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Quem sois, Senhora?

“Ó Senhora, quereis ter a bondade de me dizer quem sois?”(1)

Santa Bernadette, a quem Nossa Senhora apareceu, em Lourdes.

Era o dia 25 de Março do ano de 1858. Nos arredores de uma pequena cidade francesa, incrustada nos Pirineus, na gruta de Massabielle, uma jovem pastora, com 14 anos de idade, está aflita. Afinal, já pela décima sexta vez, aquela Senhora lhe aparece, mas ela ainda desconhece quem Ela é, ou, qual o seu nome. A aflição da jovem pastora se dá pelo fato que os padres a quem ela revelara o conteúdo das aparições, haviam lhe ordenado que obtivesse o nome da Senhora, do contrário, não edificariam ali a capela, pedida pela misteriosa Senhora, nem viriam até ali processionalmente.

Conhecer o nome da Senhora, portanto, era uma necessidade urgente. Assim, resoluta, pergunta a pequena pastora:

“ – Senhora, quereis ter a bondade de me dizer quem sois?”. A Senhora apenas sorri.

Insiste Bernadette: “Ó Senhora, quereis ter a bondade de me dizer quem sois?”. Novamente, obtém apenas um aceno com a cabeça e um sorriso. Criando coragem, além de suas pequeninas forças, suplicou à Senhora a graça de lhe dizer o nome.

A este terceiro pedido, não resistiu a Senhora àquele inocente e confiante pedido. Revelou-lhe, então, o Seu Nome:

“Eu sou a Imaculada Conceição”.

Obviamente, aquela pequena pastora, ainda não alfabetizada, não teria a capacidade de entender o que estas palavras significavam. Mas, obediente, foi e revelou a quem lhe perguntara o Nome da Senhora. Ora, apenas 4 anos antes, em 1854, havia o Papa Pio IX proclamado o Dogma da Imaculada Conceição, privilégio singular de Nossa Senhora, cuja Festa celebramos neste 08 de Dezembro. Ficou, portanto, provada a autenticidade das Aparições de Lourdes e confirmado, diretamente pela Mãe de Deus, o Dogma de Fé definido pelo Vigário de Cristo na Terra. Uma verdadeira interação entre o Céu e a Terra, lembrando as solenes palavras de Nosso Senhor: “Tu és Pedro…tudo o que ligares na terra será ligado nos céus” (Cf Mt 16,18 a 19).

A exemplo de Santa Bernadette, peçamos a Nossa Senhora a Graça de conhecê-La e de crescer cada vez mais na devoção a Ela!

Salve Maria!

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(1) Monsenhor João Clá Dias. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado. 2ª. ed., São Paulo: ACNSF, 2011. Página 25.

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Confiança e esforço: a via pela qual chegamos ao Céu

Imaculado Coração de Maria de Nossa Senhora de Fátima

Certas inquietações e questões não raramente se colocam às pessoas, quando se trata da existência para além desta vida terrena. É o que se dá com a pergunta feita por um homem a Jesus, quando passava pregando o Evangelho pelas aldeias e cidades, a caminho de Jerusalém. Conta-nos o evangelista Lucas que “alguém” perguntou: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (Lc 13,23)

Para além dessa pergunta – se muitos ou poucos vão para o Céu após a morte -, existe outra consideração mais útil para nossa vida espiritual e nossa vida “aqui e agora”.

Com efeito, ainda que fossemos teólogos, dos mais capacitados e conhecedores das verdades da Fé e, em concreto, do que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica a respeito da vida eterna, do Céu e da existência do Inferno (1), tal discussão sobre quantos se salvam não é vista com clareza nem mesmo pelos mais sábios estudiosos da Doutrina, como bem expressa o famoso teólogo dominicano Pe. Antonio Royo Marín:

“Eis aqui um dos problemas mais angustiantes e difíceis que podem oferecer ao teólogo. A pergunta é uma das que, com maior freqüência e apaixonado interesse, formula a maioria das pessoas.” (2)

Para quem deseja  saber a explicação mais lúcida a respeito, contemple os estudos de São Tomás de Aquino: “A respeito de qual seja o número dos homens predestinados, dizem uns que se salvarão tantos quantos forem os anjos que caíram; outros, que tantos quantos foram os anjos que perseveraram; outros, enfim, que se salvarão tantos homens quantos anjos caíram e, ademais, tantos quantos sejam os Anjos criados. Mas, melhor é dizer que só Deus conhece o número dos eleitos que hão de ser colocados na felicidade suprema”. (3)

Jesus Cristo diz: Esforçai-vos: guardai os Mandamentos

No que consiste este esforço? A leitura do trecho do Evangelho de São Mateus nos traz uma luz e uma resposta: “Se queres entrar para a Vida [Céu], guarda os Mandamentos” (Mt 19, 16-19). Eis aqui a primeira “medida” que devemos colocar nossa atenção e nosso esforço, indicada por Jesus ao “jovem rico do Evangelho”, como resposta ao que se deve fazer de bom para ter a vida eterna.

Mas, poderíamos questionar: é fácil ou difícil guardar os Mandamentos? Se fosse fácil guardar os Mandamentos, Jesus não empregaria o verbo “esforçar-se”. Sim, tal é nossa debilidade decorrente dos efeitos do pecado original em nós – que nos inclina para o pecado – e tais são as tentações e provocações do mundo, que se poderia dizer: realmente, não é fácil praticar os Mandamentos; mais, diríamos ainda: ao homem, pelas próprias forças, é impossível praticar integralmente e duradouramente os Mandamentos. Vê-se, portanto, o quanto é apropriada e forte a expressão: esforçai-Vos… e o convite a não se viver o “laissez faire” (deixar correr a vida) na nossa existência terrena, na perspectiva espiritual.

No entanto, sabemos que Nosso Senhor, a divina Misericórdia e a divina Justiça, que em tudo se fez igual ao homem, exceto no pecado, não nos pedirá algo que não nos seja possível realizar: “Porque meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11,30), “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt 11, 28)

Confiança, eu venci o mundo

Sim, aqui está o remédio: a confiança no Sagrado Coração de Jesus. Ele nos redimi e nos sustenta, nos santifica, nos dá a graça e os Sacramentos e ainda Ele próprio se dá a nós no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. É com Ele que nós venceremos o mundo, o demônio e a carne.

Confiança em Maria, a Porta do Céu

E como se não bastasse tudo isto, para “nos convencer” – por força de expressão – Ele nos dá sua própria Mãe, Nossa Senhora. Sobre esta intercessão, consideremos as comoventes e animadoras palavras de Mons. João Clá Dias, em sua recente obra, intitulada “O Inédito sobre os Evangelhos”, ao comentar o Evangelho deste XXI Domingo do Tempo Comum:

“[…] É necessário servir a Deus com ardor e entusiasmo, entrando “pela porta estreita” que bem poderá ser Nossa Senhora. Não é sem razão que a Ela foi dada o título de Porta do Céu. Estreita porque exige de nós uma confiança robusta em sua proteção maternal. Invoquemo-la em todas as tentações e dificuldades, a fim de comprovarmos a irrefutável realidade de quanto “jamais se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à sua proteção maternal, implorado sua assistência, reclamado o seu socorro fosse por Ela desamparado”. E, ao chegarmos ao Céu, rendamos eternas graças aos méritos infinitos de Jesus e às poderosas súplicas de Maria.” (4)

Eis afinal o mais importante: para além da preocupação ou até mera especulação de se saber se muitos ou poucos se salvam, sigamos a recomendação do divino Mestre e Senhor. Esforcemo-nos para, aqui e agora enquanto estamos vivos, com fidelidade, fortaleza e confiança praticarmos os Mandamentos, pela intercessão de Maria Santíssima e, aí sim, pela misericórdia de Jesus e Maria, passarmos pela porta estreita rumo à eterna felicidade.

Por Adilson Costa da Costa

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(1) Catecismo da Igreja Católica. Creio na vida eterna: n. 1035-1036. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p, 180.

(2) Pe. Antonio Royo Marin. Teologia de la Salvación. Madri: BAC, 1997, p. 117.

(3) Santo Tomás de Aquino. Suma Teológica: questão XXIII, art. VII, v.  I. 2ª ed. Porto Alegre: Vozes, 1980, p. 240-243.

(4) Mons. João S. Clá Dias, EP. Quem é o meu próximo? In: _____. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 310-312.

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Frase da Semana – João Paulo II

“A Igreja de Cristo está sempre, por assim dizer, em estado de Pentecostes.”

 Beato João Paulo II (1)

Na solenidade de Pentecostes do ano de 2003, há exatamente 10 anos, durante viagem apostólica à Croácia, pequeno país do continente europeu, com população majoritariamente católica (89%), Sua Santidade, João Paulo II, durante a homilia lembrava que a sociedade de hoje está “dramaticamente fragmentada e dividida” e “por isso está tão desesperadamente insatisfeita”, mas que os cristãos não devem resignar-se “ao cansaço e à inércia”; ao contrário, devem ser o povo da esperança, para que mundo reconheça a salvação que vem do Cristo.

Continua a mensagem do Santo Padre, atualíssima para os nossos dias:

Sempre reunida no Cenáculo a rezar, está, ao mesmo tempo, sob o vento vigoroso do Espírito, sempre a caminho, a anunciar. A Igreja mantém-se perenemente jovem e viva, una, santa, católica e apostólica, porque o Espírito desce sobre ela continuamente para lhe recordar tudo o que o seu Senhor lhe disse (cf. Jo 14, 25) e para a orientar para a verdade completa (cf. Jo 16, 13).”

Que este Pentecostes seja, portanto, para todos um renascer no Espírito. Que, a exemplo dos Apóstolos, tenhamos coragem e disposição para sermos verdadeiros cristãos no mundo de hoje!

(1) Homilia do Papa João Paulo II. SANTA MISSA PARA AS FAMÍLIAS EM RIJEKA. Solenidade de Pentecostes. Domingo, 8 de Junho de 2003. Disponível em:

<http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/homilies/2003/documents/hf_jp-ii_hom_20030608_rijeka_po.html>

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