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Maria Santíssima não é a Senhora das obras inacabadas

O fato de iniciar e concluir uma obra está intimamente ligado à prática da virtude da Prudência, definida como sendo “a virtude que inclina a nossa inteligência a escolher, em qualquer circunstância os melhores meios para atingir os nossos fins”.[1] Com efeito, diz Nosso Senhor no Evangelho:

Quem de vós, querendo fazer uma construção, antes não se senta para calcular os gastos que são necessários, a fim de ver se tem como que acabá-la? Para que, depois que tiver lançado os alicerces e não puder acabá-la, todos os que o virem não comecem a zombar dele, dizendo: Este homem principiou a edificar, mas não pode terminar. (Lc 14, 28-30). Read More

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Revista Maringá Missão

Uma interessante entrevista sobre os diversos aspectos da vida e evangelização dos Arautos do Evangelho foi realizada pela Revista Maringá Missão, da Arquidiocese de Maringá, através de sua Jornalista Fabiana Ferreira, com a participação do Reverendíssimo Padre Roberto Takeshi. Temos a alegria de aqui estampá-la. ¹

 

“Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”

Os Arautos do Evangelho são uma Associação Internacional de Fiéis de Direito Pontifício, a primeira a ser erigida pela Santa Sé no terceiro milênio, o que ocorreu por ocasião da festa litúrgica da Cátedra de São Pedro (22 de fevereiro) em 2001.

Composta predominantemente por jovens, esta Associação está presente em 78 países. Seus membros de vida consagrada praticam o celibato, e dedicam-se integralmente ao apostolado, vivendo em casas destinadas especificamente para rapazes ou para moças, os quais alternam a vida de recolhimento, estudo e oração com atividades de evangelização nas dioceses e paróquias, dando especial ênfase à formação da juventude.

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RMM – Quem compõe a Associação Arautos do Evangelho?

Pe. Roberto Takeshi: Os Arautos do Evangelho são uma Sociedade de Vida Apostólica de Direito Pontifício e compõe-se predominantemente de jovens de vida consagrada que praticam o celibato e levam uma vida de dedicação integral à Igreja Católica. Numa linguagem mais simples: semelhantemente às ordens religiosas, como por exemplo, os Beneditinos, Carmelitas, Franciscanos, só que bem mais recente. A associação nasceu no Brasil, foi fundada por um sacerdote também brasileiro, o Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, que reside em São Paulo.

Ultimamente alguns Arautos têm seguido também a vocação sacerdotal, uma vocação dentro da vocação. Nós contamos também com a ajuda dos Cooperadores, que são sacerdotes, religiosos, pessoas casadas ou solteiras que querem viver o carisma dos Arautos, mas por terem outras obrigações, o fazem dentro do ambiente paroquial, profissional ou familiar em que Deus os colocou, contribuindo muito, também, desse modo, para a evangelização.

RMM – Como é o modo de vida dos membros? (A que se dedicam?)

Pe. Roberto Takeshi: A vida dos membros consagrados é de contemplação, oração e disciplina; estudo, arte e ação apostólica.  Residem em casas destinadas especificamente para rapazes ou para moças. Vivem o recolhimento do estado religioso alternando com atividades de evangelização nas dioceses e paróquias, dando especial ênfase à formação da juventude. A vida de um Arauto do Evangelho é ao mesmo tempo rotineira e viva, ordenada e movimentada.

Na casa de Maringá, temos o despertar da comunidade às 6h15 e o café da manhã com leitura de textos ou audição de palestras gravadas. Em seguida, na Capela do Santíssimo Sacramento, a comunidade realiza a oração da Liturgia das horas e do primeiro terço do rosário – as outras orações rezam-se em particular. Terminadas estas preces, são combinados e definidos os trabalhos de apostolado e atividades a que os arautos se dedicarão durante o dia.

 Ao entardecer, assiste-se à Santa Missa — aberta às famílias — e à noite, num momento muito abençoado e solene, cantam-se as horas Completas da liturgia e a Salve Rainha, em Gregoriano, à Nossa Senhora. Assim, diante do Santíssimo Sacramento, encerra-se o programa do dia.

Existem várias casas, entretanto, com finalidades mais específicas, como as voltadas para os estudos teológicos avançados, ou num outro extremo, a comunidade dos jovens da “Cavalaria de Maria”, um grupo de missionários Arautos que vivem em permanente atividade evangelizadora, fazendo Missões Marianas e viajando pelo Brasil constantemente. Apesar da diversidade de atividades, a missa diária, a confissão periódica, a devoção à Eucaristia e as orações a Nossa Senhora fazem parte da vida de todo Arauto.

RMM – Conte-nos sobre a devoção à Nossa Senhora de Fátima – como nasceu?

Pe. Roberto Takeshi: A devoção a Nossa Senhora de Fátima é muito arraigada aqui no Brasil e vem de nossas raízes católicas portuguesas, já que ela apareceu em Fátima, Portugal, para três pastorinhos.

Todo mundo conhece a história, mas poucos conhecem e estudam a sua mensagem com seriedade. A mensagem é atualíssima! Ela descreveu, ainda no início do século, com detalhes impressionantes, a atual crise religiosa e moral, os pecados, as guerras e perseguições que estamos vendo. Para evitar tudo isso a Virgem pediu a devoção a ela, a oração do terço, a penitência e a mudança de vida.   Mas algo importantíssimo de sua mensagem, e ao qual se poderia dar especial destaque, é uma promessa cheia de esperança. Após descrever os grandes males de nosso tempo, a Virgem de Fátima prometeu que Ela mesma os vencerá. Ela diz: “… mas, por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”

Esta atualidade da mensagem de Fátima veio de encontro ao chamado dos Arautos. Veio de encontro a nós no momento de nosso nascimento, na figura muito amada por nós brasileiros do saudoso Papa João Paulo II, devoto ardoroso de Nossa Senhora de Fátima e que nos estimulou e nos concedeu grandes honrarias, coroando pessoalmente, no Auditório Paulo VI em Roma, com milhares de fiéis, a Imagem Peregrina de Fátima pertencente aos Arautos. Isso após cumprimentar o Mons. João, nosso fundador, em 2001.  Ele conclamou os Arautos a atuarem na Nova Evangelização, que envolve o mundo inteiro, inclusive os católicos afastados de uma fé praticante.

RMM – Como é realizada no dia a dia?

Pe. Roberto Takeshi: A devoção a Nossa Senhora deve ser praticada em todos os momentos da vida do fiel. Para nós consagrados, praticada quer na comunidade, quer em qualquer ambiente. Uma devoção constante, terna, santa, interior, desinteressada. O fiel deve recorrer à mãe celeste com muita naturalidade, apresentando-lhe todos os seus problemas e necessidades com tranquilidade,  confiando inteiramente em seu amor e em sua materna proteção. Deve também, é claro, procurar agradar a esta boa Mãe em tudo, seguindo seus exemplos e evitando as ofensas a Deus.  As práticas típicas dos devotos da Virgem de Fátima são aquelas que ela mesma pediu: como a oração diária do terço, a devoção ao seu Imaculado Coração e a Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, que os Arautos realizam nas paróquias. Os Oratórios de Nossa Senhora de Fátima, que visitam grupos de trinta famílias cada um, facilitam muito esta devoção nos dias de hoje.

RMM – De que forma essa devoção é divulgada na comunidade/Igreja?

Pe. Roberto Takeshi: Sua divulgação se faz através de eventos como, por exemplo, as peregrinações da Imagem de Fátima em famílias, escolas, hospitais, asilos, empresas, instituições, a Tarde com Maria, a Devoção dos Primeiros Sábados ou por meio de missões, intituladas de Missões Marianas, nas paróquias. Os Arautos dispõem de uma revista mensal, da TV Arautos, de um site principal e de vários blogs locais, nos quais se pode encontrar informação de qualidade sobre Fátima e vários outros temas religiosos.

RMM – No dia 13 de maio comemoramos o Dia de Nossa Senhora de Fátima, há alguma programação especial na Associação?

Pe. Roberto Takeshi: Sim, comemoramos praticamente em todos os lugares onde haja comunidades dos Arautos (além do Brasil, os Arautos estão presentes em mais outros 77 países). Em Maringá, neste ano, os Arautos comemorarão o Dia de Nossa Senhora de Fátima com a celebração de uma Missa Solene na Paróquia Nossa Senhora do Rosário, no Requião.

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RMM – Em todas as apresentações musicais, teatrais ou visitas há a coroação de Nossa Senhora de Fátima?

Pe. Roberto Takeshi: Normalmente, nestes eventos, a coroação de Nossa Senhora de Fátima é o momento auge, de maior devoção. Sabemos que Maria Santíssima, após suas lutas, alegrias e sofrimentos nesta terra, ao entrar nos Céus foi recebida pelos coros dos Anjos e dos Santos com grande esplendor e glória, um prêmio merecido por suas virtudes.  A Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, a coroou como Rainha de todo o Universo. Assim, com cantos, cortejos e toques de instrumentos, o que os Arautos fazem nestas coroações é apenas tentar relembrar e, de certa forma, repetir este ato, declarando e coroando Nossa Senhora como Rainha de nossos corações e nossas vidas.  É claro que cada evento tem suas particularidades. Tudo dependerá do programa, dos horários, objetivos.

RMM – A Devoção à Nossa Senhora nos aproxima de Deus? Como essa relação deve ser vivida para que tenhamos a nossa fé enraizada em Cristo, mas não distante de Nossa Senhora?

Pe. Roberto Takeshi: Inequivocamente, a devoção a Nossa Senhora nos aproxima de Deus. Aliás, a Mãe do Salvador não faz outra coisa, conforme a teologia católica, senão restituir tudo ao seu divino Filho, do que a Ela ou por Ela oferecemos. É como nos mostra a Constituição dogmática Lumen Gentium: a devoção a Virgem Santíssima “[…] de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a favorece”. É por isto que para o católico verdadeiramente instruído na fé e maduro espiritualmente, não faz sentido ter receios ou escrúpulos em louvar e recorrer à Medianeira de todas as graças.

RMM – Quando uma paróquia/comunidade quer a presença dos Arautos do Evangelho, como devem proceder?

Pe. Roberto Takeshi: É muito simples. Os Arautos estão sempre à disposição para servir, buscando uma participação ativa, consciente e responsável na missão salvífica da Igreja. Assim, basta uma comunidade ou paróquia entrar em contato conosco, referir qual atividade evangelizadora pretende de nós que, com todo contentamento, procuraremos atender ao chamado; apenas se atentando a questões da agenda da Nossa Senhora, que como podem imaginar, é concorrida, mas, por outro lado, é como o coração dela, em que sempre cabe mais um.

Entrevista: Fabiana Ferreira/Jornalista

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¹ Revista Maringá Missão. Arautos do Evangelho – “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”. Ano XVIII, n° 191 – Maio de 2015, p. 29 a 31.

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Frase da Semana – São Bernardo de Claraval

“Porque éramos indignos de receber qualquer coisa, foi-nos dada Maria para, por meio d’Ela, obtermos tudo quanto necessitamos.

Quis Deus que nós nada recebamos sem haver passado antes pelas mãos de Maria”.

São Bernardo de Claraval

São Bernardo de Claraval – Madrid, Espanha

A Frase da Semana homenageia o grande São Bernardo de Claraval, cuja festa litúrgica é celebrada em 20 de Agosto.

Este grande santo, denominado pelo Papa Inocêncio II de “muralha inexpugnável que sustenta a Igreja, passou para a História com o título de ‘Doutor Melífluo’, porque a unção de suas exortações levava todos a afirmar que seus lábios destilavam puríssimo mel” (1). Entre suas magníficas obras, São Bernardo exaltou incansavelmente as grandezas de Maria, entre elas a sua Mediação Universal: nenhum dom é concedido aos homens sem que passe antes por suas mãos virginais.

São Bernardo é o autor da parte final da Salve, Rainha (“ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre virgem Maria” – conforme publicação anterior neste Blog (2)). São Bernardo é ainda autor da sublime oração “Lembrai-vos”; recitada em todas as partes do mundo, esta oração ressalta a confiança que devemos ter em nossa Mãe Santíssima: “Nunca se ouviu dizer” que alguém que tenha recorrido a Maria fosse por Ela desamparado!

Viveu São Bernardo no século XII, uma época em que, segundo narra o Papa Leão XIII na encíclica Immortale Dei, “a filosofia do Evangelho governava os Estados; a influência da sabedoria cristã e sua virtude divina penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as categorias e todas as relações da sociedade civil”. (3)

Em nosso mundo caótico e quase sem Fé, tão oposto ao mundo de São Bernardo, precisamos cada vez mais – com redobrada confiança – recorrer a este grande Santo para que obtenha de Nossa Senhora para nós todas as graças espirituais e temporais de que necessitamos.

Leia mais sobre a vida de São Bernardo, suas obras e sua exímia devoção à Nossa Senhora, visitando o site dos Arautos do Evangelho.


(1) Arautos do Evangelho. Comentários à Salve Rainha, Parte IX. Disponível em: <http://maringa.arautos.org/2013/05/comentarios-a-salve-rainha-parte-ix-o-clemente-o-piedosa-o-doce-e-sempre-virgem-maria/>

(2) Arautos do Evangelho. São Bernardo de Claraval. Monge, místico e Profeta. Revista Arautos do Evangelho, n. 56, p. 22 a 25. Disponível em: <http://www.arautos.org/especial/28855/Sao-Bernardo-de-Claraval>

(3) Idem, ibidem.

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Revista Arautos em Foco – Agosto 2013

Resenha Mensal

da Revista

Arautos do Evangelho

N. 140

Agosto 2013

Capa: Duas semanas de missão no coração da África

A foto de capa (1) da Revista Arautos do Evangelho de Agosto de 2013 ilustra o trabalho missionário realizado por duas semanas, entre o final do mês de Junho e início do mês de Julho por dois arautos canadenses, Sr. François Boulay e Sr. Joseph Bassi, em Ruanda, em pleno coração da África. “A população dessa antiga colônia belga, majoritariamente católica ainda sofre as sequelas do conflito armado (ocorrido em meados dos anos 90, que levaram à morte quase um milhão de habitantes), mas procura superar as dificuldades do dia a dia, com admirável espírito de Fé, ânimo e galhardia”. Foram dias de intenso trabalho missionário, mas os frutos colhidos compensaram o esforço empreendido e os missionários comoveram-se ao verem as “manifestações de Fé presenciadas nesse país tão sofrido e ao mesmo tempo tão cheio de vida”.

O Editorial – “Quem precisa do médico” – faz referência à “universalidade da ação santificadora de Jesus”, ou seja, Jesus veio para curar a todos, sem distinção de classe social; em suas magníficas parábolas, todos são contemplados: pobres, ricos, nobres e plebeus. “Enfermos de espírito existem em todas as classes e todos os meios”; todos imploram os remédios do divino Médico das almas. “Quem ousaria desprezar os pobres e pequenos, amados por Deus com tanta ternura?” Quem se atreveria a excluir os ricos e condená-los como maus, se também a eles foi oferecido o carinho divino?

Voz do Papa traz excertos da Audiência Geral do Santo Padre de 12/06/2013 e do discurso preparado para os representantes das escolas dos jesuítas na Itália e Albânia, proferido em 07/06. Na Audiência geral o Papa Francisco lembra que Deus nos convoca a fazer parte do seu povo. E que missão tem esse povo? A de levar ao mundo a esperança e a salvação de Deus; ser sinal do amor de Deus que chama todos à amizade com Ele: “Ser Igreja quer dizer ser o fermento de Deus nesta nossa humanidade; significa anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo”, que muitas vezes se sente perdido, necessitado de respostas que animem, que infundam esperança e que deem um vigor renovado no caminho”.

No Comentário ao Evangelho ao XVIII Domingo do Tempo Comum, Monsenhor João Clá Dias, Fundador dos Arautos, lembra que “diante dos prazeres, até legítimos, que a vida nesta Terra pode oferecer, facilmente o homem se esquece da eternidade para a qual foi criado”. Lembra Mons. João Clá que é grande a tentação de acumular bens, “apesar de eles nos afastarem de Deus e da eternidade, podendo fazer com que nos esqueçamos que a nossa vida nesta Terra é muito breve: “Nossa atenção não pode fixar-se só neste mundo e esquecer o outro”.

Artigo do Arauto Millon Barros de Almeida reflete, a partir do estudo das cartas de São Paulo, de teólogos e do Concílio Vaticano II, sobre a beleza da Comunhão dos Santos, um dos artigos do Credo: “No maravilho universo da Comunhão dos Santos, o mais insignificante de nossos atos, realizado na caridade, reverte em proveito de todos os fiéis; e todo pecado pesa negativamente nessa comunhão”.

Arautos no Brasil destaca a atuação dos jovens dos Arautos do Evangelho em variadas situações por todo o Brasil: Maceió (AL), Maringá (PR), Joinville (SC) e no Estado do Rio de Janeiro, onde foram realizadas, em três cidades, algumas edições das Tardes com Maria, que visam promover um aumento da Devoção à Mãe de Deus, através do Apostolado do Oratório.

A seção Arautos no Mundo aborda a participação dos Arautos nas procissões de Corpus Christi em Roma e em Veneza, na Itália. Também no Brasil os Arautos se fizeram presentes em várias procissões. No México missionários arautos conduziram a Imagem Peregrina do Imaculado Coração de Maria a numerosas instituições de ensino do Distrito Federal.

Neste número do mês de Agosto/13, a partir da página 32 é narrada, pela Irmã Juliane Campos, EP, a linda história de São João Berchmans, nascido na Bélgica no último ano do século XVI. Passou com admirável serenidade por tudo quanto se pode chamar de decepções humanas; não teve tempo de ser missionário, nem foi o grande teólogo almejado. Mas realizou plenamente seu ideal sobrenatural: ser um grande santo. Foi ao Céu com apenas 22 anos.

Queremos histórias de tia Lucilia…” (p. 36) Os contos maravilhosos são indispensáveis para apurar o senso artístico das crianças, elevar seu espírito, aguçar-lhes a perspicácia e estimular-lhes sadiamente a imaginação. Dona Lucilia sabia narrá-los com tato e bom gosto notáveis.

Ainda muitas outras seções, notícias e matérias na Revista Arautos do Evangelho n. 140, de Agosto: notícias da Igreja no mundo, os santos de cada dia; a palavra dos Pastores, onde Dom Braulio Rodríguez Plaza, arcebispo de Toledo, Espanha, explica o que Tradição e comunhão eclesial; História para crianças… ou adultos cheios de Fé? e outros artigos e seções, muito bem ilustrados e riquíssimos de conteúdo doutrinário.

Por isso, querido leitor, você é convidado a ler a Revista Arautos do Evangelho em sua totalidade!

Faça a sua assinatura, contatando a Sede Regional dos Arautos, em Maringá, através do telefone (44) 3028-6596, ou através deste BLOG e daremos as informações detalhadas. Leia a Revista em seus momentos de descanso, de reflexão, de estudo. Esta é uma excelente maneira de falar de Deus em família!

Salve Maria! Até o próximo mês.

 Por João Celso

A Revista Arautos do Evangelho nasceu em 2002, um ano após os Arautos receberem do Papa a aprovação Pontifícia.

Com o intuito de levar aos lares do mundo inteiro a Palavra de Deus, as principais notícias da Igreja e um conteúdo completo baseado nos ensinamentos da Santa Sé, a Revista Arautos traz em suas páginas artigos para todas as idades e visa, sobretudo, a formação católica da família.

A Revista Arautos é instrumento de evangelização e expressa o carisma dos Arautos do Evangelho”.

 (www.revistacatolica.com.br)


(1) Matéria completa, a partir da página 24 do referido número da Revista.

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Águias ou sapos? Carvalhos ou grama?

Rezamos todos os dias o “Credo” e muitas vezes – por circunstâncias diversas, ou mesmo por uma ação especial da graça – chama-nos particularmente a atenção um ou outro dos 12 artigos do Símbolo dos Apóstolos. Um deles é o 5º artigo: “Desceu à mansão dos mortos” (na redação do Segundo Catecismo da Doutrina Católica) (1), ou “Jesus Cristo desceu aos infernos”, na apresentada pelo Catecismo da Igreja Católica (2).

Ora, o que é propriamente esta “mansão dos mortos”, ou estes “infernos” a que desceu Jesus? O Catecismo nos ensina:

Abraão e Isaac, justos do Antigo Testamento. Jesuítas de Santander, Espanha

“A Escritura denomina a Morada dos Mortos, para a qual Cristo morto desceu, de os Infernos, o sheol ou o Hades, visto que os que lá se encontram estão privados da visão de Deus [grifo nosso]. Este é, com efeito, o estado de todos os mortos, maus ou justos, à espera do Redentor – o que não significa que a sorte deles seja idêntica, como mostra Jesus na parábola do pobre Lázaro recebido no ‘seio de Abraão’. ‘São precisamente essas almas santas, que esperavam seu Libertador no seio de Abraão, que Jesus libertou ao descer os Infernos’. Jesus não desceu aos Infernos para ali libertar os condenados nem para destruir o Inferno da condenação, mas para libertar os justos que o haviam precedido”. (3)

Em outras palavras, a mansão dos mortos ou infernos, em que Jesus desceu é o limbo; conforme nos explica Francisco Spirago, é o “lugar diverso do purgatório; em ambos, é verdade, não se vê a Deus, mas no purgatório as almas sofrem penas que não existiam no limbo; este também não se deve confundir com o inferno: local também privado da vista de Deus, mas sofrem-se também os tormentos. As almas não padeciam no limbo pena alguma (Catecismo Romano) e não estavam sem uma certa felicidade [grifos nossos], como se vê na parábola em que o pobre Lázaro é consolado (Lc 16, 25), porque no juízo particular haviam recebido a certeza da sua felicidade eterna. Não podiam, contudo, entrar nas alegrias eternas no céu, porque o céu ainda não estava aberto (Hb 9, 8). Suspiravam portanto continuamente pelo Salvador”. (4) Diferencia-se o limbo, portanto, do purgatório – lugar para o qual, salvando-se, “a alma vai, logo depois do juízo particular” para se purificar, satisfazendo com penas temporais o que ficou devendo por seus pecados (5) – assim como do inferno – lugar para onde vai a alma, logo depois do juízo particular, que não está na amizade com Deus (6). Ou seja, ao contrário destes lugares, não há no limbo, as penas temporárias como no purgatório e muito menos o sofrimento eterno.

Nesta mansão dos mortos, Cristo desceu para lhes anunciar que tinha consumado a redenção, “a alma de Cristo estava unida à sua divindade. O Senhor demorou-se no limbo até ao terceiro dia. Desceu lá só, mas subiu rodeado de uma multidão inumerável (S. Inácio de Antioquia)” (7). Quem estava entre esta “multidão”, gozando da felicidade natural e almejando a eterna, com a vinda do Messias? Os justos do Antigo Testamento. Para citar alguns: Adão e Eva, Abel, Noé, Abraão, Isaac, Jacob, José, Davi, Isaias, Daniel, entre outros.

Dois elementos podemos destacar como características deste lugar. No limbo tinha-se a felicidade natural (e não sobrenatural do Céu), porém, com a privação de Deus, cuja visão beatífica só se tem no Paraíso Celeste. Evidentemente, esta felicidade não é plena, pois não se tem a posse de Deus para a qual fomos criados e chamados.

Jesus com os discípulos – Igreja de São Severino.

Esta consideração nos vem a propósito da narração de São Lucas no XVIII Domingo do Tempo Comum, na qual conta a história de um homem que pede a intervenção do Mestre em questões de herança, pretendendo ser favorecido junto ao seu irmão mais velho na partilha dos bens terrenos. Esta solicitação não a atende o Salvador, e chama-lhe a atenção para que tenha cuidado com todo o tipo de ganância, pois “a vida de um homem não consiste na abundância de bens” (Lc 12, 15).

O leitor talvez poderia perguntar: Mas, afinal, qual a relação existente entre o limbo e a ganância? Onde vamos chegar? As introduções longas, por vezes facilitam as conclusões breves.

Consideremos o que é a ganância: defeito moral que tem como fonte um dos vícios capitais, ou seja, a avareza, que por sua vez consiste no desejo desordenado dos bens terrenos.

Qual foi o problema do ganancioso descrito pelo evangelista: o irmão mais novo estava preocupado com sua estabilidade ou bem pessoal, de forma desordenada e egoística, portanto, sem amor de Deus. Ou seja, voltado para esta vida terrena, pensando consigo – segundo a expressão da parábola do Divino Pedagogo: “descansa, come, bebe, aproveita” (Lc 12, 19).

Ora, o grande mal reside em fazer consistir a vida na busca de uma felicidade natural, cheia de fruições (ainda que lícitas), mas esquecida de Deus: eis o grande mal. Seria como que uma “vida limbática”, porém não desejosa do Céu. E isto, sem dúvida, configura-se no grande mal para o qual se encaminham todos aqueles que querem transformar esta existência terrena num vale de rosas, cheia de felicidades (honestas ou não), porém sem Deus e sem o desejo da vida eterna.

Esta visão de vida – explicitada ou não pelas consciências – é bem caracterizada por Mons. João Clá, ao comentar este Evangelho: “[…] a posição dos adoradores de uma existência feliz em um limbo sem fim, numa contínua fruição de prazeres aqui neste mundo, esquecendo-se da verdadeira eternidade e do sobrenatural”. (8)

Voo da Águia

Eis o grande problema desta concepção de vida, no cerne do pedido feito a Jesus na narração de São Lucas.

Sapo – Butterfly Conservatory – Niagara, Canadá

E qual a diferença entre os que estavam no limbo face àqueles que estão na terra e almejam tal felicidade “limbática”? Os primeiros não se contentavam em terem certa felicidade natural, almejando a felicidade incomparável das alegrias eternas e da visão de Deus face à face; enquanto os outros – na expressão de São Luis Maria Grignion de Montfort – “são mais apegados à terra que os sapos” (9) e satisfazem-se com o mero gozo da vida, sem Deus. Eis aqui a “visão águia” que se difere da “visão dos sapos” em relação à vida. Ou se quisermos: a visão rasteira da grama e a visão altiva e voltada para o céu, do carvalho.

Peçamos para que Nossa Senhora nos livre da mediocridade e da ganância; abrindo nossos corações para o que canta – no 18º Domingo do Tempo Comum – a Liturgia das Horas nas antífonas apresentadas nas Laudes e Vésperas:

“Ajuntai vosso tesouro no céu, diz o Senhor, onde a traça e a ferrugem não estragam nem corroem” (Laudes).

“Irmãos, se quereis realmente ser ricos, amai as riquezas que são verdadeiras” (Vésperas). (10)

 Por Adilson Costa da Costa

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(1) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã, 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 13.

(2) Catecismo da Igreja Católica. Jesus Cristo desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos no terceiro dia: n. 631. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p, 180.

(3) Catecismo da Igreja Católica. Jesus Cristo desceu aos infernos, ressuscitou dos mortos no terceiro dia: n. 633. 11ª ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001, p, 181.

(4) Francisco Spirago. Catecismo Católico Popular: Primeira Parte. Trad. Arthur Bivar. 2ª ed. Portugal: Tipografia da Empresa Veritas, s/d, p. 152.

(5) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã, 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007, Questões 112 e 113, p. 28.

(6) Segundo Catecismo da Doutrina Cristã, 117ª ed. Petrópolis: Vozes, 2007,  Questão 111, p. 28.

(7) Francisco Spirago. Catecismo Católico Popular: Primeira Parte. Trad. Arthur Bivar. 2ª ed. Portugal: Tipografia da Empresa Veritas, s/d, p. 152.

(8) Mons. João S, Clá Dias, EP. O inédito sobre os Evangelhos. v. VI, Coedição internacional de Città del Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae, 2012,  p. 256.

(9) São Luís Maria G. de Montfort. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem. 42ª ed. Petrópolis: Vozes, 2012, p. 84.

(10) Liturgia das Horas. Tempo Comum: 18ª – 34ª Semana. v. IV, Editora Vozes – Paulinas – Paulus – Editora Ave Maria, 1999, p. 45.

Para saber mais sobre o “limbo” acesse a exposição do Pe. Alex Brito, EP no link: http://www.arautos.org/tv/movie/show/*0e0WW020D5dN0py.

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