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Tu és Pedro! A fidelidade dos católicos de hoje à Igreja

“Um simples pescador da Betsaida proclama que o filho de um carpinteiro é realmente o Filho de Deus, por natureza. Ali é plantado o grão de mostarda, do qual nasceria a Santa Igreja Católica Apostólica e Romana” (1)

    O Divino Mestre, em sua Pedagogia insuperável, escolhia sempre os locais mais adequados para suas pregações ao povo, ou para suas conversas mais íntimas com os seus Discípulos. Buscava Ele tornar mais acessível, mais clara, plausível a Mensagem que tinha em mente transmitir. Por exemplo, ao convocar os dois irmãos, Simão Pedro e André para serem “pescadores de homens” (Mt 4, 19), tinha diante de Si o panorama das águas do mar da Galileia. O mesmo aconteceu quando se serviu da violência do vento, da tempestade, do terror da noite, para aumentar a Fé de seus Discípulos, caminhando sobre as águas no mar de Tiberíades (Mt 14,33).

Assim também acontece quando Nosso Senhor Jesus Cristo chega com seus discípulos à região de Cesaréia de Filipe, lugar rochoso, acidentado e solitário. Observa Monsenhor João Clá, Fundador dos Arautos do Evangelho, que esta era uma região pertencente à gentilidade. O Mestre aproveita este fato “para manifestar-Se como Filho de Deus e fundar o primado de sua Igreja” (2). Ao pisar aquelas rochas o Filho de Deus estendeu a Salvação aos gentios, pois, enfim, a “terra de Zabulon e de Neftali, região vizinha ao mar, a terra além do Jordão, a Galileia dos gentios, este povo que jazia nas trevas, viu resplandecer uma grande luz; e surgiu uma aurora para os que jaziam na região sombria da morte.” (Is 9,1).

         Era natural que até aquele momento houvesse certa confusão, certo desconhecimento a respeito da pessoa de Jesus: a sua figura incomparável já se impunha através de muitos milagres, mas, afinal, quem era Ele? Um profeta, um João Batista ressuscitado…? Dando-lhes a oportunidade de se manifestar sobre o que os outros pensavam a respeito do Filho do Homem, Nosso Senhor aproveita para confirmar neles a Fé e esclarecer seus Apóstolos sobre sua Divindade, retirando deles todo mal entendimento que pudesse haver e levando-os a proclamá-Lo “o Cristo, Filho do Deus vivo! (Mt 16, 16) Apesar dos estupendos milagres que Nosso Senhor realizara, o povo, em geral, não tinha a respeito dEle uma ideia clara; seus olhos estavam fechados; eles estavam cegos. Jesus Cristo, a Sabedoria Eterna e Encarnada poderia ser, nessa estreita visão, qualquer um dos antigos profetas. Ainda hoje, infelizmente constatamos que Jesus ainda não é suficientemente conhecido, apesar do milagre da continuidade de Sua grande Obra. Para muitos, a Mensagem do Evangelho ainda não é clara. Há também uma cegueira contemporânea.

Manifesta-se o Primado de Pedro e Jesus edifica a Sua Igreja

         Nosso Senhor Jesus Cristo convida os Apóstolos a exprimirem a sua própria opinião, e não, simplesmente, a opinião do povo. É exatamente neste momento que fica inequívoco o Primado de Pedro. Comenta Monsenhor João Clá:

    “Sola fides! Aqui não há elemento algum emocional ou sensível, como em circunstâncias anteriores. Em meio às rochas frias de um ambiente ecológico, longe de acontecimentos arrebatadores e da agitação das turbas ou das ondas, só a voz da Fé se faz ouvir.” (3)

São Pedro reconhece a filiação divina de Jesus:

   “As palavras de Pedro não são fruto de um raciocínio com base num simples conhecimento experimental. Não haviam sido poucas as curas logo após as quais os beneficiados conferiam com exclamações ao Salvador o título de ‘Filho de Davi’ (cf. Mt 15, 22; Mc 10, 47, etc.), conhecido como um dos indicativos do Messias. Os próprios demônios, ao se encontrarem com Ele, proclamavam-No ‘o Santo de Deus’ (Lc 4, 34), ‘o Filho de Deus’ (Lc 4, 41), ‘Filho do Altíssimo’ (Lc 8, 28; Mc 5, 7). Ele mesmo declarara ser ‘dono do sábado’ (Mt 12, 8), e após a multiplicação dos pães a multidão queria aclamá-Lo ‘Rei’ (Jo 6, 15).

     Assim como estas, muitas outras passagens poderiam facilmente nos indicar as profundas impressões produzidas por Jesus sobre seus discípulos. Porém, em nenhuma ocasião anterior Pedro recebeu tal elogio saído dos lábios do Salvador. Nesta passagem, ele ‘é feliz porque teve o mérito de elevar seu olhar além do que é humano e, sem deter-se no que provinha da carne e do sangue, contemplou o Filho de Deus por um efeito da revelação divina e foi julgado digno de ser o primeiro a reconhecer a Divindade de Cristo’”. (4)

          Pedro confessa a Divindade de Jesus a partir da revelação do próprio Deus. A ciência humana é incapaz de alcançar esta Verdade. É preciso a Fé. Como recompensa, portanto, desse ato de Fé, Nosso Senhor Jesus Cristo edifica a Sua Igreja sobre esta Pedra.

            “O plano de Jesus é proclamado sobre as rochas de Cesareia, pelo próprio Filho de Deus, que Se apresenta como um divino arquiteto a erigir esse edifício indestrutível, grandioso e santíssimo, a sociedade espiritual, constituída por homens: militante na Terra, padecente no Purgatório, triunfante no Céu. O conjunto de todos aqueles que se unem debaixo da mesma Fé, nesta Terra, chama-se Igreja. Desta, o fundamento é Pedro e todos os seus sucessores, os romanos pontífices, pois, caso contrário, não perduraria a existência do edifício”. (5)

       A partir daí, nasce uma Obra indestrutível: a Santa Igreja Católica Apostólica Romana. As Luzes do Evangelho de São Mateus (16, 13-19), através do qual a Liturgia celebra a Festa de São Pedro e São Paulo nos convidam a uma união crescente com a Igreja.

        Em seus pronunciamentos, o Papa Francisco tem insistido em relembrar este aspecto: A Igreja é o Corpo Místico de Cristo. Não se pode abraçar a Fé em Cristo e renunciar à Sua Igreja. Nos dias de hoje, muitos se dizem seguidores de Jesus Cristo, mas, não seguem a Sua Igreja, não a amam, não permitem que esta Instituição Sagrada faça parte das suas vidas, instruindo-os e guiando-os em suas necessidades. Em suas belíssimas palavras, na Audiência Geral do dia 19 de Junho de 2013, nos ensina o Papa Francisco:

       “A Igreja não é uma associação assistencial, cultural ou política, mas sim um corpo vivo, que caminha e age na história. E este corpo tem uma cabeça que o guia, alimenta e sustém. Este é um ponto que eu gostaria de frisar: se separarmos a cabeça do resto do corpo, a pessoa inteira não consegue sobreviver. Assim é na Igreja: devemos permanecer ligados de modo cada vez mais intenso a Jesus. Mas não só: como num corpo é importante que passe a linfa vital porque está viva, assim também devemos permitir que Jesus aja em nós, que a sua Palavra nos oriente, que a sua presença eucarística nos alimente e nos anime, que o seu amor infunda força no nosso amor ao próximo. E isto sempre! Sempre, sempre! Estimados irmãos e irmãs, permaneçamos unidos a Jesus, confiemos nele, orientemos a nossa vida segundo o seu Evangelho, alimentemo-nos com a oração quotidiana, com a escuta da Palavra de Deus e com a participação nos Sacramentos”. (6)

         É este o convite permanente, para os católicos de hoje. Peçamos a Nossa Senhora, Mãe da Igreja que nos guie por esse caminho de fidelidade e que Ela nos ajude sempre, a exemplo de São Pedro, confessar através de nossas vidas, a Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Salve Maria!

João Celso


(1) Monsenhor João Clá Dias. A Pedra Inabalável. Revista Arautos do Evangelho, n. 78, p. 12-19, jun. 2008. Disponível em:<http://www.arautos.org/artigo/344/A-Pedra-inabalavel.html>.
(2) Idem
(3) Idem
(4) Idem
(5) Idem
(6) Papa Francisco. Audiência Geral de 19/06/2013. Disponível em:<http://www.vatican.va/holy_father/francesco/audiences/2013/documents/papa-francesco_20130619_udienza-generale_po.html>.

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O Terço nas palavras dos Papas e dos Santos – Parte II – Origem do Rosário

Origem do Rosário

Nesta série de artigos, estamos nos propondo a fazer uma leitura, nas palavras dos Papas e dos Santos, sobre a importância do Rosário e a sua atualidade para a vida espiritual dos católicos de hoje. Tendo em vista que muitos ainda desconhecem aspectos históricos desta Devoção, dedicaremos esta segunda parte para tratar, resumidamente, da sua origem. Como o assunto é extenso e nosso espaço é limitado, convidamos aos leitores que desejarem informações mais completas, a estudarem com mais vagar as fontes citadas nas referências, ao final deste artigo.

A devoção ao Rosário, na forma e no método como conhecemos hoje (recitação dos mistérios, através da oração vocal e mental) teve seu início no século XIII, mais precisamente no ano de 1214, segundo narra São Luís Maria Grignion de Montfort em seu livro intitulado O Segredo do Rosário.(1) Aqueles eram tempos difíceis para a Igreja de Cristo, que estava, principalmente na França, sendo assolada por uma terrível heresia, a dos albigenses, cujos erros ameaçavam tomar toda a Europa, pois traziam consigo uma profunda corrupção moral. Os esforços para debelar essa heresia mostravam-se inúteis. São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Frades Predicadores, ou Dominicanos, estava também envolvido nessa luta.

Narra o Monsenhor João Clá Dias:

“Dias de aflição terrível foram aqueles! Havia horas em que tudo parecia perdido, e a heresia triunfante tudo destruía, manchava e conspurcava.

“Nesse estado de tribulação extrema da Cristandade, São Domingos, movido por uma inspiração divina, entrou numa grande e profunda floresta próxima de Toulouse (capital do Languedoque), e ali passou três dias e três noites em contínua oração e penitência. Não cessou de gemer, chorar e se flagelar, implorando a Deus que tivesse pena de Sua própria glória calcada aos pés pela heresia albigense.

“Em consequência de tamanho ardor e esforço, acabou por cair semimorto. E eis que então, Maria Santíssima, resplandecente de glória, apareceu-lhe”(2)

Essa sublime manifestação de Nossa Senhora a São Domingos, foi descrita pelo frade dominicano Beato Alano de La Roche (1428-1475), em seu livro Da Dignidade do Saltério (Rosário), o qual é citado por S. Luís Grignion de Montfort:

S. Domingos recebe o Rosário da Santíssima Virgem

Querido Domingos, disse-lhe Nossa Senhora, sabeis de que arma a Santíssima Trindade quer usar para mudar o Mundo? São Domingos respondeu: Oh minha Senhora, vós sabeis bem melhor do que eu, pois depois de vosso Filho Jesus Cristo, vós tendes sido sempre o principal instrumento de nossa salvação.

Nossa Senhora respondeu-lhe: Quero que saibas que a principal peça de combate tem sido sempre o Saltério Angélico que é a pedra fundamental do Novo Testamento. Assim quero que alcances estas almas endurecidas e as conquiste para Deus, com a oração do meu Saltério.

Então, levantou-se [São Domingos] muito consolado, e inflamado de zelo pela conversão dos homens dirigiu-se diretamente á Catedral. Imediatamente, os Anjos invisíveis tocaram os sinos a fim de ajuntar as pessoas e São Domingos começou a pregar.

Assim que iniciou seu sermão, desencadeou-se uma tempestade terrível, a terra tremeu, o sol se escureceu, houve tantos trovões e raios que todos ficaram muito temerosos. Ainda maior foi o seu medo quando olharam a imagem de Nossa Senhora, exibida em local privilegiado, e a viram levantar os braços em direção aos Céus, três vezes, para chamar a vingança de Deus sobre eles, caso falhassem em se converter, arrumar suas vidas e procurar a proteção da Santa Mãe de Deus.

Deus quis, por meio destes fenômenos sobrenaturais, espalhar a nova devoção do Santo Rosário e fazer com que este fosse mais vastamente divulgado”.(3)

Este foi apenas o primeiro de inúmeros prodígios realizados por São Domingos, graças à sua filial devoção e fidelidade a Nossa Senhora.

A Devoção a Maria e ao Rosário produz maravilhas na Igreja

Faz parte, portanto, de uma sólida tradição, narrada por São Luis Grignion de Montfort, citando o Beato Alano de la Roche, que São Domingos foi instado a pregar o Rosário, diretamente pela Mãe de Deus. Durante toda a sua vida, São Domingos foi um incansável propagador dessa Devoção e, como consequência, teve o seu trabalho coroado de êxitos e prodígios, como atesta a fundação e o extraordinário desenvolvimento de sua Ordem Religiosa. Em apenas cinco anos, São Domingos que, no início contava com apenas 16 colaboradores, fundou 60 conventos em toda a Europa, todos eles habitados por jovens entusiasmados e cheios de Fé. De fato, a Ordem dos Dominicanos tem honrado a Igreja com uma quantidade enorme de Santos e Doutores, os quais a serviram na Teologia, na Evangelização, nas Artes e no Governo. Entre esse exército de grandes santos, um Santo Tomás de Aquino, o doutor mais célebre da Igreja Católica; um apostólico e incansável São Vicente Ferrer, o grande Papa São Pio V, o Beato Fra Angelico, cujas obras parecem pintadas por anjos e ainda muitos outros. São tantos os santos dominicanos canonizados que a Ordem tem uma data especial para celebrá-los: dia 07 de Novembro, dia de todos os santos dominicanos. Uma glória para a Igreja! Tudo isso obtido, sem dúvida, pelas graças da fidelidade na pregação e na oração contínua e perseverante do Rosário!

Narra ainda Monsenhor João Clá:

“Desde o tempo em que foi estabelecido até ao ano de 1460, quando o Bem-Aventurado Alano de La Roche renovou esta devoção por ordem do Céu, o Rosário foi chamado de Saltério de Jesus e da Santíssima Virgem, por analogia com o Saltério de David, que contém 150 salmos – o mesmo número de saudações angélicas que compõem o Rosário (atualmente este número subiu para 200, com a introdução dos mistérios luminosos – ver post anterior(4)).

“Apesar de, modernamente, a autenticidade desses fatos ter sido posta em dúvida por vários especialistas, que alegam a ausência de documentos contemporâneos que os atestem, a crítica histórica vem demonstrando o acerto em se considerar São Domingos – fundador dos Dominicanos – como o instituidor do Rosário, e a voz de numerosos Pontífices Romanos o confirmam”(5)

Deus sempre faz a sua parte, derramando Suas graças em profusão, mas, as coisas que dependem da correspondência humana, principalmente, as de natureza espiritual, muitas vezes sofrem com a falta de fidelidade. Assim, após o incentivo inicial de São Domingos, durante mais de um século houve fervor pelo Santo Rosário, mas, aos poucos, esta devoção foi esfriando.

O Beato Alano de La Roche era um frade dominicano do Mosteiro de Dinán, na Bretanha. Foi ele o instrumento do qual Nossa se serviu para trazer de volta, no século XV, o entusiasmo pela devoção ao Rosário.

São Luis Grignion de Montfort, narra que o religioso “iniciou seu nobre trabalho em 1460 após ter recebido os conselhos especiais de Nossa Senhora. Depois ele recebeu a urgente mensagem de Nosso Senhor, tal qual ele mesmo nos conta. Um dia quando estava celebrando a Missa, Nosso Senhor, que queria motivá-lo a pregar o Santo Rosário, lhe disse na Sagrada Hóstia: Como podes Me crucificar novamente tão depressa?

“Como assim, Senhor? – perguntou o Bem aventurado Alano, horrorizado.

“Respondeu Jesus: Tu já me crucificaste uma vez por teus pecados, e Eu de boa vontade seria crucificado novamente ao invés de ver Meu Pai ofendido pelos pecados que tu cometeste. Tu estás a me crucificar de novo agora porque tens todo o conhecimento e compreensão de que precisas para pregar o Rosário de minha Mãe, mas não estás a fazê-lo. Se tu o tivesses feito, terias ensinado a muitas almas o caminho certo e os teria tirado do pecado, mas não estás a fazê-lo e tu mesmo és culpado dos pecados que eles cometem”.(6)

Após essa repreenda, tendo ainda recebido outros avisos, por aparições, de São Domingos e da própria Maria Santíssima, o Beato Alano de La Roche se tornou, a exemplo de seu Fundador, um entusiasmado propagador do Rosário.

São muitos os exemplos de conversão que a Santíssima Virgem concedeu para deixar claro a necessidade e a utilidade da oração do Rosário, desde sua origem até os nossos dias. Também nós somos convidados a renovar a cada dia o nosso amor para com esta devoção, tornando-a, depois da Eucaristia, parte central de nossa vida espiritual. Uma devoção sumamente incentivada pelos Santos e pelos Pontífices.

Na próxima parte: Leão XIII, o Papa do Rosário.

Salve Maria!

Prof. João Celso

Beato João Paulo II rezando o Rosário


1) São Luis Maria Grignion de Montfort. O Segredo do Rosário. Edição. Trad. Geraldo Pinto Faria Jr Belo Horizonte: Ed. Divina Misericórdia, 1997.
2) Mons. João S. Clá Dias. Fátima, O Meu Imaculado Coração Triunfará. 2ª. ed..São Paulo: ACNSF, 2007, p. 93.

3) São Luís Maria G. de Montfort. Op.cit., pág. 13

4) O Terço nas palavras dos Papas e dos Santos. I Parte. Disponível em: http://maringa.blog.arautos.org/2013/06/o-terco-na-palavra-dos-papas-e-dos-santos/
5) Monsenhor João S. Clá Dias, Op. cit. p. 95
6) São Luis Maria G. de Monfort, Op. cit. p. 20

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Consagração a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria

Nova Turma – Paróquia São Miguel Arcanjo – Maringá

Início: Domingo, 30/06, a partir das 15h

No luminoso Tratado da Verdadeira Devoção, ao qual tivemos oportunidade de nos referir em inúmeras ocasiões, o grande São Luís Maria Grignion de Montfort, comenta:

“A Santíssima Virgem é o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir até nós; e é o meio de que nos devemos servir para ir até Ele” (1). Ou seja, Maria é o caminho seguro e suave que nos leva verdadeiramente até Cristo e este caminho, só o podemos trilhar por um verdadeiro dom da Graça de Deus.

Buscando tornar esse caminho ainda mais conhecido e amado, a Paróquia São Miguel Arcanjo, de Maringá, promoverá as reuniões de formação para os seus paroquianos e também para outras pessoas interessadas em fazer a Consagração a Jesus Cristo, pelas mãos de Maria, segundo o método de S. Luís Maria Grignion de Montfort. Essa formação será ministrada pelos Arautos do Evangelho de Maringá.

Veja os detalhes abaixo. Faça a sua inscrição.

 CURSO PREPARATÓRIO À CONSAGRAÇÃO:

Início: Domingo, 30/06/2013 – Término: Domingo, 11/08/2013

Horário: Das 15h às 16h30.

Consagração: Dia 18/08/2013

(As reuniões serão 7 domingos consecutivos).

Local: Centro Catequético Paroquial

Endereço: Praça das Américas, s/n – Bairro Aeroporto

Inscrições Gratuitas até 27/06/2013 na Secretaria Paroquial – Fone (44) 3031-9651

Ou através deste Blog, ou do e-mail: arautosmaringá@uol.com.br


(1) Tratado da Verdadeira Devoção, Capítulo II, n. 75.

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O Terço na Palavra dos Papas e dos Santos

I – Uma Devoção a ser continuamente redescoberta.

             Uma das mais bonitas características da Língua Portuguesa (e de praticamente todas as línguas contemporâneas) é a sua vivacidade, a sua vitalidade. Com efeito, na medida em que o tempo passa e a História vai seguindo seu caminho, surgem novas demandas de comunicação e, para atendê-las, surgem palavras novas. Ao mesmo tempo, palavras já existentes vão se adaptando aos novos tempos e ganhando novos significados. Essa dinâmica é interessante e constitui-se em riqueza da Língua, pois uma de suas funções é propiciar uma comunicação eficiente.

            Um exemplo muito interessante é o que ocorreu com a palavra Terço. Se olharmos o dicionário, vemos que é definida como “que ou o que corresponde a cada uma das três partes iguais em que pode ser dividido um todo”. (1) A palavra terço pode ser um numeral: a terça parte de algo. Alguns dicionários também definem terço como a terça parte do Rosário. Neste caso, a palavra é um substantivo. Ainda, segundo o dicionário, Um Terço é “a terça parte do rosário, composta de cinco dezenas de contas, para a reza da ave-maria, intercaladas por cinco contas, correspondentes à oração do padre-nosso”. (2) Como muitos fiéis não tinham a possibilidade de rezar o Rosário Completo (os três conjuntos de Mistérios), rezavam o Terço, ou seja, a terça parte do Rosário.

            Mas… se a Língua é dinâmica, o Amor a Deus o é ainda mais: Por inspiração da Graça e movido por um imenso amor filial a Maria Santíssima, o Beato Papa João Paulo II acrescentou mais 5 mistérios ao Rosário, os Mistérios Luminosos. E agora, como fica? O Rosário passa a ser composto de 4 partes (4 mistérios). Cada parte do Rosário… continua a ser chamado de: Terço! Assim, quatro Terços e não mais “três terços” passam a formar o todo, que é o Rosário. Obviamente, quando se fala em Terço faz-se menção ao substantivo e não a um numeral. Para os fiéis que encontram na oração do Santo Terço uma devoção sólida, esse jogo de palavras pouco importa. O que importa é utilizarem-se dele para meditarem nos principais Mistérios de sua Fé!

            Portanto, quando nos referimos ao Rosário ou ao Terço, estamos falando da mesma Devoção. Rezar o Rosário significa rezar e meditar o conjunto dos quatro mistérios: Mistérios da Alegria (Gozosos), Mistérios Luminosos, Mistérios Dolorosos e Mistérios Gloriosos. Ao meditá-los, damos a volta em todo o Evangelho e, portanto, na História da nossa Redenção. E no que consiste a Devoção do Rosário? Qual é o seu histórico?

             Partindo do pressuposto de que, infelizmente, muitos católicos ainda não entendem plenamente o sentido dessa Devoção, a sua profundidade, a sua importância para nos ajudar a percorrer o caminho de Cristo, em companhia de Maria, iremos escrever esta série de artigos para tratar das maravilhas do Santo Rosário. Nas palavras do Beato João Paulo II: “Uma oração tão fácil e ao mesmo tempo tão rica merece verdadeiramente ser descoberta de novo pela comunidade cristã”. (3)

            Esta série de artigos pretende ser um pequeno passeio dentro do universo das palavras dos últimos Papas e de alguns santos sobre a sublimidade desta devoção. Muitos papas atribuíram uma grande importância ao Rosário: “Merecimento particular teve, a propósito, Leão XIII que, no dia 1º. de setembro de 1883, promulgava a Encíclica “Supremi apostolatus officio” alto pronunciamento com o qual inaugurava numerosas outras declarações sobre esta oração, indicando-a como instrumento espiritual eficaz contra os males da sociedade”. (4)

           Portanto, desde São Pio V, que no século XVI estabeleceu a invocação a Nossa Senhora do Rosário, como agradecimento à Virgem pela vitória da Cristandade na batalha de Lepanto, passando por Leão XIII (1878 a 1903) no século IX e até Bento XVI, há uma série de documentos muito interessantes nos quais os Sumos Pontífices apontam a eficácia do Rosário e sua utilidade no universo da piedade católica. Evidentemente, merece destaque o Beato João Paulo II que, como já comentamos, inaugurou uma fase luminosa na devoção ao Rosário, ao instituir, em sua magnífica Encíclica “Rosarium Virginis Mariae”, os Mistérios da Luz.

            Além dos inúmeros Papas, também vários santos se destacaram pelo amor ao Rosário. Alguns mais conhecidos, como São Luís Maria Grignion de Montfort, Santo Afonso de Ligório, São Pio de Pietrelcina e outros. Há outros santos, não tão conhecidos, como o Beato Bártolo Longo, o Beato Alano de La Roche, mas igualmente empenhados em sua difusão pelo mundo católico.

            No alto da Cruz, Nosso Senhor Jesus Cristo, num Solene ato de Amor, nos deu Maria como Mãe (Cf. Jo 19,26). Mais especialmente, coube ao Apóstolo Virgem, São João Evangelista, tomar a si o cuidado da Santíssima Virgem nos anos em que Ela ainda teria que permanecer nesta Terra, para uma missão complementar: Ajudar no florescimento da Igreja. Que graça imensa para este Apóstolo poder conviver com a Mãe de Deus, indagar-lhe sobre os principais Mistérios da vida do Salvador. Como teria se dado a Anunciação? Qual foi a reação de Maria quando o Anjo lhe anunciou que seria a Mãe de Deus? E como teria Ela passado, em companhia de São José, os três angustiantes dias antes reencontrar o Menino Jesus no Templo? E assim por diante. Como teriam sido essas conversas? Com que amor a Mãe instruía São João sobre estas e outras verdades? Quem de nós não gostaria de presenciar essas conversas, esse convívio entre Mãe e filho?

             Pois bem: a devoção ao Rosário é exatamente isso: Imaginemo-nos na casa de Éfeso, aos pés da Virgem Maria, meditando com Ela nos mistérios da vida de Jesus. A Mãe nos instrui e nos anima no Caminho de Cristo, compartilhando conosco todas aquelas coisas que Ela guardava no seu coração (Cf. Lc 2,52).

            Com efeito, o Rosário é uma oração eminentemente contemplativa: “Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas (…)”. (5) Assim, todas as vezes que rezamos o Rosário, estamos fazendo, em companhia de Maria, este exercício de contemplação.

            E, para que a nossa contemplação se torne mais santa, mais luminosa, mais de acordo com aquilo que a Igreja espera de nós, nada melhor do que buscarmos esse conhecimento, através das palavras dos Papas e dos Santos.

           Caro leitor: Contamos com a sua companhia durante este estudo! Ou melhor, durante esta Meditação! Rogamos à Santa Mãe de Deus que nos acompanhe, com Sua intercessão, para que, conhecendo melhor este grande instrumento de Salvação – que é o Rosário! – possamos crescer sempre mais no Amor a Nosso Senhor Jesus Cristo, à Sabedoria Eterna e Encarnada.

Salve Maria!

João Celso


(1) Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Disponível em: http://houaiss.uol.com.br/busca?palavra=ter%25C3%25A7o
(2) Idem

(3) Papa João Paulo II. Carta Apostólica RosariumVirginisMariae. 9ª ed. São Paulo: Paulinas, 2005, p.58

(4) Idem, p. 6

(5) Papa Paulo VI. Exortação Apostólica Marialiscultus. n. 47.02 fev. 1974. Disponível em: http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/apost_exhortations/documents/hf_p-vi_exh_19740202_marialis-cultus_po.html

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Os milagres da graça: a flor da contrição e a rosa da confissão

Nas Sagradas Escrituras encontramos algo muito evocador do que é a realidade da vida, na qual o homem experimenta certos estados de alma e manifesta reações diversas, conforme as circunstâncias que naquele momento vivencia:

Todas as coisas têm o seu tempo, e todas elas passam debaixo do céu segundo o tempo que a cada uma foi prescrito. Há tempo de nascer, e tempo de morrer. Tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou. Há tempo de matar, e tempo de sarar. Há tempo de destruir, e tempo de edificar. Há tempo de chorar, e tempo de rir. Há tempo de se afligir, e tempo de dançar. Há tempo de espalhar pedras, e tempo de as ajuntar. Há tempo dar abraços, e tempo de se afastar deles. Há tempo de adquirir, e tempo de perder. Há tempo de guardar, e tempo de lançar fora. Há tempo de rasgar, e tempo de coser. Há tempo de calar, e tempo de falar. Há tempo de amor, e tempo de ódio. Há tempo de guerra, e tempo de paz” (Eclesiastes 3, 1-8).

Dentre as situações e vivências pelas quais passamos, uma sempre está presente: “há tempo de chorar, e tempo de rir”. Quem de nós nunca passou por circunstâncias em que choramos, ou então que nos alegramos especialmente? Isto faz parte da história dos homens, seja na atualidade ou em tempos remotos. É o que podemos contemplar na leitura do Evangelho, narrado por São Lucas, na qual vemos Nosso Senhor Jesus Cristo operar, por sua iniciativa, milagre magnífico: “a ressurreição do filho da viúva de Naim” (Lc 11-17).

Podemos nós imaginar o sofrimento daquela mulher da pequena cidade de Naim; viúva, que tendo como amparo e razão defelicidade seu único filho, e o perde? Qual não foi o sofrimento desta mãe, o quanto ela chorou a morte de seu dom precioso, seu filho amado? Eis, no entanto, que pelo cortejo fúnebre, passa “por acaso”, Aquele que é o “Senhor da vida e o Senhor da morte”, tem pena daquela pobre mulher e lhe diz: “não chores” e, adiantando-se ao caixão, com autoridade, determina ao cadáver: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te!”. E a ressurreição se deu. O que era pranto lancinante, logo em seguida se transforma em felicidade: aquela mãe recebe, vivo, seu amado filho! A tristeza dá lugar à alegria. De fato: há tempos de chorar e tempo de rir…

Esta mãe ficou alegre! E as pessoas que acompanhavam o cortejo fúnebre? Qual a reação delas? São Lucas assim diz: “Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus, dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós e Deus veio visitar o seu povo” (Lc 3, 16).

A multidão que presenciara aquele milagre ficou com medo e estupefata. Com efeito, o fato de um morto ressuscitar diante dos olhos de alguém (melhor dizendo: ser ressuscitado) antes mesmo da “Ressurreição da carne” (11º Artigo do Credo), em que “no dia do juízo todos os mortos ressuscitarão com o mesmo corpo que tivemos nesta vida” (1), é realmente próprio a causar impressão de espanto.

No entanto, algo freqüente e incomparavelmente maior se dá, do ponto de vista sobrenatural: a ressurreição espiritual.

Assim como o corpo tem vida, a alma também tem vida. O que dá vida ao corpo é a alma. O que dá vida à alma é a graça de Deus; e não há algo mais valioso para cada um de nós do que ter a graça de Deus, chamada graça santificante que “é um dom sobrenatural inerente à nossa alma, que nos faz santos, filhos adotivos de Deus e herdeiros do céu” (2). Este dom nós o recebemos quando fomos batizados. Mas, ó tristeza: perdemos tal dom “pelo pecado mortal”. (3)

Quando da perda da vida sobrenatural, da vida da graça na alma, como fazer para recuperá-la? Eis a questão que nos levanta o Fundador dos Arautos, Mons. João Clá Dias, EP: “Como, pois, ressuscitar alguém espiritualmente, após haver transposto os umbrais da morte do pecado grave? Era isso impossível se não houvesse o Redentor”. (4) [grifo nosso]

E continua a nos explicar:

Nosso Senhor Jesus Cristo, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, compadeceu-se dos que permaneciam envoltos nas trevas e na sombra da morte (cf. Lc 1, 79) e tomou a iniciativa de encarnar-Se, sofrer a Paixão e a morte da Cruz, para triunfar na Ressurreição, a fim de ressuscitar ao corpo inerte da humanidade pecadora. Ele, o Verbo Eterno, traz a vida da graça, que é infundida nos corações dos fiéis, como Ele mesmo dirá: ‘Eu vim para que vós tenhais vida e a tenhais em abundância’ (Jo 10, 10). Ao assumir a natureza humana […] nos lega o precioso dom dos Sacramentos, para manter a vida sobrenatural por Ele instaurada”.

Assim, verificamos que essa ressurreição espiritual, a recuperação da vida da graça, se dá pelos méritos infinitos de um Sagrado Coração que tanto amou os homens, que nos deu os Sacramentos e tomou a iniciativa de nos fazer o bem. E nos dá, com sua bênção, a via pela qual recuperamos a graça santificante, caso a percamos. Como nos ensina o Catecismo: “A graça santificante se recupera pelo sacramento da Confissão ou por um ato de contrição perfeita, unido ao desejo de se confessar”. (5)

Aqui está algo mais impressionante do que uma ressurreição corporal, a ressurreição espiritual. Sobre este “milagre da graça”, do perdão do pecado e da recuperação da graça santificante, através da Confissão e do arrependimento perfeito, operados misericordiosamente pelo Sagrado Coração de Jesus, assim nos explica,de forma poética, o grande presbítero e Doutor da Igreja (+ 1231), Santo Antônio de Pádua:

Se maltratas uma criança, a insultas ou espancas, mas depois lhe mostras e dás de presente uma flor, uma rosa ou algo do gênero, ela se esquece da injúria recebida e, sem cólera alguma, corre a abraçar-te.

Da mesma forma, se ofenderes Nosso Senhor Jesus Cristo, pelo pecado mortal ou qualquer ação injuriosa, mas depois Lhe ofereceres a flor da contrição ou a rosa de uma confissão banhada em lágrimas – as lágrimas são o sangue da alma – Ele olvidará tua ofensa, perdoará tua culpa e correrá a abraçar-te e oscular-se”. (6) [grifo nosso]

Aqui está o milagre maior do que uma ressurreição física: a ressurreição espiritual por meio da “flor da contrição” e da “rosa da confissão”.Peçamos ao Sagrado Coração de Jesus neste seu Mês de Junho, por meio do Imaculado Coração de Maria, que nos conceda sempre a graça da contrição perfeita por nossos pecados e que nunca tenhamos “medo” de nos acercarmos do Sacramento da Confissão, pois é através destas duas flores que oferecemos a Ele, que seremos estreitados a Seu Divino Coração.

Sagrado Coração de Jesus, tende piedade de nós!

Imaculado Coração de Maria, fazei nosso coração semelhante ao Coração de Jesus!

Por Adilson Costa da Costa

(1) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. Dos três últimos artigos do Credo. 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 33.
(2) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. Op. cit. p. 62.
(3) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. Op. cit., p. 62.
(4) Mons. João S, Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana e São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012, p. 147.
(5) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã. Dos sacramentos em geral. 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 62.
(6) Santo Antônio de Pádua. Sermão na Natividade do Senhor, 11. In: Revista Arautos do Evangelho, ano XII, n. 138, jun. 2013.
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