante Deus? […] Aquele que na Terra estava submisso às suas ordens rejeitará, no Céu, suas preces?” 3

Desse modo, estejamos certos de que, recorrendo a Maria, seremos atendidos em qualquer circunstância!

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1 Mons. João S. Clá Dias, EP. A confiança em Nossa Senhora deve ser total. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 27-28.
 2 Cf. TUYA, OP, Manuel de. Bíblia Comentada: Evangelios. v. V, Madrid: BAC, 1964, p. 1003.
 3 LA LUZERNE, César-Guillaume de. Explication des Évangiles. t. I, Paris: Mequignon Junior, 1847, p. 194.

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Frase da Semana – Santa Teresinha do Menino Jesus

“Ser tua esposa, ó Jesus; ser carmelita ser, pela minha união contigo, a mãe das almas, deveria bastar-me… mas não (…), sinto em mim outras vocações, a de Guerreiro, a de Sacerdote, a de Apóstolo, a de Doutor e a de Mártir, enfim, sinto a necessidade, o desejo de realizar para Ti, Jesus, todas as obras mais heroicas… Sinto na minha alma a coragem de um cruzado, de um zuavo [soldado] pontifício. Queria morrer num campo de batalha pela defesa da Igreja.”

Santa Teresinha do Menino Jesus1

A Liturgia da Igreja celebra no dia 01 de outubro a festa de Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face. Esta grande santa carmelita, falecida com apenas 24 anos, foi declarada pela Igreja como Padroeira das Missões, sem, no entanto, jamais ter saído do Carmelo. Com muita propriedade, a festa de Santa Teresinha dá inicio ao mês Missionário.

Santa Teresinha do Menino Jesus

A vida de Santa Teresinha é rica em aspectos nem sempre conhecidos do grande público; por exemplo, os desejos expressos por ela e que são destacados por esta Frase da Semana. Uma simples jovem carmelita, vivendo na quietude e paz de um convento pode atrair – e de fato o fez – incontáveis graças para toda a Igreja. Os desejos de Santa Teresinha: ser um cruzado, um soldado a serviço da Igreja, um apóstolo, um sacerdote, um doutor e mártir foram realizados – não fisicamente, mas de maneira mística! Ela os obteve através da oração perseverante e da confiança na Providência, coroados por um Amor imenso a Jesus Cristo, seu Divino Esposo.

Que neste mês dedicado às Missões, Santa Teresinha obtenha para todos nós um intenso desejo de servir à Igreja, principalmente, nos momentos em que Ela mais necessite de nossa fidelidade.

Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, rogai por nós!


1Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Obras Completas (Textos e Ultimas Palavras). 2ª ed. São Paulo: Loyola, 2001, p. 211.

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A devoção a Nossa Senhora atrapalha a adoração a Deus?

A Santa Igreja celebra em setembro três datas especiais, dedicadas à Maria Santíssima: Festa da Natividade de Nossa Senhora, Santíssimo Nome de Maria e a Celebração de Nossa Senhora das Dores.

Desde a eternidade Deus, para redenção do gênero humano, elegeu a Virgem Maria como Mãe do Verbo Encarnado. Assim, “em consequência de sua cooperação no sacrifício redentor de Cristo Jesus e de sua maternidade espiritual sobre todos os redimidos, que Maria adquiriu os títulos de Medianeira e Dispensadora universal de todas as graças”, conforme escreve Mons. João Clá Dias, EP, na obra “Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado”.1

Porém, em razão das dúvidas que incidem sobre a existência humana, podemos questionar: A devoção à Nossa Senhora atrapalha a adoração a Deus?

Com a intenção de auxiliar o leitor a responder estes e muitos outros questionamentos, apresentamos na seção TV Arautos em Foco, um programa onde o Revmo. Pe. Alex Brito, EP, aborda, com base nos ensinamentos de São Luís Maria G. de Montfort, que a devoção à Nossa Senhora ao invés de nos afastar ou atrapalhar, nos aproxima ainda mais do Criador.

Acompanhemos as explicações do Sacerdote clicando aqui.

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1 Mons. João S. Clá Dias. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. São Paulo: Artpress, 1997, p. 403.

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Deus obedece aos homens?

Deus infinito, perfeitíssimo, onipotente e onisciente obedeceria aos homens? Sabemos que o gênero humano, manchado pela culpa original, é sujeito a toda espécie de erros e misérias, infelizmente. Como poderia um homem “mandar” em Deus? Alguém diria: já sei a resposta, somente Nosso Senhor Jesus Cristo se encaixaria neste contexto. Sendo Ele Homem-Deus, é Senhor de Si mesmo. Mas, e se estivéssemos falando de homens que não são deuses?

Nosso interlocutor poderia tentar mais uma vez: Eureka! Somente um ser humano concebido sem pecado original, e portanto, criado em Graça e Santidade, estaria livre destas mazelas e, quem sabe… Todavia, Adão e Eva assim foram criados, e Adão, incitado por Eva, é o próprio autor do pecado original. Realmente, quem poderia satisfazer a uma posição tão exigente quanto a proposta na pergunta deste problema?

Moisés – Catedral de Colônia, Alemanha

É famoso o fato de que Moisés “segurou a mão de Deus”. O Onipotente queria exterminar o povo eleito no êxodo do Egito, pois mesmo tendo presenciado espantosos milagres, enquanto seu Profeta recebia as tábuas com os dez mandamentos, em apenas quarenta dias de sua ausência, construiu um ídolo infame e cometeu as piores barbaridades. Moisés, que a Sagrada Escritura define com uma simples frase: “Era o mais humilde dos homens”, intercedeu pelo povo impedindo que a vontade de Deus realizasse sua justiça e conseguindo a misericórdia.

Entretanto, é sabido que certa vez, em Meriba, Deus não obedeceu a Moisés. Engastado com as seguidas infidelidades do povo, que se rebelava mais uma vez assolado pela sede, Moisés, após bater com o cajado na rocha a primeira vez, não viu brotar as águas milagrosas. Perplexo, bateu uma segunda vez na rocha e a água brotou. Por ter duvidado, Deus não permitiu que ele entrasse depois na Terra Prometida.

Houve, porém, uma criatura puramente humana, concebida sem pecado original, que recebeu a honra inefável de ser a Mãe de Deus. Sabemos que, na Santa Casa de Nazaré – existente até hoje na cidade de Loreto – o Menino Jesus obedecia à Sua Mãe, a São José, seu Pai adotivo, e “era-lhes submisso”.  (Lc 2, 51)

Mesmo assim, será que dessa simples mulher pode-se dizer que Deus a obedeceu e, mesmo agora no Céu, ainda a obedece? Qual é o mistério que diferencia esta mulher de todo o gênero humano? Talvez não o abarquemos por inteiro, mas podemos buscar no santo mariano por excelência, São Luís Maria Grignion de Montfort, a resposta a esta sublime questão.

Segundo este santo, “Nosso Senhor continua a ser, no céu, tão Filho de Maria, como o foi na terra. Por conseguinte, ele conserva a submissão e obediência do mais perfeito dos filhos para com a melhor das mães.

Maria, porque está toda transformada em Deus pela graça e pela glória, não pede, não quer, não faz a menor coisa contrária à eterna e imutável vontade de Deus. E Deus não resiste nunca às súplicas de sua Mãe, porque ela é sempre humilde e conformada à vontade divina.

Se Moisés, pela força de sua oração, conseguiu sustar a cólera de Deus contra os israelitas, que devemos pensar da prece da humilde Maria…” (1)

Assim cantou a Virgem no seu hino de glória, o Magnificat:

“Depôs do trono os poderosos, e elevou os humildes.” (Lc 1, 54)

E o próprio Nosso Senhor posteriormente o confirmaria na pregação do Evangelho:

“Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado.” (Lc 14, 11)

Esta mulher misteriosa, à cujas preces o próprio Deus se submete, não teria sob seus pés virginais e imaculados o universo inteiro?

“No céu, Maria dá ordens aos anjos e aos bem-aventurados. Pois ele a fez soberana do céu e da terra, general de seus exércitos, tesoureira de suas riquezas, dispensadora de suas graças, artífice de Suas grandes maravilhas, reparadora do gênero humano, mediadora para os homens, exterminadora dos inimigos de Deus e a fiel companheira de suas grandezas e de seus triunfos.” (2)

Peçamos à Virgem Maria que possamos sempre crescer na confiança, na oração e na devoção a Ela, pois sendo suas súplicas onipotentes diante do Altíssimo, e a bondade e misericórdia de seu coração em relação a nós, pecadores, inesgotável pela graça de Deus, Nossa Senhora é, para nós, a vitória.

Por Marcelo Veloso Souza Mendes

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(1) MONTFORT, São Luís Maria G. de. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. 42ª ed. Petrópolis: Vozes, 2012. Números 27.
(2) Idem, nº 28.

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Quem é este Rei?

Caro leitor, atente para as palavras do Cântico inspirado e por fim responda “quem é este Rei”? :

Vós sois grande, Senhor, para sempre,

E vosso poder se estende nos séculos! (Tb 13, 2a)

Considera ainda os versículos deste Salmo (23, 10):

Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória?”

“O Rei da glória é o Senhor onipotente,

o Rei da glória é o Senhor Deus do universo!”.

Sim, este Rei da glória é o Senhor soberano, é o Deus feito homem.

No entanto, contemple esta imagem e medite por uns instantes, com São Mateus, a que foi “reduzido” em sua humanidade este Rei e Senhor?

“Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e a colocaram na sua cabeça. E começavam a saudá-lo: “Salve, rei dos judeus!”. Davam-lhe na cabeça com uma vara, cuspiram nele e punham-se de joelhos como para homenageá-lo. Depois de terem escarnecido dele, tiraram-lhe a púrpura, deram-lhe de novo as vestes e conduziram-no fora para o crucificar” (Mt 15, 17-20)

Esta rejeição contra Aquele que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores, tem um nome: pecado. E a única reparação possível e reconhecedora de sua realeza é, unidos aos méritos infinitos de sua Paixão e às lágrimas preciosas de sua Mãe Santíssima, abraçarmos a via da santidade.

Peçamos, assim, com as palavras de Mons. João Clá Dias, esta graça: “Aceitai, Senhor, o meu pobre coração e assumi-o como Rei e dono absoluto. Estou seguro de que se assim o fizerdes, jamais Vos ofenderei”. (1)

Nossa Senhora Rainha dos corações, rogai por nós!

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(1) Mons. João Clá Dias. I Estação: Jesus é condenado à morte. In Via Sacra. 3ª ed. São Paulo: Takano Editora Gráfica Ltda, 2003, p. 8.
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