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A paciência de Alguém que sempre nos espera

Quantos de nós, talvez num momento de preocupação, ou assoberbados de tarefas, fomos desatenciosos e, até, ríspidos, com nosso próximo. E assim, produzimos um desagrado – ainda que não percebido por nós – naqueles com quem tratamos. Assim é o convívio humano: por mais educados que sejamos às vezes temos desatenções e podemos ferir ao nosso próximo, faltando até com o respeito e afeto devidos.

Isto que se passa entre os homens, não é senão uma imagem daquilo que tão frequentemente se dá de nós para com Deus. O caro leitor já pensou nisto?

Com efeito, Deus está continuamente em comunicação conosco. Ele não se cansa e procura, nas circunstâncias mais diversas, nos fazer o bem, ainda quando dEle nos afastemos.

Vejamos, por exemplo, o fato narrado por São Lucas, proposto a consideração no XXIV Domingo do Tempo Comum. No dizer de Mons. João Clá, “é o célebre drama do filho pródigo, uma das mais belas páginas das Sagradas Escrituras”. (1) [grifo nosso]

Nosso Senhor conta a história de um filho mais novo que pedira ao pai sua herança e abandonando a casa paterna, gastou todo o dinheiro recebido numa vida desregrada. Após ter se precipitado na miséria moral e material, o jovem pecador cai em si e volta ao pai. Por fim, com o coração contrito e humilhado, recebe dele o mais generoso perdão.

Apesar de tudo, o pai não se cansou de esperá-lo, alegrando-se sem medidas com o retorno do filho. No entanto, o irmão mais velho, por falta de verdadeiro amor ao pai e por ter sido tomado de inveja, não aceitou aquela alegria do pai: Por isto, este lhe respondeu: “mas é preciso festejar e alegrar-se, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado” (Lc 15, 32).

O retorno do filho pródigo – afresco da Igreja de Trinitá dei Monti, em Roma

A atitude do pai misericordioso é bem a imagem da bondade, paciência e misericórdia do Pai Eterno. Nós, muitas vezes, mais do que ser desatentos com os homens, o somos com o próprio Deus. Diz Santo Afonso: “Se tivésseis insultado um homem como insultastes a Deus, ainda que fosse vosso melhor amigo ou ainda vosso próprio pai, não teria ele outra resposta senão vingar-se…”. E continua o Santo: “[…] ao invés de castigar-vos, devolveu-vos bem por mal, conservou-vos a vida, rodeou-vos de todos os seus cuidados providenciais, fingiu não ver os pecados, na expectativa de que vos emendásseis e cessásseis de injuriá-lo”. (2)

E conclui nosso Fundador, Mons. João Clá: “Com igual indulgência Deus reage conosco quando O ofendemos e, em sua bondade, nunca nos desampara, mesmo quando nos afastamos d´Ele com o pecado. […] esta (parábola) ilustra outro aspecto da misericórdia d´Ele, o qual se cifra na paciência em esperar que ‘o pecador caia em si, e possa perdoá-lo e salvá-lo´”. (3)

Misericórdia e paciência de Deus para conosco! Quanto esta verdade deve nos animar e levar-nos a uma confiança total, pois antes mesmo de querermos voltar ao Pai, se porventura nos distanciamos, Ele já vem ao nosso encontro, desejoso de nos acolher, não como servos, mas como filhos.

Rezemos a Nossa Senhora da Confiança para que nunca tenhamos receio de nos refugiarmos na paciência e misericórdia de Deus, sempre abertas ao pecador, antes mesmo dele estar arrependido…

 Por Adilson Costa da Costa

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(1) Mons. João S. Clá Dias, EP. Entre o perdão e a perseverança, Deus prefere o quê? In: O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 348.

(2) Santo Afonso Maria de Ligório. Obras Ascéticas. Madri: BAC, 1954, t. II, p. 697

(3) Mons. João S. Clá Dias, EP. Entre o perdão e a perseverança, Deus prefere o quê? In:  O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 349-350.

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Há maior paz que na Cruz de Nosso Senhor?

Às vezes, depois de um “dia corrido”, ao entrarmos em uma igreja, especialmente ornada de imagens esculturalmente belas, que representam de maneira artística e com talento, as virtudes próprias de santos e santas, sobremaneira, de Jesus e sua Mãe Santíssima, ficamos encantados e, por alguns instantes, paramos pensativos. Imaginemos que encontrássemos uma imagem de Nosso Senhor, por exemplo, como esta – ou próxima em semelhança desta que reproduzimos nesta seção – e nela deitemos nosso olhar e atenção.

Igreja dos Mártires – Lisboa, Portugal

Quanta paz emana desta fisionomia de Nosso Senhor, ainda que em meio a tanta dor!

Uma paz verdadeiramente carregada de serenidade, de quem levou até suas últimas consequências a missão que o Pai lhe conferiu: Ele morreu e sofreu por mim, por você caro leitor, por qualquer um… E este foi o preço que o Redentor pagou para nossa salvação: a morte, e morte de Cruz!

Esta Cruz atrai. Atrai-nos para um estado de espírito cheio de serenidade, nos remete para outras perspectivas, para outros horizontes, para além deste vale de lágrimas: o Céu. No entanto, misteriosamente, a Cruz de Nosso Senhor ao mesmo tempo que convida para nos colocarmos na perspectiva sobrenatural e da eternidade, nos fortalece e nos comunica, uma tranquilidade, uma confiança, capaz de suportar a dor e a aridez desta terra de exílio.

Com efeito, a Bíblia Sagrada nos traz de forma eloquente estas palavras que bem podem ser aplicadas a Nosso Senhor com sua Cruz: “Ó vós todos que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta” (Lm 1, 12).

No entanto, ao contemplarmos este Crucifixo de Nosso Senhor, bem podemos ouvir no interior de nossos corações: Parai e vede… se há paz maior do que aquela que encontramos na Cruz de Nosso Senhor!

Assim sendo, como bem exorta nosso Fundador, Mons. João Clá Dias, EP, “[…] fugimos da cruz por desconhecermos a imensa felicidade oferecida por ela quando é abraçada com alegria. À medida que adequamos todo o nosso modo de ser, perspectivas, visualizações, desejos, pensamento, dinamismo, atividade e tempo em função de Nosso Senhor, somos invadidos por uma paz interior que a nada pode ser comparada. Descem as bênçãos do Alto e operam-se as maravilhas da graça”. (1)

Nossa Senhora das Dores – Colômbia

Que esta paz de Nosso Senhor pregado na Cruz, pelos rogos de Nossa Senhora das Dores, neste mês de setembro em que se comemora a Exaltação da Santa Cruz, nos faça amá-la, honrá-la e exaltá-la como o verdadeiro símbolo de glória, conforme nos anima a famosa Carta Circular aos Amigos da Cruz, de São Luis Maria G. de Montfort. Aconselha este santo, ao que se propõe a esta especial amizade: “Leve-a [a Cruz] aos ombros a exemplo de Jesus Cristo, a fim de que essa cruz se torne para ele a arma de suas conquistas […] Enfim, coloque-a, pelo amor em seu coração, para torná-la numa sarça ardente que, sem consumir-se queime, noite e dia, de puro amor de Deus!”. (2)

E assim, digamos com São Paulo: “Que eu me abstenha de gloriar-se de outra coisa que não a Cruz de meu Senhor Jesus Cristo” (Gl 6,14).

Nossa Senhora das Dores, rogai por nós e uni-nos à Cruz de Vosso amado Filho!

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Mons. João S. Clá Dias, EP. A Cruz, quando inteiramente abraçada, nos configura com Cristo. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 175.

(2) Carta Circular aos Amigos da Cruz, n. 19.

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Como elevar-se a Deus

Os avanços tecnológicos e o progresso material vêm ao longo dos anos e séculos surpreendendo os homens e, quando bem aplicados, constituindo-se em benefícios inequivocamente benfazejos. Entre as inúmeras façanhas, nesta perspectiva, que marcaram as páginas da história universal, está a empreendida pelos irmãos Montgolfier em junho de 1783: um balão com 32 metros de circunferência voou às alturas de centenas de metros e percorreu a “surpreendente” distância de aproximadamente três quilômetros. Qual não foi o espanto daqueles que presenciaram tal ascensão?

“Ancensão do balão Montgolfier em Aranjuez”, por Antonio Carnicero – Museu do Prado, Madri

Voar… “romper” com esta famosa lei da gravidade, que nos “puxa” para baixo e nos causa, por assim dizer, uma inveja dos pássaros que tem a liberdade de voar.

Se é verdade que não podemos, neste vale de lágrimas, fisicamente voar por nós mesmos, a não ser mediante os recursos técnicos que o progresso material constrói, verdade é, no entanto, que podemos voar espiritualmente

Contudo, está ao nosso alcance um outro voo, sem dúvida superior, incomparavelmente mais belo e benéfico para nós: o voo espiritual. Mas como se dá este voo?

Consideremos o trecho da leitura deste XXIII Domingo do Tempo Comum. Narra o evangelista São Lucas que Jesus, certa ocasião, estando acompanhado por multidões indicou-lhes como ser seu discípulo, concluindo: “[…] qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo”  (Lc 14, 33).

Voo de Balão – Revista Arautos do Evangelho, n. 90

Mas, o que é renunciar a tudo o que tem?

Esta renúncia consiste no desapego de tudo e o amor radical a Jesus. O leitor poderia perguntar: o que é propriamente o desapego e este amor radical?

O grande Santo Inácio de Loiola, com a lógica e coerência tão características de seu pensamento e de sua vida, assim expressa nos seus “Exercícios Espirituais” o relacionamento do homem com Deus, consigo e com as criaturas, e portanto, no que consiste o amor e o desapego: “O homem é criado, para louvar, reverenciar e servir a Deus, e mediante isto salvar a sua alma. […] Donde se conclui que o homem tanto há de usar delas [das coisas criadas], quanto o ajudam para o seu fim, e tanto deve abster-se delas, quanto disso o impeçam”. (1)

Em expressivas e claras palavras, assim explica Mons. João Clá Dias, EP: “a necessidade de amor a Deus acima de tudo, portanto, de nos desapegarmos radicalmente até mesmo do que nos for mais caro, se isto representar um obstáculo para seguirmos a Cristo. Pois Jesus é digno de ser amado com um amor perfeitíssimo, e jamais chegará a ser seu verdadeiro discípulo quem não estiver disposto a, por causa d´Ele, levar aos últimos extremos o desprendimento: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais que a Mim, não é digno de Mim (Mt 10, 37)”. (2)

Ora, justamente os apegos e afetos que não se constituam em função do amor a Deus, são as “amarras” que nos prendem nesta terra, nos impedindo de voar espiritualmente para o discipulato de Jesus, amando-O e amando o próximo como Ele nos amou.

A estas alturas do artigo, alguém poderia questionar: “o que tem a ver o desapego e amor a Deus com a abordagem de cunho ‘tecnológico’ descrita na introdução deste artigo?”.

Para responder este questionamento, deixo as palavras do Fundador dos Arautos:

“Esta é a imagem [as amarras e lastros que são soltos do balão, para que ele suba] da elevação das almas a Deus. ‘Aquecidas’ pela prática das virtudes, especialmente da caridade, iniciam elas a subida espiritual e começam a ‘voar’. Costuma haver, porém, em consequência do pecado, amarras que as prendem à Terra e lastros que dificultam seu itinerário rumo à perfeição. É imperioso, portanto, cortar aquelas e alijar estes, para o espírito humano poder elevar-se ao transcendente e ao eterno.

Cristo Rei – Igreja de Santo André – Bayona, França

À semelhança de nosso corpo, padecem as almas dos danosos efeitos de uma espécie de lei da gravidade espiritual por onde nos sentimos atraídos para o mais baixo, o mais trivial, o que nos exige menos esforço”. (3)

Eis assim, o sentido próprio do que nos convida Nosso Senhor Jesus Cristo, ensinando a renunciarmos a tudo por amor a Ele. Ou, se quisermos, aqui está o convite que Ele nos faz para sermos discípulos Dele, nos perguntando: “Quereis voar?”.

Peçamos àquela que é Nossa Senhora da Boa Viagem que nos obtenha a graça de voarmos, que queiramos e tenhamos a verdadeira liberdade de voar, de virtude em virtude, de desapego em desapego, de nos elevarmos no amor exclusivo por seu Filho Jesus e por Ele, no amor ao próximo.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loiola. Tradução do autógrafo espanhol pelo Padre Vital Dias Pereira, S.J. Porto: Livraria Apostolado da Imprensa, 1966, p. 28.

(2) Mons. João S. Clá Dias, EP. Humildade e mansidão. In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 330.

(3) Idem. p. 327-328.

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Confiança e esforço: a via pela qual chegamos ao Céu

Imaculado Coração de Maria de Nossa Senhora de Fátima

Certas inquietações e questões não raramente se colocam às pessoas, quando se trata da existência para além desta vida terrena. É o que se dá com a pergunta feita por um homem a Jesus, quando passava pregando o Evangelho pelas aldeias e cidades, a caminho de Jerusalém. Conta-nos o evangelista Lucas que “alguém” perguntou: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (Lc 13,23)

Para além dessa pergunta – se muitos ou poucos vão para o Céu após a morte -, existe outra consideração mais útil para nossa vida espiritual e nossa vida “aqui e agora”.

Com efeito, ainda que fossemos teólogos, dos mais capacitados e conhecedores das verdades da Fé e, em concreto, do que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica a respeito da vida eterna, do Céu e da existência do Inferno (1), tal discussão sobre quantos se salvam não é vista com clareza nem mesmo pelos mais sábios estudiosos da Doutrina, como bem expressa o famoso teólogo dominicano Pe. Antonio Royo Marín:

“Eis aqui um dos problemas mais angustiantes e difíceis que podem oferecer ao teólogo. A pergunta é uma das que, com maior freqüência e apaixonado interesse, formula a maioria das pessoas.” (2)

Para quem deseja  saber a explicação mais lúcida a respeito, contemple os estudos de São Tomás de Aquino: “A respeito de qual seja o número dos homens predestinados, dizem uns que se salvarão tantos quantos forem os anjos que caíram; outros, que tantos quantos foram os anjos que perseveraram; outros, enfim, que se salvarão tantos homens quantos anjos caíram e, ademais, tantos quantos sejam os Anjos criados. Mas, melhor é dizer que só Deus conhece o número dos eleitos que hão de ser colocados na felicidade suprema”. (3)

Jesus Cristo diz: Esforçai-vos: guardai os Mandamentos

No que consiste este esforço? A leitura do trecho do Evangelho de São Mateus nos traz uma luz e uma resposta: “Se queres entrar para a Vida [Céu], guarda os Mandamentos” (Mt 19, 16-19). Eis aqui a primeira “medida” que devemos colocar nossa atenção e nosso esforço, indicada por Jesus ao “jovem rico do Evangelho”, como resposta ao que se deve fazer de bom para ter a vida eterna.

Mas, poderíamos questionar: é fácil ou difícil guardar os Mandamentos? Se fosse fácil guardar os Mandamentos, Jesus não empregaria o verbo “esforçar-se”. Sim, tal é nossa debilidade decorrente dos efeitos do pecado original em nós – que nos inclina para o pecado – e tais são as tentações e provocações do mundo, que se poderia dizer: realmente, não é fácil praticar os Mandamentos; mais, diríamos ainda: ao homem, pelas próprias forças, é impossível praticar integralmente e duradouramente os Mandamentos. Vê-se, portanto, o quanto é apropriada e forte a expressão: esforçai-Vos… e o convite a não se viver o “laissez faire” (deixar correr a vida) na nossa existência terrena, na perspectiva espiritual.

No entanto, sabemos que Nosso Senhor, a divina Misericórdia e a divina Justiça, que em tudo se fez igual ao homem, exceto no pecado, não nos pedirá algo que não nos seja possível realizar: “Porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11,30), “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt 11, 28)

Confiança, eu venci o mundo

Sim, aqui está o remédio: a confiança no Sagrado Coração de Jesus. Ele nos redimi e nos sustenta, nos santifica, nos dá a graça e os Sacramentos e ainda Ele próprio se dá a nós no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. É com Ele que nós venceremos o mundo, o demônio e a carne.

Confiança em Maria, a Porta do Céu

E como se não bastasse tudo isto, para “nos convencer” – por força de expressão – Ele nos dá sua própria Mãe, Nossa Senhora. Sobre esta intercessão, consideremos as comoventes e animadoras palavras de Mons. João Clá Dias, em sua recente obra, intitulada “O Inédito sobre os Evangelhos”, ao comentar o Evangelho deste XXI Domingo do Tempo Comum:

“[…] É necessário servir a Deus com ardor e entusiasmo, entrando “pela porta estreita” que bem poderá ser Nossa Senhora. Não é sem razão que a Ela foi dada o título de Porta do Céu. Estreita porque exige de nós uma confiança robusta em sua proteção maternal. Invoquemo-la em todas as tentações e dificuldades, a fim de comprovarmos a irrefutável realidade de quanto “jamais se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à sua proteção maternal, implorado sua assistência, reclamado o seu socorro fosse por Ela desamparado”. E, ao chegarmos ao Céu, rendamos eternas graças aos méritos infinitos de Jesus e às poderosas súplicas de Maria.” (4)

Eis afinal o mais importante: para além da preocupação ou até mera especulação de se saber se muitos ou poucos se salvam, sigamos a recomendação do divino Mestre e Senhor. Esforcemo-nos para, aqui e agora enquanto estamos vivos, com fidelidade, fortaleza e confiança praticarmos os Mandamentos, pela intercessão de Maria Santíssima e, aí sim, pela misericórdia de Jesus e Maria, passarmos pela porta estreita rumo à eterna felicidade.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Catecismo da Igreja Católica. Creio na vida eterna: n. 1035-1036. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p, 180.

(2) Pe. Antonio Royo Marin. Teologia de la Salvación. Madri: BAC, 1997, p. 117.

(3) Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica: questão XXIII, art. VII, v.  I. 2ª ed. Porto Alegre: Vozes, 1980, p. 240-243.

(4) Mons. João S. Clá Dias, EP. Quem é o meu próximo? In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 310-312.

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Assunção de Nossa Senhora: alegria no Céu e na Terra

Tantos são os privilégios e dons da Santíssima Virgem Maria, que seria necessário anos infindos para contemplar suas grandezas e maravilhas. Bastaria “apenas” mencionar sua Imaculada Conceição, a Virgindade perpétua e sua Maternidade divina. Porém, deitemos a atenção para esta verdade e graça incomparável a respeito de Nossa Senhora, definida solenemente pelo Papa Pio XII, com sua suprema autoridade apostólica enquanto dogma: a Assunção de Maria em corpo e alma ao Céu.

Belezas sem conta se depreendem do mistério da Assunção. Podemos, entretanto, destacar uma destas aos leitores: como se deu a assunção de Nossa Senhora ao Céu.

Nossa Senhora da Assunção – Primeiro Convento de Santa Teresa – Ávila, Espanha

As representações do mistério da Assunção são inúmeras. Na generalidade delas, vemos Nossa Senhora sendo levada pelos Anjos. Poderíamos nos perguntar: foi mesmo Maria Santíssima carregada pelos Anjos ao Céu?

De fato, embora muito bem fique à Rainha dos Anjos ter os súditos ao seu redor e seguindo-a, isto não significava que Ela precisasse ser transladada, em corpo e alma, por eles para o Céu. Isto porque Nossa Senhora, “terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial” (1), em virtude de uma das qualidades do corpo glorioso. Qual é essa qualidade?

Com precisão, assim pontua um dos mais respeitados teólogos da Igreja: “o traslado material para um determinado lugar [o Céu], Maria o fez por si mesma, sem necessidade de ser levada pelos Anjos, em virtude de um dos dotes ou qualidades dos corpos gloriosos que é a agilidade. (2)

A hora da alegria e do triunfo

Com efeito, comenta Mons. João Clá Dias, em sua magistral obra intitulada “Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado”, que “após uma vida profundamente marcada pela cruz de seu Divino Filho, soou para Maria a hora da alegria e do triunfo”: a subida ao Céu em corpo e alma. (3)

Mas isto, que se deu com Nossa Senhora, se dará um dia conosco. Talvez esta afirmação nos cause certo espanto; no entanto é a pura realidade. Como Ela, quando chegar a Ressurreição dos mortos, ressuscitaremos pela misericórdia de Deus, com o corpo glorioso, revestido de suas qualidades, entre as quais, a agilidade. Que maravilha!

Para que possamos ganhar este prêmio, necessário é abraçarmos a Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, as vias da virtude e dos Mandamentos. Na liturgia da Assunção de Nossa Senhora, no Evangelho, narra São Lucas que certo dia uma mulher exclamou a Jesus, do meio da multidão: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram”; ao que Jesus respondeu: “Muito mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28). Peçamos a Nossa Senhora da Assunção que nos obtenha dEle as melhores e mais numerosas graças para que nossos pensamentos, palavras , desejos e ações, assim como Ela, sempre se elevem ao alto, no perfeito cumprimento da Lei de Deus.

Nossa Senhora Assunta ao Céu, Rogai por nós!

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Pio XII. Munificensissimus Deus: Constituição Apostólica. 1 nov. 1950. In: Documentos Pontifícios. Petrópolis: Vozes, 1951, p. 4-5.

(2) Pe. Antonio Royo Marin, OP. La Virgen Maria:  Teologia y espiritualidad marianas. Madri: BAC, 1968, p. 210-213.

(3) Mons. João S. Clá Dias. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. São Paulo: Artpress,  1997, p. 419.

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